Uma crise anunciada

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Desde 1960
colunadoaricunha@gmail.com;
com Circe Cunha e Mamfil

Avisos, recomendações e alertas sobre a crise hídrica que assola o Distrito Federal foram feitos há pelo menos dois anos pelos órgãos de controle estatal e pelos órgãos do próprio governo. Como mostra o relatório especial intitulado Crise hídrica — como o DF chegou a essa situação e o que vem pela frente, elaborado pelo Sindicato dos Engenheiros do DF (Senge-DF), o problema começou a ser percebido, com mais exatidão, nas áreas do Entorno, a partir da constatação de que os volumes de chuva vinham sendo muito abaixo das médias históricas para a região. Com isso, passou-se a observar a queda, quase diária, nos níveis dos reservatórios.

Somente quando a situação parecia caminhar irremediavelmente para o desabastecimento geral, o GDF iniciou a implementação de uma série de medidas para minorar uma situação que já estava estabelecida de fato. Passou, então, em regime acelerado, à adoção de restrições de uso dos recursos hídricos mediante a redução de pressão na rede de distribuição, seguida pela imposição de uma tarifa extra para consumo acima de 10 mil litros/mês, além da suspensão de novas outorgas e concessões para a captação de água, reforçadas por campanhas educativas para a conscientização da população. O pior erro foi não proteger as nascentes. As consequências vão aparecer em poucos anos, caso se deixe de fazer o mapeamento e a recuperação. Nisso, a UnB tem o que é preciso para colaborar com um futuro melhor para a cidade, já que os cursos são gratuitos. Chegou o momento da contrapartida.

Mesmo com as medidas emergenciais, o reservatório da Bacia do Descoberto sinalizava, em janeiro deste ano, o mais baixo nível de toda a sua história (18,69%). Ainda em janeiro, foi decretada a situação de emergência por seis meses, com a ampliação do rodízio de racionamento também para as áreas abastecidas pelo sistema Santa Maria. Ações emergenciais, como a ativação do Subsistema Produtor de Água do Bananal e do Subsistema Produtor de Água do Lago Norte e de outros de menor porte, foram implementadas, mas ainda não são suficientes para debelar uma crise que ameaça mais de 3 milhões de habitantes da Grande Brasília.

Outras ações, como a conclusão do Sistema do Corumbá, estão em andamento acelerado para, ao menos, contornar a crise gravíssima. De olho nessa situação toda, o Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) diz que existem sinais de falhas de gestão e de fiscalização tanto por parte da Adasa quanto da Caesb.

Segundo o relatório do MPC, a Adasa “deveria promover a gestão adequada dos reservatórios do DF, o que, de fato, parece não ter ocorrido”. Para os procuradores não há explicações razoáveis para o fato de o reservatório do Descoberto ter diminuído em 80% o nível num período tão curto de apenas oito meses. Para o MPC, não é aceitável que o argumento da Adasa de que as poucas chuvas e o aumento no consumo tenham determinado a crise, quando se sabe que o consumo por habitante vem diminuindo. Outro erro já registrado nesta coluna é estimular os grileiros, chegando com água e luz em terras invadidas — absurdo que precisa ser interrompido imediatamente.

De acordo com o MPC, “a situação por que hoje passa o DF decorre, precipuamente, de falha na gestão dos recursos hídricos, que pode ter se originado, entre outros fatores, de planejamento ineficiente, má gestão dos recursos financeiros disponíveis ou até ações tecnicamente inadequadas”.

Na avaliação dos procuradores do MPC a Caesb, o abandono das pequenas captações de água em favor do Sistema Corumbá IV merece ser examinada pelo tribunal. “No passado recente, se diversas opções para incrementar o abastecimento fossem implementadas, talvez não estivesse passando por crise tão aguda como a atual.”

A frase que foi pronunciada

“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.”

Guimarães Rosa

Esferas

» Excelentes as esferas de cimento no Setor Comercial Sul. Impedem que os motoristas sejam multados por estacionar em local proibido. Foi uma ajuda e tanto para os motoristas mal-educados. Deixou a região limpa, clara e livre para os pedestres

Release

» Colecionar 2017 — Brasília vai sediar pela primeira vez. Começa hoje e vai até o dia 29 deste mês. Trata-se de um evento de multicolecionismo que reunirá em um único espaço filatelistas do mundo inteiro, colecionadores de cédulas e moedas, além dos apaixonados por carros antigos, orquídeas e artesanato. A promoção é dos Correios.

História de Brasília

A barganha em torno da partilha que dava Brasília “ao PSD de Goiás” fez afastar o nome de um homem de bem das cogitações. Vieram, depois, as “consultas”, e elas continuam dias a fio, sem uma solução. (Publicado em 6.10.1961)

Uma crise anunciada

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Avisos, recomendações e alertas sobre a crise hídrica que assola o Distrito Federal foram feitos há pelo menos dois anos pelos órgãos de controle estatal e pelos órgãos do próprio governo. Como mostra o relatório especial intitulado Crise hídrica — como o DF chegou a essa situação e o que vem pela frente, elaborado pelo Sindicato dos Engenheiros do DF (Senge-DF), o problema começou a ser percebido, com mais exatidão, nas áreas do Entorno, a partir da constatação de que os volumes de chuva vinham sendo muito abaixo das médias históricas para a região. Com isso, passou-se a observar a queda, quase diária, nos níveis dos reservatórios.

Somente quando a situação parecia caminhar irremediavelmente para o desabastecimento geral, o GDF iniciou a implementação de uma série de medidas para minorar uma situação que já estava estabelecida de fato. Passou, então, em regime acelerado, à adoção de restrições de uso dos recursos hídricos mediante a redução de pressão na rede de distribuição, seguida pela imposição de uma tarifa extra para consumo acima de 10 mil litros/mês, além da suspensão de novas outorgas e concessões para a captação de água, reforçadas por campanhas educativas para a conscientização da população. O pior erro foi não proteger as nascentes. As consequências vão aparecer em poucos anos, caso se deixe de fazer o mapeamento e a recuperação. Nisso, a UnB tem o que é preciso para colaborar com um futuro melhor para a cidade, já que os cursos são gratuitos. Chegou o momento da contrapartida.

