Mirem-se  no exemplo  daquelas  senhoras

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

 

 

Defenestrada do mais alto cargo da República, nem mesmo o tombo majestoso que lançou Dilma Rousseff ao chão, apeando-lhe do poder quase imperial que desfrutava, serviu-lhe de lição para conter o gigantismo de seu ego. Talvez a rudeza de seu caráter ou intelecto pouco ilustrado tenha ofuscado a visão da realidade à sua volta, fazendo-a prisioneira dos próprios limites. Essas restrições pessoais, somadas `ss distorções dos fatos trazidas diariamente por uma assessoria medíocre e amedrontada, turvaram irreversivelmente sua compreensão sobre os acontecimentos que rolavam além das janelas do Palácio do Planalto.

Desorientada pelo desmoronamento de seu mundo, Dilma não se deu conta do término abrupto de sua jornada. Tanto que escolheu para si aguardar na residência oficial do Alvorada o desfecho final de seus dias como chefe do Executivo. Em situações semelhantes, manda a prudência que o melhor é reconhecer a ocasião desfavorável e promover, o quanto antes, recuo estratégico. No caso da quase ex-presidente, o mais sensato seria o retorno para sua residência particular, onde é senhora absoluta de seus domínios. Imporia a si uma espécie de silêncio obsequioso, aguardando, estoicamente, o descerrar das cortinas.

Caso optasse pelo caminho do deprendimento e da abnegação, aguardando com serenidade os derradeiros atos políticos, boa parcela da opinião pública lhe seria solidária. Ao contrário, a escolha infeliz de ir morar no mesmo Palácio dos tempos de fausto passou para a população a impressão de apego desmensurado as benesses do cargo e outras deformidades humanas.

Das muitas imagens que registram os derradeiros momentos de Dilma no Poder, nenhuma é mais ilustrativa do que a foto em que ela e seu chefe gabinete, Jaques Wagner, estão espreitando, com os olhos arregalados, por trás das cortinas do Palácio do Planalto, a multidão crescente e insatisfeita que se aglomerava ali defronte. Situação parecida deve ter ocorrido no longínquo 14 de julho de 1789 na França.

O fato de os Estados Unidos não terem experimentado o regime monárquico, como o Brasil, talvez explique a exigência, naquele rico país, de os presidentes serem obrigados a pagar para ter suas roupas lavadas e passadas. Na Alemanha, a chanceler, Angela Merkel, de longe a mais respeitada líder política da Europa, vai todas as semanas pessoalmente ao mercado fazer compras, carregando suas sacolas, seguindo sua rotina antiga como uma legítima dona de casa.

A rainha da Inglaterra, com todo os salamaleques da função, é vista constantemente cuidando de seu cotidiano com simplicidade. Os 127 anos que nos separam da Proclamação da República ainda não foram suficientes para mudar hábitos herdados e incrustados desde o período monárquico. Agarrada ao que ainda resta de mordomias, bancada pelo cidadão, Dilma demonstra que não aprendeu nada, não esqueceu nada.

 

A frase que não foi pronunciada

“Um mosquito não é mais forte que um país inteiro, mas a mosca azul é.”

Jarbas Passarinho, de onde estiver, avaliando a situação da vida nacional

 

Hoje

O dr. Paulo Hoff, diretor-geral do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, e o diretor técnico de Brasília, dr. Gustavo Fernandes, convidam a comunidade médica e representantes das operadoras de planos de saúde para celebrar oficialmente a ampliação do serviço de radioterapia.

 

Café

Dr. Pierre Marraccini, pesquisador do Cirad Embrapa respeitadíssimo no Brasil pelo seu trabalho com café, é uma pessoa que aparece pouco apesar da extensão e da importância do trabalho científico que desenvolve sobre o café brasileiro como parte de uma parceria entre Brasil e França.

 

Release

Com palestras sobre o cenário político no Brasil, a segunda edição do Roda de Debate, organizado pelo grupo Visamos —Pelo futuro do Brasil, traz ao Teatro do Brasília Shopping os convidados Alexandre Borges e Beatriz Kicis Torrents De Sordi.

 

Continua

Com o tema “Política, imprensa e ideologia”, o publicitário, articulista e diretor do Instituto Liberal, Alexandre Borges, abrirá o evento. A palestra será seguida de conversa e debate. Na sequência, Beatriz de Sordi. Ela é procuradora de Justiça do Distrito Federal, aposentada e fundadora do Instituto Resgata Brasil. Dia 27 próximo, às 19h, no Auditório do Brasília Shopping. Por R$ 40.

 

História de Brasília

Hoje é 7 de Setembro, dia da Independência. Discutida, maltratada, combatida, manchada, mas é independência. É independência do povo, independência do pensamento, independência de jugos. Relativa, mas é. (Publicado em 7/9/1961)

Céus abertos

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960 »

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

 

 

Com a aprovação, pela Câmara dos Deputados, da Medida Provisória 714/16, aumentando em até 100% a participação do capital estrangeiro com direito a voto nas companhias aéreas nacionais, estão lançadas sobre o pano verde das probabilidades as apostas de que tudo neste setor mudará da água para o vinho. A crença é, no entanto, arriscada. Os consumidores, que são sempre os últimos a serem consultados, esperam que haja, logo de saída, queda acentuada nos preços das passagens aéreas. Desse ponto de vista, a redução nos preços das tarifas aéreas faz sentido, pois voar dentro do Brasil, na maioria dos trechos, nos quais a concorrência praticamente inexiste, é muitíssimo mais caro do que viajar para o exterior.

