Categoria: ÍNTEGRA
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Monopólio na produção de combustíveis centrado em uma só empresa, do tipo estatal, onde os ruídos e interferências da base política do governo de plantão é uma presença constante. Um único modal de transporte, baseado em rodovias mal cuidadas que acabam ocasionando o envelhecimento precoce da frota de mais de dois milhões de caminhões. Eis aí uma fórmula delicada, fadada a crises cíclicas e que sempre resultam em prejuízos bilionários para todo o lado. Para um país de dimensões continentais como o nosso, a continuação de um modelo com essas características não parece ter um futuro promissor. No caso agora da greve dos caminhoneiros ou, como outros preferem, das empresas transportadoras, a situação parece ter alcançado seu ápice e não será surpresa se vier a ganhar proporções para além das meras reivindicações contra o aumento nos preços dos combustíveis.
Num modelo desses, sem opções e saídas alternativas, força do movimento é quase uma consequência natural. Nesse caso, uma quase chantagem. Analisados separadamente, tanto o, governo, como a estatal do petróleo e os próprios caminhoneiros chegam à mesa de negociações com a consciência totalmente limpa. Pesam sobre eles uma enorme desconfiança vinda da população, que pressente que nessa disputa a conta, como de costume, terá que ser paga por ela.
O governo, que não fez como devia a reforma tributária e que, ainda por cima, não renuncia à sanha arrecadadora, tem culpa. As empresas de transporte, cientes de sua força econômica momentânea, mesmo sabendo que os prejuízos resultantes da paralisação serão infinitamente maiores do que as vantagens oferecidas, não se acanham em levar a greve adiante e por isso possuem boa parcela de culpa nessa crise. A Petrobras, cuja a única opção oferecida aos consumidores é um produto de qualidade e preço duvidosos, também detém parcela de culpa considerável.
Num caso desses em que as partes envolvidas, invariavelmente, carregam parcela de responsabilidade pela crise, a chance de se estabelecer um equilíbrio, em que todas saiam ganhando ou perdendo o mínimo, é quase zero. A não ser que nessa querela seja arrolado um outro personagem paralelo à questão, que, mesmo alheio a essa trama, venha a ser o mais seriamente atingido por qualquer decisão que firmada. É aí que entra a população, ilhada na cidade e nas estradas, sem transportes, sem opções e sob a ameaça de uma paralisação total de todos os serviços do país.
O veredito, num imbróglio dessa natureza, não tem como fugir ao script surreal: a população é a culpada e deve pagar às custas da greve. Para o bem da estatal, do governo e das pobres das empresas de transportes.
A frase que não foi pronunciada:
“A democracia faz bem para a economia. Desde que não haja concorrência para o abastecimento de água, energia e petróleo.”
Dona Dita
Vale
Antes que eu me esqueça. Estreia em circuito nacional. Roteiro brilhante de Luísa Parnes e direção cirúrgica de Tiago Arakilian. Filme que realmente toca o coração. Atores e trilha sonora impecáveis.
Rodada Beethoven
Se estiver precisando de combustível para a alma, hoje é o último dia da apresentação do coro e Orquestra e Capital Philharmonia. Missa Solemnis Op. 123 IV – Sanctus – Benedictus e Sinfonia n9 Op.125 “Ode à Alegria”, com o coro Ad Infinitum, do maestro Eldon Soares. A regência desta noite será do maestro Artur Soares. O concerto começa às 17h, na Igreja Adventista Central, 611 Sul. Entrada Franca.
Bravíssimo
Por falar em concerto, com o desastre cometido com a saudosa Brasília FM, a única que substitui com maestria é a rádio MEC, do Rio de Janeiro. Não há programação comparável no país. A MEC FM faz parte da Diretoria de Produção Artística. A atual titular é a Cida Fontes e o gerente da rádio é o Thiago Regotto.
Link para acesso: Rádios EBC – Rádio MEC FM RJ
Papo reto
Diego Maia, candidato a deputado distrital, lançou na Internet vários vídeos de suma importância para o eleitorado. Com uma linguagem didática, Diego ensina a cidadania. Veja alguns links no blog do Ari Cunha.
Link de acesso ao vídeos: www.facebook.com/novodiegomaia
Fato
Enquanto eram só as panelas batendo estava tudo muito bem, para alguns. Os preços continuaram subindo, a corrupção continuou acontecendo de dentro das cadeias. Os caminhões pararam. Todos sentimos as consequências. Mas quem desfalcou o erário não repôs as perdas. E por falta de leis nunca irá devolver aos cofres públicos.
Estranho
O argumento que convenceu dona Márcia, a líder dos caminhoneiros que estavam no SIA, a liberar 10 caminhões tanques foi manter os carros da Saúde, Bombeiros, Limpeza abastecidos. O negociador do GDF usou esse argumento e conseguiu o que queria. Agora o anúncio de que com a crise do combustível as cirurgias dos hospitais públicos estão suspensas mostra que há algo de errado.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O governo aumenta o salário mínimo, e depois quer conter a onda de aumento de preços. (Publicado em 21.10.1961)
ARI CUNHA
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Faltando pouco mais de cinco meses para as próximas eleições, ao que tudo indica, serão as mais imprevisíveis de todos os tempos, torna-se no mínimo inquietante e ruinoso, para o futuro da capital, que os deputados distritais venham, no fechar das cortinas da atual legislatura, a apreciar e votar processos tão abrangentes e com tantos desdobramentos para a vida dos brasilienses como são os casos relativos a Lei de Uso e Ocupação do Solo (Luos) e o projeto que estabelece a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE).
Tratam-se aqui de duas medidas que, segundo especialistas em questões urbanas, irão provocar significativas alterações em todo o quadrilátero do Distrito Federal, impactando, de forma imprevisível, todo o funcionamento e a prestação de muitos serviços da capital, já sobrecarregado há anos pela incúria proposital dos governos vizinhos de Goiás, do Tocantins e de Minas Gerais.
A possibilidade de essas duas novas diretrizes se tornarem um fato consolidado e irreversível coloca em jogo a viabilidade futura da própria capital. É preocupante que não haja debates em instâncias diversas, que por dever de ofício, têm a obrigação de discutir problemas dessa natureza.
