Ranking da vergonha 2

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com Circe Cunha  e Mamfil

25Com o advento da Lei 12.015/2009, os outrora chamados “crimes contra os costumes” passaram a ser tratados como “crimes contra a dignidade sexual”, considerando aqui que um dos pilares do Estado Democrático de Direito, a dignidade humana, foi aviltada de forma grave. As penas para crimes dessa natureza também foram sensivelmente mais rigorosas.

Apesar do novo entendimento legal e do agravamento das sanções e,  longe de a infração ser banida da cena nacional, o que se verifica é o recrudescimento dessas práticas odiosas, principalmente por meio dos estupros coletivos. Nos últimos cinco anos, dobrou o número de registros, passando de 1.570, em 2011, para 3.526, em 2016, ou seja, 10 casos de estupro coletivo por dia.

De todos os crimes possíveis cometidos contra a dignidade humana, nenhum outro é tão nocivo e produz tantos efeitos deletérios negativos e prolongados do que o estupro. É comum dizer que a vítima tem a alma estuprada, tamanho é o sentimento de profanação sofrida. “Estupro, alguém disse, é sobre violência, e não sexo. Se uma pessoa te bate com uma pá, você não chama isso de jardinagem.” Se esse tipo de crime traz uma carga de bestialidade tamanha, o estupro coletivo multiplica essa sensação e essa dor por mil, sendo difícil até encontrar no dicionário, qualquer expressão que traduza, de modo racional, essa experiência perturbadora.

Obviamente que aqui também os números oficiais não traduzem a realidade fática, havendo, inclusive, quem assegure que esses registros de crime ainda estão muito distante da verdade. A semelhança com que ocorre na violência contra os idosos, mais uma vez o Distrito Federal aparece liderando esse ranking da vergonha, ao lado de Tocantins e do Acre.

Para cada grupo de cem mil habitantes, a taxa de estupro coletivo coloca a capital com 4,23 casos. Em 2016, esse tipo de crime, em que há mais do que um agressor, representava 15% dos atendimentos em hospitais públicos e privados. Incrível é perceber a tolerância social e histórica do país ainda tem reflexos ante esses crimes. Para Daniel Cerqueira, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), “a violência sexual contra a mulher é um crime invisível”.

Segundos dados do instituto, apenas 10% do total desses crimes são registrados. Muitas mulheres estupradas não prestam queixa, porque ainda persiste a cultura de culpá-la,  quando elas são as vítimas. Para Débora Diniz, antropóloga da Universidade de Brasília, a característica coletiva desse tipo de crime, denuncia e evidencia o caráter cultural do estupro. “Com o avanço da internet, o estupro coletivo, muitas vezes postado ao vivo e a cores nas redes sociais, ganhara um caráter quase ritualístico, com as vítimas sendo apresentadas como objeto ou troféu que foi conquistado”, analisa a socióloga da USP Mulheres, Wânia Pasionato. Difícil conceber que em pleno século 21, na mais moderna capital da América, crimes com características doentias ainda ocorram bem debaixo do nariz das autoridades e sob o silêncio de todos.

 

A frase que foi pronunciada

“Sempre considerei as ações dos homens como as melhores intérpretes dos seus pensamentos.”

John Locke,  filósofo inglês e ideólogo do liberalismo, nascido no século 17

 

Esgoto

» Corre a céu aberto esgoto pela N2. O cheiro é insuportável. Onde estão os terceirizados da Caesb? O tempo para a solução dos problemas ainda é longo demais.

 

Provas

Na Praia liberado para fazer festa. Faltaram provas para a juíza Sandra Reves Vasques Tonussi. Não houve vistoria que desabonasse os decibéis que avançam até o dia amanhecer. Sorte da magistrada não morar perto do evento. O presidente da Associação dos Moradores da Vila Planalto assinou documento agradecendo a amabilidade da produção do evento, que atendeu as demandas da região, patrocinando cobertura de área de lazer da Creche Pioneira Vila Planalto, doação de areia e por aí vai. A paz tem preço?

 

Pauta

» Na quarta-feira, 30 de agosto, no Auditório da FAU, UnB, ICC Norte, das 9h30 até as 17h30, o Ministério Público do DF, em parceria com a FAU/UnB e organizações da sociedade civil, como o Instituto Oca do Sol, Projeto Águas da Serrinha e Conselho Regional de Desenvolvimento Rural Sustentável do Lago Norte, discutirá os impactos dos empreendimentos urbanos no DF. Entrada liberada para os cidadãos que quiserem acompanhar o assunto.

 

Bug

» O Banco do Brasil passou por um problema que atingiu a clientela que usa o saque sem. Números cadastrados não conseguiram, ontem à tarde, realizar a operação. A mensagem era “conta não cadastrada no serviço saque sem (G-540) código S500. Ainda desconhecemos a razão.

 

História de Brasília

Há, também, diversas sacas de farinha de trigo, e o gorgulho começa a prejudicar o alimento vindo dos Estados Unidos para a Legião Brasileira de Assistência e Casa do Candango. (Publicada em 4/10/1961)

Rankings da vergonha

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Sexagenária e com uma população que já ultrapassou os 3 milhões de habitantes, Brasília é hoje uma metrópole que, a exemplo de muitas capitais país afora, apresenta sintomas visíveis de decrepitude precoce. Além dos problemas urbanos clássicos que se avolumam por causa do crescimento rápido e desordenado, a cidade vai se despontando também no cenário nacional nos vergonhosos rankings da violência contra a mulher e contra os idosos.

A cada dia, novos casos e novos dados reforçam a tese de que Brasília é mais um ente da União com seriíssimos problemas de ordem social, cujas causas principais ainda não são totalmente conhecidas. Uma coisa é certa: as características humanizadoras, quase inocentes, idealizadas e defendidas pelos criadores da capital, já não existem mais. É coisa de um passado distante e esquecido.

Denúncias de violência contra pessoas idosas têm chegado a cada instante e em tal volume ao conhecimento público que acabaram por obrigar as autoridades locais a criarem delegacias especializadas somente para atenderem essas ocorrências e racionalizar o combate a esses crimes hediondos. Com a criação recente da Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin), os casos de abuso e violência contra os idosos começaram a vir à luz, mostrando situação até recentemente desconhecida dos brasilienses.

Nessa delegacia, mais de 63% das denúncias registradas são referentes a maus-tratos contra idosos. Das 278 ocorrências anotadas, 176 se referiam à violação de direitos contra maiores de 60 anos. Dos 183 casos registrados em 2016, 61 eram de violência explícita contra pessoas da terceira idade. Apenas nos primeiros meses deste ano, houve relatos de mais de 60 crimes contra os idosos.