Mesmo com as medidas emergenciais, o reservatório da Bacia do Descoberto sinalizava, em janeiro deste ano, o mais baixo nível de toda a sua história (18,69%). Ainda em janeiro, foi decretada a situação de emergência por seis meses, com a ampliação do rodízio de racionamento também para as áreas abastecidas pelo sistema Santa Maria. Ações emergenciais, como a ativação do Subsistema Produtor de Água do Bananal e do Subsistema Produtor de Água do Lago Norte e de outros de menor porte, foram implementadas, mas ainda não são suficientes para debelar uma crise que ameaça mais de 3 milhões de habitantes da Grande Brasília.

Outras ações, como a conclusão do Sistema do Corumbá, estão em andamento acelerado para, ao menos, contornar a crise gravíssima. De olho nessa situação toda, o Ministério Público de Contas do DF (MPC-DF) diz que existem sinais de falhas de gestão e de fiscalização tanto por parte da Adasa quanto da Caesb.

Segundo o relatório do MPC, a Adasa “deveria promover a gestão adequada dos reservatórios do DF, o que, de fato, parece não ter ocorrido”. Para os procuradores não há explicações razoáveis para o fato de o reservatório do Descoberto ter diminuído em 80% o nível num período tão curto de apenas oito meses. Para o MPC, não é aceitável que o argumento da Adasa de que as poucas chuvas e o aumento no consumo tenham determinado a crise, quando se sabe que o consumo por habitante vem diminuindo. Outro erro já registrado nesta coluna é estimular os grileiros, chegando com água e luz em terras invadidas — absurdo que precisa ser interrompido imediatamente.

De acordo com o MPC, “a situação por que hoje passa o DF decorre, precipuamente, de falha na gestão dos recursos hídricos, que pode ter se originado, entre outros fatores, de planejamento ineficiente, má gestão dos recursos financeiros disponíveis ou até ações tecnicamente inadequadas”.

Na avaliação dos procuradores do MPC a Caesb, o abandono das pequenas captações de água em favor do Sistema Corumbá IV merece ser examinada pelo tribunal. “No passado recente, se diversas opções para incrementar o abastecimento fossem implementadas, talvez não estivesse passando por crise tão aguda como a atual.”

A frase que foi pronunciada

“A água de boa qualidade é como a saúde ou a liberdade: só tem valor quando acaba.”

Guimarães Rosa

Esferas

» Excelentes as esferas de cimento no Setor Comercial Sul. Impedem que os motoristas sejam multados por estacionar em local proibido. Foi uma ajuda e tanto para os motoristas mal-educados. Deixou a região limpa, clara e livre para os pedestres

Release

» Colecionar 2017 — Brasília vai sediar pela primeira vez. Começa hoje e vai até o dia 29 deste mês. Trata-se de um evento de multicolecionismo que reunirá em um único espaço filatelistas do mundo inteiro, colecionadores de cédulas e moedas, além dos apaixonados por carros antigos, orquídeas e artesanato. A promoção é dos Correios.

História de Brasília

A barganha em torno da partilha que dava Brasília “ao PSD de Goiás” fez afastar o nome de um homem de bem das cogitações. Vieram, depois, as “consultas”, e elas continuam dias a fio, sem uma solução. (Publicado em 6.10.1961)

Leis caladas pelas armas

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Na contramão do que sempre pleiteou a maioria da população, não só do Distrito Federal , mas de todo o país, o Senado acendeu a luz verde e aprovou o projeto, originário da Câmara, de autoria do ex-deputado Tadeu Felippelli, permitindo que, doravante, os agentes de trânsito da União, estados e municípios portem armas de fogo durante o serviço. Para tanto, os agentes terão de comprovar capacidade técnica e aptidão psicológica.

Para entrar em vigor, a medida aguarda a sanção do presidente Temer, o que, muitos parlamentares acreditam, ocorrerá nos próximos 30 dias. A notícia da liberação agora de armas em mãos dos chamados guardas de trânsito, além de surpreender muitos brasileiros, colocou em alerta as entidades de direitos humanos que preveem a ocorrência de abusos de toda a ordem. Os muitos condutores de veículos, por todo o país,  que já tiveram a desagradável experiência de ser abordado de forma ríspida e ameaçadora por esses profissionais, precisam adotar cautelas maiores para que uma simples blitz não venha a se converter em tragédia.

Pressionados pelos sindicalistas da categoria, que fizeram do tema uma bandeira cega, os agentes de trânsito compareceram em peso durante a votação do projeto e aplaudiram a aprovação de uma lei que, previsivelmente, os jogará diretamente contra a opinião pública, tão logo venham a ocorrer os primeiros casos de abuso. Caso ocorra a sanção pelo  Executivo, muitos apostam que será apenas uma questão de tempo para o aparecimento do primeiro morto.

Especialistas são unânimes em afirmar que onde existe arma há mais casos de homicídios e de violência. O argumento de que há uma “premente necessidade de os agentes de trânsito andarem armados, já que a fiscalização envolve riscos consideráveis”, além de falacioso, induz à absurda conclusão de que também os funcionários públicos deveriam portar armamentos de fogo para lidar com cidadãos mal-educados.

É preciso destacar que, não raro, os episódios de violência, constantemente divulgados pela imprensa, têm ocorrido mais por ação do pessoal de trânsito  do que pelos condutores. Mais racional e sensato do que armar agentes de trânsito seria endurecer as punições contra abusos de ambas as partes, adotando, prontamente, medidas corretivas, tais como as fixadas para os casos de acidentes de trânsito, nos quais a Justiça volante age, na hora, para resolver o ocorrido.

O poder que o sindicato dos agentes de trânsito promete para categoria, caso ela venha a portar orgulhosamente uma arma vistosa e reluzente na cintura, é tão falso quanto o ouro dos tolos. O que confere autoridade aos agentes do Estado, definitivamente, não é dado pelo cano de um revólver. Um século antes de Cristo, Marcos Túlio alertava para o fato de que, “no meio das armas, as calam as leis”.

