Eleitor e candidato, relação desigual

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Blindar o dinheiro pago pelo contribuinte da ação predatória dos diversos agentes do Estado, incluídos os políticos, os servidores públicos, empresários e outros personagens modernos, seria solução mais eficaz do que blindar determinadas pessoas que, imantadas pelo instituto da prerrogativa de foro, continuam a agir, despreocupadamente, na dilapidação do bem público.

A Operação Lava-Jato não será, como muitos creem, uma virada de página na histórica engrenagem corrupta que nos mantém presos ao atraso e subdesenvolvimento. Antes disso, é preciso trilhar o caminho das reformas do Estado. Uma simples observação nos valores do impostômetro, mostrados nos painéis eletrônicos espalhados pelo país, levanta inúmeras suspeitas de que o montante trilionário arrecadado em impostos não bate com os benefícios retornados para a população.

Entre as mil faces da corrupção, estão listadas a má aplicação do dinheiro público em negócios mal calculados e de risco, além da camuflagem das contas do Estado por meio das pedaladas fiscais. O dinheiro do contribuinte deveria ter  tratamento especial por parte da legislação, de modo a incluí-lo entre os bens de elevadíssima importância para a sobrevivência de toda a nação, sendo, portanto, considerado crime dos mais graves seu mau uso ou usurpação por qualquer meio.

No Brasil, até as legendas partidárias e os políticos individualmente, que deveriam se portar como legítimos e fiéis representantes da população junto ao governo, agem sempre de forma a lesar o eleitor e contribuinte, quando se associam a maus empresários no intuito de encher os cofres do partido e das empresas com a riqueza da população. Para esses personagens, que reiteradamente vêm operando contra nossos interesses, além do instituto do foro privilegiado que lhes concedemos, oferecemos bons salários, com mil mordomias, propaganda em cadeia nacional paga pelo contribuinte, fundo partidário, verbas para emendas ao Orçamento (individual e por bancada) e outros inúmeros benefícios.

Nossos representantes, em sua maioria, agem como bem observou o filósofo Roberto Romano, como lobistas, operando como verdadeiros brokers nos Três Poderes. A trilha aberta agora pelas investigações do Ministério Público e pela Polícia Federal poderá nos levar a bom porto, caso sejam feitas também mudanças radicais na nossa representação política, pois são eles, encastelados em fortificações blindadas, a causa de nossas crises permanentes. Repensar as relações entre eleitor e eleitos talvez seja a tarefa mais urgente e difícil que temos pela frente. Mais difícil e necessária até do que a própria  Operação Lava-Jato e congêneres.

 

A frase que não foi pronunciada

“Eu quis regulamentar o lobby, eu quis salvar o Brasil.”

Ex-senador Marco Maciel, pensando enquanto ouve as notícias.

 

Sem aconchego

Em 1999, foram vendidas 70 mil caixas de Ritalina. Em 2010, mais de 2 milhões de caixas. O medicamento serve para deficit de atenção e hiperatividade.

 

Mães vulneráveis

Em 2006, a Lei nº 11.265 regulamentou a comercialização de leite para recém-nascidos. Parece que era o que as empresas multinacionais precisavam. Como proíbe a promoção comercial dos produtos, hospitais se encarregam da propaganda deixando as mães inseguras quanto à amamentação. Sugerem um nome para caso o “leite esteja fraco”. A venda para lactentes disparou.

 

ANS

Campanha lançada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar em parceria com o Hospital Albert Einstein e o Institute for Healthcare Improvement (IHI) pede que as mães digam não ao parto agendado. Parece que o alvo atingiu o público errado. Cabe ao médico orientar a paciente sobre o assunto. Ele é o profissional e deveria agir como tal.

 

História de Brasília

Os chapas-brancas estão na rua a qualquer hora, desobediência à ordem. Logo mais veremos brigas de galo e biquínis escandalizando as senhoras católicas do Paraná. (Publicado em 31/8/1961)

Brasília precisa dar o exemplo

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Entre as muitas razões que levam uma determinada cidade a se transformar na capital do país, talvez a principal, que faz mais sentido para o conjunto da nação, esteja no fato de esse lugar especial servir como sala de visita para todo o Brasil, concentrando o que há de melhor na nossa cultura. Construída graças ao trabalho de todos os brasileiros indistintamente, Brasília tem como missão precípua destacar-se pela administração e gestão política.

É preciso notar que diariamente a cidade é citada direta ou indiretamente na maioria da mídia nacional. Vitrine da sociedade, apesar da arquitetura inovadora, reconhecida mundialmente como monumento histórico, nossa capital padece de velhos vícios herdados de outros lugares e de outros tempos.

O crescimento desordenado, fruto da emancipação e da ambição politiqueira que se instalou por aqui depois da Constituição de 1988, nivelou a capital a outras áreas urbanas do país, com a explosão de assentamentos irregulares, especulação imobiliária, violência, deficiências na prestação de serviços básicos, congestionamentos regulares, entre outras mazelas.

É sabido que, enquanto não forem solucionados os graves problemas econômicos e políticos que assolam o país em geral, Brasília terá dificuldade para arrumar a casa. Até lá, medidas simples, que não oneram o contribuinte, poderiam ser implementadas e, por tabela, inspirar o restante do país, como foi o caso das faixas de pedestres.

A reintegração de áreas públicas invadidas ilegalmente, a transparência total nos gastos públicos; a instalação de câmeras (com imagens on-line) nas principais repartições públicas, Buriti, Câmara Legislativa, TCDF, hospitais, escolas. Proibição taxativa de transporte do pessoal de coleta de lixo pendurado na rabeira dos caminhões; proibição de gestantes trabalhando nas bombas de abastecimento de combustível; combate, sem trégua, aos cartéis de combustível e de supermercados.