Apesar da quantidade preocupante, a delegada que comanda essa unidade da polícia, Gláucia Cristina da Silva, reconhece que esses números não refletem a realidade. Como a maioria dos crimes de ofensa moral, financeira e física ocorrem dentro de casa, praticados pelos próprios familiares, os respectivos registros quase nunca são feitos, o que dificulta muito o conhecimento das estatísticas reais.

Pelo canal criado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, conhecido como Central Judicial do Idoso, ficou mais fácil conhecer de perto a realidade. Em 2016, essa Central computou 2.601 casos, sendo 283 de violência, dos quais 106 foram de violência psicológica e 94 de negligência. No quadro assustador, as mulheres foram as que mais sofreram violações de direitos, com 157 casos registrados.

Plano Piloto e Ceilândia lideram os números de violência contra idosos. Com uma população acima dos 60 anos, estimada em aproximadamente 300 mil pessoas ou 15% do total, chega a ser surpreendente que 2.601 casos de violência contra idosos tenham ocorrido num período de apenas um ano. Pelo Disque Idoso, no número 156, opção 8, e pelo Disque 100, Disque 197 e Disque 162, podem ser feitos registros e denúncias de violência contra os idosos.

Para uma capital que foi idealizada como marco de nova civilização, que iria comandar os destinos do país, Brasília parece ter tal forma se desviado do rumo natural que se tornou necessário ao Estado criar um departamento especializado em socorrer a população idosa, a maioria formada de candangos pioneiros, massacrados por jovens que parecem não acreditar nem na Justiça, nem no fato de que um dia vão ser idosos também.

 

A frase que foi pronunciada

“A história é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo.”

Napoleão Bonaparte, um visionário

 

Release

» A Câmara Legislativa vai realizar sessão solene em comemoração ao Dia do Nutricionista, 31 de agosto. Especialistas da área serão homenageados no evento, na próxima quarta-feira, 30 de agosto, às 9h, no auditório da CLDF. O nutricionista Daniel Novais é um dos convidados para receber moção de louvor pelos relevantes serviços prestados à sociedade. Cada vez mais, as pessoas reconhecem a importância de uma alimentação equilibrada. Parabéns a esses profissionais que tornam o mundo mais saudável.

 

Agenda

» Figueira da Villa oferece feijoada e resgata chorinho do Mercado Municipal aos sábados. O restaurante serve o prato completo ao som do trio Choro a Granel, que se formou no Mercado e tocou lá durante oito anos. O almoço é servido a partir das 13h, e o som anima a casa das 13h às 16h.

 

Impraticável

» Definitivamente, a praia de Brasília é o céu da cidade. A tentativa de trazer “A Praia” para a capital do país pecou quando não respeitou os moradores da redondeza. O melhor DJ é o que usa o bom senso para aproveitar a potência do som com engenho e arte e não apenas colocando no volume máximo.

 

História de Brasília

Dona Tereza Goulart deve saber que o governo americano mandou, há meses, centenas de sacas de fubá de milho para serem distribuídos nos acampamentos e até agora a pilha de sacas está mofando no galpão da Catedral de Brasília. (Publicada em 4/10/1961)

 

Em rota de colisão

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com Mamfil e Circe Cunha

Diferentemente de qualquer outra legislatura do passado, as atuais bancadas federais na Câmara e no Senado puderam, de maneira inédita, experimentar na própria pele o bafo quente das megamanifestações de rua. Os movimentos populares, diga-se de passagem, espontâneos, apartidários e até hostis aos políticos e ao modo de se fazer política. Pela magnitude e pelos recados que, de modo claro, passaram às autoridades, o que a população anseia para a administração do Estado, diverge, frontalmente daquilo que insiste em impor agora, de modo afoito, as Câmaras Alta e Baixa. A dissintonia entre eleitos e eleitores é de tal forma tamanha, que há quem considere, inclusive, que a classe política, por cegueira e medo do que está por vir com as investigações que correm na Justiça, busca, com as mudanças, um espaço para a salvação de centenas de cabeças é cada vez mais estreito e iminente.

Nesse caso, as reformas políticas que se anunciam, pelas fantasias que contêm, principalmente pelos modelos de escolha de candidatos e de partidos e pelos meios de financiamento das campanhas, estão empurrando, perigosamente, os atuais políticos numa rota de colisão contra a população. Pela importância das reformas para o futuro do país, torna-se óbvio, até mesmo para o cidadão comum, que as mudanças necessitam de tempo para reflexão, responsabilidade na proposição, sentimento de nacionalidade e, sobretudo, consciência tranquila e limpa para se qualificar como reformador. Tudo, absolutamente, que não se encontra nessa turma nervosa que comanda a atual reforma política.

A essa altura dos acontecimentos, o público em geral percebeu que o que está sendo gestado no Legislativo é uma saída de emergência para os encalacrados com desvios éticos de toda ordem. Dadas  a falta de preocupação com o país, marca da maioria das figuras que compõem a atual legislatura, e a implicação de muitos deles em casos de desvios de dinheiro público e outros crimes, fica patente, à maioria da sociedade, que qualquer reforma que venha ser a escrita por essas mesmas mãos não resultará em benefício algum para os brasileiros e para o Brasil. Os frutos dessa árvore são conhecidos por todos e foram rechaçados nas grandes manifestações de rua. Só não viu quem não quis.

 

A frase que foi pronunciada

“Com a lei da palmada, os castigos passaram a ser virtuais. Sem computador, celular ou tablet por uma semana. Esse castigo é mais eficiente que qualquer corretivo antigo.”

Pai da Helena

 

Lupa

» Tem gente de olho na Proposta de Emenda à Constituição da senadora Gleisi Hoffman, do PT paranaense. Apelidada de “PEC do cheque em branco”, tem como objetivo mudar a regra das emendas individuais feitas ao Orçamento da União. A ideia é que deputados e senadores apliquem no Fundo de Participação dos Estados e DF e os Fundos de Participação dos Municípios as verbas de emendas individuais. A dúvida fica por conta da prestação de contas e do planejamento.

 

Faz sentido

» Em Porto Alegre, uma discussão interessante sobre isenção de IPTU. Em tempos de menos verba no caixa do governo, há estudos para acabar com a isenção do imposto para clubes. No caso, seriam clubes sociais e de futebol. Nelson Marquezan fez o cálculo. São menos R$ 14 milhões por ano na arrecadação na capital do Rio Grande do Sul.