 

A frase que não foi pronunciada

“Para ficar nervoso com bandidos, os senadores devem ficar nervosos com os bandidos do andar de cima também.”

Senadora Gleisi Hoffmann na CCJ, em resposta ao senador Magno Malta sobre menores criminosos

 

IVA

» Um emaranhado de letras são as leis que regem a ordem tributária, o empreendedorismo e outras questões que tangem a força motriz do país. Uma lei desdiz a outra, emendas e remendos tratam do mesmo assunto de forma a despertar dúvidas e desordem. Vem aí a reforma tributária, por meio  de uma PEC. Entre outros objetivos, um deles é o de  fundir vários tributos em um só, o Imposto sobre Valor Agregado. É uma longa estrada na qual o deputado Luiz Carlos Hauly se propôs a dar o primeiro passo.

 

Alerta

» Quem poderia imaginar o papel crucial que as abelhas têm na produção de alimentos por meio da polinização, aliada  ao trabalho humano na produtividade agrícola. Quem chama a atenção para esse assunto dessa vez é a pesquisadora Carmem Pires, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.

 

Cientista

» Por falar em alimentos, o professor Nagib Nassar comemora 43 anos de chegada ao Brasil. “O Cabral voltou mas eu fiquei”, escreve bem-humorado no convite. No domingo que vem, às 19h, os amigos vão homenageá-lo na pizzaria Pedacinho da 108 Norte.

 

História de Brasília

Última hora — A cotação, às últimas horas de ontem, para a Prefeitura de Brasília era em torno do nome do sr. Hélio Silva, presidente do Clube de Engenharia. Provavelmente, será alguém nomeado pela madrugada, porque, desde a renúncia do sr. Jânio Quadros, tudo que se resolve no Brasil, quando vira notícia, começa assim: às primeiras horas de hoje… e por aí afora. (Publicado em 5/10/1961)

 

Priorizar a quem de direito

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Num país em que as prioridades da população andam sempre a reboque dos interesses de pessoas e grupos poderosos, não é de se estranhar que um guarda de trânsito, travestido na nova nomenclatura como agentes de trânsito, em início de carreira, receba um salário maior do que o de um professor universitário, em regime de dedicação integral e em fim de carreira.

Distorções dessa ordem existem em grande quantidade e deixam pistas de que a organização do Estado brasileiro, tal como se acha na atualidade, aponta para um futuro de incertezas e caos. Países, como o Japão e a Coreia do Sul, que tomaram a educação como farol a ser seguido, dão provas de que a única porta para o desenvolvimento humano e material de uma nação é por meio do ensino.

Em nome de prioridades que não se sabe exatamente quais são, passamos a considerar normal que um auxiliar técnico tenha remuneração maior do que a de um cientista ou pesquisador altamente capacitado e requisitado por todos os laboratórios do mundo. Não se trata aqui de desmerecer o trabalho dos profissionais de nível médio, mas sim de colocar as coisas no seu devido lugar. Num mundo racional moderno, não se pode negar, existe uma hierarquia que é dada pelo volume de conhecimento científico e preparo intelectual que um indivíduo tem e sua capacidade em resolver problemas de alta complexidade e que dizem respeito à existência da sociedade.

Esse é, por exemplo, o caso dos biólogos que trabalham em busca de vacinas e outros remédios contra doenças como zika, chicungunha, febre amarela e outras parasitoses, que provocam milhares de vítimas todos os anos. Como é possível a um país, no mundo atual, onde o maior capital é o conhecimento e a tecnologia, não prestigiar e incentivar seus pesquisadores e mestres. Para muitos, uma solução simples, capaz de pôr termo a essas disparidades, que fazem com que um copeiro do Poder Judiciário ganhe mais do que um cirurgião da rede pública, seria estabelecer como teto salarial para o funcionalismo público, o salário de um professor de universidade pública, tomando, definitivamente, a educação como parâmetro máximo da nação.

Nossa encruzilhada à frente é escolha nossa.  Ou se remunera bem os bem preparados, ou prosseguiremos trilhando caminhos distantes do mundo civilizado. Tão importante quanto o combate às desigualdades entre ricos e pobres, das quais o Brasil é campeão mundial, é buscar a valorização de nossos professores, pesquisadores e cientistas, colocando esses cérebros nacionais onde eles sempre deveriam estar: no alto da cabeça.

 

A frase que foi pronunciada

“Considerados pela lei brasileira como menores, são eles que estupram, matam, sequestram, põem fogo em ônibus. Nunca confundiram uma escopeta com chupeta.”

Senador Magno Malta

 

Comissão

» Dada a partida para a reforma do Código Penal. A CCJ do Senado começou a convidar magistrados, representantes do MP, procuradores, juízes, advogados defensores e delegados Polícia Federal e  da Polícia Civil. Professores de direito penal têm importantes contribuições e devem fazer parte do grupo.

 

Tipificar

» Por falar em Código Penal, o crime de assédio sexual que ocorre, há anos, no transporte público foi tipificado em dois projetos no Senado. Marta Suplicy e Humberto Costa apresentaram redação que dará a ferramenta necessária para os juízes enquadrarem os criminosos devidamente.

 

Simples assim

» Tanto na ponta do lápis quanto no balanço financeiro, o horário de verão é um embuste que arrebenta a saúde dos trabalhadores e atinge o rendimento dos alunos, afetando a aprendizagem. No Japão, segundo a Agência Ansa, o grupo denominado Associação Nacional de Pesquisa do Sono, se pronunciou contra a medida: “Dizemos não. É um atentado contra a saúde física e psicológica da população”.

 

No escuro

» Ontem, no programa do compadre Juarez, ele bateu na mesma tecla que essa coluna vem batendo. A falta de iluminação pelo Catetinho e pistas adjacentes tem colocado motoristas em alto risco de acidentes, principalmente em tempos de chuva.