A companhia aérea irlandesa Ryanair, que opera com tarifas de baixo custo na Europa, virá para o continente sul-americano, mas já deixou claro não vai operar no Brasil. “Iniciamos negociações em todos os países da região, menos no Brasil, já que há muita corrupção”, afirmou o executivo da empresa, Tony Ryan. Autorizar em 100% a entrada de capital estrangeiro acarretará, logicamente, mudanças radicais no setor. De todas elas, a mais temida, sem dúvidas, será a pressão sobre as empresas brasileiras e, principalmente, sobre o capital humano. Os baixos custos das empresas modernas são obtidos com uma mistura de poucos funcionários, um suporte massivo nos sistemas de venda e check-in via internet, funcionários que desempenham diversas tarefas simultâneas, além da cobrança por qualquer serviço extra.

Não há mágica: preços baixos vêm acompanhados de prestação de serviços de baixa qualidade. De qualquer forma, é preciso lembrar que durante o longo tempo em que as empresas nacionais voaram sem concorrência, elas cobraram praticamente as tarifas que quiseram, sempre com a desculpa dos altos preços do combustível importado e das peças de reposição e leasing de aeronaves cobrados em moedas estrangeiras. As esquerdas, para quem o Estado é uma vaca gorda de infinitas tetas, chiaram e falam em entreguismo do governo Michel Temer, e lembram que, nem os Estados Unidos, considerados a Meca do liberalismo, permitem 100% de capital estrangeiro no setor. Tampouco, a União Europeia.

Para a nova coalizão política dentro do Congresso, a concorrência trará novos e bem-vindos investimentos. O projeto segue para o Senado, onde deve ser votado até o fim do mês, para não perder a validade. Para um país continental, como o Brasil, a novidade pode ser solução, não só para o turismo, mas para o próprio setor de aviação que vem colecionando deficits ano após ano.

 

A frase que foi pronunciada

“Leve a crítica a sério, mas não como algo pessoal. Se houver alguma verdade na mesma, irás aprender com ela; caso contrário, ignore-a.”

Hillary Clinton

 

Sampa

Iniciativa da Associação Lamara com a rede de salões de beleza Jaques Janine chama a atenção pela sensibilidade. Os maquiadores ensinam mulheres com deficiência visual a usar os apetrechos de beleza com segurança e propriedade.

 

E mais

Além do curso de automaquiagem, a associação presta serviços ao mesmo público-alvo com técnicas para a limpeza de casa, culinária, estudos e até higiene pessoal. %u201CSabemos que não é só a maquiagem que vai definir a autoestima de uma pessoa, mas ela contribui muito para elas se sentirem mais felizes%u201D, diz a coordenadora do Programa do Jovem e do Adulto, Cecília Maria Oka.

 

Feijão

Se você não é afeito a boicotes e estiver achando o preço do feijão muito alto compre bastante milho. O ministro Blairo Maggi, da Agricultura, acaba de sugerir que o preço do milho aumente para melhorar o abastecimento do produto. Dona Efigênia dizia que o feijão e o milho eram a salvação dos pobres. Agora, é preciso verificar.

 

Parabéns!

Por falar em agricultura, comemora 16 anos de existência a carreira de fiscal federal agropecuário. É bom lembrar que esses técnicos, servidores do Ministério da Agricultura, são os responsáveis pelas políticas públicas pela defesa da soberania nacional, promoção do desenvolvimento econômico e social e na geração de riquezas e divisas para o País.

 

História de Brasília

Quando um pai leu para o filho de 9 anos uma poesia de Olavo Bilac na qual o poeta dizia: “Criança, jamais verá um país como este”, o garoto interrompeu o pai para dizer: “É mesmo, né, paiê, rebolado, né? (Publicado em 7/9/1961)

Século 21  mais perto  da barbárie

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

.

.

.

Fossem tomados como parâmetro da evolução da espécie humana apenas os direitos inalienáveis do homem à vida, à dignidade, à liberdade, à propriedade, entre outros, com certeza, o século 21 poderia se enquadrar num estágio de progresso bem mais próximo da barbárie do que da civilização moderna. A razão desse paradoxo está estampada em letras garrafais nos principais noticiários mundo afora. Nunca, em tempo algum, tanta violência foi perpetrada contra o ser humano.

Custa acreditar que seja essa a mesma espécie que experimentou os mais refinados graus de tecnologia, que construiu cidades fantásticas, que decifrou o mapa genético humano, que pôs os pés na Lua, que elevou as ciências humanas ao céu e realizou tantas outras maravilhas. Custa crer que seja esse mesmo ser que manda pelos ares seus semelhantes, em atentados brutais e banais, em nome de uma ideologia vazia.

Segundo levantamento realizado pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur), o ano de 2015 registrou número recorde de refugiados no mundo. São mais de 65 milhões de pessoas deslocadas no planeta por causa das guerras e conflitos armados. Países como a Síria, o Afeganistão, a Somália, têm empurrado os cidadãos para fora de suas fronteiras, por causa do derramamento contínuo de sangue.  Essas massas, que acorrem principalmente para a Europa, fugidas da fome e do medo, formam hoje grande contingente de desesperados que muitos já consideram esse o mais flagelo dos tempos modernos.

Aqueles que não ficaram pelo caminho, desaparecidos no Mediterrâneo — o novo cemitério da humanidade—, chegam a países hostis e com hostilidade são tratados. A Acnur registra um recorde absoluto no número de refugiados.