 

Outro lado

» Sobre a abertura desta coluna que estimula os leitores a pedir a nota fiscal em postos de gasolina, nosso amigo que é dono de um posto altamente conceituado na capital da República dá a dica: o preço do combustível começa na distribuidora. Quem dita o preço não são os postos, mas a política econômica do governo. Metade do preço da gasolina é de impostos. “A população e os jornalistas, principalmente, precisam se informar melhor antes de culpar os postos”, disse ele.

 

Promoção

» Por falar nisso, o posto da Disbrave na 504 Norte estava vendendo gasolina no débito ou no dinheiro por R$ 3,65.

 

Release

» Diz o documento elaborado pelo senador Paulo Paim, intitulado Frente Ampla pelo país: “A corrupção político-empresarial está institucionalizada nos três níveis: federal, estadual e municipal, e a impunidade é componente decisivo para o aumento da corrupção. Os governos transformam o Estado em balcão de negócios. E o que tivemos até hoje foram governos sem princípios e sem olhar humano. Eles vendem a alma do povo para se manterem no poder”.

 

Verdade

» Mais uma do senador Paulo Paim: “O Brasil não possui uma cultura de governabilidade. Cada vez que muda o governo, mudam-se as políticas econômicas e sociais de acordo com o pensamento do grupo que assume. Não há máquina administrativa que aguente  nem programa de governo que se sustente.”

 

História de Brasília

Militares estão malsatisfeitos porque perdem a possibilidade de comprar imóvel próprio, já que caberá aos ocupantes atuais a chance de adquirir os apartamentos. (Publicada em 4/10/1961)

Nota fiscal pelo combustível, por favor

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com Mamfil e Circe Cunha

“Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que corre sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.” Manifesto Futurista, de Felippo Tommaso Marinetti, em 1909

Construída numa época em que o automóvel era o símbolo máximo do advento e da afirmação da modernidade, Brasília marcou a concretização da ideia de uma arquitetura apta a acolher o carro como elemento essencial de transporte. Para tanto, amplos espaços físicos foram exclusivamente reservados para o deslocamento rápido de pessoas.

A nova capital, dizia-se naqueles tempos, era formada de cabeça, tronco e rodas. A velocidade era uma das características perseguidas nos anos de grande nervosismo. O carro era, pois, um dos elementos dessa nova arquitetura. Nesse sentido, as grandes distâncias e os longos deslocamentos, não só não seriam empecilhos para a concepção da cidade moderna, mas se transformariam em sua marca maior, dando o tom ao desenho das ruas, avenidas e eixos.

Mais de meio século depois, o que parecia ser um gesto de grande ousadia frente ao novo acabou canalizado para uma espécie de gargalo. Com o número de carros se aproximando perigosamente do número de habitantes, a velocidade declinou e a cidade se locomove a passos lentos dos engarrafamentos constantes.

Durante todo esse tempo em que a velocidade ditou o ritmo da urbe, os cartéis de combustíveis amealharam enormes fortunas e, graças ao poder desse dinheiro desonesto, compraram o silêncio de uns e a imobilidade de outras autoridades. Aqui se lê, também, desonestidade pelo descumprimento da lei ao negar ou exigir cadastro de quem pede nota fiscal. Certo seria se ela viesse como em todo comércio. No ato da compra, nota fiscal emitida imediatamente, e não cupom fiscal, como tentam ludibriar o consumidor.

Para garantir essa reserva de mercado, em que o dinheiro entrava fácil, os cartéis trataram de financiar as campanhas eleitorais de candidatos de vários partidos, para assegurar trânsito livre para suas pretensões. Blindados pelo poder do dinheiro, esses cartéis não arredaram pé de suas atividades criminosas, não temendo autoridade ou lei alguma, mesmo quando os órgãos da justiça já tinham em mãos material suficientemente comprobatórios dessas práticas criminosas.

O GDF sempre fez cara de paisagem para este assunto, que, diretamente, recolhia impostos escorchantes dessas atividades. Quanto mais os preços aumentavam, mais cresciam as tributações e os dois lados saiam ganhando sempre. Em meio a essa briga combinada, estavam, e ainda estão, os milhões de consumidores acossados entre a necessidade de abastecer o carro e se sujeitar a encararem o transporte público sucateados, e também dominado por outros cartéis. Postos entre as máfias dos combustíveis e as máfias dos transportes, os cidadãos ainda lutam desamparados para se livrar de ambas as pragas, mesmo sabendo que o GDF não está ao seu lado e, ainda por cima, torce por sua capitulação.

 

A frase que não foi pronunciada

“Esqueceram de mim!”

Se o Brasil pudesse falar….

 

Incubadora

» Vitória da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A Sea Jr. apresentou projeto de Aquaponia para organismos aquáticos e hortaliças. Na ponta do lápis, o projeto, que precisa de R$ 30 mil para a implementação, vai gerar muito mais para as famílias do semiárido. “Estamos muito felizes com essa conquista. Esperamos que nosso trabalho ajude a trazer renda e desenvolvimento para a região. Nosso projeto foi criado pensando em uma forma de desenvolvimento prático, sustentável e fácil de ser gerenciado”, explica Eduarda Tayná de Almeida, presidente da Sea Jr. e estudante de engenharia de aquicultura da UFRN.

 

Esperar não é fazer!

» Premiação também para escolas envolvidas no projeto da Controladoria–Geral do DF, que lança o 1º Prêmio Atitude. O objetivo vai além da consciência cidadã. Por meio de gincana, os alunos identificarão problemas na escola e receberão as orientações necessárias para organizar um planejamento para as soluções. Quem for o melhor em soluções leva o prêmio. O intuito é alcançar 3 mil alunos. A unidade vencedora receberá R$50 mil para melhorar sua estrutura. No total, serão R$ 140 mil distribuídos entre as dez primeiras escolas classificadas. Os professores-orientadores do projeto das dez escolas vencedoras receberão bolsas de mestrado e pós-graduação, oferecidas pelo Fundo Pró-Gestão, da Escola de Governo.

 

Pelo país

» Quase deu certo. Extremistas entraram em um restaurante, em São Paulo, com uma faixa xingando João Doria. Outros gritos vieram em sentido oposto para que o mentor dessa desunião nacional estivesse na cadeia.