 

História de Brasília

Este mesmo sr. Cerejo foi quem, interpelado por um funcionário sobre o que faria com a Superquadra 305, que deveria ser reservada aos funcionários da autarquia, disse simplesmente isto: “Não movo uma palha. O GTB que tome conta”. (Publicado em 5/10/1961)

Nota fiscal pelo combustível, por favor

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com Mamfil e Circe Cunha

“Nós afirmamos que a magnificência do mundo enriqueceu-se de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que corre sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.” Manifesto Futurista, de Felippo Tommaso Marinetti, em 1909

Construída numa época em que o automóvel era o símbolo máximo do advento e da afirmação da modernidade, Brasília marcou a concretização da ideia de uma arquitetura apta a acolher o carro como elemento essencial de transporte. Para tanto, amplos espaços físicos foram exclusivamente reservados para o deslocamento rápido de pessoas.

A nova capital, dizia-se naqueles tempos, era formada de cabeça, tronco e rodas. A velocidade era uma das características perseguidas nos anos de grande nervosismo. O carro era, pois, um dos elementos dessa nova arquitetura. Nesse sentido, as grandes distâncias e os longos deslocamentos, não só não seriam empecilhos para a concepção da cidade moderna, mas se transformariam em sua marca maior, dando o tom ao desenho das ruas, avenidas e eixos.

Mais de meio século depois, o que parecia ser um gesto de grande ousadia frente ao novo acabou canalizado para uma espécie de gargalo. Com o número de carros se aproximando perigosamente do número de habitantes, a velocidade declinou e a cidade se locomove a passos lentos dos engarrafamentos constantes.

Durante todo esse tempo em que a velocidade ditou o ritmo da urbe, os cartéis de combustíveis amealharam enormes fortunas e, graças ao poder desse dinheiro desonesto, compraram o silêncio de uns e a imobilidade de outras autoridades. Aqui se lê, também, desonestidade pelo descumprimento da lei ao negar ou exigir cadastro de quem pede nota fiscal. Certo seria se ela viesse como em todo comércio. No ato da compra, nota fiscal emitida imediatamente, e não cupom fiscal, como tentam ludibriar o consumidor.

Para garantir essa reserva de mercado, em que o dinheiro entrava fácil, os cartéis trataram de financiar as campanhas eleitorais de candidatos de vários partidos, para assegurar trânsito livre para suas pretensões. Blindados pelo poder do dinheiro, esses cartéis não arredaram pé de suas atividades criminosas, não temendo autoridade ou lei alguma, mesmo quando os órgãos da justiça já tinham em mãos material suficientemente comprobatórios dessas práticas criminosas.

O GDF sempre fez cara de paisagem para este assunto, que, diretamente, recolhia impostos escorchantes dessas atividades. Quanto mais os preços aumentavam, mais cresciam as tributações e os dois lados saiam ganhando sempre. Em meio a essa briga combinada, estavam, e ainda estão, os milhões de consumidores acossados entre a necessidade de abastecer o carro e se sujeitar a encararem o transporte público sucateados, e também dominado por outros cartéis. Postos entre as máfias dos combustíveis e as máfias dos transportes, os cidadãos ainda lutam desamparados para se livrar de ambas as pragas, mesmo sabendo que o GDF não está ao seu lado e, ainda por cima, torce por sua capitulação.

 

A frase que não foi pronunciada

“Esqueceram de mim!”

Se o Brasil pudesse falar….

 

Incubadora

» Vitória da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. A Sea Jr. apresentou projeto de Aquaponia para organismos aquáticos e hortaliças. Na ponta do lápis, o projeto, que precisa de R$ 30 mil para a implementação, vai gerar muito mais para as famílias do semiárido. “Estamos muito felizes com essa conquista. Esperamos que nosso trabalho ajude a trazer renda e desenvolvimento para a região. Nosso projeto foi criado pensando em uma forma de desenvolvimento prático, sustentável e fácil de ser gerenciado”, explica Eduarda Tayná de Almeida, presidente da Sea Jr. e estudante de engenharia de aquicultura da UFRN.

 

Esperar não é fazer!

» Premiação também para escolas envolvidas no projeto da Controladoria–Geral do DF, que lança o 1º Prêmio Atitude. O objetivo vai além da consciência cidadã. Por meio de gincana, os alunos identificarão problemas na escola e receberão as orientações necessárias para organizar um planejamento para as soluções. Quem for o melhor em soluções leva o prêmio. O intuito é alcançar 3 mil alunos. A unidade vencedora receberá R$50 mil para melhorar sua estrutura. No total, serão R$ 140 mil distribuídos entre as dez primeiras escolas classificadas. Os professores-orientadores do projeto das dez escolas vencedoras receberão bolsas de mestrado e pós-graduação, oferecidas pelo Fundo Pró-Gestão, da Escola de Governo.

 

Pelo país

» Quase deu certo. Extremistas entraram em um restaurante, em São Paulo, com uma faixa xingando João Doria. Outros gritos vieram em sentido oposto para que o mentor dessa desunião nacional estivesse na cadeia.

 

História de Brasília

A possibilidade da venda dos apartamentos aos atuais ocupantes está despertando uma campanha nos ministérios militares, pela qual esses ministérios adquiririam os apartamentos, para seu próprio patrimônio, e alugariam aos seus integrantes, posteriormente. (Publicada em 4/10/1961)

A caminho do insuportável

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Confirmadas as previsões sombrias de que a crise hídrica que assola Brasília e o resto do mundo, por suas dimensões e por diversos outros fatores envolvidos, tende a se intensificar ainda mais, a cada ano, poderemos chegar a vivenciar um tempo em que um quadro do pintor espanhol Pablo Picasso, precioso e cobiçado por muitos, valerá muito menos do que um litro de água fresca e cristalina.

Essa previsão que, à primeira vista, parece surreal, pode ser comprovada, bastando que se observe as inúmeras ruínas de antigas civilizações espalhadas por diversos lugares pelo planeta. Todo o esplendor de algumas dessas culturas desapareceu do dia para noite, quando a escassez de água se impôs, forçando seus habitantes a deixarem tudo para trás e migrarem em busca de outros sítios, onde o precioso mineral ainda existia em quantidade suficiente.