O Brasil abriga cerca de 9 mil refugiados vindos de 78 países. Segundo o Comitê Nacional para os Refugiados, nos últimos 6 anos houve aumento surpreendente de 2.800 % nos pedidos de asilo. Os 500 pedidos de asilo que havia por ano pularam para 1.200 por mês.

Por trás dessa realidade bruta que nos joga de volta à barbárie, está a indústria de armamentos, que nunca vendeu e lucrou tanto. Os fabricantes russos são os mais bem posicionados nesse mercado da morte. As empresas americanas e europeias vêm perdendo terreno para os russos, que despontam como os novos senhores da guerra neste mundo moderno.

Para um planeta tão convulsionado quanto o nosso e onde parece imperar ainda a lei da selva, vale prestar atenção nas palavras do Dalai Lama: “O planeta não precisa mais de pessoas bem-sucedidas. O planeta precisa desesperadamente de mais pacificadores, curadores, restauradores, contadores de histórias e amantes de todos os tipos”.

 

A frase que foi pronunciada

“A dúvida é um dos nomes da inteligência.”

Jorge Luís Borges

A frase que foi pronunciada

 

Bombou

Protestos no plenário da Câmara chegaram à Comunicação Social da Casa. Eduardo Cunha dava entrevista exclusiva, o que causou estranhamento nos colegas pela importância e o destaque dados. Logo os ânimos dos inimigos foram arrefecidos. A entrevista era dada em canal da internet.

 

Pesquisa

Fundação Fiocruz e o Instituto Nacional de Saúde americano fazem parceria para estudos sobre o vírus zika durante a gestação. A meta é determinar o espectro do risco para a saúde da gestante, feto e bebê. Talvez Pernambuco seja um bom lugar para o começo. Outros problemas foram registrados como bebês natimortos, abortos, defeitos oculares e problemas de audição.

 

História de Brasília

Igualmente, deverão ter ficado aborrecidos os senhores Maurício Joppert e Menezes Cortes, este último, por causa do trânsito na chegada do sr. João Goulart, que funcionou admiravelmente. (Publicado em 7/9/1961)

Partidos da crise

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

 

 

De 2005, quando veio à tona o escândalo de mensalão, para cá, o sistema político-partidário brasileiro, como um todo, começou a dar sinais de esgotamento e fadiga. Passada uma década, o processo se acelerou a tal ponto que tomou caminho sem volta. O passo seguinte para a decadência completa desse modelo de partidos e de se fazer política foi dado pelas gigantescas manifestações de rua, quando os políticos, de modo geral, foram impedidos de participar dos protestos populares, sendo inclusive hostilizados publicamente com cartazes do tipo: “não nos representam”. O bafo quente das ruas assustou muitos eleitos que preferiram ficar distantes do eleitorado.

Houve um ensaio tímido por parte do Legislativo e do próprio Executivo de acenar com algumas reformas cosméticas, mas que foram logo abandonadas, tão logo as ruas aquietaram. O fato é que o sistema partidário e, sobretudo, o modelo de governo de coalizão estão desmoralizados e não despertam mais o fundamental respeito por parte do eleitorado.

Com a delação, em cena agora, do operador na Transpetro, Sérgio Machado, o capital político dos partidos se desintegrou por completo. As lideranças políticas e respectivas siglas não despertam o ânimo e confiabilidade. O modelo vive os últimos momentos de existência. Qualquer pesquisa de opinião pública aponta a descrença acentuada em todas as siglas, inclusive, naquelas formadas mais recentemente.

Aos 35 partidos que se degladiam hoje no Congresso em busca de vantagens, devem se juntar outras novas 23 siglas em fase final de reconhecimento. Serão, então, 58 partidos literalmente divorciados da sociedade. O empurrão derradeiro para que essa miríade de legendas sem lastro foi dado justamente pelo Supremo Tribunal Federal ao considerar inconstitucional a chamada Cláusula de Barreira, que filtraria aquelas siglas que não obtivessem, pelo menos 5% do total de votos válidos para a Câmara e 2% dos votos em um terço dos Estados.

A delação de Sérgio Machado, vem mostrando, com clareza pedagógica a todo o país, o modus operandi dos partidos dentro da estrutura de governo do Estado. Para a maioria dos investigadores não restam dúvidas de que as legendas , na sua maioria, foram organizadas para saquear os cofres públicos, principalmente as empresas estatais. Pior, induziram o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a lavar o dinheiro vindo dos dutos da corrupção por meio do álibi das doações “devidamente registradas” na contabilidade da Justiça Eleitoral.

O branqueamento desses recursos pode ter favorecido a eleição e reeleição desses partidos, mas para a sociedade, informada agora, da origem desses recursos, fica a certeza de que com companhias como estas, nossa democracia não seguirá adiante, pois não tem futuro.

 

A frase que não foi pronunciada

“ A gente todos os dias arruma os cabelos: por que não o coração?”

Provérbio Chinês

 

Entorno

Vicente Limongi Neto elogia a pequena Nicole do Recanto das Emas que pediu para que a coluna registrasse o descaso da administração com a sua rua. Nos seus 8 anos de idade já sabe que tem direito de viver com dignidade.

 

Fundos previdenciários

Enfim os dispositivos de governança serão aprimorados. Agora as entidades fechadas de previdência complementar vinculadas à União, Estados, DF , municípios e suas autarquias, fundações, sociedades de economia mista e outras entidades públicas terão que pelo menos ser mais transparentes à sociedade. É o que rege a lei que depende agora da aprovação dos deputados federais.