Felizmente, no caso da Luos, a intervenção providencial da Vara do Meio Ambiente, Desenvolvimento Urbano e Fundiário do DF, invalidando a tramitação desse projeto sob o argumento de insuficiência de debates públicos vem em boa hora para dar maior fôlego e reflexão sobre o assunto. A questão da conurbação, fenômeno comum a maioria das capitais brasileiras e em que as regiões vizinhas passam a formar uma só área urbana homogênea e caótica, precisa ser seriamente pensada de forma a não repetir aqui o que já acontece hoje em cidades como o Rio de Janeiro, tornada uma megalópole ingovernável e com as consequências que já conhecemos.
No caso ainda da Luos, a questão ganha maior relevo quando se sabe que esses debates eram protagonizados por um cipoal de interesses de toda ordem, principalmente eleitoreiros e paroquiais. No planejamento e no controle de grandes áreas urbanas, como proposto pela Lei de Uso e Ocupação do Solo, e que envolve todas as regiões administrativas do DF, o que está em jogo e na mira dos políticos e empreiteiros são quatrocentos mil lotes devidamente registrados e que não podem vir a reforçar o tão pernicioso e antigo esquema que tantos males tem causado à capital.
Com relação à RIDE, criada em 1998, propondo a integração dos 12 municípios no entorno de Brasília, a proposta, já aprovada pelo Senado e pela Câmara dos Deputados, prevê a inclusão dessas localidades no desenvolvimento conjunto do DF. O que preocupa, nesse caso, e que não está claro para muitos, é como se dará essa integração de forma racional e satisfatória, quando se conhece as limitações econômicas e políticas de um governo fraco e em fim de mandato. Ações de integração desses e de outros municípios no entorno do DF e que poderiam resultar em melhorias para todos indistintamente, como é o caso da ligação ferroviária de Brasília a São Paulo por exemplo, não são sequer mencionadas.
A frase que foi pronunciada:
“Desocupa-se simbolicamente o tombamento com a mão esquerda e reforça-se a gentrificação com a mão direita. Esse processo é conhecido e não revela um novo pensamento, mas a persistência das velhas formas de se fazer política.”
Emilia Stenze
Rádio Garden
Experimente no blog do Ari Cunha o Rádio Garden. Trata-se de um aplicativo onde pontos verdes brotam no mapa mundi. Cada ponto é uma rádio ligada ao vivo com o som nítido e claro. Quem diria que o velho rádio não perderia a majestade para a internet!
Link de acesso ao site: http://radio.garden/live/brasilia-df/radio-eixo/
Gestão de Pessoas
Um encontro na Escola de Administração com o apoio da Gestão de Pessoas do Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão vai apresentar um estudo sobre o pessoal ativo da Administração Pública Federal. Dia 28, a partir das 14h30. Um retrato da força de trabalho no setor. Convidados para os painéis, os especialistas Marizaura Camões (Enap) e Daniel Ortega Nieto (Banco Mundial). Mais detalhes no blog do Ari Cunha.
Link para mais informações: ENAP – Informe de Pessoal
Agora Brasileiro!
Nagib Nassar é um dos pesquisadores com maior tempo de atuação e produtividade no CNPQ. Ingressou na instituição como bolsista de 1976 até 2018. Continua ensinando e pesquisando ainda hoje. Conheça mais sobre essa personalidade no blog do Ari Cunha.
Link de acesso ao site: http://www.geneconserve.pro.br/
Leitor
Discordando ou não, segue mais uma sugestão prática do leitor José Rabelo: “O BRT é uma complicação desnecessária. O BRT é um ônibus comprido que seria perfeitamente substituído por dois ou três ônibus, rodando cada um a cada 10 minutos. Seria bem mais prático e muito mais barato.”
Release
Chega o aviso assinado pela Stephania Rodrigues, da assessoria do DER, informando que o Departamento de Estradas de Rodagem do DF, no sábado, das 08 h às 15h, realizará o bloqueio de parte da EPTG, próximo ao córrego Vicente Pires, no sentido Plano Piloto-Taguatinga para colocação das vigas metálicas. O trânsito será desviado para as vias marginais.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Estou recebendo, agora, um comunicado do Banco da Lavoura, informando que a partir de hoje, serão aceitos estes cheques. (Publicado em 21.10.1961)
ARI CUNHA
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Colonizado pelos europeus ao mesmo tempo, Brasil e Estados Unidos, mantiveram por décadas o mesmo padrão de desenvolvimento. Enquanto nosso país era submetido à uma exploração colonial que os historiadores classificaram como de exploração e extração de riquezas, o irmão do Norte, por outras condicionantes, foi submetido à uma colonização mais voltada para a fixação do imigrante em suas terras. Essa caraterística, por si só, já seria capaz de explicar a brutal diferenciação econômica que viria a se estabelecer nos índices de desenvolvimento de um e de outro em pouco mais de um século.
Todavia, essa não seria a razão precisa que levou os Estados Unidos a tomarem a dianteira econômica em relação ao Brasil. No centro dessa questão, e que ainda hoje tem repercussões graves para um país continental como o nosso, é que, tão logo iniciou-se a revolução industrial, os EUA cuidaram de implantar extensas linhas férreas cortando todo o país, integrando todas as regiões, facilitando, com isso, um intenso e contínuo fluxo de pessoas e riquezas por toda a parte.
Por aqui, esse eficiente modal de transporte, até os dias de hoje, simplesmente não existe. Aliás, o DNIT, a ANTT e o Ministério Público Federal devem ao povo brasileiro a fiscalização e punição das empresas que se habilitaram a criar e conservar as ferrovias do país, receberam verba para tanto e deixaram para trás os trilhos abandonados ligando o nada a coisa alguma.
É por isso que pagamos caro. Pelo desmazelo estratégico e histórico. Sem ferrovias, andamos as voltas com problemas econômicos cíclicos e que se agravam, ainda mais, cada vez que se assiste à uma variação nos preços dos combustíveis.
Com aproximadamente 1,7 milhão de quilômetros de estradas e rodovias, a quarta maior do mundo, por onde circulam mais de 60% de toda a produção nacional, o Brasil continua, literalmente, amarrado e refém dessa malha que é pequena para as necessidades continentais onde apenas 13% são devidamente pavimentadas e em boas condições. Para se ter uma ideia, para cada 1000 Km² de rodovias, apenas 25 está coberta com asfalto e assim mesmo de qualidade duvidosa. Nos Estados Unidos, os dados da Confederação Nacional do Transporte dizem que, para cada 1000 Km², 440 possuem pavimentação de alta qualidade.
