Autor: Circe Cunha
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Hostilizado por palavras ofensivas por um desses patrulheiros ideológicos que ultimamente passaram a infestar a cena pública por todo o Brasil, o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) nem precisou se dar ao trabalho de responder ao agressor que o chamava de golpista e traidor. Tão logo a turma que aguardava na mesma fila e nos arredores da Livraria Cultura tomou ciência do que se passava cercou o militante e passou a hostilizá-lo ainda com mais veemência.
Surpreso, coube ao senador assistir de camarote ao desenrolar de um enredo que vem se repetindo por todo o país, com ferocidade cada vez maior, de parte a parte. Obviamente, não foi o senador o pivô da discussão que podia facilmente ter descambado para a violência generalizada. Nem tampouco sua posição política contra ou a favor do impeachment, que ainda será decidida por seus pares. O que ocorre hoje no país é a germinação da semente da discórdia plantada com todo o afinco pelo dono do Partido dos Trabalhadores. São pessoas que colocam o Brasil e a soberania nacional em último lugar no patamar de interesse. Bem ilustrou o deputado Sibá Machado. Se não dá para brincar com o país, se não acreditam que %u201Co dinheiro se autorroubou%u201D, fechem o caixão e enterrem.
A repetição das agressões gratuitas vem se intensificando a tal ponto que passaram a ser comuns em aeroportos, shoppings, restaurantes e outros lugares públicos. Mesmo figuras populares, que antes eram consideradas como unanimidade e exemplos pelos brasileiros, passaram a ser ofendidas e agredidas por sua posição política.
De um modo claro, o que se vê por todo o país é a sectarização crescente entre grupos que ainda acreditam que a imposição de ideias se sobrepõem ao debate de ideias. O exemplo acabado dessa forma primitiva de enfrentar a democracia foi dado na exigência, feita pelas autoridades de segurança, de construção de um muro metálico separando os dois grupos antagônicos na Esplanada dos Ministérios. %u201CNinguém aperta a mão do adversário de ideias por cima do muro%u201D, lamentou o senador Cristovam, que, dado ao acirramento dos ânimos, preferiu não criticar a medida adotada pelo GDF.
Não é só o político brasiliense que teme o aumento da radicalização. De modo geral, todos os políticos têm procurado evitar lugares públicos. Enquanto os representantes do povo são acuados, as lideranças dos ditos movimentos sociais ocupam todas as tribunas e palanques oficiais e, sob o olhar de aprovação das mais altas autoridades do país, clamam por todo tipo de vendeta e arruaças, ameaçando, inclusive, a formação de exércitos de mercenários para pegar em armas.
A crise institucional à qual país foi arrastado foi gestada durante longas 160 semanas dentro do Palácio do Planalto. Portanto, o desfecho desse triste episódio de nossa história passa necessariamente pela superação do atual governo, de suas ideias toscas e sua gente oportunista e belicosa. Um discurso de campanha que hoje é compreendido por milhares de doutrinados como uma cilada.
A frase que foi pronunciada
“Há duas maneiras de fazer política. Ou se vive para a política, ou se vive da política. Nessa oposição não há nada de exclusivo. Muito ao contrário, em geral, se fazem uma e outra coisa ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática.”
Max Weber
Juntos
Criado em 2015, o Grupo Preserva Brazlândia, com o apoio da sociedade civil local, empenha-se com afinco no combate à onda de grilhagem de terras que tem dominado a região nos últimos anos. A maior preocupação é com os recursos hídricos naturais. Rosany Carneiro, presidente do Grupo, alerta que a luta e o problema são de toda a comunidade.
Por ordem do juiz Marcelo Montalvão, da Comarca de Lagarto, em Sergipe, todos os serviços de WhatsApp, desde ontem devem ser bloqueados no Brasil. A decisão obriga as operadoras a obedecer a interrupção sob pena de multa diária de R$ 500 mil. Por querer informações sobre traficantes, o juiz prejudicou milhares de usuários do aplicativo.
Destrutiva
Ouvido na Comissão do Impeachment do Senado, o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União, Júlio Marcelo de Oliveira, não poupou palavras para classificar as chamadas pedaladas fiscais feitas pela presidente Dilma. Para o procurador, o que Dilma fez pode ser classificado como “contabilidade destrutiva e fraude fiscal”.
Denúncia grave
Segundo Marcelo de Oliveira, “para manter o gasto público elevado, o governo fraudou o decreto de contingenciamento e os recursos que deveriam ir para os bancos públicos, para pagar outras despezas, maquiando os gastos fiscais apenas com o intuito de vencer as eleições”.