 

Emoção

Apenas compartilhando com os leitores a emoção de ver na historinha da coluna as notas que meu pai publicava no dia do meu nascimento. Entre um discurso e outro na Câmara dos Deputados, no dia da posse de João Goulart, ele ficava de olho no telefone do plenário. Até que o deputado Último de Carvalho o tranquilizou e assumiu o compromisso de lhe dar a notícia do nascimento. Envolvido com o trabalho percebeu a mão em seu ombro: A Lourdes está bem. É uma menina, disse o deputado recebendo um abraço pela notícia.

 

História de Brasília

Os episódios políticos dos últimos dias devem ter deixado tremendamente aborrecido o sr. Gustavo Corção, porque Brasília provou, mesmo, que é capital. (Publicado em 7/9/1961)

Manual moderno da desculpatória política

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br com MAMFIL

.

.

.

Com a divulgação dos conteúdos da delação de Sérgio Machado, mais uma vez todo o Brasil toma conhecimento, ao vivo e a cores, da movimentação milionária que há anos escorria pelos diversos propinodutos da Petrobrás. Se bem que, pelo andar da carruagem , dos tropeços e das quedas vieram a ira e a vingança. Por isso todo cuidado é pouco neste momento.

Dentro desse cenário, é apresentado ao distinto público o duto da Transpetro, a principal transportadora de óleo da empresa e por onde vazaram fortunas incalculáveis ao longo de mais de uma década. Em busca da indulgência judicial, o chefão da Transpetro entregou com presteza, para as autoridades, uma extensa lista e os valores entregues a cada um.

Um fato paralelo surpreende pelo inusitado: trata-se de um rol de políticos acusados de embolsarem ilegalmente verdadeiras fortunas, subtraídas da imensa multidão de cidadãos eleitores. Tiram-nos o que nos pertence para se tornarem aptos a nos representar. Este, indubitavelmente não é um país de eleitores sérios.

A matemática surreal é simples: desviam-se fábulas de dinheiro para financiar os gastos de dispendiosas campanhas políticas. Com campanhas publicitárias, material de divulgação e, todos sabemos, a busca por eleitores ensimesmados. Nessa equação marota, tem chance real de vencer o pleito justamente aquele que for mais esperto e que mais recursos logrou desviar.

Uma vez eleito com o dinheiro fácil, tungado das empresas públicas, esse autêntico representante da população no parlamento é ungido com o louro do foro privilegiado para se proteger em altas cortes da bisbilhotice do populacho curioso. A validade jurídica e moral de um mandato obtido com recursos ilícitos não entra na conta.

Certos da letargia da Justiça, desviam recursos para vencer nas urnas. Cobram mesadas para prosseguir no mandato e preparar o pé de meia para as novas eleições que virão. Exigem pagamento por fora para apoiar as propostas vindas do Executivo e votar com o governo. Surrupiam verbas indenizatórias. Roubam emendas individuais e coletivas. Afanam o financiamento público de campanha e tudo o mais que encontram pela frente.

Nesse ritual, de nossa democracia primitiva, importante é ter ao alcance da mão o volumoso Manual moderno da desculpatória política. Nele estão ordenados alfabeticamente as mais incisivas defesas que devem ser usadas de acordo com a gravidade de cada acusação.

Para desvios acima de R$ 10 milhões, as acusações vindas do Ministério Público ou da imprensa, geralmente, são respondidas em português casto, tipo: “Refuto com veemência as ilações assacadas contra minha pessoa”.

De modo geral, para justificar a dinheirama vinda de lugar incerto e despejada sorrateiramente na campanha, o manual recomenda, como desculpatória eficiente, a frase: “Todos os recursos de minha campanha foram obtidos de forma legal e devidamente registrados e aprovados pela Justiça Eleitoral”.

Para casos e acusações mais simples,  o MMDP indica como modelo de resposta a frase: “Só irei me pronunciar depois de tomar conhecimento das denúncias e no devido momento”. Noutros casos, basta um nada a declarar.

 

A frase que foi pronunciada

“A corrupção dos governantes quase sempre começa com a corrupção dos seus princípios.”

Barão de Montesquieu

 

Fiel

José Eduardo Cardoso aparece em vídeo no YouTube batendo a mão no rosto, tampando os olhos ao ouvir uma das entrevistas apocles e acéfalas de Dilma Rousseff, sua grande amiga. Nem por isso a abandonou à própria sorte neste momento crítico. Até se expôs quando deixou escapar o famoso “Thomas Turbando Bustamante” no lugar de Thomas da Rosa Bustamante.

 

Superprograma

Esforço pessoal de Raimundo Nonato Freitas. A sede do Sindilegis, na 610 Sul, estará de portas abertas para receber a comunidade de Brasília. Uma noite de história do repente, poesias e muita música. As estrelas da noite serão os repentistas Geraldo Amâncio, do Ceará, e o paraibano Moacir Laurentino. Newton Paixão, presidente do Sindilegis, é o grande entusiasta das noites culturais. O evento será na na próxima quinta-feira (23/6) e a entrada é franca.

 

Novidade

Buddi é o nome da empresa britânica que passa a importar as tornozeleiras mais modernas, seguras e baratas do mundo para o Brasil. Um avanço da tecnologia permite que ela seja administrada remotamente, inclusive para alimentar a bateria. Por enquanto são 10 mil unidades.

 

Release

Rock na ciclovia é parte da história musical de Brasília. No próximo dia 26, será a 8ª edição do projeto idealizado pela banda Plebe Rude, com a mãe do guitarrista Philippe Seabra, Silvia Seabra.