No Brasil, com uma frota de mais de dois milhões de caminhões circulando dia e noite por estradas nessas condições, não causa surpresa que a maioria dos produtos, comercializados longe de suas áreas de produção, alcancem preços surpreendentes para os padrões nacionais de renda. Agrava ainda essa situação, o fato de que o crescimento da malha rodoviária não acompanha, nem de longe, o crescimento da frota. Nos últimos dez anos essa defasagem aumentou. Para um crescimento da frota de caminhões da ordem de 110% a malha aumentou apenas 11,7%.
Com o poderio fulminante demonstrado agora pela greve dos caminhoneiros em todo o país, com bloqueio de rodovias importantes, contra uma carga tributária que é uma das maiores do planeta, problemas ao qual se pode acrescer um monopólio do tipo selvagem dos combustíveis praticado por uma estatal fetiche dos nacionalistas, a nossa crise cíclica parece ter alcançado seu ponto máximo.
Infelizmente, aqueles que poderiam, lá atrás, ter cumprido seu papel quanto a questão da reforma tributária, foram os principais responsáveis por levar o país a essa situação.
Dessa forma, fica complicado acreditar que serão, eles mesmos, aqueles que poderão remendar o estrago feito, ainda mais quando se sabe hoje, que graças a rapinagem praticada no seio da Petrobras, chegamos ao fim dessa estrada, não só sem pavimento, mas sem saída.
A frase que foi pronunciada:
“Nem panelas, nem piadas. A reação ao desgoverno chega efetivamente sobre rodas.”
Dona Dita
Critérios de preservação
Documento do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios será encaminhado ao governador Rollemberg com várias recomendações sobre a restauração do viaduto da Galeria dos estados. Já chegou ao Iphan. Veja no blog do Ari Cunha a correspondência, na íntegra, assinada pelo presidente do Icomos/Brasil, Leonardo Bastri Castriota, e Emilia Stenzil, Conselheira do Icomos para a Região Centro-Oeste.
Shoyo
Terras embargadas por irregularidade ambiental não impediram as gigantes Bunge e Cargill de plantar soja. Só que a Operação Shoyo interrompeu o descumprimento da Justiça sobre as áreas desmatadas ilegalmente. Resultado: multa milionária. As empresas recorreram.
Internet
Corre pelo WhatsApp uma mensagem mais ou menos assim: “Se eu for de ônibus, pago R$5; de carro, R$10 pelo litro da gasolina e R$100 por alguma multa. Se for a pé, fico sem celular; de bicicleta, sem bicicleta. Se ficar em casa, gasto água e energia e a conta vem alta. Qualquer movimento, um assalto!”
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
É uma oportunidade que em cento e tantos anos o DCT nunca teve, e não deve perder, agora. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Na avaliação de especialistas em segurança pública, o Rio de Janeiro já se transformou, de fato, num narco estado, semelhante ao que foi no passado a cidade de Medellin, na Colômbia. Segundo o IBGE, das 11,5 milhões de pessoas vivendo em favelas em todo o Brasil, cerca de 12,5% estão no Rio de Janeiro. Nessa cidade, aproximadamente 25% dos moradores vivem numa dessas favelas, onde a falta de infraestrutura básica capaz de emprestar o mínimo de dignidade aos cidadãos é um traço comum.
Em meio a esse caos urbano, de onde o estado parece ter se exilado há décadas, os cariocas que ainda resistem em abandonar a antiga capital fazem o que podem para escapar do dia a dia de violência, usando dos mais impensados meios para não vir a se tornar também mais um número perdido nos formulários sobre estatísticas de criminalidade.
Aplicativos de celular ajudam os cariocas a fugir dos tiroteios que acontecem praticamente sem interrupção ao longo do dia e da noite, inclusive nos bairros da zona sul, assolados por uma onda de crimes e arrastões jamais vista. Cercada por traficantes fortemente armados de um lado, por milícias de outro, tendo como retaguarda um governo em que boa parte foi parar atrás das grades por malfeitorias com o dinheiro público, o carioca é hoje refém de um estado dentro do estado.
Dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública apontam indicadores comparativos entre o ano passado e esse ano. O aumento de homicídio doloso subiu 8,9% no Rio de Janeiro. Em relação a intervenção policial, o número de mortes cresceu 26,3%. Investigar, num exercício de memória, que caminhos foram tomados para que a cidade fosse mergulhada nesse pesadelo sem fim contribui muito para minorar esse flagelo.
Um quadro dessa magnitude em que o problema ganhou dimensões que ultrapassam a capacidade da antiga capital resolver o problema de forma isolada, causa surpresa que até o momento não se tenham adotado medidas excepcionais para por fim a esse estado de guerra que sufoca a cidade.
A intervenção militar, na área de segurança daquele estado, até o momento não tem surtido os efeitos que os idealistas esperavam. A diminuição tímida de alguns indicadores de violência e criminalidade e o aumento paralelo em outros, demonstra, na prática que as Forças Armadas, não possuem, nem de perto o preparo técnico e tático para enfrentar um meliante que age usando subterfúgios e ardis de guerrilha, misturados com o mais puro banditismo.
Para piorar uma situação que se agrava a cada dia, parte da classe política do estado ainda instiga a população e a mídia a se voltar contra as poucas ações profiláticas dos militares, acusando-os de discriminação contra a população de baixa renda.
Enquanto as autoridades não se entendem, preferindo abrir caminhos fáceis para a possibilidade de reeleição desses mesmos personagens que sempre assistiram do camarim seleto a cidade se desintegrar, a população prefere se esconder dentro de casa.
O Rio de Janeiro das noites festivas que muitos conheceram, da cidade que não dormia, ficou no passado. Com a economia combalida pelo excesso de crise e de violência urbana, o Rio é hoje o retrato acabado de uma cidade que amanhã será também a nossa. É só uma questão de tempo se não houver mudanças.
A frase que foi pronunciada:
“O crime vai diminuir quando o Brasil for um país com mais desenvolvimento. Em Berlim, a criminalidade é baixa, mas não porque têm muitos policiais nas ruas, mas pelo grau de desenvolvimento daquele país. Hoje, estamos enxugando gelo na questão da Segurança Pública.”