 

História de Brasília

A possibilidade da venda dos apartamentos aos atuais ocupantes está despertando uma campanha nos ministérios militares, pela qual esses ministérios adquiririam os apartamentos, para seu próprio patrimônio, e alugariam aos seus integrantes, posteriormente. (Publicada em 4/10/1961)

Projeto de lei criminaliza o assédio moral

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com Mamfil e Circe Cunha

Pesquisas recentes dão conta de que 55% dos trabalhadores brasileiros já sofreram algum tipo de assédio moral no serviço. Dos pesquisados, 47,3% relataram serem vítimas de piadas, ironias, chacotas, agressões verbais ou gritos constantes. Também a pesquisa feita pelo site Vagas.com mostrou que 87,5% dos profissionais que foram expostos a ofensas não denunciaram o fato, por receio de perder o emprego, de sofrerem represálias, por vergonha ou mesmo temor de ser culpado pela agressão. Houve ainda quem não denunciasse o agressor por certo “sentimento de culpa”, muito frequente nas vítimas desse crime. As maiores vítimas são mulheres, totalizando 51,9% das ocorrências.

O assédio sexual no trabalho, caracterizado por comportamentos abusivos como cantadas, propostas indecorosas ou olhares abusivos, atinge as mulheres em 79,9% dos casos. Segundo os especialistas, a punição apenas da empresa de certa forma contribuía para a perpetuação dessas ações, protegendo o assediador ao deixar-lhe o caminho livre para a repetição dos crimes. Pela quantidade absurda com que eles se repetem a cada dia no ambiente de trabalho pelo Brasil, a aprovação do Projeto de Lei 4.742/2001, de autoria do então deputado Marcos de Jesus, criminalizando o assédio moral, além de urgente e necessária, torna-se medida de grande importância para garantir saúde física e mental de milhares de profissionais, feridos na alma e torturados na honra pela ação selvagem, truculenta e sistemática dos superiores hierárquicos. Sob a relatoria da deputada peemedebista Soraya Santos, um substitutivo foi apresentado pela parlamentar pedindo o aumento da condenação de um para dois anos de prisão, além da responsabilização direta do assediador e não mais da instituição.

Vale lembrar que o assédio moral também pode ser praticado por funcionários hierarquicamente inferiores aos chefes e de colegas para colegas. Outro ponto objeto de estudos é a diferença entre assédio e dano moral. Nem todo dano moral é assédio, mas todo assédio traz um dano moral. Esse é um fenômeno tão antigo quanto a própria história do Brasil e, mesmo assim, durante mais de cinco séculos dessas práticas odiosas, ainda é muito comum a ocorrência de assédio moral tanto em repartições públicas como em empresas privadas.

Esse tipo de crime é tão corriqueiro no ambiente de trabalho que não é raro encontrar em muitas instituições serviços de “amparo psicológico” para as vítimas, mas que, na realidade, nem sempre são ocupados por profissionais capazes de administrar o problema. Quando é o caso, o assediado corre mais riscos psicológicos por estar nas mãos de pessoas que são éticas apenas na medida do possível, já que a cobrança da cúpula da instituição é que acabe logo com a demanda para esconder o problema da opinião pública e preservar o nome da empresa ou instituição. Nem por isso todos os trabalhadores desistem.

Muitos, apoiados pela família conseguem buscar reparação pelos danos sofridos. Para a maioria, dinheiro nenhum apaga a dor sofrida. A cicatriz fica enquanto viver. Devido à experiência com esse sofrimento intenso e repetido, boa parte desses profissionais adquirem doenças tão sérias e complexas que acabam por resultar na impossibilidade de trabalhar de forma permanente, o que, em certos casos, termina com a aposentadoria precoce por invalidez. A perda de muitos profissionais de excelente nível técnico que se veem obrigados a abandonar seus postos por questões de assédio acarreta também sérios prejuízos para a própria empresa ou entidade pública.

O assédio moral no ambiente de trabalho, aqui no Brasil, pelo grande número de casos, pela questão da impunidade generalizada, pelos malefícios que causam à saúde de milhares de trabalhadores todos os anos, e pelos incontáveis prejuízos que causam às empresas e aos sistemas de saúde, deveria receber o carimbo de matéria urgentíssima e ser colocado em discussão e votação com prioridade máxima, à frente de qualquer outra proposta.

 

» A frase que foi pronunciada

“Em um mundo de aparências, o que importa não é o que somos, mas o que é mostrado; não as consequências distantes de nossas ações, mas os resultados imediatos e aparentes. Essa é a principal razão para a trivialização da perversão: em todas as áreas, a tendência de tratar a outra pessoa é consolidada como um objeto que é servido enquanto útil e é descartado quando já não interessa.”

Marie-France Hirigoyen, que cunhou o termo assédio moral na França, em 1998, no livro assédio moral, violência perversa do cotidiano.

 

Mistério a ser revelado

» Obra de restauração do Museu de Arte de Brasília é invisível. A assinatura é da D&M Construtora Ltda. e a data prometida para a entrega, registrada na placa no local da obra, é maio de 2015. Esqueceram de retirar a placa quando anunciaram que a Novacap anuncia que serão investidos mais R$ 8,9 milhões para a obra. Outra obra?

 

Que tal?

» Impossível mensurar a falta de respeito da Caesb com o cidadão brasiliense. Enquanto o DF faz sacrifícios para economizar água pagando a conta mais cara sem consumir o que seria de direito, adutoras são rompidas vazando água por horas. A resposta da companhia ao chamado de emergência parece estar num script. “O prazo regular para envio de equipe é de oito horas, mas o prazo não se aplica aos fins de semana, quando a equipe é reduzida.”

 

» História de Brasília

Não houve nenhuma ordem em contrário quanto à mudança do Ministério das Minas e Energia. A Vale do Rio Doce, que não teve dinheiro para terminar o prédio, atirou-se à obra com imenso ardor e hoje centenas de candangos cruzam em todas as direções para entregar logo o prédio que o ministro pediu. Enquanto isso, ninguém procura respeitar o Plano de Brasília, nem saber onde alojará todos os funcionários que serão transferidos precipitadamente para cá.(Publicada em 3/10/1961)

Assédio moral o trabalho

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com Mamfil e Circe Cunha

Depois de quase duas décadas de sua proposição, o Projeto de Lei 4.742/2001, de autoria do ex-deputado Marcos de Jesus (PE), transformando o assédio moral no trabalho em crime, aguarda apenas uma brecha para ser incluído na pauta de votação do Plenário da Câmara dos Deputados. A nova relatora da proposta, deputada Soraya Santos (PMDB-RJ), apresentou substitutivo em que pede o aumento da condenação de um para dois anos de prisão, além da responsabilização direta do autor desse crime e não mais da empresa, como vinha sendo anteriormente estabelecido. Para a parlamentar, “as mulheres são as mais penalizadas com o assédio”. É necessário, diz, a aprovação desse projeto.