De todas as encruzilhadas deparadas ao longo da história da humanidade, nenhuma parece mais séria e desafiadora do que a presente escassez de água potável. Na capital do país, esse é hoje o maior problema que temos para resolver no presente. Um fato se impõe: somos todos responsáveis, direta e indiretamente, pela crise hídrica. Da mesma forma, temos que assumir que cabe a cada um, individualmente, parcela de esforço para minorar o problema.

Pelos dados fornecidos pela Agência Reguladora de águas, Energia e Saneamento do Distrito Federal (Adasa), nos dois dos principais reservatórios que abastecem a capital — Descoberto e Santa Maria —, os volumes úteis marcam,  respectivamente, 32,52% e 41,95%. De acordo com os técnicos, isso indica que o racionamento deve ser mais rigoroso e por tempo ainda mais prolongado. O pior é que essa tendência de baixa nos reservatórios tende a se agravar nos próximos anos. A cada novo ciclo de estação, o volume de chuvas diminui acentuadamente. O mesmo ocorre com a média das temperaturas que tem aumentado ano após ano, agravando o processo de falta de água.

Para piorar esde cenário, o brasiliense, por diversas razões, afirma não confiar no trabalho da Companhia de Água e Esgoto (Caesb), justamente a empresa que tem a responsabilidade de administrar a crise hídrica. A redução significativa de pressão na rede, os rodízios, além do programado e suspensão do fornecimento , a água com a cor de leite dado o excesso de cloro, ou da cor do mel, devido ao barro. Tudo é resolvido sem que a população saiba exatamente o que está acontecendo.

Ligar para o serviço de atendimento é perder tempo. O aparelhamento político da empresa e a falta de sintonia com a população só agravam o problema da pouca água. Contribuindo para o agravamento do problema, o que se verifica é que a capital está completamente cercada por gigantescos latifúndios, totalmente mecanizados, onde se pratica um tipo de monocultura nociva e dissociada do equilíbrio ecológico e delicado do cerrado, assoreando rios e córregos, contaminando o solo, transformando o que, outrora, se denominava berço das águas em um vastíssimo e árido deserto. Nesse sentido, qualquer trabalho para minorar a crise hídrica da capital que não atente para o macroproblema do Entorno é como enxugar gelo. Se gelo ainda houver.

 

A frase que foi pronunciada

“A liberação do poder do átomo mudou tudo, exceto nosso modo de pensar. A solução para esse problema reside no coração da humanidade.”

Albert Einstein, físico teórico alemão

 

Passado

» Apenas para registrar. Diariamente, em São Paulo, carros-pipa lavam as ruas com jatos d’água. Noticiou-se que mendigos foram expulsos das calçadas por esses jatos. Na verdade, o que o prefeito Doria fez, quando a notícia foi veiculada na imprensa, foi protestar veementemente. Por ser inverdade e porque faltou boa vontade da imprensa para divulgar o Programa Emergencial de Inverno. Trata-se de um abrigo para moradores de rua com 460 lugares, com camas, cobertores, café da manhã e jantar. A Igreja  Adventista entrou no circuito e doou kits de higiene pessoal.

 

Emergência médica

» Marcos Linhares informa a preocupação da presidente do Conselho Regional de Farmácia, drª. Gilcilene Chaer, quanto à falta dos reagentes que apontam a carga viral em pacientes portadores do vírus HIV em pacientes. Segundo a especialista em ciências médicas, o teste é fundamental para o seguimento e prognóstico dos portadores do HIV. Ajuda a prever o quanto a doença está em evolução ou até quanto tempo o indivíduo vai continuar sem doença ativa. Quanto maior a carga viral, mais rápida é a progressão da doença

 

Release

» O deputado Wellington Luiz convida a todos para participar da audiência pública, que acontecerá às 15h do próximo dia 14, no Plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, a fim de debater as condições de trabalho e infraestrutura do Sistema Socioeducativo do Distrito Federal, bem como a carência de políticas públicas por parte do governo para a ressocialização de adolescentes infratores submetidos a regime de internação, como determina o Estatuto da Criança e do Adolescentes.

 

História de Brasília

A questão dos bombeiros no aeroporto será estudada pelas companhias particulares, onde não repercutiu muito bem, a nota da Aeronáutica. A hipótese de que os bombeiros existem só para salvar passageiros não foi bem-aceita, e as empresas estão inclusive dispostas a se aparelharem para novas emergências. (Publicada em 3/10/1961)

O papa tem espírito pop

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O papa tem espírito pop

Instituições globais, como é o caso da Igreja Católica, por sua natureza, por seu gigantismo e principalmente por cuidarem de assuntos e interesses que se situam na fronteira entre o secular e o espiritual, têm por missão terrena ou por sacerdócio caminhar no delicado limbo entre a tradição milenar herdada de seus profetas e teóricos e as mudanças impostas por um mundo em acelerado processo de transformação, superpopuloso e largamente conectado.

Fechar os olhos para as grandes transformações que estão ocorrendo com a humanidade, principalmente no seio das famílias modernas, é perder espaço de atuação e, portanto, fiéis. Nesse sentido, a Igreja Católica buscou, desde sempre e com sabedoria, não embarcar em modismos passageiros do mundo secular e materialista, mantendo, com sabedoria, a mesma filosofia que lhe deu origem e que é baseada, segundo sua pregação, no amor incondicional ao próximo, não importando que vestes ele possa vergar neste mundo.

Ao reafirmar, por meio de seu principal mestre e mentor, que não existe lei ou mandamento maior do que o amor, a Igreja, por meio deste artifício, que é também o grande desejo perseguido por qualquer ser humano, em todo o tempo e em todo o lugar, conseguiu por séculos erguer e manter a imensa catedral de sua doutrina sobre a rocha sólida do amor.