José Mariano Beltrame
Solidariedade
Mais um mês para arrecadar recursos para o João Vitor poder usar aparelho auditivo. Terceirizada do Ministério da Defesa, a tia de João sonha em ver o sobrinho se desenvolver nos estudos. Link para contribuir: https://www.vakinha.com.br/vaquinha/ajude-me-a-ouvir. Veja mais detalhes no blog do Ari Cunha.
PLS 140
Fernando Gomide informa que a Comissão de Constituição e Justiça do Senado debate 3 projetos de grande importância para a saúde no nosso país. Dentre eles, o PLS 140/2017, que busca dar celeridade e transparência aos procedimentos do SUS. Esse projeto elenca os atos que constituem improbidade administrativa, além de prever a punição dos responsáveis.
Agenda
Hoje, o Conselho de Entidades de Promoção e Assistência Social e suas associadas farão uma manifestação pacífica às 10h em frente ao Palácio do Buriti para assegurar a continuidade das atividades das instituições sem fins lucrativos que trabalham com crianças, adolescentes, jovens, idosos e pessoas em grau de vulnerabilidade social. O governador Rodrigo Rollemberg deve receber a Diretoria do Cepas para ouvir as reivindicações. Afinal, trata-se de uma parceria que o governo deve valorizar.
Duo
Segunda-feira, dia 28, Ricardo Vasconcelos (contrabaixo) e Francisca Aquino (piano) vão se apresentar no teatro da Escola de Música de Brasília, na 602 sul, às 19h30. Entre 28 e 30 de maio, o professor Ricardo Vasconcelos realizará a Semana do Contrabaixo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Cada funcionário, entretanto, que compreenda o momento que vive, e sinta que uma carta é coisa sagrada, um telegrama tem que chegar ao seu destino, e uma encomenda não pode ser retida. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Millor Fernandes, talvez um dos poucos e últimos que entendeu tão bem o jeitinho da alma brasileira em todas as suas nuances de luz e sombra, pouco antes de falecer em 2012, resumiu com precisão o desbotado quadro ético da política nacional. Acabar com a corrupção, disse, é o objetivo supremo de quem ainda não chegou ao poder. Estivesse vivo hoje, embora pudesse contar para suas análises certeiras, com uma fonte abundante e inesgotável de escândalos produzidos diariamente pelo governo e as principais lideranças do país, por certo, já teria jogado a toalha e desistido de tentar decifrar uma nação tão singular quanto polêmica.
No caso que se apresenta agora, com relação ao contínuo aumento nos preços dos combustíveis, determinado pela novíssima política de liberdade tarifária adotada pela Petrobras, Millôr, já na década passada, havia profetizado numa frase sintética o verdadeiro sentido que se esconde por detrás do ufanismo pespegado a essa estatal e que faz dela uma espécie de ícone do nacionalismo caboclo. “O petróleo é nosso, mas a conta bancária é deles”, disparou.
De fato, essa empresa que vem desfilando impávida por governos dos mais diferentes viés ideológicos, servindo desde Getúlio, passando pelos militares até aos governos pós abertura, nunca escondeu, em suas diretrizes, agir em consonância direta com os ditames do governo de plantão, com os humores ciclotímicos do mercado, com as expectativas de grandes lucros dos acionistas e, finalmente, com muitos interesses em bônus e outras prebendas para seus executivos, incluídos aí, o enxame de políticos que sempre se acercou dessa empresa.
Para a população em geral, que desde a fundação dessa estatal tem apenas pagado para ver o tão propalado maná que esse gigante nacional irá fazer jorrar sobre todos, até hoje, para dizer o mínimo, se mostra decepcionada com os resultados práticos gerados até aqui. Não é para menos.
Embora as últimas pesquisas do Instituto Datafolha avaliem que há ainda uma maioria na população que se posiciona contra uma eventual privatização da empresa, um fato chama a atenção: quanto mais escolarizado são os entrevistados, mais alto é o índice em favor da privatização, não só dessa estatal, mas de todas as demais.
O fato é que, aos poucos, os brasileiros, de um modo geral, vão percebendo que o simples ostentar da crença de que possuímos uma poderosa estatal do petróleo e que por isso seguimos incólumes aos solavancos do mundo não é absolutamente um bálsamo para ninguém. Em meio à uma crise econômica que parece não arrefecer desde 2014 e que acabou por levar essa empresa ao fundo do poço da credibilidade, sendo inclusive processada por uma multidão de acionistas estrangeiros em bilhões de reais, a Petrobras continua apresentando um comportamento, digamos, incompatível com a realidade nacional momentânea.
Para um país que, por diversas razões, preferiu montar sua economia sobre uma infraestrutura predominantemente viária, movida a combustível fóssil, e que, ainda por cima, tem passado décadas atado à um monopólio cheio de contradições, os aumentos diários nos preços do óleo diesel e na gasolina, impostos pela estatal, demonstram, na prática e pela enésima vez, que esse exclusivismo, do tipo verde-amarelo, se resume à uma ilusão, construída ardilosamente apenas para manter um vivo, um mastodôntico que não se abala em pisar de novo na população.
A frase que foi pronunciada:
“A idade da pedra chegou ao fim, não porque faltassem pedras; a era do petróleo chegará igualmente ao fim, mas não por falta de petróleo.”
Ahmed Yamani
Defesa
Quem tem o hábito de ler o Jornal do Senado e o da Câmara sabe a importância desses veículos de comunicação. Novas leis que mudam a vida do povo são matéria dominante. São fontes e não fakes pagas com o dinheiro público. Devem ser respeitadas.
Mais movimento
Fábio Damasceno, Secretário de Mobilidade, informa que foram entregues mais duas estações de bicicletas compartilhadas na Asa Norte, nas quadras 408/409 e 410/411, região próxima à Universidade de Brasília. São ao todo, pela cidade, 47 estações.
Leitor
No DF, Parques e Jardins, ou suas terceirizadas, inclusive tratoristas, fazem o que querem com o verde da cidade. Cortam árvores sem justificativa, arrancam grama, não reutilizam as folhas. Aprendem o bê a bá da “desvegetação”. Dizem naturalmente que limpar é acabar com tudo. Deveriam ser cobrados regiamente. A opinião é de José Rabello.