Mais: fiscalização draconiana aos estabelecimentos de ensino e de venda de alimentos, reativação de programas de sucesso como os de saúde preventiva e sanitária, proibição de poluição visual e sonora, responsabilização de cada um dos comerciantes pelo lixo produzido são iniciativas importantes. Não só. São bem-vindas medidas administrativas mais simples e diretas, como a economia trazida pelo home office, em que o servidor trabalha em casa, meritocracia nos serviços públicos, com a valorização dos funcionários que gostam de trabalhar e o fazem com competência e dedicação. Mesmo os mais amplos e luxuosos castelos foram construídos a partir de um simples grão de areia.

 

A frase que foi pronunciada

“Ele é o cara! O maior cara de pau que o Brasil já conheceu!”

Presidente Obama pensando com um sorriso de soslaio.

 

Participação

No balanço de 2015, ficou constatado que os acessos aos canais de interação entre cidadãos e Senado dobraram. Assinantes da newsletter do Jornal do Senado, consultas e recados no Alô, Senado, audiência da TV e Rádio Senado, acessos à assessoria de imprensa, a mídias sociais e participação nos projetos das relações públicas.

 

Solidariedade

Por falar em parlamento, o Comitê da Ação e da Cidadania da Câmara arregaçou as mangas e foi até Tumeritinga com o objetivo de firmar parceria com a Campanha S.O.S. Vítimas do Vale do Rio Doce. Foram 25 poços furados que vão ajudar os moradores vítimas das barragens em Mariana.

 

Humor no susto

Surto de caxumba suspende as visitas na Papuda. Na fila, alguém bem-humorado comentou que não era surpresa. O nome da cadeia diz tudo.

 

Nuclear

Envolvida na guerra contra a epidemia do vírus zika na América Latina, a Agência Internacional de Energia Atômica vai participar do combate com técnicas nucleares para o controle do mosquito. O assunto será resolvido em Brasília.

 

História de Brasília

Retificando: O Departamento de Parques e Jardins está cuidando dos jardins do Ministério da Fazenda sim, senhor. Não está cuidando, isso sim, é dos jardins dos ministérios da Aeronáutica e da Marinha, como estão do Ministério da Guerra. (Publicado em 31/8/1961)

De Garanhuns ao Guarujá

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Na construção de mitos, alguns farelos de realidade são o bastante para compor uma narrativa crível. O tempo cuida de fundir fatos e versões num conto comum, de onde emergem figuras que incorporam nova identidade, distante da real, mas, ainda assim, capaz de agregar um sem-número de ouvintes crédulos.

Nesse sentido, a trajetória de Lula tem traços muito semelhantes aos de outras personagens da história moderna brasileira, como Padre Cícero, Lampião, Antônio Conselheiro. Em comum, esses indivíduos, empurrados pelos ventos do momento histórico, navegaram no mar de suas fantasias, algumas claramente coerentes com a noção de ética de cada um. Em comum, tiveram a capacidade de reunir em torno de si fiéis e fanáticos de todos os matizes.

Dentro do riquíssimo folclore nordestino, esses personagens fizeram história e ainda hoje despertam paixões. No caso de Lula, alguns jornalistas que puderam acompanhar de perto a caravana que ele realizou durante a campanha eleitoral de 2006 pelo Nordeste ficaram surpresos com o tratamento que a gente humilde, perdida nos confins do agreste, dispensava ao político.

Reverenciado como santo salvador, o candidato era tratado como uma espécie de Frei Damião. Todos desejavam se aproximar dele para tocá-lo e, de alguma forma, ficar imantado com a aura mística. A devoção tinha explicação objetiva e materialista: o Bolsa Famíla, que o sarapatel do tempo cuidará de deixar de lado. Em termos de marketing, poucos presidentes do Brasil puderam ter fotos tão nítidas da empatia de Lula no meio do povo. Suor e lágrimas sem preocupação com relógios.

Hoje é possível encontrar, pendurados no barbante nas feiras populares, os cordéis com Lula, ao lado de Padim Cícero e de Lampião, como heróis do povo. Santos para uns, justiceiros para outros, ou simplesmente libertadores do povo. No caso de Lula, seu surgimento foi insuflado por grande parte da mídia que, naquele período, ansiava por mais liberdade.

Acompanhado no dia a dia pela maior cobertura jornalística de todos os tempos, Lula era o personagem das manchetes diárias. Passado o período de admiração, com os escândalos de corrupção eclodindo em todo o seu governo, as visões se transformaram. O mesmo marketing não conseguiu encobrir as malinezas.

Visto de perto, ninguém é perfeito. Com Lula não foi diferente. Constatado o embuste, o espírito iconoclástico da imprensa, que também é sua maior virtude, voltou a prevalecer. E hoje o que surge diariamente nas páginas dos jornais é o homem como ele é de fato, não uma versão encantada de cordel. A realidade foi além da ficção.

 

A frase que não foi pronunciada

“Oi Luzinete, quero te agradecer. Graças a você, me lembrei de duas contas que tenho que pagar.”

Anônimo na rede

 

Anjos

Exemplos como o filho do embaixador Alex Ellis ou da filha do senador Romário são anjos que nasceram em um lar abastado para que os pais, líderes e carismáticos, pudessem alavancar a vida de milhares de famílias com as mesmas características.