Há várias leis se servem aos juízes de amparo na fundamentação das sentenças. A Carta Magna, a Lei 13.185/15, que institui o Programa de Combate à Intimidação Sistemática; o Código Civil; a Lei 8.112/90, que dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autarquias e das fundações públicas federais; o Decreto 7.037/2009, que aprovou o Programa Nacional dos Direitos Humanos; o Decreto 6.029/2007, que institui o Sistema de Gestão da Ética do Poder Executivo Federal; o Decreto 3.048/99, que aprova o regulamento da Previdência Social; o Decreto 1.171/94, que aprova o Código de Ética Profissional do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal; o Decreto-Lei 5.452/43, que aprova a Consolidação das Leis de Trabalho; o art.5º do Decreto-Lei 4.657/42, da Lei de introdução às normas do direito brasileiro, que rege que, na aplicação da lei, o juiz atenderá os fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum; o Decreto-Lei 2.848/1940; o Código Penal; a Convenção 11, da Organização Internacional do Trabalho, concernente à discriminação em matéria de emprego e profissão; e Lei 8.213/1991, que dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social.

Nos países onde o assédio moral não é tabu, a saída foi registrar as ocorrências como acidente de trabalho. Essa iniciativa foi adotada com base nos estudos da francesa Marie-France Hirigoyen, incansável na luta para esclarecer patrões e empregados, chefes e subalternos sobre como reconhecer o assédio moral, combater, evitar e se defender dessa praga. Graças à divulgação da dissertação apresentada pela dra. Margarida Barreto na PUC /SP, em 2000, sob o sugestivo título Uma jornada de humilhações, o assunto vem paulatinamente ganhando espaço no país nas últimas décadas.

No início deste mês, o Tribunal Superior Eleitoral organizou o Fórum de Debates sobre o Assédio Moral, que contou com a participação do professor Roberto Heloani, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que discorreu sobre  “Assédio Moral: a Dignidade Violada”. Ele é especialista no tema e doutor em psicologia social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e membro-fundador do site www.assediomoral.org.br. A professora Ana Magnólia Mendes, da Universidade de Brasília (UnB), tratou do tema “Clínica do Trabalho, Sofrimento Ético e Prevenção do Assédio Moral”. A procuradora Renata Coelho, do Ministério Público do Trabalho, expôs sobre  “Assédio Moral Organizacional”, e a professora da UnB Ana Lúcia Galinkin abordou o tema “Assédio Moral e Gênero”.

Segundo o portal www.assediomoral.org, o assédio moral é “a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigidas a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego”.

 

A frase que foi pronunciada

“O mais doído é a forma insidiosa como o assédio moral é iniciado. Só fiz alguma coisa quando percebi que estavam tocando na minha identidade, na minha alma.”

Assediada moralmente em depoimento privado.

 

Autossuficientes

» A caminho dos pediatras ou passeando pelo shopping, é comum ver babás levando as crianças no colo, carrinho ou as conduzindo de mãos dadas. Na Inglaterra, os herdeiros do trono dão conta do recado direitinho. As babás, se é que existem, não aparecem.

 

Fundo do poço

»  Em todo o país, os médicos são vítimas de um sistema falido e eivado de corrupção. Em Belo Horizonte, a proposta de aumento salarial foi de 2,53%. É muito humilhante receber essa oferta tendo um trabalho duro e assistindo, pelas mídias sociais, à vida boa de quem enriquece roubando os cofres públicos.

 

Imperdível

»  Amanhã, às 19h, um Concerto Entre Amigos, na Galeria de Arte da LBV. Há limite de público. Carlos Cárdenas, no saxofone, Duly Mittelstedt, ao piano, e músicos convidados. Repertório primoroso em vários estilos. Ingresso R$ 100 com bufê após o concerto.

 

História de Brasília

Não houve nenhuma ordem em contrário quanto à mudança do Ministério das Minas e Energia. A Vale do Rio Doce, que não teve dinheiro para terminar o prédio, atirou-se à obra com imenso ardor e, hoje, centenas de candangos cruzam em todas as direções, para entregar logo o prédio que o ministro pediu. (Publicada em 3/10/1961)

 

Descompasso e contraste

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com Mamfil e Circe Cunha

Se os autores se dessem ao trabalho de perscrutar a opinião dos cidadãos, eleitores e contribuintes sobre que pontos devam ser realmente acrescentados , mudados e suprimidos nas diversas propostas de reformas que anunciam, muito trabalho teria sido poupado de nossos doutos representantes. Ninguém entende e tem mais sensibilidade para a realidade desse país do que o povo real que habita essas plagas, pois é longe dos hostes oficiais que pulsa o coração da nação.

É tal o descompasso entre o que deseja a população e o que pretendem os áulicos, que qualquer projeto, nascido intramuros e elaborado por uma casta sob a mira da lei, não trará bons frutos. Pior é constatar que o conjunto de reformas que começam vir a lume, à primeira vista, atendem apenas à acomodação e ao alicerçamento do status quo, deixando de lado os interesses dos brasileiros. Quem se dispuser a prestar atenção aos indicadores atuais, apresentados pelos impostômetros espalhados pelas maiores cidades do país, verá que apenas nesses primeiros oito meses foram transferidos compulsoriamente da população para o azeitamento da máquina pública perdulária cerca de R$ 1,347 trilhão.

A maior fatia dessa fábula de dinheiro será destinada ao sustento burocrático dessa gigantesca engrenagem, na forma de salários, ajuda de custos, benefícios, indenizações, gratificações e outros infinitos termos que designam o custeio pessoal. Obviamente que no meio do caminho, segundo organizações não governamentais, cerca de R$ 200 bilhões terão se esvaído tranquilamente pelo ralo da corrupção. O que sobrar desses recursos tomará caminhos diversos que passam ao largo das necessidades da sociedade.