Gratos
Nossos agradecimentos pela carinhosa missiva de Marcos Linhares.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
O coronel Dagoberto entende. Entende mesmo, de comunicações. É sabido que o DCT sofre do emboloramento mental para as idéias mais avançadas, e luta contra o emperramento do serviço, e contra uma malta de ladrões que assalta as malas com valores. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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No domingo, o caderno Cidades do Correio Braziliense estampou em sua manchete, sob o título “Para onde vai a UNB”, a questão da crise que assola a principal Universidade de Brasília. Posta, em números, a questão do déficit nas finanças da instituição por conta do aumento no custeio de R$ 800 milhões, verificado a partir de 2013, para os atuais R$ 1,4521 bilhão, que poderia ter um equacionamento mais racional, já que as receitas no mesmo período variam para cima, indo de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,7 bilhão.
Seu prestigiado departamento de economia, por onde vagueiam cérebros treinados e aparentemente ociosos nas artes do balanço contábil, poderiam se debruçar sobre o assunto e, nesse caso, não surpreenderia que a UnB viesse a constatar a existência de inúmeras saídas sensatas para o vermelho nas contas, sem a necessidade de empurrar a instituição ladeira abaixo no quesito respeitabilidade pública, item importantíssimo quando se trata de um centro de estudo e pesquisa, vital para o desenvolvimento da sociedade.
Só que, por detrás desse pano, aparentemente atropelado por números, se esconde um problema muito maior, até que a própria instituição, e que, nesses dias conturbados, vem permeando não só as instituições de ensino público em todo o país, mas a própria estrutura organizacional do Estado, colocando em risco a sustentação do principal pilar que escora toda a República.
Para além de uma crise financeira, o que a UnB e outras universidades do gênero vêm experimentando na pele decorre da corrosão provocada pela ausência do cimento da ética, o que tem levado a nação ao mergulho no seu mais tenebroso momento. É sob a esteira desse imenso triturador de moral que foi ardilosamente organizado no andar de cima do governo e que tem levado dirigentes importantes a conhecer, por dentro, o sistema carcerário, que a UnB vê seu antigo prestígio sendo levado aos poucos de roldão.
Mesmo as questões relativas aos debates ideológicos, tão necessários numa casa do saber, perdem importância e substância filosóficas e racionais quando se assiste a cada dia a transformação dessa universidade num ambiente em que a erudição e o saber perderam espaço para hostilidades primitivas que, ao fim ao cabo, revelam o despreparo intelectual de professores e alunos, com muitas exceções, para os grandes debates nacionais, acabando também por colocar essa instituição na mesma vala comum onde hoje jazem as principais lideranças do país.
Permitir, nessa altura dos acontecimentos, que a UnB adentre por atalhos rumo a uma anacrônica revolução gramsciana, visando a hegemonia do pensamento, como demonstra a apatia cúmplice de sua reitoria frente à crise, é decretar a morte da instituição e confiná-la embalsamada no mesmo mausoléu de vidro onde repousa hoje a figura sinistra de cera de Lenin.
Para os pagadores de impostos, já demasiadamente arrochados pelo fisco, interessa uma instituição que possa pensar e apontar caminhos para o país. É justamente em prol dos muitos que jamais terão oportunidade de acesso a esse time de elite que a UnB tem que trabalhar, pondo suas tropas bem fornidas em campo.
A frase que foi pronunciada:
“Se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda.”
Paulo Freire
Participação
“Criou-se no Brasil a falsa necessidade de privatização da Eletrobrás e suas subsidiárias para, aparentemente, fazer com que um patrimônio, com valor da ordem de R$ 300 bilhões, gere lucros privados. Nesse processo, o Estado receberia irrisórios R$ 12,2 bilhões e os consumidores brasileiros seriam os reféns geradores dos lucros privados, a partir do aumento da tarifa de energia elétrica.”
Raul Bergmann
Incompreensível
Eucaliptos italianos que davam graça à paisagem da entrada do Pontão e que ficavam na pista oposta foram todos derrubados.
Gana
O parque, que era cercado na entrada do Lago Norte, já não possui limites. É fácil a Câmara Legislativa mudar a destinação de um parque para moradia. Principalmente se a população interessada não ficar de olho ou não reagir.
Preleção
Na pizzaria Dom Bosco, da Asa Sul, uma discussão sobre política terminou com a conclusão de que tinham que acabar com o Congresso. O orador deve ter esquecido que quem faz as leis recebeu voto da população. Com uma urna segura, a escolha pode mudar.
Mais uma
Um dos balconistas da Dom Bosco, o William, Marcão ou Rodrigo, indagou: “Já reparou que as leis de arrecadação são certinhas? Água, Luz, IPTU, IPVA, até as multas de trânsito funcionam? Já os investimentos na saúde, educação, transporte e segurança não seguem a mesma rigidez.”
Manutenção
Por falar em Asa Sul, os viadutos entre as 207/107 estão com o teto despencando.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Enquanto isto, os moradores que sofram lama, poeira, barulho de gerador, mosquitos e toda sorte de desconforto. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
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Não há ainda um levantamento, nem minimamente preciso, sobre o número de imóveis desocupados ou simplesmente abandonados em todo o Distrito Federal, em razão da crise que os brasileiros só começaram a descobrir no início de 2014. Naquela ocasião, com a quantidade de lixo varrido para debaixo do enorme tapete da república, já não podia mais esconder tamanho volume de sujeira acumulada ao longo de mais de uma década.
Ocorre que ao lado das malfeitorias e da péssima administração do Estado, legada pelos últimos governos eleitos democraticamente, a crise econômica, classificada como a maior e mais duradoura recessão já experimentada pelo país ao longo de toda a sua história, veio a bater de frente com o advento das novas tecnologias digitais, o que provocou rápidas e inesperadas mudanças nas relações comerciais, principalmente quanto à alocação de imóveis para setor de serviços.
Ao lado dos mais de 18 mil imóveis que a União possui desocupados, por diversos motivos em todo o território nacional, que geram prejuízos anuais da ordem de quase R$ 2 bilhões ao ano, o DF vive sua crise particular com uma queda acentuada na procura por locação de espaços comerciais.