Em boa hora a Igreja soube, nesses tempos de grandes aflições sobre o destino da humanidade, manter o princípio fundamental do amor ao próximo, escolhendo para conduzi-la, na figura do papa Francisco, um sacerdote capaz de ligar as coisas do mundo e do homem ao universo do espírito. É nessa missão de construtor de pontes (pontífice) que Francisco vem surpreendendo a todos a todo momento.

Não há discussões polêmicas e tabus para esse servidor dos céus. Sabedor das agruras diárias da Igreja e dos homens, Francisco, na melhor tradição dos missionários, tem empreendido enorme esforço para manter unido o grande rebanho composto por 18% da população do planeta sob a orientação de sua Igreja. Exemplos desse sacerdócio antenado às aflições e aos desejos humanos da atualidade são demonstrados todos os dias.

Agora mesmo, chega a notícia de que o papa Francisco, em carta enviada a um casal gay de Curitiba, viu com grande apreço a decisão desse casal de batizar seus cinco filhos adotivos na Igreja Católica. “Desejo felicidades, invocando para sua família a abundância das graças divinas, a fim de viverem, constante e fielmente, a condição de cristãos, como bons filhos de Deus e da Igreja. Envio-lhes a bênção apostólica e peço que rezem por mim”, afirmou Francisco, que, como poucos soube manter o que disse o profeta Lucas 11:23: “Quem comigo não ajunta, espalha”.

 

A frase que foi pronunciada

“O Rio de Janeiro e as outras cidades do país precisam ser ocupadas por professores federais, e não pelas Forças Armadas federais.”

Senador Cristovam Buarque

 

Futuro

» Opinião convergente entre Marco Antonio Villa e Armando Castelar. A política está se transformando em interesse nacional. A preocupação fica por conta da preferência nacional de quem não tem opinião própria. Esses são os que definem as eleições.

 

Novidade

» Promete a Agência Nacional de Saúde que, ainda em 2017, haverá a portabilidade de planos. A instituição disponibilizou o assunto para opiniões em consulta pública. A mudança não precisa obedecer aos 120 dias a partir do aniversário do contrato. Poderá ser feita a qualquer momento. A carência também terá alterações.

 

Informação

» Segundo a Organização Internacional do Trabalho, a pesquisa sobre o inchaço da máquina pública por mil habitantes é a seguinte: Finlândia, 251; Reino Unido, 198; Alemanha, 142; e Brasil, 60. Trata-se apenas dos servidores estáveis.

 

Consumidor

» Ferramentas de sites comerciais, por meio de algoritmos, estabelecem relações de preferências que traçam um conhecimento científico do comportamento do consumidor. Os dados podem trazer uma reviravolta aos novos métodos de abordagem e convencimento.

 

Release

» Termina, hoje, o I Fórum de Assédio Moral e Organizacional, organizado pelo TSE. O diretor-geral do Tribunal, Maurício Caldas, falou sobre a importância de se discutir esse assunto, que “tem tomado grande relevância na administração pública e que merece estudo e conhecimento dos gestores para encontrar um caminho de lidar com o assunto e enfrentar os desafios.

Instituto Hospital de Base tem futuro incerto

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Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

 

Uma coisa é certa: a permanência do Hospital de Base sob novo formato de Instituto, conforme decisão do GDF que contou com a aprovação da Câmara Legislativa, dependerá muito de eventual reeleição do governador, Rodrigo Rollemberg, seu principal incentivador. Caso o Palácio do Buriti venha a ser ocupado por outro mandatário, principalmente de oposição, o futuro do IHB é incerto, podendo, até, ter os estatutos revistos ou simplesmente anulados.

Trata-se de uma incerteza que põe em risco qualquer ação mais precipitada no sentido de implantar um modelo a toque de caixa antes que as urnas de 2018 sejam abertas. A descontinuidade de projetos de governo é realidade na administração pública brasileira desde sempre. Sobretudo se os projetos e programas tiverem sido implementados por governos considerados de oposição. Quando a coordenação administrativa atravessa o interesse da comunidade, rejeita o esforço dos contribuintes e usa a instituição para fins políticos e não para os fins originários, constrói mais uma máquina de corrupção.

Obviamente quem perde com essas posições melindrosas são os cidadãos que bancaram os programas e correm o risco de ficar sem uma coisa nem outra. Um exemplo típico dessa descontinuidade de projetos e de ações que geram perdas e incertezas pode ser a construção, a custo bilionário, do novíssimo e inoperante Centro Administrativo do GDF, conhecido por Buritinga.

Erguido de forma voluntariosa por governos passados, esse complexo de prédios situados a uns 20 quilômetros do centro da cidade permanece desocupado e, o que é pior, gerando prejuízos seguidos. O mesmo risco corre o IHBDF, caso sua atual estrutura administrativa seja alterada de forma brusca, sem que outro modelo venha não só a ser implantado corretamente, mas apresente resultados no mínimo satisfatórios antes de 2018.

A instabilidade política, com partidos e candidatos sem programas e sem compromissos sérios, coloca em risco os investimentos recolhidos compulsoriamente da população. Agora mesmo, o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e o Ministério Público de Contas do DF entraram com pedido de esclarecimentos, na Secretaria de Saúde, sobre o IHBDF, solicitando que o secretário de Saúde, Humberto Fonseca, anule a Portaria 345/2017, na qual é fixado que os servidores manifestem, num prazo de 45 dias, interesse ou não em migrar para o novo modelo hospitalar. Entendem os MPs que ainda não há estudos suficientes e planejamento claro para a criação do Instituto.

“Não há elementos mínimos de certeza que possam tornar viável a opção. Além disso, sem um estatuto, que marca a constituição legal do Instituto, os servidores não podem validamente manifestar suas opiniões”, diz a Notificação Recomendatória dos MPs. Nas avaliações dos MPs, os servidores não conhecem ainda os estatutos da nova entidade bem como sua futura forma de funcionamento e de financiamento, nem, ao menos, qual é a fonte de recursos que lhe tornará possível a existência e a manutenção.