 

Participa e age

O embaixador do Reino Unido, Alex Ellis, desde que assumiu o posto no Brasil, participa de várias atividades e reuniões políticas no Congresso ou em entrevistas para revistas e programas de TV. Espontâneo, esbanja simpatia principalmente quando fala do filho. O embaixador disse que o brasileiro é inclusivo por natureza. Nesse gancho, o senador Romário também recebe todas as entidades que pedem apoio. Os dois líderes apenas mostram que cada ser humano nasce com um potencial. Olhar para o ser humano como ser humano, com nome e personalidade, é o que devemos fazer, sem distinção. Incapacidade física não torna ninguém melhor nem pior do que os outros.

 

Aquecimento

Alex Ellis contou que as Paralimpíadas surgiram quando um hospital que atendia os soldados mutilados pela guerra percebeu que o que eles precisavam naquele momento era de entusiasmo. Joseph Cuttman, alemão, judeu, refugiado e neurocirurgião, iniciou as competições entre dois hospitais. Na Europa, as Olimpíadas são apenas um aquecimento para as Paralimpíadas.

 

História de Brasília

Não parecem jornais de revolução os de ontem, em Porto Alegre. Dão notícias de calma e expectativa e falam em vigília.(Publicado em 31/8/1961)

Empresas inescrupulosas ferem a democracia

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Seguindo o mesmo receituário do tipo bolivarianista, que quebrou a outrora pujante Venezuela, o Brasil, conforme desenhado pelos ideólogos do partido no governo, tem encontro marcado com a ruína. Para os analistas, experimentamos agora os ventos da década perdida.

Todos os indicadores econômicos negativos apontam o dedo acusador para o governo atual. A crise, como todos já perceberam, tem nome e sobrenome, endereço fixo e impressão digital conhecida. O apoderamento do Estado por uma facção e a imposição de uma linha de pensamento enviesado, materializado em políticas econômicas do tipo “nova matriz econômica” ou o que quer que isso signifique, nos trouxe até aqui. O difícil será escapar dessa depressão pelas mãos dos mesmos que nos empurraram.

O Plano Real criou as condições econômicas necessárias que permitiram um começo promissor de amplo desenvolvimento. Acontece que quem haveria de colher e saborear os frutos maduros do plano de estabilização foi justamente aquele que cuidou, depois de sepultá-lo a sete palmos, de substituí-lo por ideário pré-muro de Berlim. Deu no que deu. Os efeitos desse descaminho se alastram não só na economia, mas na vida das pessoas e empresas, afetando indiscriminadamente tudo e todos.

Na política, as repercussões são ainda mais deletérias, pois afetam a dinâmica do próprio Estado. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que congrega 35 países democráticos, com economias de livre mercado, vem, há vários anos, elaborado série de estudos e análises que demonstram, cientificamente, os danos para as políticas domésticas, da excessiva intromissão do Estado na vida dos cidadãos.

Aliás, é bom que se note, o Brasil da estrela vermelha na lapela não integra a OCDE como membro pleno por motivos puramente ideológicos. Na visão distorcida do Planalto, “preferimos ser grande entre os pequenos (emergentes)”.

O aparelhamento do Itamaraty, nos últimos anos, cuidou de represar o desejo dessa integração. Quem perde é o país. Há pouco, esse organismo internacional apresentou estudo que demonstra os riscos para a democracia da captura política feita pelos grandes doadores (empresas e empreiteiras) no financiamento dos partidos políticos, principalmente durante as campanhas eleitorais.

O que os brasileiros assistem hoje, em capítulos na Operação Lava-Jato, é exatamente a esse fenômeno ideológico: em troca de recursos para partidos e políticos variados, o Estado, via partidos, escancara as portas do cofre. Esse sequestro dos partidos por grupos poderosos, aumenta ainda mais o descrédito nas legendas políticas ante o eleitorado, com reflexos negativos e diretos para a própria existência da democracia.

“Quando a política é influenciada por doadores ricos, as regras ficam dobradas em favor de poucos e contra os interesses de muitos. Manter padrões rigorosos nos financiamentos políticos é uma parte fundamental da nossa batalha diária para reduzir a desigualdade e restaurar a confiança na democracia, afirma o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría.

Eliminar simplesmente da visão das pessoas, o financiamento das campanhas por empresas, como fizemos agora, não resolve o caso, já que esses recursos transitam pelos subterrâneos do caixa 2.

Parte do que o estudo da OCDE recomenda é o seguinte: 1) Os países devem elaborar sanções contra a violação dos regulamentos financeiros, como caixa 2, por exemplo; 2) Os países devem encontrar um equilíbrio entre financiamento político público e privado; 3) Os países devem se concentrar em fazer cumprir os regulamentos existentes, e não adicionar novos; 4) Instituições responsáveis pelo cumprimento dos regulamentos de financiamento de partidos políticos devem ter um mandato claro, o poder legal adequado e a capacidade de impor sanções.

 

A frase que não foi pronunciada

“Se todos são iguais perante a lei, por que há 13 exceções dispensadas da revista mecânica para a visita em estabelecimento prisional?”

Interno na Papuda pensando com os próprios botões

 

Novidade

Ainda é desconhecida a eficiência ou a falta dela no “botão do pânico”, ferramenta criada para combater a violência contra a mulher. Com alta incidência de casos, a Prefeitura de Belém firmou parceria com o Tribunal de Justiça do Pará. No Projeto de Lei nº 1.180/15 há a previsão para distribuição gratuita do aparelho para as mulheres sob medida protetiva. Ao acionar o equipamento, a foto da mulher e a do agressor aparecem na tela, das viaturas policiais além da localização. O atendimento passa a ser prioritário.

 

Não colou

Quando houve o programa nacional de segurança pública, cada unidade da Federação recebeu um helicóptero. Os governos eram obrigados a pintar a aeronave com a bandeira do estado. Ao ver a estrela vermelha pintada em mais da metade da cabine, a Justiça Federal ordenou ao governo do Acre a adequação do tamanho do astro.