Ano após ano, essa situação tem se agravado. Somente para a quitação de uma das maiores cargas tributárias do planeta, cada brasileiro necessita trabalhar, ao menos, 155 dias consecutivos. Não é por outra razão que o Brasil ocupa hoje a vexaminosa 30ª posição no quesito índice de retorno dos impostos para o bem-estar social da população. Um exemplo desse descompasso, que coloca em posição antípoda população e seus dirigentes, ocorre todos os dias. Agora mesmo chega a notícia de que o Tribunal de Contas do Distrito Federal (TCDF) autorizou o pagamento retroativo de auxílio-moradia para os conselheiros e procuradores, no valor de R$ 1,6 milhão. Isso para servidores que recebem salários em torno de R$ 30 mil mensais e têm morada própria.

Enquanto isso, a assessora especial para assuntos de rouparia da primeira-dama, Marcela Temer, segundo divulgação na imprensa, recebeu apartamento funcional. Para recompor esses descalabros, o governo reduziu ainda o valor do salário mínimo de R$ 979 para R$ 969, buscando, com isso, economizar uns R$ 3 bilhões por ano, além de vetar dispositivo da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), que previa a aplicação de recursos para cumprir as metas definidas no Plano Nacional de Educação (PNE). Preferiu manter os reflexos negativos tanto na educação de base quanto nas instituições de ensino superior e na comunidade acadêmica nacional. Para os brasileiros, obrigados a bancar essas injustiças flagrantes, resta aceitar, como fato consumado, que o dinheiro que falta na planície é encaminhado para o planalto, onde a vida continua sendo uma festa no céu, com convites exclusivos.

 

A frase que foi pronunciada

“Não se julga suficiente que a lei garanta a cada cidadão o livre e inofensivo uso de suas faculdades para o seu próprio desenvolvimento físico, intelectual e moral. Exige-se, ao contrário, que espalhe diretamente sobre a nação o bem-estar, a educação e a moralidade.”

Frederic Bastiat, economista e jornalista francês (1801-1850)}

 

Quadro triste

» Curiosa a participação da professora Clarita Chumbens no portal do Sinpro. Diz a mestra que, enquanto o sindicato se engaja nas próximas eleições, a categoria é jogada em uma luta inglória deixada cada vez mais abatida. A esperança que os sindicatos pensassem nos professores, suas angústias e na realidade, se perdem entre a realidade de querer transformar a categoria em mucamas do PT, atendendo a ordens suicidas dos caciques enumerem as vitórias dos professores obtidas pelo sindicato. Não existem, praticamente.

 

Missa

» Hoje, será celebrada a missa de sétimo dia em memória de Celina Leite Ribeiro Kaufman, ao meio-dia, na Igreja São José, Rua Dinamarca, no Jardim Europa, São Paulo.

 

Proatividade

» Estamos no exato momento em que os especialistas do GDF deveriam conferir as vias pavimentadas de todo o DF, que corre o risco ter o asfalto arrancado pelas chuvas de setembro, por falta de escoamento. As redes pluviais também precisam de limpeza e manutenção.

 

Civismo

» Atenção, professores. As visitas no Senado Federal estão ao alcance de todos. Basta entrar no site do parlamento e verificar as datas disponíveis. O portal é amigável. Basta procurar na internet com as palavras- chaves: “Congresso Nacional”, “agendamento”, “marcar visita”.

 

Mais sinalização

» Com o desvio obrigatório para o acesso ao trevo norte, falta sinalização para caminhões altos. Nas tesourinhas, volta e meia veículos de grande porte ficam presos pelo teto. O perigo é alterar a estrutura das pontes.

 

História de Brasília

Em frente à Americana, a Novacap construiu um restaurante, que seria unidade de vizinhança, para servir à Superquadra 107. Até hoje, não foi arrendado, o que significa: capital parado, que não rende juro. (Publicada em 3/10/1961)

Má gestão leva à crise hídrica

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com Mamfil e Circe Cunha

Fôssemos elencar os principais fatores que resultaram na maior crise hídrica de todos os tempos, experimentada agora pelos brasilienses, a questão da má gestão desse recurso preciosíssimo deveria ocupar o primeiro lugar. Por má gestão, incluem-se as de caráter técnico e outras, eminentemente, políticas, mais, precisamente, decorrentes de populismo irresponsável, com forte doses de demagogia e de corrupção.

A falta de água nas torneiras e a ameaça de que o rodízio no abastecimento de água se prolongará por 48 horas seguidas, resultam da mistura desses ingredientes e todos eles decorrem da emancipação política e marota a que a capital dos brasileiros foi induzida a partir da Carta Magna de 1988. Como populismo e planejamento não andam de mãos dadas, o resultado são torneiras secas ou com água cara e de qualidade duvidosa.  Visto pelo lado técnico, o que se pode concluir, logo de saída, é que o crescimento desordenado e explosivo da população não foi acompanhado de um adequado e consistente programa de investimentos, tanto na preservação de nascentes e mananciais quanto na modernização e ampliação dos sistemas de abastecimento, o que fez com que a demanda inflada não acompanhasse a oferta.

Obviamente que fatores climáticos e que fogem da competência direta do GDF tiveram importante papel na crise, mas, de longe, não se configuram entre os principais causadores da escassez crônica de água potável. Nossos políticos locais, embora ainda não dominem a arte da dança da chuva, sabem muito bem como fazer chover em suas próprias hortas, principalmente se essa chuva for em forma de moedas ou de votos.

A transformação das terras públicas em moeda de troca, dentro do princípio “um lote, um voto”, acabou por lançar toda a capital no vale árido e hostil da escassez de água. Durante anos seguidos, essa foi a principal política adotada na capital. A criação desordenada e afoita de enormes conglomerados urbanos, construídos, sem qualquer planejamento, da noite para o dia, ao mesmo tempo em que beneficiavam políticos locais, na consolidação de verdadeiros currais eleitorais, comprometiam seriamente o futuro da cidade e de seus habitantes.

O assentamento de imensas cidades-dormitórios sobre áreas de nascentes e de matas ciliares está entre as causas principais que levaram à atual crise hídrica. Ao contrário do que recomenda o bom senso e a experiência malfadada, a prática ainda é corriqueira e prossegue, apesar das consequências já sabidas.

Um exemplo desse absurdo é constatado na intenção do GDF de implantar a segunda etapa do Setor Habitacional Taquari, na área conhecida como Serrinha do Paranoá. Essa região abriga, segundo os especialistas, centenas de nascentes já mapeadas que alimentam o Lago Paranoá com água de excelente qualidade. Água que pode não carrear votos, mas que vai tornar possível o prolongamento da vida da cidade por mais algum tempo.

 

A frase que foi pronunciada

“A falta d’água pode ser o fim de todas as coisas.”

Filósofo de Mondubim, pensando enquanto lê Tales de Mileto.