As perspectivas de que a crise econômica não vai ser sanada nem a curto e médio prazos afastam os interessados e isso ocasiona reflexos diretos na construção e oferta e novos espaços para a venda e aluguel.
Pesa, além dos encargos e custos necessários a locação de imóveis comerciais, o fato de que a internet, aliada à rede mundial de computadores, abriu possibilidades infinitas para que profissionais, liberais, como arquitetos, advogados, contadores e muitos outros pudessem exercer seus ofícios em qualquer ponto do globo, conectado, em tempo real com seus clientes, com todas as facilidades facultadas pelas novas tecnologias.
Dessa forma, quem no passado necessitava de uma sala exclusiva para receber seus clientes e fechar negócios hoje vê essas mesmas possibilidades ofertadas por um simples laptop, que pode ser aberto e acessado a partir de uma mesa de um café ou em casa.
Com isso, o chamado home office vem ganhando espaço, não só nas atividades comerciais privadas, mas também, e sobretudo, no desempenho de muitas funções dentro do serviço público. Os congestionamentos no trânsito, o transporte coletivo sem qualidade e o longo tempo gasto no caminho de casa para o trabalho e vice-versa são fatores que reforçam o novo tempo. Isso, além da economia em luz, papel, cafezinho, elevadores, água e outros, tem, cada vez mais, induzido as autoridades a adotar o modelo do home office para se adequar ao teletrabalho.
Mesmo que a crise econômica venha a ser totalmente debelada nos próximos anos, a tendência da descentralização dos serviços, com as mesmas funções sendo desempenhadas diretamente da casa do servidor, parece ser uma tendência que veio para ficar e para se expandir ainda mais.
Se no setor público esse novo modelo pode ser rearranjado a curto prazo, com benefícios para todo mundo, principalmente para o pagador de impostos, o mesmo não pode ser facilmente obtido pelo setor privado, onde as novas tecnologias parecem ter criado uma espécie de não lugar.
A transformação de um simples laptop num escritório, com mais possibilidades, inclusive, de mobilidade e de agilidade nos serviços, parece ser um modelo que veio para revolucionar esse tipo de mercado. É claro que o setor de locação e mesmo as empreendedoras irão buscar meios de contornar esses imprevistos, dando vida nova ao setor.
A chegada do chamado “coworking”, em que profissionais passam a alocar ou mesmo comprar espaços próprios para exercer suas atividades em conjunto, dividindo despesas e racionalizando o uso de espaços, vem surgindo no rastro dessas novas tecnologias e parece, até o momento, uma solução para os imóveis desocupados.
Outra tendência que vai aparecendo nesses novos tempos é a transformação dos espaços comerciais em áreas residenciais do tipo apart hotel, com rotatividade de locação e preços mais em conta do que nos hotéis tradicionais. O desaparecimento de antigos modelos não deve, contudo, ser motivo de preocupação para o setor. Tratam-se de mudanças inevitáveis que irão permitir que outras surjam no lugar.
O importante é agir e não permitir que setores imensos, como é o caso dos setores comerciais Sul e Norte, venham a se transformar em áreas degradadas, com milhares de imóveis desocupados a convidar os muitos movimentos de invasão que se espalham pelo país e venham transformar essa situação em caso de polícia, com prejuízos para todos, principalmente para os moradores do DF.
A frase que foi pronunciada:
“Nos próximos anos, o automóvel será tão proibitivo quanto o cigarro.”
Jaime Lerner
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Sabe-se, também, agora, a razão pela qual o IAPFESP criou tantas dificuldades para que a NOVACAP não urbanizasse as duas quadras. É que continuando como está, em estado de bagunça total, seria mais fácil para os desmandos que estão sendo praticados. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Para um país cuja parcela expressiva da população ainda ronda os limites do mapa da fome soa um tanto quanto surrealista que os diversos grupos que ora se engalfinham em disputas políticas recorram justamente aos nomes de alguns alimentos típicos para dirigir ofensas e impropérios uns aos outros. Na batalha que antepõe pretensos grupos de esquerda e de direita, como se isso contivesse algum sentido claro para esses grupos e para a maioria dos brasileiros, coxinhas e mortadelas se reúnem em seus exércitos distintos e, ao chamado de suas lideranças fantoches, dão início as batalhas campais pelo país afora.
Nessas refregas sobra bordoada até para a bandeira nacional, tornada, não se sabe exatamente por que, um símbolo que demarca e identifica os pelotões dos coxinhas. Os mortadelas exibem estandartes rubros, bem condizentes com a iguaria feita de embutidos de carne de boi e de porco. Observando na segurança bem armada dos palanques, os generais que comandam esses motins a distância não escondem sua aversão a ambas iguarias, preferindo o canapés fino servido em lautos banquetes e restaurantes requintados.
Nessa nossa revolução às avessas, os novos sans-culottes, à falta de brioches, vão de sanduíches de mortadela regado a tubaína. Curioso e sintomático também que essa guerra de baixa culinária tenha justamente como chamamento as panelas que retumbavam uníssonas nos centros urbanos sempre que Dilma, a “generala” que rendia saudações à mandioca, aparecia na televisão.
Aliás, nesse nosso “master chefe” político, as predileções culinárias e etílicas sempre serviram como fronteiras a demarcar territórios e personagens, identificando cada comandante pelo gosto a um acepipe próprio. Mas não se iludam! O consumo de bebidas e guloseimas para esses marechais da política só se realizam diante das luzes das TVs e em meio ao grande público.
Essa lição foi dada por Jânio Quadros numa época em que o marketing era ficção científica. Naquela ocasião, o candidato histriônico desfilava pelos palanques, carregando, vistosamente, um sanduíche no bolso do paletó, para mostrar sua identificação com o populacho. Engana-se também quem crê que Lula seja um consumidor de cachaça barata. Quem conviveu com o ex-presidente e conhece a variedade de sua polêmica adega sabe que os preços e as marcas de sua coleção etílica é coisa só para grã-fino.
Enquanto a população perde a cabeça e o estômago numa batalha vã em favor de um e de outro desses glutões políticos, na retaguarda, outros representantes da nação não se acanham nem um pouco em desviar recursos públicos, duramente destinados pelos pagadores de impostos para a compra de merenda escolar. O mais extraordinário nessas pelejas de coxinhas contra mortadelas é que essas batalhas culinárias podem vir a ter um desfecho melancólico com a prisão, que vai se consumando, da maioria desses maestros ou maîtres do atraso.