 

História de Brasília

Isso não, diz Antônio Vassalo. Deixe que as tropas entrem aqui mesmo, que elas se perderão nos trevos… (Publicado em 31/8/1961)

Judicialização da política, e politização da Justiça

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Em uma democracia ainda em fase de formação, é natural que apareçam problemas de ajuste de toda ordem, principalmente com relação às fronteiras naturais entre os poderes da República. O estabelecimento dessas áreas exclusivas de atuação de cada um é fundamental para se alcançar o pretendido equilíbrio e harmonia entre os poderes dos quais trata a Constituição.

Durante muito tempo, foi aceito como mecanismo normal, dentro da ótica da chamada coalização partidária, que Legislativo e Executivo funcionassem com amplas áreas de interseção comuns, com o Planalto pautando a agenda do Congresso, que, por sua vez, interferia, de frente, na indicação de nomes para compor a equipe de governo.

A chegada ao poder de uma presidente, que muitos consideram inepta e centralizadora, pouco afeita às relações políticas, melou o funcionamento dessa espécie de contrato de gaveta, em que o Executivo e Legislativo dividiam, entre si, os espólios do Estado. Com uma fórmula dessa natureza, em que a ganância e a esperteza se aliaram para garantir poder e renda aos participantes, não é surpresa que o país mergulhasse na maior crise de todos os tempos, que alguns já nomeiam como a década perdida. Em tempos de vacas magras, a perpetuação dessa imiscuição entre os poderes passou a exigir cada vez mais benesses mútuas. O preço do apoio subiu às nuvens e o impasse se instalou em forma de ingovernabilidade e extenuação da administração pública.

No caso específico das relações entre o Judiciário e o Legislativo, os efeitos da pulverização das fronteiras de competência vêm se alargando de forma mais insidiosa, opondo Congresso e Suprema Corte de tal modo que a judicialização da política e seu inverso, a politização da Justiça, é hoje fato consumado que, pelas mesmas razões expostas, cuida de envelhecer, precocemente a democracia em nosso país.

Não é por outra razão que a Associação dos Juízes Federais do Brasil divulgou manifesto em apoio ao ministro do STF Luís Roberto Barroso, contra o que considera “um ataque dos parlamentares à jurisdição da Suprema Corte”. O caso se refere à atuação do ministro durante a votação do rito do impeachment. Cerca de 300 parlamentares divulgaram manifesto suprapartidário, no qual acusam Barroso de ter deixado de ler intencionalmente um trecho do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, levando os demais ministros a erros de avaliação.

O porta-voz do movimento, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR), chegou a afirmar: “Ninguém aqui assinou esse manifesto porque é a favor ou contra o impeachment. Estamos é defendendo as prerrogativas da Câmara. Instalada a confusão, o que o cidadão assiste perplexo é ao embate inútil que busca delimitar prerrogativas e competências de cada. Classificado de vaidoso e de agir claramente de forma ideológica, Barroso está no centro da disputa de manifestos entre Ajufe e parlamento. O pior é que nesse imbróglio todo, envolvendo os Três Poderes, a soberba e a distopia prevalecem sobre a racionalidade e fomentam espécie de “razão de Estado”, onde, em nome do pretenso benefício de todos, a lei é deixada de lado.

 

A frase que foi pronunciada

“Atenção. Cuidado. Novo golpe na praça. Quando for viajar durante o carnaval, verifique bem se as portas estão trancadas. A Odebrecht está invadindo apartamentos para fazer reformas caríssimas sem que os proprietários sejam informados. No final você pode ser incriminado sem saber sobre o ocorrido.”

Mensagem bem-humorada circulando na internet

 

Notícia positiva

A senadora Ana Amélia compartilha com os brasileiros a vitória de uma boa notícia sobre o país. A Lei nº 12.880, de 2013, que obriga os planos de saúde a incluir a quimioterapia oral nos tratamentos contra o câncer, virou estudo de caso. Com a participação da sociedade e tempo recorde de tramitação da lei no Congresso, o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper)  reconheceu a lei como modelo de estudo sobre política no Brasil. O sucesso ultrapassou os limites do país e chegou aos pesquisadores das universidades The George Washington e Yale. Eles atestaram a lei, de autoria da senadora, como exemplo de boas práticas políticas em países democráticos.

 

Limpeza total

Por falar em Senado, a Vigilância Sanitária visitou a instituição em busca de focos do mosquito Aedes. A diretora-geral, IlanaTrombka, solicitou que a Vigilância Sanitária fizesse vistoria na área. Em um ano, o Senado recebeu seis pedidos de afastamento de funcionários com dengue, mas, pelo visto, nenhum caso se iniciou no trabalho. O resultado da Vigilância comprova. Não há foco da dengue por lá.

 

Compromisso

Flávio Ferrari ocupa o importante posto na GfK. Depois de trabalhar no Ipsos e por quase 15 anos no grupo Ibope, o desafio da concorrência é maior. “É muito interessante estar no meio das transformações da mídia e participar em conjunto desse processo. Não há respostas, mas com recursos e tecnologias vamos acompanhar tudo”, disse Ferrari.

 

Preto no branco

A quem não interessa o voto impresso? O argumento do ministro Toffoli para apontar defeitos na reforma para as próximas eleições, é que em caso de recontagem haverá a intervenção humana. Afinal, não foi pela intervenção humana que as urnas foram criadas? E é exatamente por isso suscitam dúvidas. Quando a eficiência das urnas são questionadas não há como comprovar, quando o número de votos for questionados, a única prova é o voto impresso.