História de Brasília
Tranquilidade absoluta para administrar Brasília, tem tido o sr. Diogo Lordelo de Melo. As audiências são marcadas com antecedência, não se avolumam pessoas nos corredores, e os atos normais da administração estão absolutamente em dia. (Publicado em 5/9/1961)
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Aos poucos, a realidade impõe as mudanças que as necessidades imediatas e os novos tempos ditam. No caso do tombamento da capital, feita pela Unesco em 1987, a realidade, imposta tanto pelo inchaço populacional, quanto pelo agravamento da violência, tem empurrado a cidade para beco sem saída decorrente de um desordenamento urbano sistemático e, em alguns casos, irreversível.
A questão é simples: diferentemente de outras localidades, formadas apenas a partir do prolongamento e expansão de antigos povoados, as cidades planejadas, como é o caso de Brasília, requerem que novos arranjos, em seu desenho obedeçam, não a lógica do mercado imobiliário e outras variantes, mas a cartesiana do projeto.
Essa obrigação em se ater ao projeto pensado, deveria ganhar bem mais atenção, quando a cidade passa a integrar o seleto grupo de patrimônios culturais da humanidade. Tombar não é engessar, tampouco desfigurar.
Com 112,25km², Brasília possui a maior área tombada do mundo, sendo o único bem contemporâneo no planeta a merecer essa distinção. Desprezar esse fato pode trazer prejuízos irreparáveis não só para a unidade do conjunto arquitetônico, mas, sobretudo, retirar a capital do eixo de interesse de visitantes e turistas.
Desfigurar uma cidade planejada, como vem acontecendo com maior rapidez nesses últimos anos, não é trabalho de um dia e de uma pessoa. Esse é processo lento e que vem sendo feito no dia a dia por uma multidão de brasilienses, sejam moradores, sejam comerciantes, sejam simples transeuntes. Esse trabalho paciente em desmanchar conta, obviamente, com a displicência dos órgãos de fiscalização do governo local e de outros órgãos, como é o caso da polícia e bombeiro.
A situação vem se repetindo com maior velocidade nas áreas comerciais da cidade por conta do aumento desenfreado da violência. A mais nova agressão, feita em nome da segurança, vem da quadra modelo 307 Sul, onde comerciantes, pressionados com os roubos e assaltos feitos à luz do dia, resolveram instalar um enorme painel de grades metálicas nos fundos das lojas.
A medida coloca os comerciantes na posição ambígua entre vítimas dos bandidos e artífices de uma ilegalidade que pode render punições. Esse é apenas um exemplo mais atual do descaso com a lei do tombamento, mas que vem se repetindo há anos, principalmente nas áreas comerciais, desfiguradas pelo improviso dos puxadinhos criativos.
Chega a ser surrealista que um pequeno número de marginais que perambula livremente pela cidade consiga impor a toda uma população, a lei das grades. Ou a segurança age para tirar das ruas essas hordas de marginais, ou a população vai ter que se resguardar, cada vez mais, dentro de grades metálicas, como prisioneira de fato. Pior, vão transformar a capital numa cidadela fortificada contra os novos bárbaros.
A frase que foi pronunciada
“O tempo é infiel para os abusos.”
Metastasio
Transição
As secretarias do GDF vão deixar o Mané Garrincha para a realização de algumas competições dos Jogos Olímpicos que acontecerão na cidade. Certamente a secretária Leany Barreiro de Sousa Lemos, do Planejamento dará uma solução a contento.
Inútil
Foi inaugurado o Viaduto Novo, em Águas Claras, na rua Alecrim. E mais: os motoristas ficam dando voltas e voltas na rua Pitangueiras porque o sentido das pistas não leva a lugar algum. GDF diz que deve alterar o sentido das pistas na semana que vem.
Coveiro
“Que fechem o Brasil todo”. Conselho do deputado federal Sibá Machado pelo Acre que age como coveiro, e não como parlamentar.
Homenagem
Professor Moisés Ribeiro, recebeu o carinho dos amigos pela passagem do aniversário. Com uma voz sem igual na cidade, Moisés e o contrabaixo eram uma coisa só na Escola de Música. Nossos cumprimentos.