 

Continuação

O Rock na ciclovia é um evento ao ar livre, revivendo a própria áurea mítica, e trazendo de volta o espírito do saudoso projeto Cabeças, da mesma época. Começa ao meio-dia e vai até as 17h45, quando o Eixão abre para trânsito. Mas é um evento gastronômico também, a partir das 10h30, com a presença de oito food trucks. Ao meio-dia, cinco artistas se apresentarão: Geraldo Carvalho, Fusion (rock instrumental), Netos Bastardos, Daniela Firme e Pollares. Os skatistas de plantão terão todo o espaço necessário para exibir suas manobras na pista improvisada no Eixão.

 

História de Brasília

Eu não vou interferir, naturalmente. Primeiro, porque não posso; e segundo, por causa da primeira hipótese. Mas o sr. Auro Moura Andrade bem que seria um bom primeiro-ministro. Pelo menos foi, entre os chefes de Poderes, quem teve coragem de dizer o que pensava, nas horas mais difíceis. De mais a mais, representa um Estado que é o Brasil, a ala moça do Congresso, que é responsável pelos destinos do país. (Publicado em 7/9/1961)

UnB é refém de uma esquerda minoritária

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

Quem observa com atenção a foto que mostra a última assembleia de professores, em que se discutiram as possíveis opções para a paralisação da Universidade de Brasília, neste próximo semestre, fica surpreso com o número reduzido de pessoas presentes no auditório. Pouco mais de uma centena e meia de pessoas, num universo de quase 2.500 docentes, decidem, democraticamente, o destino de uma das maiores instituições de ensino superior com quase 30 mil alunos. Como pode minoria tão inexpressiva tomar decisões de tamanha importância numa instituição pública que se quer respeitável e exemplo para a sociedade?
A resposta à questão dessa natureza mistura elementos diversos que vão da apatia geral da classe a incertezas sobre a atual situação política do país, mergulhado na sua mais grave crise de todos os tempos. Entre fazer escolhas no presente e perspectivas reais para o futuro da universidade, a maioria dos professores preferiu ficar apenas observando o desenrolar dos acontecimentos, contrariada com o que tem agora, mas receosa do que possa vir adiante. O fato é que a UnB, como as demais instituições públicas de ensino espalhadas país, ainda tem que se esforçar bastante, se quiser introduzir em seu seio o verdadeiro conceito de democracia e pluralidade de ideias.
Assim como parte significativa das universidades, a UnB ainda é refém de uma minoria dita de esquerda, mas que, na realidade, é formada por elementos das alas mais radicais e fascistas do espectro político, dispostas a tudo, inclusive, destruir a própria universidade, se preciso for, para atingir seus intentos. É esse grupelho que, de posse da bandeira do golpe, criado pelo partido afastado do poder, decide os destinos de uma importante instituição — a quarta maior universidade do país e a nona da América Latina.
O próprio afastamento gradativo da maioria dos professores das reuniões gerais decorre muito desse sentimento de desesperança de todos, por conta do chamado assembleísmo permanente, que passou a dominar o dia a dia da universidade, em que uma minoria aguerrida comanda o palanque. É preciso entender e fazer valer que a UnB é um patrimônio dos brasilienses e é essa mesma sociedade que não tolera mais paralisações e outras aldrabices do gênero. Vale dizer que a biblioteca da instituição foi fechada para encontros dos militantes e os ônibus com a claque não param de chegar.

A frase que foi pronunciada
“Sobre o progresso — A prosperidade de alguns homens públicos do Brasil é uma prova evidente de que eles vêm lutando pelo progresso do nosso subdesenvolvimento.”

Stanislaw Ponte Preta

Taguaparque

» Atenção administração, o Taguaparque está há mais de 2 meses com os brinquedos interditados e nada de solução. Os frequentadores mirins também merecem respeito.

Navegador

» Alguns leitores escreveram reclamando que a página do Ministério da Saúde está desatualizada. Eles procuravam saber como funciona o SUS no endereço http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/entenda-o-sus
Fizemos o teste e funcionou. Troquem de navegador.

Olha o picolé

» A empresa brasiliense Eppop inovou na relação cliente-empresário. Picolés artesanais são disponibilizados à venda a R$ 2 e o cliente deposita o dinheiro em uma urna sem que tenha qualquer funcionário da empresa para administrar a venda. O sistema funciona com base na confiança. O freezer com o produto se encontra no prédio João Calmon na UnB.

História de Brasília

No auge da crise, quando o Congresso era convocado extraordinariamente, e havia o problema de localizar o maior número de deputados, um representante do povo não hesitou em sugerir: telefone para a casa do Crisanto. (Publicado em 7/9/1961)

Assédio judicial

Publicado em ÍNTEGRA

DESDE 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

Infelizmente, os ventos da liberdade e da democracia plena ainda não sopraram pelos luxuosos corredores de mármore da Justiça brasileira. Dos Três Poderes da República, o Judiciário é, de longe, a instituição ainda mais arraigada a antigos privilégios, a mais blindada contra a bisbilhotice certeira dos cidadãos, sendo, por essa razão, o Poder mais distante do homem comum.

Não é por outro motivo que o Judiciário, principalmente as Cortes Superiores, forma um mundo à parte, ensimesmado e indiferente ao redemoinho que varre o Estado de cima a baixo. A antiga lição de que não se deve comprar briga com homem de saia, aprendida ainda no Brasil colonial, continua valendo, sobretudo se o personagem em mira é um desses membros impolutos da magistratura. Bastasse a esses magníficos se comportarem como simples servidores do público a questão não mereceria maiores delongas.