 

Adeus, férias

Deputado Ronaldo Santini conta o caso de um motorista que se esqueceu de pagar o IPVA e foi parado na estrada. Ao ser alertado sobre o débito, entrou na cidadezinha, pagou e voltou ao posto da polícia para mostrar o comprovante. O carro foi levado para o depósito mesmo assim. O sistema teria que “baixar” o pagamento para o veículo ser liberado.

 

Burrocracia

Outro caso absurdo de burocracia foi enfrentado por Alberto Bispo da Silva, que acamado, com 87 anos, foi obrigado a comparecer ao banco para provar que estava vivo. A família precisou do apoio de uma ambulância para atender a exigência.

 

História de Brasília

Todo o mundo sabe que no Cota Mil ninguém resolve os destinos da nação, mas bem que se discute. Falando em revolução, o Walter Daibert, velho pioneiro, acha que basta se destruir uma ponte, que ninguém chegará a Brasília, e “precisará cinco anos para que ela seja refeita”. (Publicado em 31/8/1961)

Aedes disputará as Olimpíadas

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Quem vai viajar para o Rio em meio a uma epidemia de zika? Não mulheres jovens, que podem ficar grávidas e dar à luz criança com deficiência. Não homens sexualmente ativos que correrão o risco de transmitir o problema à parceira. A afirmação, feita pela dupla de pesquisadores norte-americanos Lee Igel e Arthur Caplan, do Centro Médico de Langone, na Universidade de Nova York, está no último número da revista Forbes.

No artigo, de grande repercussão internacional, os cientistas pedem, simplesmente, o cancelamento dos próximos Jogos Olímpicos, a serem realizados no Rio de Janeiro. Para Igel e Caplan, reconhecidos como autoridades em ética médica e medicina do esporte, a realização dos jogos, em ambiente em que a própria Organização Mundial da Saúde (OMS) declara como de emergência sanitária internacional constitui grande irresponsabilidade e deve ser evitada a todo custo.

Eles reconhecem, no documento, que o alerta da OMS vai afugentar os turistas que pretendiam viajar ao país para assistir aos jogos. O presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, discorda e garante que, em agosto, as condições de segurança para os atletas e espectadores serão asseguradas de modo satisfatório.

O governo brasileiro, sempre vacilante, diante de um fiasco global, recomenda, timidamente, que apenas as grávidas reavaliem a possibilidade de não viajarem ao Brasil para não correrem riscos com os repetidos casos de microcefalia em bebês.

Se, na Copa do Mundo de Futebol de 2014, o problema maior ficou por conta da corrupção e dos gastos astronômicos com arenas superdimensionadas, nas Olimpíadas do Rio, além dos altos gastos e da construção de futuros novos elefantes brancos, vêm se juntar questões de saúde pública (como epidemias severas), poluição e contaminação das águas onde será disputada parte dos jogos.

A profunda recessão econômica, a pior em décadas, também é um dos grandes obstáculos. Em comum, a realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas tem, por trás, o mesmo governo ufanista e populista que buscou nesses eventos esportivos vitrine interna e externa para o partido. Apesar disso, até aqui, o mosquito Aedes está vencendo as disputas com vantagem.

 

A frase que foi pronunciada

“Atenção. Cuidado. Novo golpe na praça. Quando for viajar durante o carnaval, verifique bem se as portas estão trancadas. A Odebrecht está invadindo apartamentos para fazer reformas caríssimas sem que os proprietários sejam informados. No fim, você pode ser incriminado sem saber sobre o ocorrido.”

Mensagem circulando na internet

 

Perícia

Francisco Eduardo Cardoso Alves, presidente da Associação Nacional dos Médicos Peritos da Previdência Social, disse, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado, que exigir humanização dos médicos peritos é desumano enquanto o sistema oferece uma sala de trabalho em que o chão é uma tampa de esgoto, como no Rio de Janeiro. E pergunta mais, muito mais. “Como um médico perito pode ser exigido quando vai pegar um processo no armário e é mordido por um rato, como ocorreu em Santos? Como podem querer mudanças dos médicos peritos sem oferecer condições de trabalho como em Campinas, na Baixada Santista, ou no Rio de Janeiro, onde a temperatura da sala em que trabalham é de 48ºC? Ou estar trabalhando e uma jiboia entra na sala como ocorreu em São Luís, no Maranhão? Trabalhar sendo ameaçado de morte ou constantemente sendo assediado moralmente pela administração é prova de que quem tem que ser humanizada é a Previdência, não o médico perito.”

 

Novidade

Serão mais 8.922 cargos no serviço público federal para serem ocupados em 2016 por concurso público. Agora é acompanhar o PLC 99/2015.

Relato

Por falar nisso, o perito médico dr. Franciso Alves afirmou que mais de 60% dos médicos que trabalham no SUS não são concursados.

 

Paternidade

Crianças que têm o apoio do pai negado recebem o apoio de um projeto de lei. A ideia é que, no cartório do hospital, a mãe informe quem é o pai. Em até cinco dias o oficial do cartório deverá remeter ao juiz a certidão com as informações da mãe sobre o nome do pai. A partir daí, o pai recebe uma notificação que deve ser atendida em até 30 dias. Se se negar, o juiz remeterá os autos a um representante do MP para iniciar a investigação. A recusa em fazer teste de DNA gera presunção da paternidade.

 

História de Brasília

Quando se esperava do Congresso uma reação, uma atitude forte como as inicialmente tomadas, o Poder Legislativo usa um “recurso” para dar tempo ao tempo. O povo crê no Congresso, e cada deputado tem a sua parcela de responsabilidade. (Publicado em 31/8/1961)

Dilma vai ao Congresso

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Dependendo do instituto de pesquisa de opinião pública, os índices de reprovação da presidente Dilma chegam a atingir nível de até 80%. Na média, esse índice negativo fica na casa dos 60%. Ou seja, o que todos os institutos de pesquisa sérios demonstram é que o desempenho da atual ocupante do Executivo continua distante do que desejam os brasileiros. Nem mesmo a divisão dos eleitores, observada nas últimas eleições, ocorre. As pesquisas demonstram em números o que os cidadãos sentem, na prática, o atrofiamento visível da economia.