Mais curioso ainda é observar que no catre, onde muitos foram e vão parar, as quentinhas servidas aos presos foram também superfaturadas e, portanto, são de baixíssima qualidade. Lição aprendida.
A frase que foi pronunciada:
“Eleições 2018. Cardápio sem suculência.”
Dona Dita
SOS
Está instituído o selo MOLA, pela Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal. O Selo MOLA se apresenta como reconhecimento formal concedido às entidades sociais, empresas, entidades governamentais e outras instituições que atuarem em parceria com o Hospital São Vicente de Paulo-DF no desenvolvimento de ações que agreguem forças à sua revitalização, impulsionando a melhoria da oferta de assistência em Saúde Mental do Distrito Federal.
Memória
Talvez ninguém lembre do PL transformado na Lei 8.985, sancionada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso em fevereiro de 1995, concedendo anistia aos 16 parlamentares, candidatos às eleições gerais, condenados por terem usado a gráfica do Senado ilicitamente com fins eleitorais. Houve a anistia e o mais importante: o ressarcimento aos cofres públicos.
Vale a leitura
Sivirino Com “I” e o Deus da Pedra do Navio, da Editora Chiado. Novela do paraibano-brasiliense que põe o personagem principal discorrendo, nordestinamente, os ensinamentos de deuses, profetas e mestres. Mangar do nome estranho nunca baixou a auto estima. É a fortaleza comum do Nordeste.
Intocáveis
Talvez seja o encontro do Mercosul, mas o fato é que carros pretos, com placas normais e alguns com luz circular no capô voam pela cidade sem respeitar qualquer pardal. Na quinta-feira, por volta das 18h40, foram vários correndo e cortando os outros carros na L4. Na sexta-feira, por volta das 11h55, outro descia a W3 em direção à Bragueto. A velocidade perto do pardal da parte inferior da ponte não foi respeitada. Veja a foto no blog do Ari Cunha.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Agora se sabe porque os moradores do IAPFESP (104 e 304) nunca terão suas superquadras urbanizadas. O Delegado dr. Aracaty foi quem autorizou a construção de casas de alvenaria no canteiro de obras. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Entre as contradições e singularidades próprias de um país desigual como o nosso, nenhuma característica parece ser mais impactante e escandalosa do que o fato de nos colocarmos hoje na posição de celeiro do mundo, fornecendo quantidades recordes de alimentos para a população do planeta. Ao mesmo tempo assistimos, de mãos atadas, ao regresso de parcela significativa dos brasileiros ao mapa da fome. Segundo o IBGE, em 2017, 25,4% da população do país vivia na linha de pobreza, com menos de US$ 5,5 por dia, que é o valor que o Banco Mundial adota para definir o grau de pobreza de um indivíduo. Nem mesmo a surpreendente produção de 241 milhões de toneladas, atingida agora pelo país, foi capaz de minorar o problema histórico da fome e que deixa mais de 7 milhões de brasileiros sem ter absolutamente nada o que comer e outros 30 milhões em estado de subnutrição crônica.
Alguns especialistas consideram que a questão central nesse dilema não está na capacidade de produção e sim no acesso, restringido pela baixa renda da população, pelos preços altos de alguns itens da cesta, listados como commodities e cotados em dólar.
Outros analistas do problema enxergam nessa contradição a comprovação mais sólida de que o chamado agronegócio, responsável direto pela produção surpreendente de grãos e proteínas, é, por excelência, um setor concentrador de renda, enriquecendo apenas aqueles indivíduos que dominam esse negócio. Ressalta-se que foi apenas em 2014 que o país conseguiu sair oficialmente do mapa da fome, quando já ostentava, perante o mundo, sua condição de celeiro da humanidade. Indiferentes da realidade de pobreza e fome que assola parte do país, políticos de todas as matizes ideológicas vêm por anos explorando essa situação, não em busca de soluções para o problema, mas tão somente visando tirar proveito próprio de uma e outra situação.
Nesse ponto, tanto a bancada ruralista como aqueles que se opõem ao agronegócio falam de um Brasil muito distante de seus gabinetes e que só entram em contato às vésperas das eleições.
Guaribas, no Piauí, foi o primeiro município do país a receber o Bolsa Família e onde o proselitismo petista armou seu mais vistoso palanque intitulado Fome Zero. Uma década depois, a cidade vive unicamente dos recursos do Bolsa Família e da pouca movimentação do seu comércio local, movido também às custas do crédito que a população local recebe do programa.
Incrivelmente, a riqueza que sai dos campos em forma de alimentos não foi capaz de alterar o quadro de pobreza que assola as populações vizinhas. 80% da pobreza no país está, segundo o IBGE, concentrada justamente nas áreas rurais, principalmente próximas aos estados do Maranhão, Alagoas, Piauí e Amazonas.
Mesmo cidades do Sudeste, como Japeri, na Baixada Fluminense, por onde correm os oleodutos da Petrobras, com seu ouro negro, a situação é calamitosa. 90% da população local não possui emprego fixo e vive de pequenos bicos.
A frase que foi pronunciada:
“Essas crianças estão nas ruas porque, no Brasil, ser pobre é estar condenado à marginalidade. Estão nas ruas porque suas famílias foram destruídas. Estão nas ruas porque nos omitimos. Estão nas ruas e estão sendo assassinadas.”
Betinho
Insegurança
Está tudo tão mudado e violento que uma leitora conta ter recebido um telefonema de uma ordem missionária oferecendo a visita de Nossa Senhora na residência. Ela paga um carnê e foi através dessa ajuda mensal que a freira fez o contato. A resposta foi firme: “Não precisa trazer a imagem. Muito obrigada. Nossa Senhora já está aqui.”
Guará em festa
Tudo certo para a alegria no Parque Ezechias Heringer, no Guará. Liberados os R$75 mil para a festa entre promoção da educação ambiental e ações sustentáveis além do concerto do projeto Parque Cultural, com a Orquestra Sinfônica Itinerante do Teatro Nacional Claudio Santoro, sob a regência do maestro Claudio Cohen. Nesse sábado, a partir das 8h.
