Brasília, missão em cumprimento

Publicado em ÍNTEGRA

VISTO, LIDO E OUVIDO Criada por Ari Cunha (In memoriam)

Desde 1960 Com Circe Cunha e Mamfil

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Foto: Ivan Mattos

 

Em sua primeira edição que circulou em 21 de abril de 1960, o Correio Braziliense, um jornalão que na época media 57 cm x 80 cm, estampava em sua manchete principal o título “Brasil, capital Brasília.” A transferência simbólica da capital já havia sido realizada no dia anterior, quando as chaves da cidade foram entregues ao então presidente Juscelino Kubitschek por seu conterrâneo e prefeito de Brasília, Israel Pinheiro.

O novo Distrito Federal se deslocava mil quilômetros Brasil adentro para a felicidade e incredulidade de muitos e para desgosto de uns outros tantos, que viam nessa mudança apenas um capricho do presidente. Junto com a inauguração de Brasília, o jornal Correio Braziliense voltava a circular, depois de 137 anos de sua publicação em Londres, onde circulou entre 1808 até 1823. Junto com a nova capital, vinham também esse que foi o primeiro periódico da cidade e a nova emissora de televisão, pertencente ao mesmo grupo, e chamada de TV-Brasília, canal 5, pioneira do Brasil Central em televisão.

No longo editorial, que marcava o primeiro número do jornal, a preocupação com a consolidação da unidade nacional era ressaltada, assim como a transferência da capital, que já em 1813 era uma das ambições perseguidas por Hipólito José da Costa em seu jornal, como forma de garantir a integridade política do país. “Brasília não será apenas a sede do governo federal, mas um poderoso centro de atração das forças que se desenvolvem no litoral para as grandes regiões que se acham ainda desertas e das quais é imprescindível que a nação tome posse, se deseja integrar-se a si mesma e oferecer a seu povo, que tão rapidamente se multiplica, uma pátria materialmente digna do seu alto destino,” dizia o primeiro editorial a saudar a nova capital, ao imputar também a realização desse sonho não apenas à liderança confiante e corajosa de JK, mas ao elenco de arquitetos e com suas concepções de originalidade, aos engenheiros, técnicos e mestres de obra além, é claro, de um operariado entusiasmado com a imensa tarefa de erguer, no Planalto Central, a nova capital do país.

Não somos mais aqueles crustáceos arranhando as areais das praias litorâneas, de que falava o cronista do primeiro século, e sim um povo que se projeta no coração do continente que lhe pertence, lembrava o texto, destacando naquela ocasião os ideais de liberalismo, democracia, liberdade, devoção às bases constitucionais, bem como a confiança na livre empresa, atributos que tornaram possível naqueles tempos distantes a construção de uma capital no interior inóspito de um Brasil que muitos desconheciam ou sequer imaginavam que pudesse existir.

Naquelas quarenta páginas da primeira edição a circular em Brasília, constava ainda o discurso do presidente Juscelino que enaltecia o feito histórico como resultado da união e amizade entre todos que para aqui vieram. “A irmanação de quantos aqui trabalham lembra a construção das catedrais da Idade Média, quando artistas anônimos, mestres, aprendizes se animavam pela fé em Deus, em cuja honra se levantavam esses poemas arquitetônicos.” Lembrando que a reunião desses candangos aqui no centro do país foi possível porque muitos tiveram fé nesse projeto ousado.

“Caminhastes, de qualquer maneira até aqui, por estradas largas e ásperas, porque ouvistes, de longe, a mensagem de Brasília; porque vos contaram que que uma estrela nova iria acrescentar-se às outras vinte e uma da bandeira da pátria” dizia trecho daquele discurso memorável. Também em matéria especial, composta para essa primeira edição o saudoso poeta Cassiano Ricardo compôs uma “toada pra se ir a Brasília” em que proclamava: “ Vou-me embora pra Brasília, sol nascido em chão agreste, como quem vai para uma ilha. A esperança mora a Oeste… Tenho a chave do futuro; não quero outra maravilha. Que os outros viajem pra Lua; e eu não. Irei pra Brasília.”

 

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Brasília é a manifestação inequívoca de fé na capacidade realizadora dos brasileiros, triunfo de espírito pioneiro, prova de confiança na grandeza deste país, ruptura completa com a rotina e o compromisso.”
Juscelino Kubitschek

 

 

Lixo

Está fugindo do controle a situação do lixo em algumas quadras comerciais. Na 412 Norte não há container suficiente para tantos restaurantes. O resultado são sacos de lixo pendurados, chorume escorrendo pela rua e um cheiro insuportável.

 

 

Parceria

Paulo Roberto da Silva mostra as curicacas da 207 Sul e diz que a beleza vai além do porte e do canto: são pássaros amigos dos agricultores por alimentarem-se de espécies daninhas, insetos e larvas. O bico longo e curvo é adaptado para extrair insetos da terra fofa. São vistas quase que somente em áreas protegidas e, para a nossa satisfação, também com frequência em nossa cidade parque.

 

 

Barulho

Por falar em lixo, não há razão para a coleta ser feita de madrugada. Além do sacrifício e cansaço para trabalhar correndo e cheirando lixo, há mais incômodo na sinfonia de tampas batendo no meio da noite do que durante o dia.

 

 

Leão

Mais de 15 milhões e meio de declarações já foram recebidas pela receita. Segundo o supervisor nacional do IR, auditor-fiscal Joaquim Adir, a expectativa é de que 30,5 milhões de contribuintes entreguem declaração. O prazo de entrega da declaração vai até 30 de abril.

Charge: humorpolitico.com.br

 

 

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Inconveniente, fora de propósito, desumana e descabida, a greve no Hospital Distrital. Doentes ficaram ao abandono, parturientes subiram escadas, sabotadores abriram o vapor da caldeira para que o prédio ficasse sem água quente e particulares permaneceram um dia a mais pagando diária. Greve em hospital tem que ser organizada, humana e tranquila. Baderna não resolve. Foi indisciplina. (Publicado em 18.11.1961)

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