 

Muda já!

» Helio Campagnucio nos enviou uma carta que dividimos em notas para resumir a saga que ele e muitos outros consumidores da Caesb vêm sofrendo. Diz o leitor que, há mais de 10 anos, a Caesb cobra 10 metros cúbicos pelo consumo mínimo de água. Mesmo que o consumo efetivo seja de 3 a 4 metros cúbicos. Na maior parte do ano passado, o consumo foi zero, já que a casa ficou fechada. Mas, mesmo assim, foram pagos mensalmente 53 reais para honrar as contas que chegavam .

 

Revolta

» Em julho, inexplicavelmente, veio uma conta de R$ 840, referente ao consumo de 49 metros cúbicos, que, se somado o consumo efetivo de dois anos, não chega a esse patamar. Retiraram o hidrômetro da residência, que nunca teve manutenção em 20 anos, embora fosse cobrada a taxa de manutenção durante anos. A perícia no hidrômetro, sem minha presença, que o hidrômetro está com problema.

 

Abuso

» A empresa monopolista que atua cobrando um consumo mínimo com base em legislação local, o que contraria uma lei federal, vai de encontro ao Código de Defesa do Consumidor,  além de contrariar o Código Civil e outras leis. A legislação que concede a cobrança de consumo mínimo à Caesb não obriga a própria estatal a disponibilizar o total do produto cobrado ao consumidor. Não há boa-fé em se cobrar pelo que não é entregue. Levando em consideração a atual situação de carestia de água, nada mais sensato que cobrar apenas o que for consumido. Correto seria compensar em contas futuras a água não consumida efetivamente.

 

Contraste

» Só em 2017, mais do que os 49 metros cúbicos de água já foram pagos e, agora, cobrados mesmo que não tenham sido consumidos. O patamar de consumo mínimo de 10 metros cúbicos, que são R$ 53, é muito acima do parâmetro da CEB, que cobra por um consumo mínimo de 100KW R$ 15 reais.

 

Para isso?

» Para qualquer consumidor atento a essa situação é desesperador ver a inércia do Ministério Público, a omissão do GDF, do legislativo local e do TJDFT com essa arrogância da empresa e as práticas ilegais, imorais e abusivas. O fim da tolerância chegou quando os salários da Caesb vieram a público.

Filósofo de Mondubim, pensando enquanto lê Tales de Mileto.

 

História de Brasília

Os moradores da 306 (Iapc) estão horrorizados com o que se passa no posto da Texaco, que fica em frente a um dos seus blocos. Brigas, nomes feios, falta de respeito e excessivo barulho são as maiores reclamações. Domingo, ninguém dormiu depois de 4 horas da madrugada, porque dois funcionários estavam brigando.  (Publicada em 3/10/1961)

Reformando ruínas

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com Mamfil e Circe Cunha

Para os brasileiros de boa-fé, soa como verdadeira humilhação saber que servidores do alto escalão dos três poderes da República permaneçam ainda recebendo remunerações mensais que ultrapassam o teto salarial conforme prevê o inciso XI do art. 37 da Constituição. Essa situação ganha contornos ainda mais ultrajantes quando se toma conhecimento que, entre aqueles que percebem os chamados supersalários, a maioria está justamente concentrada no Poder Judiciário, a quem cabe por missão não só dar o bom exemplo de cumprimento da lei, mas observar seus limites, uma vez que se trata de princípio determinado pela legislação em vigor.

A bem da verdade, coube ao Supremo Tribunal Federal, órgão máximo da Justiça, jogar um balde de água fria na norma, quando estabeleceu, por 10 votos a 1, que quem tiver mais de um cargo público poderá extrapolar o teto salarial, por acumulação de cargos efetivos, como é o caso de professores, médicos, juízes e outros. De outra feita, a Magna Corte aceitou a tese de que gratificações, abonos e outros penduricalhos, aduzidos aos salários, não são levados em conta quando na avaliação das super-remunerações. A hermenêutica não pendeu para a consciência cívica.

Para o contribuinte, é inaceitável o fato de que em plena crise, quando exigências de arrochos são impostas à sociedade e quando se fala em aumento de impostos e outras taxas, servidores, principalmente do Judiciário, continuem a receber tranquilamente salários que, na realidade do país soam como um escárnio.

Caso emblemático vem à tona agora com a divulgação de que o juiz Mirko Vincenzo, da 6ª Vara de Sinop em Mato Grosso, recebeu, em julho, R$ 415,693,02 de salário líquido, sendo que o valor bruto dessa remuneração foi de R$ 503.928,79. Mesmo acrescentando gratificações e vantagens eventuais, chama a atenção que um servidor da Justiça receba quase meio milhão de reais ao mês, enquanto, da própria janela de seu gabinete, possa divisar legião de pessoas em situação de extrema pobreza. Essa situação se torna ainda mais surreal quando se noticia que ministros do Tribunal de Contas da União (TCU), aos quais cabe fiscalizar o bom andamento das contas e dos gastos públicos, transformaram aquela corte numa espécie de agência de Turismo por Conta da União. Apenas seu presidente, Aroldo Cedraz, passou 61 dias em viagens, 56 deles no exterior, recebendo em diárias e passagens mais de R$ 72 mil.

Nos últimos dois anos, o mesmo ministro passou 171 dias no exterior, visitando 17 países. A situação se repetiu com outros ministros daquela corte, numa demonstração de que existe ainda um enorme e intransponível fosso entre o Brasil real e o Brasil oficial.

 

A frase que não foi pronunciada

“Já está na hora de a Justiça abrir os olhos e se olhar no espelho.”

Turista pensando em frente à estátua de Themis, na Praça dos Três Poderes

 

Anel

» Amanhã, novo desvio no Eixão, sentido Rodoviária/Lago Norte. O DER informa que a mudança começará às 10h. Novo viaduto entre os dois paralelos ao Eixão começam a tomar forma. Até dezembro é a previsão dos bloqueios para a obra.

Saúde

» Também, nesta quinta-feira, às 11h, a Comissão Senado do Futuro, no Plenário 15 da ala Alexandre Costa, apresentará o seminário sobre doenças crônicas não transmissíveis. O senador chileno Guido Girardi, especializado em temas de saúde, é o convidado especial do senador Cristovam Buarque para a ocasião. Girardi legislou sobre o direito dos pacientes, doação universal, fim da caução como garantia ao atendimento, além de leis de controle do tabaco.