O problema com episódios como esse, ocorrido com os jornalistas do jornal Gazeta do Povo, do Paraná, traz de volta o odioso expediente do assédio judicial, que é o uso abusivo de um poder e de um conhecimento específico para transformá-lo numa arma capaz de obrigar à submissão e ao silêncio qualquer um que se atreva a questionar a onipotência desses divinos jurisconsultos.

Quando magistrados, que têm como missão precípua o igualamento de todos perante a agem de maneira intimidatória, processando de forma orquestrada e simultânea profissionais da imprensa que ousaram divulgar a remuneração total de juízes e promotores do Estado, o que eles conseguirão com esse propósito corporativista e anacrônico é o aumento da descrença da população em relação à própria Justiça.

Ao trocar o simples direito de resposta no mesmo veículo que divulgou a notícia, pela intimidação das ações judiciais múltiplas em diversas comarcas, o que esta grei terá como paga será, em vez do medo, um revide que poderá levar para o campo de batalha duas instituições caríssimas ao Estado democrático de direito, com perdas desnecessárias para ambas as partes e com prejuízo maior ainda para próprio cidadão. Ao rigor das leis se ajustam melhor os rigores na conduta moral. Vale aqui para os magistrados o mesmo sentido proverbial que coube a César em 62 a.C., ou seja: “Ao juiz não basta ser honesto, deve parecer, perante a opinião pública, honesto”.

A frase que não foi pronunciada

Release

“Consumo consciente de água e energia elétrica” é tema dos selos lançados pelos Correios nessa semana. Práticas sustentáveis nas atitudes diárias são o objetivo da campanha. O projeto foi uma parceria entre os ministérios do Meio Ambiente e das Minas e Energia.”

Educação

Enfrentando alguns problemas práticos, o projeto Brasil sem fronteiras estava paralisado desde 2014. Uma das dificuldades era validar o tempo de estudo no exterior. Os ajustes serão feitos aos poucos, mas é preciso firmar a contrapartida dos alunos, que com uma oportunidade dessas precisam devolver à sociedade brasileira o que aprenderam.

Fim de linha

Está cada vez mais difícil levar professores para sala de aula. O processo de deterioração da família reflete diretamente a agonia dos jovens nas escolas. Sem limites e com pais que confundem amor com permissividade, as crianças passam a mandar nos adultos, trazendo instabilidade social visível. Dizia o filósofo de Mondubim: “Se filho não precisasse de pai e mãe, nasceria em uma árvore e, quando estivesse maduro, cairia”.

Leitor

Estabelecida a lei, começam as adaptações. Renato Prestes protesta: “Em Águas Claras, é gritante a desproporcionalidade na disponibilização no número de vagas para idosos, deficientes superam. Esdrúxulo achar que tem mais deficientes do que idosos. Ambos merecem respeito”. No mercado também há discussões. Se há fila especial para idosos e gestantes, as pessoas têm reagido quando usam as filas normais.

História de Brasília

Você que é de outro Estado, recomende a seus amigos para que não votem em “estranhos”, em políticos forasteiros. Defenda a dignidade do seu Estado, os seus amigos , e a sua família. Publicado em 07/09/1926

América Latina: de volta à pobreza

Publicado em ÍNTEGRA

 
Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

Em relatório divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) intitulado Progresso multidimensional: o bem-estar para além da renda, especialistas alertam para os riscos que corre a maioria dos países latino-americanos, incluindo o Brasil, de perder as conquistas sociais obtidas no período entre os anos 2000 e 2014. Durante uma década e meia, o continente experimentou uma onda de expansão e desenvolvimento econômico que, praticamente, beneficiou todos os países da região. Ao lado do boom econômico, propiciado pelas exportações das mais variadas commodities a ótimos preços, esses países tiveram, no período, forte aumento de emprego e transferências de renda.

Hoje a realidade é outra. A recessão, como no caso do Brasil, transformada por sua duração em depressão econômica, se espalha por todo o continente. A previsão da ONU é de que mais de 30 milhões de pessoas retornem à condição de pobreza. Outros 220 milhões de latino-americanos, por sua vulnerabilidade, também correm o risco de sofrerem com a crise.

Para os autores do relatório do Pnud, “o crescimento econômico sozinho não reduzirá a pobreza e a desigualdade na América Latina e no Caribe”. Na avaliação da diretora para a América e o Caribe do Pnud, Jessica Faieta, políticas econômicas do tipo mais do mesmo não resultarão na redução da desigualdade e da pobreza, que avança. A concepção desses pesquisadores é de que o crescimento econômico não gera necessariamente maior progresso social. O chamado bem-estar social deve, na opinião deles, começar por investimentos em programas de aperfeiçoamento de habilidades para melhorar as oportunidades de emprego, bem como em incrementos de modelos de sistemas financeiros que previnam o endividamento exagerado da população.

Como fatores principais, o relatório aponta que o binômio educação de qualidade e emprego é capaz de tirar as pessoas da pobreza. Com relação a evitar que as pessoas retornem à condição de pobreza, é necessária, segundo o documento, a estruturação de redes de proteção social, bem como a existência de recursos domésticos para garantir os programas nas horas de crise. “O progresso de milhões de pessoas se deveu a políticas dedicadas à redução da pobreza, combinadas com um momento de bonança e recursos, mas, com a desaceleração atual, obviamente, haverá menos recursos para o investimento governamental para os menos favorecidos”, avalia a diretora do Pnud, para quem o mais importante agora, com a retração da economia em todo o mundo, é continuar investindo em programas sociais para proteger as conquistas dos últimos anos.