Não restam dúvidas de que a criação do IHBDF é, na avaliação de muitos entendidos, uma excelente iniciativa. Mas, dadas as incertezas políticas que atravessamos e a exiguidade de tempo até as novas eleições, o que era uma boa ideia pode ficar apenas nas boas intenções e no papel.

 

A frase que não foi pronunciada

“De boas intenções as urnas eleitorais estão cheias.”

Eleitor arrependido

 

Pedestres

» Um urbanista passeando pela cidade pode ficar pasmo com a falta de qualidade das calçadas da capital. Desníveis constantes, buracos, postes no meio, sem rampas de acesso, ocupadas por automóveis. Por seu lado, o estacionamento coberto do Conjunto Nacional é um destaque. Apesar de ser voltado apenas para os carros, os pedestres têm um espaço próprio e seguro para circular.

 

705 Norte

» Prestação de serviços no comércio e atendimento são sofríveis em Brasília. Principalmente em tempos de crise. O consumidor é enganado quando abastece o carro, quando compra pela internet ou mesmo quando tem o cartão de crédito clonado. Conformado, anda a passos curtos em direção aos seus direitos. Por isso a coluna faz hoje um elogio merecido a uma loja honesta na cobrança do preço e competente na execução dos serviços. Stofcar, uma capotaria de primeira linha.

 

Incoerência

» Mudança drástica na linha de notícias radiofônicas. Nas primeiras horas da manhã, quem liga o rádio inicia o dia com matérias sobre morte, atropelamentos, acidentes de carro, assassinatos, estupros, assaltos, roubos e daí para pior. E depois desejam um bom-dia.

 

Queda

» No portal Reclame Aqui, o Sebrae recebeu 70 reclamações nos últimos 12 meses. A maioria por mau atendimento ou baixa qualidade dos serviços prestados. A instituição decaiu.

 

Sem médicos

» Nenhuma entrada no Hospital do Paranoá para atendimento normal. Não há médicos. A região que deveria ser atendida é extensa, mas os pacientes são forçados a se deslocar para a Asa Norte. Interessante é que faltam médicos, mas a folha de pagamento é honrada. É preciso administrar essa falha com competência.

 

História de Brasília

Esta nota vem a propósito de declarações do sr. Alencar Araripe, presidente do Banco do Nordeste, segundo o qual o Banco está “para fechar suas portas” e faz uma alegação que não chega a ser infantil, mas quase o é, para justificar suas palavras. (Publicada em 1/10/1961)

Educação contra a corrupção

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Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

colunadoaricunha@gmail.com

 

Haveria alguma relação visível entre o modelo de educação pública seguido pelo Brasil nos últimos tempos e o alto grau de comprometimento das grandes empresas nacionais em práticas de corrupção, mostrado pelas investigações correntes do tipo Lava-Jato?

Se, à primeira vista, essas questões parecem dissociadas uma da outra, observadas mais de perto, o que se verifica é que, na origem dos modelos do comportamento reprováveis seguidos pelas empresas e por suas lideranças, se acham enraizadas também posturas e arquétipos herdados lá trás, ainda nos primeiros anos de escola.

Não que o modelo de educação tenha contribuído, de forma ativa, para formar cidadãos insensíveis às boas práticas. Mas o modelo de educação seguido em nossas escolas, de alguma forma, tem sido, para usar uma expressão corrente, leniente nos assuntos relativos à formação ética, deixados de lado e suplantados por outros aspectos de natureza mais informativa. Em outras palavras: nossas escolas têm dado relevo e ênfase apenas aos conteúdos relacionados na grade curricular, relegando a segundíssimo plano a parte formativa relacionada diretamente ao comportamento humano, baseado nos princípios da ética e das boas práticas.

Ensinam matemática, mas fecham os olhos para os deslizes de comportamento dos alunos no dia a dia e ainda acabam por estimular as más condutas ao não exercerem, de fato, a autoridade e a disciplina, assuntos que, nos dias correntes, se transformaram em verdadeiros tabus.

A falsa crença de que liberdade total serve aos propósitos de uma escola moderna tem mostrado seus resultados. O crepúsculo paulatino da autoridade do professor, como indutor principal do processo educativo, acabou por ceder lugar a modelo de escola em que os alunos passaram a ser considerados atores soberanos e únicos de seus destinos.

A partir desse ponto, já se prenunciavam tempos difíceis à frente. As revelações trazidas à tona pela sequência de investigações da polícia e do Ministério Público e, posteriormente, a implementação da Lei Anticorrupção, de 2014, estão forçando agora as empresas a se ajustarem a novo tempo em que a transparência e as boas práticas, não só nas relações humanas, mas inclusive com o próprio meio ambiente, são elementos fundamentais para se manterem vivas no mercado.

A adoção tardia do modelo de compliance nas empresas, obrigando-as a agirem em conformidade com as normas da ética e da transparência, reflete o descaso com que nosso sistema de educação e ensino tem tratado, até aqui, assuntos dessa natureza. É possível que o corrupto de hoje, flagrado e algemado pelas autoridades e exposto à humilhação pública, tenha sido outrora um bom aluno em matemática ou biologia. Mas é quase impossível que tenha sido educado para assuntos básicos, como respeitar o próximo e o que pertence a cada um. O que operações como a Lava-Jato têm demonstrado, na prática, é que nossas elites dirigentes podem ter frequentado escolas de ponta, mas não aprenderam nada, não esqueceram nada.

 

A frase que foi pronunciada

“Dinheiro é mansão no bairro errado, que começa a desmoronar após 10 anos. Poder é o velho edifício de pedra, que se mantém de pé por séculos. Não respeito quem não sabe distinguir os dois.”

Do personagem Frank Underwood, de House of Cards

 

Celestial

» Cheio do lenga-lenga dos fiéis, o papa Francisco adotou uma placa “proibido reclamar” e justificou de forma enriquecedora: “Para dar o melhor de si, tem que se concentrar em seu potencial, não em seus limites”.

 

Remuneração

» Ricardo Barros, ministro da Saúde, anuncia biometria para médicos contratados pelo serviço público. Na capital do país, alguns profissionais da saúde conseguiram reduzir a carga horária para 20h semanais.