Link para mais informações: Projeto Parque Cultural no Parque Ecológico Ezechias Heringer – Guará
Perícia
O Batalhão de Aviação Operacional da PMDF irá receber um boroscópio. O aparelho é importantíssimo e a inspeção de motores de aeronaves exige uma perícia cirúrgica do operador. Trata-se de um aparelho parecido com o usado em endoscopia ou laparoscopia.
Hermenêutica
Uma injustiça: estagiários não poderem ter dias de folga concedidos pelo TSE por trabalharem nas eleições. O argumento de que o estágio não gera vínculo empregatício é falho. A folga deve ser dada a quem ajudou o Brasil. Isso sim!
Competência
Volta hoje, da Cidade do México, o coronel George Cajaty Braga, do Corpo de Bombeiros. Ele proferiu palestra no Fórum Undertanding Risk. O militar, que representou o Distrito Federal e o Brasil, tem como bagagem um pós-doutoramento em Tecnologia de Combate a Incêndio, feito no Building and Fire Research Laboratory do National Institute of Standards and Technology, NIST/EUA, e Doutoramento em Física de Estado Sólido, pela Universidade de Brasília.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Os moradores do Setor de Residências Econômicas continuam apelando, agora não se sabe mais para quem. Mas é isto: não há um ponto de táxi, não há comércio, não há assistência médica, não há nada. As cobras estão soltas, e ninguém acode a população daquele bairro. (Publicado em 20.10.1961)
ARI CUNHA
Visto, lido e ouvido
Desde 1960
com Circe Cunha e Mamfil
colunadoaricunha@gmail.com;
Especialistas e pesquisadores de todo o planeta e do Brasil, que ultimamente vêm analisando as possibilidades geradas pelo advento do mundo digital na organização das sociedades, vislumbram, por detrás do enorme sinal de interrogação que vai escondendo a realidade atual, a possibilidade de o mundo atual estar caminhando, a passos largos, ao encontro do Grande Irmão onisciente, conforme delineou George Orwell no romance 1984.
Para países dominados ainda por um fortíssimo e antigo sistema burocrático, como é o nosso caso, comandado pelo Estado, com o auxílio de cartórios e outras instâncias que sobrevivem justamente da complicação nos trâmites de documentos e processos, a possibilidade de estarmos rumando em direção à uma nova e inusitada forma de governo do tipo Datacracia parece cada vez mais real e inexorável.
A transformação paulatina da gestão pública em algo tecnocrático, impessoal e dominado por nova burocracia digital, ao dificultar o acesso direto dos cidadãos aos responsáveis pelo governo, poderá retirar dos gestores públicos a responsabilidade por suas ações. Nesse caso, as responsabilidades por qualquer ato lesivo ao cidadão, decorrente da labiríntica burocracia, poderão caber unicamente ao “sistema”, ou seja, a um “ser” virtual, impossível de ser levado fisicamente aos tribunais.
Para um país como o Brasil, atalhado por uma burocracia endêmica, herdada ainda da fase colonial, as ameaças desse processo de digitalização são ainda maiores e mais preocupantes do que em outras partes do mundo. O antropólogo francês Lévi-Strauss costumava dizer que o Brasil era um caso único de país que passou diretamente da barbárie à decadência, sem conhecer a civilização.
No nosso caso, apanhados de surpresa por um mundo em processo rápido de informatização digital, corremos o risco de adentrarmos, totalmente despreparados, numa nova era, comandada por programas de computadores, sem antes termos resolvidos o problema histórico da burocracia onerosa. E para não renunciarmos nem uma coisa, nem outra, ao invés de eliminarmos, pura e simplesmente todo e qualquer traço de burocracia, vamos em busca de digitalizar a burocracia existente, dano nova vida e nova dinâmica aos diversos cartórios. Com isso, estamos turbinando uma atividade predadora que já deveríamos ter eliminado há muito tempo, dando nova vida a um sistema parasitário que se beneficia há séculos do descaso do Estado, de quem é sócio na criação de dificuldades e na venda de facilidades.
A datacracia, que seria um governo comandado das profundezas do oceano digital, aliada aos traços, já conhecidos de casos sequenciais de corrupção avassaladora, poderia produzir entre nós uma espécie de Frankenstein tão sui generis com extremo perigo para os cidadãos.
Aliás, o próprio status de cidadão com todos os seus direitos e deveres, conforme conhecemos hoje, deixaria de existir, substituído por um código sequencial de algoritmos, só inteligível por máquinas sofisticadas, instaladas nas nuvens distantes. Nesse caso, nada, nem as leis, de nada serviria.
A frase que foi pronunciada:
“Num tempo de engano universal, dizer a verdade é um ato revolucionário.”
George Orwell
Chão batido
Em 1969, a campanha em Brasília era para que cada morador contribuísse com o jardim da quadra. Hoje não aparece um deputado distrital com a ideia de transformar em lei a obrigatoriedade de cada quadra, cada condomínio ter uma horta e um pomar. Pelo contrário. Quando os moradores se reúnem para uma iniciativa como essa, aparece um síndico como o da 216 norte e cimenta tudo.
Absurdo
Cidade administrativa, Brasília é movimentada por concursos públicos. As bibliotecas da cidade são uma vergonha. Estacionamentos sem segurança, furtos dentro das próprias salas de estudo são comuns. A biblioteca da UnB, a mais procurada, continua fechada.
Xô
Por falar nisso, os alunos do “Baixo IRA” (Índice de Rendimento Acadêmico) da UnB, que gostam de paralisações, levaram um susto no Departamento de Agronomia. Foram escorraçados de lá pelos estudantes do “Alto IRA” que estão ali para estudar.
Que bom
No Mangai do Shopping ID, turistas saíam com altos elogios ao atendimento da Érica e do Rafael.
SMLN
Região com o valor do IPTU altíssimo não tem retorno pelo alto preço dos serviços. A água chega com a cor de lama, e a energia desaparece no meio da tarde sem qualquer explicação. Verificar se há descontos nas contas pelo ocorrido é perda de tempo.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Caixa Econômica o que, Pedro. O dr. Felinto foi da Casa da Moeda! Corrija, Arnaldo, por favor. Saiu toda errada, a notícia de ontem. Não precisa repetir. (Publicado em 20.10.1961)