A frustração da maioria, embora não possa ser aferida matematicamente, tem reflexos diretos na maior ou menor credibilidade do governo. É justamente essa perda de credibilidade, num sistema hipertrofiado do Executivo, que torna as propostas apresentadas ainda mais difíceis, senão impossíveis de se realizar. Nesse sentido, a visita e o discurso da presidente Dilma, feitos na abertura dos trabalhos do Legislativo de 2016, guardam significado próprio, quase pessoal, e não dizem respeito aos cidadãos de modo geral.

Na verdade, a presença inusitada da presidente ao Congresso se insere na estratégia desesperada de marketing do Planalto para ganhar terreno ante o parlamento que tem como uma das pautas principais a votação do processo de impeachment da própria Dilma. Observadores mais atentos e que tiveram a paciência de comparar o discurso atual com o que foi encaminhado pelo Executivo ainda em 2015, verificaram que nenhuma das propostas apresentadas ao Congresso pela presidente Dilma naquela ocasião foram realizadas.

De positivo fica o fato de a presidente ter, finalmente, seguido o conselho do ex-ministro da Fazenda Delfim Neto para sair do Palácio, atravessar a rua e sentir como andam as coisas fora do seu reduto blindado. Infelizmente, a presidente desperdiçou a oportunidade de apresentar publicamente conjunto de propostas críveis e sólidas, preferindo repetir promessas e performances que a realidade cuidará de desmanchar, como é o caso da volta da CPMF e da reforma da Previdência Social.

 

A frase que não foi pronunciada

“Se a cooperativa é de bancários, por que os não bancários têm apartamentos da cooperativa?”

Joãozinho, 5 anos, dando uma pista do crime.

 

MP

A chuva deveria ser fator para desconto nas contas de energia. Isso porque durante a estiagem o argumento para aumentar a conta era a falta dela. Em novembro, uma medida provisória sobre o assunto foi aprovada. Mas, até agora, não houve desconto algum, apesar da abundância de água.

 

Realidade

Por falar em chuva, ontem faltou luz novamente em diversas partes do DF. Os prejuízos ficam por conta do consumidor. Nada de desconto.

 

Longe

Na audiência pública no Senado sobre o combate ao trabalho escravo, Katash Saryarthi, prêmio Nobel da Paz, mostrou que o mundo está longe de ser civilizado. Vinte e um milhões de pessoas, entre elas mais de 5 milhões de crianças, são submetidas ao trabalho escravo.

 

Autoridade

O prêmio Nobel da Paz contou que adultos e crianças são vendidos como animais há várias gerações. Pior: são vendidos por preços 10 vezes menores do que o cobrado por animais. “A liberdade humana não deve ser negociada”, diz Saryarthi.

 

OIT

Estudo da Organização Internacional do Trabalho indica que US$ 150 bilhões por ano são movimentados pelo tráfico humano. Essa modalidade criminosa está atrás economicamente apenas da exploração sexual e do tráfico de armas. A audiência pública na Comissão de Direitos Humanos, liderada pelo senador Paulo Paim teve como objetivo humanizar a política. Participaram da reunião o ministro conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão, Leonardo Sakamoto; o conselheiro do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ministro Lélio Bentes Correa; o presidente da Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), Carlos Eduardo de Azevedo Lima; o juiz membro da Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT) e da Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), Hugo Cavalcanti Melo Filho; e  a representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Maria das Graças Costa.

 

História de Brasília

O enorme número de deputados inscritos para encaminhamento à votação do Parecer Oliveira Brito, sobre a mensagem das Forças Armadas que se refere à volta do sr. João Goulart, está provocando mal-estar em toda a nação. (Publicado em 31/8/1961)

Marchinha da democracia

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No carnaval, as marchinhas e outras modalidades de músicas que mais fazem sucesso entre os foliões são justamente as com letras e melodias bem claras, de fácil compreensão e que trazem mensagem direta e atual. A reunião de todas essas características, na medida certa, ao contrário do que parece à primeira vista, é tarefa apenas para os mais inspirados. A fórmula de sucesso serve também para uma infinidade de outros produtos que se deseja do gosto da população.

A Constituição dos Estados Unidos de 1789 segue esse modelo. Com sete artigos e 27 emendas, o documento é o mais curto e, em alguns aspectos, o mais longevo de todas as constituições escritas no mundo. O êxito da Magna Carta entre os cidadãos se deve, além da simplicidade direta e cristalina do seu texto, ao fato de ser acordo tácito em que o poder é delegado pelo povo ao governo.

A receita foi deixada de lado pelos legisladores brasileiros desde sempre. Em nação de iletrados, a confecção de leis ficou restrita à elite de doutos juristas e, por conseguinte, completamente apartada do restante da população. Nossas leis são herméticas à compreensão do homem comum. Pior: foram confeccionadas para dar salvo-conduto aos endinheirados e outros próceres blindados da República.

Não é por outro motivo que as possibilidades recursais se estendem até ao limite da prescrição dos crimes. O que explica o amplo apoio da população à Operação Lava-Jato é que, nesse caso específico, houve quebra total dos paradigmas costumeiros, ou para usar expressão atual, um ponto fora da curva.