 

Fora da lei

» Nem a capital do país foge da desatenção à penitenciária. Por causa da falta de higiene e cuidados médicos, quase 700 detentos foram infectados por bactérias. Quem deu o alerta foi o Ministério Público do DF.

 

Gangues

» Inacabada, uma ponte em construção no Trevo de Triagem Norte está completamente pichada.

 

Manutenção

» Por falar em ponte, esta coluna sempre alertou para o perigo constante da Ponte do Bragueto, que não foi projetada para o peso e o movimento atuais.

 

História de Brasília

Estamos fazendo um levantamento sobre o que ocorreu, de fato, com relação aos postes de iluminação do pátio do aeroporto. Em duas oportunidades, foram de uma necessidade extraordinária e não funcionaram. (Publicada em 30/9/1961)

O fim da história no Brasil

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Desde 1960

com Circe Cunha e MAMFIL

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Fukuyama, filósofo e economista nipo-americano autor do polêmico best-seller O fim da História e o último homem”, em que apontou a queda do Muro de Berlim como marco que deu início ao fim dos processos históricos de mudanças, que seriam substituídos pelo liberalismo e pelo triunfo da democracia liberal, em recente entrevista, teceu comentários instigantes sobre a crise brasileira, cujos desdobramentos vem acompanhando de perto com lupa de estudioso dos problemas humanos.

Em sua avaliação, o momento brasileiro está repleto de vantagens únicas e de grandes desafios, principalmente no âmbito político, em que se anunciam transformações significativas. No entanto, para o cientista, é preciso evitar que o combate necessário à corrupção seja arrastado para o campo ideológico, como bem pretendem os personagens envolvidos nesses casos que estão, portanto, na mira da Justiça.

Entende Fukuyama que há, em nosso país como de resto em toda a América Latina, um complicado entrelaçamento entre a elite política e empresarial, ambos acostumados historicamente com as benesses advindas da corrupção. O que destaca o Brasil nesse cenário é a existência de uma imprensa livre e independente, aliada a sistema judicial atuante e a uma sociedade civil mobilizada, que, de certa forma, impedem que os maus-feitos sejam varridos para debaixo do tapete como era feito no passado.

Nesse ponto, Fukuyama se diz preocupado com a possibilidade de o combate à corrupção, que era consenso político da sociedade, ansiosa pela melhora nos serviços públicos, se transformar em batalha ideológica entre a esquerda e a direita. Para ele, esse impasse seria ruim tanto para um lado como para o outro, prejudicando a sociedade como um todo. Nos Estados Unidos, lembra, a sociedade civil teve que se esforçar por décadas, a partir do século 19, para modernizar os serviços públicos, acabar com as indicações políticas e com a corrupção.

O estudioso considera ainda: “É preciso desalojar os velhos atores e dar lugar aos novos. Sistemas corruptos não se consertam sozinhos. O Brasil precisa de nova geração de políticos que não esteja atrelada ao velho jeito de fazer as coisas, mas empenhada em agir de modo diferente. Não acho que isso seja impossível, mas exige tempo”. Para tanto, é necessário impor limites ao capitalismo, criando uma rede de segurança social para proteger as pessoas do mercado. “Não é desejável que o capitalismo faça tudo o que quer, aconselha, mas também não se pode politizar qualquer tomada de decisão econômica”.

Na avaliação do economista e professor da Universidade de Stanford, o combate à corrupção não é questão fundamentalmente cultural, mas de expectativas, ou seja, é preciso que ocorram sérios reveses com quem pratica a corrupção, para que as pessoas entendam que esse não é o caminho. “As normas sociais só mudam com regras melhores e pressão social”, enfatizou.

 

A frase que não foi pronunciada

“O roubar pouco é culpa, o roubar muito é grandeza. O roubar com pouco poder faz os piratas, o roubar com muito, os Alexandres.”

Padre Antonio Vieira

 

Release

» GDF organiza leilão de bens inservíveis no dia 22, às 10 horas, no SOF Norte, Quadra 1, Conjunto A, Lote 8. Os interessados podem ver a mercadoria entre 10 e 21 de julho. Entre os objetos à venda, estão móveis, eletrônicos, eletrodomésticos e veículos. Quaisquer reparos que os aparelhos necessitem para funcionar e o transporte dos itens são de responsabilidade do comprador.

 

Foco

» Mais direitos para quem tiver 80 anos de idade ou mais. Foi inserido no Estatuto do Idoso que, “entre os idosos, é assegurada prioridade especial aos maiores de oitenta anos, atendendo-se suas necessidades sempre preferencialmente em relação aos demais idosos”.

 

Como funciona

» Ministério da Saúde anuncia investimentos de R$ 1,7 bi. É preciso que a população tenha em portais de transparência a oportunidade de acompanhar o trajeto da verba. Diz-se que será empregada em capacitação e compra de 9 mil ambulâncias. Onde? Quem receberá? Qual o valor da divisão? O que é necessário para receber? Há obrigatoriedade de prestação de contas?

 

Realidade

» A propósito da nota acima, em maio deste ano, o Ministério da Saúde anunciou o repasse de R$ 20,5 milhões para hospitais universitários do Centro-Oeste, e a situação precária é a mesma.

 

Pé firme

» Moradores do Lago Norte andam com o artigo 28 da Lei Federal nº 6.766/79 no bolso. “Qualquer alteração ou cancelamento parcial do loteamento registrado dependerá de acordo entre o loteador e os adquirentes de lotes atingidos pela alteração, bem como da aprovação pela Prefeitura Municipal, ou do Distrito Federal quando for o caso, devendo ser depositada no Registro de Imóveis, em complemento ao projeto original com a devida averbação.”

 

História de Brasília

Com a concorrência na mesma praça feita pela Willys, a Vascal fechou as portas. Agora, a oficina da Willys, que está em lugar irregular, não pode dar a mesma assistência aos carros de sua linha e, para encurtar a conversa, se o serviço não piorou, melhorar mesmo é que não melhorou. (Publicada em 30/9/1961)