No relatório, há ainda uma preocupação com as minorias sociais de toda a região, principalmente indígenas, afrodescendentes, camponeses, jovens, mulheres e minorias sexuais, que não puderam alcançar o progresso em igualdade de condições, já que o acesso ao mercado de trabalho é dificultado e se vê condicionado por fatores múltiplos.

A frase que não foi pronunciada

“A política que tenta surpreender, normalmente é surpreendida.”

Na atmosfera da Comissão de Ética da Câmara

Dueto

De um lado, o protesto contra o Projeto de Lei 1.013/2011, que libera fabricação e venda de carros de passeio movidos a motores a diesel no Brasil. De outro, protesto contra os estragos causados pelo plantio da cana-de-açúcar cuja expansão para produção de etanol avança nas áreas de cultivo de gêneros alimentícios, colocando em risco a integridade de importantes biomas, como a Amazônia e o Pantanal.

Agenda PGR

O seminário Grandes casos criminais: experiência italiana e perspectivas no Brasil. Começará no dia 27 a primeira rodada de discussões. No Auditório JK da Procuradoria-Geral da República, a partir das17h. A organização conta com a participação dos presidentes da República em exercício, do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do procurador-geral da República — mesa de honra. O encerramento está previsto para as 19h.

Participe

Não existe razão plausível, mas o fato é corriqueiro. Pares de meias são separados misteriosamente. Quando sobra apenas uma meia, há quem queira. A Punket, aquela loja graciosa de meias, está fazendo uma campanha bem interessante. Está recolhendo meias limpinhas sem par para transformar em cobertor para moradores de rua. Conheça mais sobre o projeto no site www.meiasdobem.com.br.

População

Certo dia, os alunos que têm aula no Pavilhão João Calmon, da UnB, foram surpreendidos com uma novidade. Um freezer, uma urna e um cartaz dizendo que o picolé artesanal Eppop custa R$ 2. Era só escolher e depositar o dinheiro na urna. Sucesso total. Fizeram a mesma experiência no Rio de Janeiro. Sumiram urna e freezer. E Brasília leva a fama!

História de Brasília

Seria muito bom que alguém alterasse a Constituição nessa falha aberta para a corrupção, porque o que se vê é um governador mandar dinheiro para outro Estado, desprezando os problemas de sua terra, para garantir uma cadeira legislativa através de outros eleitores. (Publicado em 7/9/1961)

Pelos fim dos privilégios

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

 

Por suas peculiaridades históricas, o Estado brasileiro adotou, desde a primeira Constituição republicana de 1891, o instituto do foro privilegiado. Na redação de todas as constituições posteriores, foi mantido o mesmo dispositivo, ora reduzindo a abrangência, ora ampliando o leque de indivíduos que só podem ser processados pelas Cortes superiores.

De posse dessa proteção institucional, a princípio pensada para dar amparo àqueles que exercem cargos e funções de relevância para o Estado, as mais iníquas ações foram sendo praticadas ao longo do tempo, sem que seus autores fossem, sequer, incomodados pela Justiça.

As exceções, claro, existiram, mas em números insignificantes. Aos juízos de primeira instância ficam as pessoas e os crimes comuns. Essa situação de diferenciação perante a Justiça criou tantas e tamanhas distorções, com privilégios exacerbados, que levou o Estado à atual situação, em que as principais lideranças políticas nacionais nos Três Poderes tiveram, têm ou terão contas a ajustar nos tribunais.

Propostas de Emenda à Constituição, como a PEC 470/2005, têm sido apresentadas para a apreciação dos legisladores, mas, impreterivelmente, escorregam para o fundo da gaveta e lá são deixadas. Em tempos de crise, sob o calor dos acontecimentos e da agitação das ruas, o tema volta momentaneamente à luz. Com a posse agora do novo presidente da Associação dos Juízes Federais (Ajufe), Roberto Veloso, mais uma vez foi mencionado o fim do foro privilegiado para parlamentares e para ninistros do Supremo Tribunal Federal.

Para Veloso, a situação atual, com tantas investigações de autoridades com prerrogativa de foro, transformou a própria atribuição do STF, que em princípio é de zelar pela Constituição, em Corte de primeira instância. “O STF, que tem função nobilíssima, que é a guarda da Constituição, termina sendo absorvido com questões criminais, que deveriam ser colocadas para juízes de primeiro grau”, afirma o presidente da Ajufe.

É bom lembrar que os quase 13 mil juízes de todo o país também têm foro privilegiado. A nova leva de juízes, muitos com mestrado e doutorado realizados em países que não aderem aos princípios do direito romano, como é o caso dos EUA e de parte da Europa, começam a despertar para dispositivos, antes estranhos à nossa legislação (caso da Teoria do Domínio do Fato e da Cegueira Deliberada) que poderão trazer sangue novo ao nosso ordenamento jurídico, excessivamente complacente e cheio de labirintos recursais e salvadores.

Para um país que, eternamente, almeja compor com as nações do primeiro mundo, um passo inicial seria a abolição pura e simples desses privilégios legais, tornando letra viva o que diz a própria Constituição em vigor: “Todos são iguais perante a Lei”.

A frase que foi pronunciada

“Eu proporia que se substituíssem todos os capítulos da Constituição por: Artigo Único — Todo brasileiro fica obrigado a ter vergonha na cara.”

Capistrano de Abreu

Barbaridade

Em uma escola de Ceilândia, um aluno passa portão adentro montado em um cavalo, vendendo drogas e armado. Essa é a Pátria Educadora? Por isso faltam professores. E, se hoje falta educação, o futuro é sombrio.

Danos morais

Um buraco no gramado da UnB, na saída do Departamento de Música, deixou a pianista Duly Mittelstedt em repouso absoluto por uma semana.