O povo enxerga as leis como um gênio: vê o óbvio. Assim, ao gosto da população, as leis deveriam ser diretas e sem possibilidades de interpretações variadas ou hermenêuticas bem ajustadas a interesses escusos. No caso da corrupção, que hoje é um dos principais componentes do Custo Brasil e razão do nosso atraso secular, melhor ficariam os instrumentos legais que determinassem de forma direta: o desvio de dinheiro público é crime gravíssimo, devendo ser punido com um dia de cadeia para cada real roubado, além de devolução do valor em dobro e pedido de desculpas à população. Simples e eficaz, como a letra do samba: “Eu cantei ganhei dinheiro, o cantar se acabou, o dinheiro mal ganhado, água deu água levou…”

 

A frase que não foi pronunciada

“O tríplex caiu!”

Versão moderna do jargão usado por bandidos: “A casa caiu.”

 

Sucesso/Pesquisa

Nasce a Fundação Nagib Nassar (Funagib). Um dos objetivos é premiar trabalhos que, de forma inovadora, melhorem a cultura alimentar da mandioca. A Funagib acaba de lançar o segundo edital a fim de entregar bolsa Kuwait 2016-3 para o melhor projeto de pesquisa feito por mestrando ou doutorando.

 

Atenção

Qualquer recusa para a cobertura feita pelo plano de saúde deve ser entregue ao usuário por escrito. A comissão de Assuntos Sociais do Senado aprovou projeto que proíbe os planos de saúde de rejeitarem pacientes que tenham doença preexistente como as de origem por má-formação congênita.

 

Passado/futuro

Detectados pelo senador Otto Alencar dois problemas na contabilidade de 2014 do governo federal. A desconsideração de um pedido de suplementação orçamentária de despesa obrigatória do Ministério do Trabalho para despesa com seguro-desemprego e abono salarial além da abertura de crédito suplementar com efeitos negativos nas metas fiscais.

 

Ligados

Com acesso à internet, os dados e promessas passadas ficam disponíveis para qualquer um checar se foram cumpridas e se os dados do passado são favoráveis ao candidato. O conselho vem do senador Rubem Figueiró. Os eleitores não devem se basear apenas nas propagandas para escolher os candidatos.

 

Marinha

Dalva Mendes é a primeira mulher a ocupar a patente de oficial general da história das Forças Armadas. Invasão das mulheres nas Forças Armadas é positiva.

 

Reconhecimento

Edviges Albuquerque, pesquisador com doutorado em estudos indígenas, é dedicado às pesquisas sobre as línguas indígenas Apinajé e Krahô, em Tocantins. Por este Brasil adentro, tantas pessoas dedicadas ao estudo da língua indígena merecem aporte do governo para registrar às futuras gerações a nossa origem.

 

História de Brasília

O comandante da “Operação Caravelle”, depois, no pátio de manobras, interrogou, extraoficialmente, um tripulante do aparelho da Varig, através do qual ficamos sabendo, também, que todas as forças militares de Porto Alegre estão solidárias com o General Machado Lopes. (Publicado em 31/8/1961)

 

A corrupção que nos corrói a cada dia

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Segundo o relatório divulgado esta semana pela organização Transparência Internacional, o Brasil despencou sete posições no ranking sobre percepção de corrupção no mundo, passando da 69ª posição para a 76ª, entre 168 países pesquisados. Com um índice de 38 pontos, o Brasil terá como companhia nesse patamar nações como Tunísia, Zâmbia, Burkina Faso e Bósnia-Herzegóvina.

Para as autoridades do governo, a divulgação do ranking não é mencionada e, muito menos, serve de motivação para alterações de rota. O tombo ladeira abaixo tem causas bem conhecidas pelos brasileiros: escândalos de corrupção na Petrobras e em outras estatais, desemprego crescente, além de problemas na economia, na política e no próprio Estado.

Se os problemas e suas causas são do conhecimento de todos há muitas décadas, a pergunta que fica é a razão por que permanecem inalteradas.

Para o promotor de Justiça e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, o relatório espelha o que aconteceu ao longo de 2015, quando veio à tona uma série de casos graves envolvendo dezenas de bilhões de reais desviados e pessoas poderosas, algumas delas presas e processadas. “São casos graves e superlativos”, diz.

Mesmo diante desse quadro, o promotor consegue vislumbrar um sinal positivo, graças ao trabalho eficaz de instituições como o Ministério Público e a Polícia Federal. O fato de se tratar do maior caso sequencial de corrupção de todos os tempos faz que, considerando tamanho, ramificações, número de pessoas, de instituições e empresas envolvidas, ela acabe se tornando também bastante visível.

Apesar do bom funcionamento da Justiça no Brasil, Roberto Livianu ressalta que a quantidade absurda de casos de corrupção obrigará o Judiciário a verdadeiro trabalho de Hércules. Levianu aponta ainda o fato de que, no Brasil, a maioria dos mais de 5 mil municípios não possui controladorias locais, o que facilita a propagação dos casos de corrupção. “Precisamos que as prefeituras se controlem internamente e coíbam os desvios de patrimônio público, evitando os contratos irregulares e indevidos, assim como práticas de nepotismo, portanto, o controle interno é fundamental”, diz.

Pelo tamanho do país, pelo volume de casos que vão vindo à tona, dá para notar que esse será um trabalho que necessitará de muitos anos e muitas gerações para chegar a bom termo. É esse o problema com um gigante pela própria natureza.

 

A frase que não foi pronunciada

“A diferença entre os políticos e a matemática é que, apesar da dificuldade na compreensão, a segunda opção mostra resultado irrefutável.”

De um homem que calculava

 

No ralo

Só para entender a razão da falta de serviço na administração pública do país. A ineficácia e ineficiência gerencial pode ser atestada na dívida bruta, que contabiliza os passivos do governo federal, estadual e municipal. Nada menos que 66,2% do PIB, ou R$ 3,927 trilhões.