História de Brasília
Já que estamos no Hospital Distrital, durante uma aula de esterilização, as enfermeiras constataram que a água, em Brasília, ferve a uma temperatura de 98 graus Celsius. (Publicado em 5/9/1961)
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Com a saída de cena da “Pátria Educadora” do PT, entra a “Travessia Social” de Michel Temer e do PMDB. Na prática, a diferença de qualidade entre as duas propostas ainda é incerta. Primeiro, o programa da presidente Dilma, lançado com pompa e circunstância logo a seguir as eleições de 2014, não foi além da marquetagem do dístico, sendo abandonada tão logo os cortes nos gastos públicos se impuseram por força da realidade avassaladora.
Do vazio da “Pátria Educadora”, tomando o atalho constitucional do impeachment pela “Ponte para o futuro” do PMDB, chega-se ao vale da “Travessia Social”, documento que condensa as propostas de um provável governo Temer para a área social, com destaque para o setor da educação.
O projeto, composto por seis capítulos, confeccionado pela Fundação Ulysses Guimarães, acena não só para a manutenção e aperfeiçoamento de programas sociais, como dá destaque também à completa reforma no sistema educacional brasileiro. Chama a atenção nessa proposta a possibilidade de pagamento de bônus a professores que buscarem meios de qualificar técnica e profissionalmente seus currículos. Esse tipo de prêmio está previsto ainda para os educadores que obtiverem melhoria no desempenho de seus alunos.
Trata-se de medida que já foi testada, com sucesso, nos governos tucanos em Minas Gerais e, hoje, é feito tanto em São Paulo quanto no Piauí. Dar mais a quem mais se empenha, dentro do conceito moderno da meritocracia na gestão pública, tem funcionado em algumas áreas do governo. A questão é saber se o sistema terá eficácia no setor educacional.
Para os sindicatos, ainda conectados ao aparato petista, a proposta trará apenas adicional extra e eventual aos salários dos professores e não resolverá o problema central de melhoria permanente nos rendimentos da categoria. Além do bônus, a proposta de Temer prevê a completa reforma nos ensinos médios e básico, com profunda reformulação curricular dessas fases. A ideia é permitir que os alunos, no caso do ensino médio, possam optar pelo ensino profissionalizante.
Importante na “Travessia Social” de Temer é que esse conjunto de intenções aponta para a necessidade de o governo federal marcar maior presença no ensino básico, hoje entregue à gestão dos municípios. Melhorar a qualidade do ensino nas séries iniciais, possibilitando maior protagonismo do estado propiciará, segundo a proposta, dentro da enorme diversidade do país, que os pequenos brasileiros tenham exatamente as mesmas oportunidades de educação e conhecimento.
Em documento escrito ainda em 2011 pelo então presidente da Fundação Ulysses Guimarães, Eliseu Padilha, hoje um dos fortes aliados do Michel Temer, já considerava a importância da educação no desenvolvimento do país: “Analisando nossas exportações, constatamos que estamos celeremente reduzindo a participação dos produtos industrializados na economia e aumentando a das chamadas commodities — minérios, produtos agrícolas, carne e outros. Apesar de estarmos intensificando a exploração de nossas riquezas naturais, falta-nos qualificação profissional para produzir riquezas em diferentes áreas. Se a tendência atual se mantiver, logo teremos de, por exemplo, exportar vários bois para importar um telefone celular”.
A frase que foi pronunciada
“No Brasil de hoje, os cidadãos têm medo do futuro. Os políticos têm medo do passado.”
Chico Anysio, sempre atual
Sem urbanidade
Do faroeste para o Setor Noroeste em Brasília. É uma terra de ninguém. Com dezenas de obras no local, uma delas dispara uma sirene em tom ensurdecedor por vários minutos fazendo com que crianças, idosos e trabalhadores cansados suportem o incômodo por não terem o que fazer.
Enfim
Recebemos a missão de transmitir uma menção elogiosa pela ostensiva segurança que se vem fazendo aos alunos e visitantes da Biblioteca Central de Brasilia na UnB.
Luz
Entre as quadras 700 e 900 Norte, em Brasília, a ciclovia do local está quase impecável. Benfeita, com o circuito bem sinalizado, faltou apenas iluminação para os atletas notívagos.
Curiosidade
Os cães que trabalham com policiais federais custam pouco menos de R$ 800 por mês. Do pastor alemão a preferência dos profissionais passou para os labradores. Com poucos meses de vida é o cão que escolhe o policial. Depois de 7 anos de serviços prestados, se o policial não o adotar, o animal pode ser sacrificado.