Solidariedade

Uma campanha pela internet propõe aos motoristas do DF deixarem no carro um casaco e um cobertor para ser doado a qualquer momento. “Com certeza você vai encontrar alguém precisando” diz a mensagem espalhada para vários grupos.

História de Brasília

Há um “esquema político”, igual a essas “soluções honrosas” ou a esses “dispositivos de segurança”, segundo o qual todos os governadores que terminarão mandatos no próximo ano serão eleitos por Estados próximos, por meio barganha eleitoral. (Publicado em 7/9/1961)

Pelo fim do modelo podre

Publicado em ÍNTEGRA

Desde 1960

aricunha@dabr.com.br

com Circe Cunha // circecunha.df@dabr.com.br e MAMFIL

Com a instalação formal, no Senado, do colegiado que analisa o processo de impeachment da presidente Dilma, o Brasil assiste, pela segunda vez, ao rito político e desestabilizador da defenestração de um chefe do Executivo, com todas as possíveis consequências que esse movimento traz para a estabilidade democrática. Mais uma vez, a República é tocada por mecanismos extraordinários de emergência, que, em última análise, paralisam o país, provocando sérios abalos na estrutura econômica e social.
Aqueles que cuidam do ordenamento jurídico e institucional do país precisam abordar a questão de forma honesta. Como é possível que, em pouco mais de duas décadas, os brasileiros se veem em voltas com o mesmo dilema do impeachment? Eis aqui uma questão de resposta simples, mas de dificílima solução. A repetição da história, como tragédia ou ópera bufa, expõe certa teimosia burra — característica talvez de nossa formação histórica e cultural — de insistir no erro, na esperança de que dessa vez dê certo. Por que ainda não nos livramos de crises como esta, já que conhecemos, por experiência, o que nos levou até ela?
Com a promulgação da Constituição de 1988, restou aos legisladores a importante tarefa de cuidar da regulamentação e aperfeiçoamento das muitas leis infraconstitucionais restantes. Entre esses institutos, ficou pendente conjunto de reformas vitais para o país, que nunca foi objeto de atenção do Congresso. A mais importante dessas revisões era justamente a reforma política. Considerada a mãe de todas as reformas, por sua importância no alicerce do Estado, ela foi adiada sine die, embora seja remédio eficaz para crises desse tipo.
No que diz respeito aos partidos, a inclusão das cláusulas de barreiras, que impossibilitaria o surgimento de tantas legendas de aluguel, seria o primeiro passo. Outras medidas, como o voto distrital, aproximariam o eleito do eleitor e o instituto do recall, e propiciariam a retirada do político que contrariasse os interesses do votante. Isso seria também de grande significado para nosso ordenamento partidário. O sistema eleitoral também deve ser modificado, acabando com as caríssimas campanhas, movidas a milhões de reais, e permitindo, inclusive, o lançamento de candidatos sem partidos. Só essa medida daria fim ao antigo sistema político plutocrático, que favorece o candidato endinheirado.
O fechamento da máquina pública à sanha dos políticos, com a entrega de todos os cargos de importância a pessoas egressas das universidades, exclusivamente por meio de concurso, seria outra medida necessária para aperfeiçoar nossa democracia. Muitos outros novos mecanismos deveriam ser introduzidos, mas, para isso, seria preciso começar, o mais rapidamente possível o processo de reforma política, antes que um terceiro processo de impeachment venha a acontecer em breve.

A frase que não foi pronunciada

“Foro privilegiado transformou Supremo em Corte criminal”
Roberto Veloso, o novo presidente da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe)

Posse
» Amanhã, Roberto Veloso toma posse no Clube Naval de Brasília. Ele comandará a associação por dois anos. Dados oficiais da PGR dão conta que, no âmbito da Operação Lava-Jato, o Supremo mantém sob sua responsabilidade 134 políticos.

Sem brincadeira
» Perdem as donas de casa que não aproveitam as redes sociais para voltar ao velho boicote. No lugar disso, o brasileiro usa a internet para trazer bem-humoradas piadas sobre o assunto. Desde a sugestão de um pacote de feijão para o Dia dos Namorados, joias com pedrinhas de feijão, ou até ostentar feijão nos dentes, para mostrar que se está comendo bem. Enquanto isso, a justificativa para o aumento exorbitante no preço do feijão é a instabilidade do clima. Se existe um clima culpado por esse aumento, entenda-se o político.

Brasilianista
» Thomas Skidmore morreu nos Estados Unidos, aos 83 anos, no sábado. Seu nome remete aos anos 60 no Brasil. Era ele um dos primeiros a saber sobre as transformações políticas no país. Brasil de Getúlio a Castello foi o seu livro mais vendido. Em 2009, o intelectual deu entrada em um pensionato para idosos.

Estranho
» O Hospital do Gama com vários registros no fim de semana de pacientes com vômito e diarreia. Sem febre e sem dor no corpo. Uma família inteira foi atingida pelo estranho fenômeno. Sem morar na mesma casa, sem comer a mesma coisa e sem beber a mesma água. Apenas três escaparam. Sem muita preocupação em pesquisar a razão, os médicos diagnosticaram como virose.

História de Brasília
Entre as pessoas que mais empurraram os outros para abraçar o sr. João Goulart, estava o sr. Bonaparte Maia, deputado que não comparece senão ao guichê, e que não se sabe porque, estava com as autoridades, no meio da pista, para receber o presidente da República. (Publicado em 7/9/1961)
xxxxxxxxxxxxxxxxxxx