 

Informação

Quem estiver de passagem marcada para Lisboa é bom consultar o hotel sobre o valor da taxa de turismo. A Câmara de Lisboa ainda não começou a fiscalização.

 

Negócios

Dados da Abeeolica mostram que a renda familiar das pessoas que arrendam terras para a instalação de aerogeradores cresce cerca de R$ 2,3 mil por mês. No mesmo documento, há a informação de que, em 2015, o valor total repassado para os arrendatários foi de cerca de R$ 5,5 milhões por mês.

 

Novidade

Fisioterapeutas de universidades americanas discutem em simpósios que a posição de crianças se sentarem com as pernas em w é altamente prejudicial para a articulação. Em pouco tempo, nossos médicos vão aconselhar os pais a orientar os filhos a sentarem com as perninhas cruzadas ou estiradas.

 

Falta o Brasil

Só para atestar se a atual gestão do Ministério da Saúde está atenta, o lado positivo do H1N1 na América do Norte foi mudar a cultura do povo. Hoje, graças ao investimento em campanhas públicas de esclarecimento, principalmente nas escolas, é raro ver alguém espirrar em público sem proteger os demais. A orientação é colocar a mão no ombro do lado oposto e espirrar na dobra do braço. Assim, além de não espalhar a saliva que pode estar contaminada com o vírus da gripe, as mãos ficam protegidas, não infectando os lugares em que encostam.

 

História de Brasília

Logo em seguida ao Caravelle, desceu um Meteor, que se recolheu à Base Militar.(Publicado em 31/8/1961)

Análises

Publicado em Íntegra

Fossem colocadas, lado a lado, cada linha que foi escrita apenas nos últimos três anos sobre a crise econômica, política e moral enfrentada pelos brasileiros, analisando-as apenas sob o ponto de vista da realidade crítica, sem isenções a fantasias, teríamos uma linha contínua cujo comprimento daria voltas em torno do círculo equatorial.

Muito ainda deverá ser descrito sobre as experiências que a jovem democracia brasileira teve com o ciclo de mais de uma década de governos autointitulados de esquerda. Na verdade, a divisão clara que políticos e teóricos insistem entre esquerda e direita no Brasil simplesmente não existe. Por algum motivo, quiçá antropológico ou cultural, o Brasil desenvolveu característica muito própria e sui generis que faz com que todos os movimentos e tendências que adentram nossas fronteiras e passam a integrar nosso dia a dia acabem, por fenômeno de corrosão tropical e malemolente, se degenerando em algo novo e mais adequado ao ambiente geral.

Na música, temos o exemplo do jazz. Desenvolvido pelos descendentes de escravos africanos que foram para a América do Norte, ao ser introduzido por aqui, se transformou no gênero bossa-nova. Exemplos do poder que tem a atmosfera brasileira de transgredir e desalinhar até as mais sérias teorias são incontáveis.

A frase dita nos anos1960 por Charles de Gaulle — “Le Brésil n’est pas un pays serieux”—  pode ser tomada no sentido macunaímico ou pedromalazartiano. Nosso verdadeiro hino nacional é a Aquarela do Brasil, nosso Bach é Villa Lobos, nosso uísque é a cachaça e nosso caviar, o feijão. Por isso, falar em esquerdas e direitas nítidas no Brasil não cola.

O que temos são políticos e partidos manhosos, dispostos a tudo, que se aliam a qualquer um. Criam-se partidos e sindicatos apenas para garantir verbas públicas e outras benesses. Temos, isso sim, uma das elites econômicas mais corruptas e mesquinhas do planeta. A sociedade que resultou da mistura do índio e do negro oprimidos e de uma minoria europeia branca e aventureira é esta. Não é a melhor, nem a pior. É o que somos — o homem cordial, notado pelo historiador Sérgio Buarque de Holanda, individualista, avesso à hierarquia, arredio à disciplina, desobediente a regras sociais e afeito ao paternalismo e ao compadrio.

 

A frase que não foi pronunciada

“Gastei minha cidadania acreditando no voto.”

Eleitor desiludido

 

Pensamento

Se fosse ouvido com atenção e compreendido, o sociólogo português Boaventura de Sousa Santos mudaria o futuro do país de forma simples e efetiva. Disse ele: “A educação popular só é necessária porque a outra educação é antipopular. Sempre foi assim, mas não tem que ser assim até o fim”. E mais. As experiências de economia solidária adotadas nas  aldeias indígenas poderiam desencadear uma nova face da democracia.

 

Na ativa

Mais de R$ 1 bilhão para atacar o mosquito Aedes aegypti. Apesar do aporte, os casos de dengue, febre chikungunya e vírus zica continuam em franco crescimento.

 

Chão de flores

Mais serviço para a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual. Um centro espírita de Sobradinho II foi incendiado. Uma pessoa se feriu.

 

Guinness

Silvestre Gorgulho entrou com a carta na administração do Guinness book para inscrever a coluna Visto, lido e ouvido como a mais longeva do país. Quem for contra, manifeste-se agora, ou cale-se para sempre. Nossos agradecimentos.

 

Armadilha

Roberto Silvestre, professor e astronômo, criou a mosquiteira contra todos os tipos de mosquitos. Fácil de construir e com material barato. Procure no YouTube. Vale a pena.

 

História de Brasília

Quando todo mundo pensava que os deputados estivessem detidos no aparelho, eis que eles descem e calmamente se dirigem para a estação de passageiros. É que a Aeronáutica esperava uma alta personalidade, não revelada, mas foi lograda na expectativa. (Publicado em 31/8/1961)