História de Brasília
A Hora do Brasil de anteontem foi um boletim revolucionário. Saiu por completo de sua orientação normal de informativo. Foi quase toda opinativa. (Publicado em 5/9/1961)
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Deixando o passado de lado, o certo é que o cavalo da fortuna está passando selado e arreado em frente à morada de Michel Temer. O poder lhe veio às mãos por inércia, caminhando com os próprios pés. Outrora, era golpe contrarrevolução. Hoje, defende-se, de um lado, o golpe, e, de outro, a evolução. De qualquer forma, quem vier herdará, sem dúvida, um país que é hoje um enorme abacaxi. O tamanho do desafio pela frente possibilitará a aparição e a emergência de um verdadeiro estadista.
Churchill entrou para o hall dos grandes políticos do século passado pela porta do sangue, suor e lágrimas e foi aprovado. Aqui no Brasil, Itamar Franco repetiu o feito, em outro cenário. A essa altura dos acontecimentos, em meio às sondagens para a formação de uma equipe crível, Temer tem no horizonte pelo menos alguns pontos viáveis que espera ver devidamente implementados no curto espaço de tempo que tem pela frente.
Além de medidas necessárias para tirar o país da crise econômica, é preciso — e oportuno — deixar as marcas de um bom gestor, afinado com as necessidades atuais da população. Itamar retirou o país da hiperinflação, deixando como legado a arquitetura do Plano Real. Fechar as portas ao fisiologismo, num cenário onde dezenas de partidos disputam nacos de poder, será, talvez, a primeira e a grande tarefa de monta a encarar sem titubeios.
As ameaças feitas pelos petistas de transformar o país num inferno, caso Temer comece a governar de fato, escondem o medo de que a população descubra que, finalmente, depois de mais de uma década, é governada por princípios que fogem à base ética pública.
Vencida ou bem encaminhada a etapa da recomposição da economia, restarão medidas de médio e longo prazos e que também são vitais para o futuro do país. Para começar pelo início, é preciso um aceno forte em direção à reforma política, considerada a mãe de todas as reformas. Em seguida, seguem-se outras reformas necessárias e sempre adiadas, como a da Previdência, urgentíssima. Na reforma tributária e fiscal, uma simples mudança, com a introdução do imposto único, já significaria uma grande revolução nas finanças, modernizando sistema e impedindo as sangrias com a corrupção.
Contudo, o problema maior que o novo presidente terá pela frente será domar o apetite pantagruélico de próprio partido. O desafio será governar em condições de mar bravio a bordo do velho transatlântico peemedebista. Diz o filósofo de Mondubim que quem domina o próprio estômago já dominou, de fato, meio mundo. A gula, como origem das paixões, deve ser contida. Ou isso, ou a derrocada líquida e certa.
A frase que não foi pronunciada
“Só quem usa cheques em transação bancária é professor de direito empresarial, para defender a matéria.”
Provocações acadêmicas
Apodítico
Em uma discussão séria, na qual o serviço público federal gostaria de conter o consumo de papel emerge a clássica pergunta: “Quantas árvores foram derrubadas para a confecção desse material impresso?” O interlocutor retrucou: “E quantas árvores você plantou hoje? Terra e semente são gratuitas.”
Um segundo
Um dos tipos do crime de responsabilidade é atentar contra a liberdade de outro poder. Recadinho comentado no elevador do Planalto.
Por trás
Destino da presidente Dilma discutido no restaurante dos senadores. O grupo não se deu conta dos decibéis com que discutiam. Todos os que não estavam participando da conversa ouviram a sugestão de um amigo da presidente: Por que ela não renúncia logo?
À frente
A observação veio logo. Quanto mais tempo esse processo se arrastar, menos provável que o PT voltará ao governo. Se ela renunciasse logo, qualquer erro de Temer traria Lula nos braços do povo.
Papo livre
Outro comentário noutra mesa foi o seguinte. (Jornalista é fogo!) Olhando para a Venezuela, onde o serviço público funciona por apenas dois dias da semana, dá para ver que o dinheiro para a corrupção acabou. Se aqui no Brasil há gente querendo governar é porque ainda há verba.
História de Brasília
Isto prova que a equipe do Hospital Distrital, consolidada e no cumprimento do seu dever, está sendo um exemplo para o Plano Hospitalar de Brasília. (Publicado em 5/9/1961)
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A esta altura dos acontecimentos, a residência do vice-presidente Michel Temer virou lugar de peregrinação de políticos e empresários, desde que passaram a enxergar ali a tal luz no fim do túnel irradiando seu brilho encantador. O assédio mudou de endereço.