 

De graça

» Dois projetos que impulsionam a cena musical da cidade se uniram. Amanhã, o Q Cultural abre a casa, ou melhor, a Quadra 6 do Setor Comercial Sul (SCS), no  estacionamento em frente ao Pátio Brasil, para o coletivo Do Quadrado. Com entrada gratuita, Wilson Bebel e a dupla Tatá e Danu mostram seu trabalho autoral nessa mistura, a partir das 17h30.

 

Participe

» Amanhã também é dia de audiência pública interativa da Comissão Parlamentar de Inquérito da Previdência com representantes do governo federal. A mesa de debate terá como convidados o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Leonardo de Melo Gadelha, o secretário da Previdência no Ministério da Fazenda, Marcelo Caetano, e o representante da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc), Fábio Henrique de Souza Coelho. Se você quiser participar com perguntas basta enviá-las para o Alô Senado 0800-61-22-11.

 

Contribuintes

» Assalto do lado de fora do  Banco do Brasil no CA do Lago Norte. O aumento da criminalidade é sentida pelos brasilienses. A impunidade é um estímulo a todas as categorias de crime.

 

História de Brasília

A administração está convalescendo da crise política motivada pela saída do sr. Jânio Quadros. Até agora, foi esta a crise mais cara, que maiores dificuldades trouxe para todo o país. (Publicada em 3/10/1961)

Fazendo a coisa certa

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colunadoaricunha@gmail.com

com Mamfil e Circe Cunha

De frente para o espelho e de costas para a população. Essa continua ser a posição política perseguida com afinco pela maioria dos nossos parlamentares. Desde sempre, a sociedade tem apontado como prioridade máxima, dentro do universo de transformações de que o país necessita, a reforma política. Por esse motivo foi alcunhada de mãe de todas as reformas. O senador Fernando Collor delineou propostas interessantes sobre o assunto. Depois da caça aos marajás, a reforma política seria um tema interessante para o senador defender. Mesmo assim, por mais que se esforce, o parlamento não se move na mesma direção dos anseios populares.

Somente a partir da elaboração de um texto definitivo de reforma política, que atenda aos interesses da nação, será possível se pensar em partir para outras propostas de mudanças que resgatem o país da sua mais severa crise. E é aí que mora o perigo. O texto que avança, agora a passos largos, na Câmara dos Deputados, não só não vem de encontro dos reclamos da população, mas em muitos pontos demonstram o total desprezo e alienação de parte significativa dos legisladores sobre o que ocorre além-muros.

Na verdade, o texto que está sendo preparado a toque de caixa nas comissões, se enquadra muito mais na estratégia pensada para pôr a salvo centenas de cabeças coroadas que estão na mira da Justiça, anistiando uns e soerguendo outros para dentro da blindagem obtida nas urnas. A intenção é aprovar uma meia-sola até a data-limite de 7 de outubro próximo, para que o pacote todo tenha validade nas eleições de 2018.

Obviamente, propostas como o Distritão, ou mesmo o voto distrital misto, previsto para 2022, não são do interesse do eleitor que almeja apenas o voto distrital puro, no qual os eleitos são bem conhecidos da população e, com ela, mantém laços estreitos por serviços relevantes prestados. Para contornar a norma que determinou o fim do financiamento privado os políticos encontraram no chamado Fundão a cura para a ressaca com a perda do dinheiro fácil dos empresários amigos.

Chamada de Fundo Especial de Financiamento da Democracia, a medida prevê a destinação de nada menos do que R$ 3,6 bilhões do orçamento para bancar as despesas das campanhas bilionárias. O Fundão, por pretender arrancar do eleitor/contribuinte recursos que não possui,  nasce sob o signo da maldição popular, e pode, a qualquer momento, desencadear reações imprevistas e indigestas na forma de manifestações virulentas pela insensibilidade com que nossos políticos enxergam a crise medonha.

O que o eleitor almeja, além de campanhas baratas, feitas pelo esforço sincero e próprio dos partidos, são legendas que abracem, como verdadeiras bandeiras, a defesa das necessidades básicas da população, e não o interesse mesquinho de meia dúzia de caciques, que fazem da política meio para  enriquecimento rápido e fácil. O que a população deseja não aparece nas propostas em discussão, o que faz dessa reforma apenas um remendo para um tecido esgarçado e puído que não tem mais jeito de ser remendado. A reforma política que a nação aguarda com ansiedade, definitivamente, não é essa.

 

A frase que foi pronunciada

“Um voto é como um rifle: sua utilidade depende do caráter de quem usa”.

Theodore Roosevelt, 26º presidente dos Estados Unidos de 1901 a 1909

 

Celina

Nosso abraço afetuoso no amigo Celso Kaufman. Celina deixa a comunidade artística desolada. Além das instituições de caridade que ajudava, os artistas de Brasília recebiam o apoio, estímulo e o compartilhamento de um conhecimento vasto em arte. Fica o vazio, mas a lembrança da doçura e da amizade firme na alma.

 

Cariocas

Pode parecer romantismo, mas a atitude dos cariocas resume bem o clima da cidade. Ao ser hostilizado, o árabe que tem uma banca de salgados improvisada recebeu a proteção dos moradores de Copacabana. Protegeram o refugiado com a placa: “Não queremos guerra, queremos esfirras!” É coerente para um país crescido com a força da imigração.

 

Consideração

Se você é pioneiro, certamente já recebeu uma ligação do amigo Geraldo Vasconcelos. Prepare-se para retribuir anotando na sua agenda. O aniversário dele é em Novembro, dia 18.

 

Calma

Provocação ao governador Rollemberg não deve ter resposta. Começam as reclamações pelos megashows em Brasília. Tudo o que os contribuintes querem é ver a verba dos impostos bem usada. Só garantido o pão, deverá ser liberado o circo.

 

Pioneiros

Por falar em verbas, enfim, a comunidade do Gama pode comemorar. A Avenida dos Pioneiros receberá pavimento depois de décadas. Os recursos são do Banco do Brasil e a obra está orçada em pouco mais de R$ 3 milhões.

 

Nadar

Até 23 de agosto estarão abertas as inscrições para o 25h Nadando. É a 24ª edição do evento. No Centro Olímpico da UnB ou na 504 Sul, unidade do Sesc, garanta sua vaga. Mais importante que competir é estar presente.

 

História de Brasília

O subprefeito da Cidade Livre encontrou e fechou dois matadouros clandestinos de porcos. As condições de higiene eram de tal forma precárias que ameaçavam a saúde da vizinhança. (Publicada em 3/10/1961)