Hoje, mesmo ainda no cargo, a presidente Dilma experimenta a temida solidão do poder. Tornou-se pata manca ainda na metade do seu segundo mandato. O que restou a presidente e ao seu cada vez menor núcleo de aliados, foi o marasmo de longos e tediosos dias pela frente. Com o vagar das horas modorrentas, sobra tempo para, ao menos, conspirar.
Reunida, na segunda-feira, no Palácio do Planalto com Lula, Stédile (MST), Boulos (MTST) e Vagner Freitas (CUT), seus amigos de ocasião e de presumíveis infortúnios no futuro, o quarteto fantástico arquiteta meios de precipitar o dilúvio sobre a cabeça dos infiéis, minando o terreno por onde passará a caravana do governo Temer.
Reconhecida a derrota iminente no Senado, resta a tática da sabotagem, tramada dentro do edifício oficial. O que difere reais combatentes de simples arrivistas é o fato que, diante da morte inevitável, caem de pé. Os antigos costumavam dizer que não basta viver com dignidade, é preciso também saber morrer com dignidade.
Enquanto a senhora Rousseff vaga pelo palácio fantasma, seu vice se prepara para o que deve ser o maior desafio de toda a sua vida. Qualquer um que vier a herdar a administração do país pós-Dilma terá pela frente desafio maior do que os doze trabalhos de Hércules.
Pelo prólogo anunciado, Temer começou bem ao prometer auditoria profunda nas contas dos bancos públicos. Essa auditoria, tipo pente-fino, deverá se estender aos demais órgãos do governo, principalmente nas estatais e nas grandes obras públicas, tocadas por empreiteiras enroladas com a Justiça.
Fazer auditoria significa desarmar bombas de efeito retardado, deixadas para trás. Ou Temer cuida de desarmar essas minas terrestres, ou seu governo vai pelos ares também.
A frase que foi pronunciada:
“Sabe o que eu quero de verdade? Jamais perder a sensibilidade, mesmo que às vezes ela arranhe um pouco a alma. Porque sem ela não poderia sentir a mim mesma…”
Clarice Lispector
Marlem Haddad
Emocionante a Missa de Sétimo Dia de dona Marlem Haddad Rocha. Denise, a filha, recebeu todo o apoio das amigas de infância que estudaram juntas no Sacre Coeur, nos primeiros anos de Brasília. Dona Marlem faleceu ao ser atropelada no Iate.
Calliandra
Até 14 de maio, a exposição de Tão Cascão estará aberta ao público na casa Thomas Jefferson. A mostra é uma homenagem a Brasília e traz o nome da flor de fios de pétalas vermelhas porque, segundo o artista, “essa é uma flor típica do cerrado e representa as pessoas românticas, afetuosas, idealistas, justas, honestas e verdadeiras e que têm fortes princípios com os compromissos de servir, e possuem grande senso artístico.”
Jogo contra violência
As regiões têm nome de mulheres. A meta do jogo é que todos participem em uma ação integrada para conter a violência contra a mulher. Perguntas e respostas são as armas. Maria Raquel da Faculdade de Saúde da UnB é a coordenadora do Recriar-se e do Núcleo de Estados da Educação e Promoção de Saúde e Projetos Inclusivos.
Tocha em Brasília
No próximo dia 3, a Tocha Olímpica passará pelo DF. A interrupção do trânsito será por poucos minutos. Eixo Monumental, Taguatinga, SAI, Riacho Fundo, Setor Comercial Sul e Asa Sul. Não há razão para ser ponto facultativo além disso, o governador Rollemberg espera que o megaevento sirva como superação das divergências causadas pela crise política.
Efetivados na Defensoria
Quem tinha a atribuição de nomear, criar ou manter cargos na Defensoria Pública era o Governo do Distrito Federal, e não a Câmara Legislativa. Agora, com a derrubada do veto do governador ao Projeto de Lei nº 765, as coisas mudaram. As galerias com dezenas de funcionários da Defensoria gritando palavras de ordem pressionaram na decisão. Mais de 600 funcionários de outros órgãos que estavam cedidos à Defensoria, serão efetivados.
História de Brasília
O pessoal dessa equipe, nos dias de folga, estava sempre em comunicação com o Hospital, aguardando, em casa, o chamado, se necessário. (Publicado em 5/9/1961)
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Nestes tempos conturbados em que os ânimos políticos foram artificialmente acirrados ao máximo, cautela e prudência são bem-vindas e necessárias. O mantra “nós contra eles”, pregado incessantemente pela cúpula petista, reproduzido e multiplicado agora pela massa de manobra do partido, coloca o país à beira de conflito insano. Uma vez açulados, os cães da discórdia ideológica não mais obedecem ao comando do dono.
Em momentos assim, as escolas, pelo menos aquelas em que a educação humanista está à frente de outros assuntos acadêmicos, têm o dever de clarear as ideias, por meio de uma chamada à razão. Na prática, no entanto, não é o que vem sendo feito.
Em parte significativa das escolas públicas, tem sido comum que professores deixem de lado o conteúdo programático, elaborado pelo pessoal especializado em educação e que deve, necessariamente, ser desenvolvido ao longo do ano, para fazer o que o sindicato da classe manda, ou seja, catequizar os alunos de acordo com os dogmas da cartilha petista.
Aulas seguidas têm sido preenchidas com o falso debate político, em que o proselitismo do tipo político-pedagógico é empregado não como ferramenta de discernimento das ideias, mas com claro objetivo de doutrinação partidária.
Não custa lembrar que as escolas são, por sua natureza, o ambiente adequado para a discussão e debates de ideias de tudo o que se refere à natureza humana. A abdução político-partidária de alunos, levada a cabo por parcela de professores pouco esclarecidos sobre suas funções, além de crime, não é aceitável por seus efeitos deletérios, já que apartam os alunos entre os que aderem e os que não.
Ao reproduzir em sala de aula o mesmo maniqueísmo pregado pelo partido no poder, o que esses pretensos educadores fazem, na realidade, é semear o caos nas escolas, dando falso significado do que é política. Em vez de doutrinar, cabe aos professores ensinar o que é política, sua origem e importância.
É preciso ensinar, com isenção, o que é comunismo, socialismo, anarquismo, Estado, formas e sistemas de governo. É preciso que os alunos tenham pelo menos pequena noção de história das ideias. É preciso falar em nazismo, fascismo. É preciso citar as conquistas e frustrações do homem com a política.
Escolas não são apêndices de aparelhos partidários. Nas escolas, deve prevalecer a discussão em que pelo menos haja um aceno para o consenso. Ao capturar professores, principalmente aqueles com precária e deficiente formação acadêmica, o que o partido no poder espera é apenas multiplicar e reproduzir nos alunos, soldadinhos sem cérebro prontos a obedecer a ordens da cúpula.
Sala de aula não deveria ser palanque de campanha. Professor não é candidato, é educador. Aluno não é militante, é aprendiz. Educação é universal nos seus valores, não tem cor, ideologia ou outras divisões artificiais criadas por espertalhões do momento. A escola é de todos.
A frase que foi pronunciada:
“Disseram que os advogados são prostitutos das letras. Servem sem distinção.”
Tradutor meio em dúvida sobre o que ouviu
Dia das Mães
A Action Aid está fazendo campanha para adotantes de mães pelo mundo todo que querem voltar aos estudos. Você autoriza o desconto em conta da quantia que quiser. O contato com a estudante é feito individualmente. O doador tem o endereço para trocar correspondência e acompanhar a evolução nos estudos. É só procurar o site.
Praxis
É sempre bom ver políticos diligentes como o deputado prof. Reginaldo Veras e o deputado Wasny de Roure que visitaram unidades de saúde, no Areal, como parte do trabalho da
Comissão de Educação, Saúde e Cultura da Câmara Legislativa. Ver os problemas de perto é passo mais curto para as soluções.
Brasília posa
Todo o amor pela capital federal. Ensaio fotográfico que estará exposto no Shopping Pier 21 até 8 de maio, das 12h às 22h. A exposição foi idealizada pelo diretor e jornalista Daniel Zukko, #minhabrasilia.
História de Brasília
Temendo possíveis choques pessoais, o Hospital Distrital organizou uma equipe de emergência, integrada por médicos, enfermeiros, motoristas, ambulâncias e todo o pessoal necessário. Se houvesse necessidade, diversas enfermarias de emergência teriam sido feitas em poucos minutos. (Publicado em 5/9/1961)
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Já não é segredo para ninguém que a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população oscila, há anos, entre o insuficiente e o caótico. As raízes desse desajuste, entre o que é arrecadado em forma de altos impostos e o retorno em prestação de serviços adequados, também são do conhecimento das autoridades e da sociedade. Parte significativa dos recursos tomados dos brasileiros se dilui tanto na malversação de aplicação das verbas recebidas, quanto nos descaminhos, perdidos nos meandros da corrupção generalizada.
Uma visita aos hospitais, às cadeias e às escolas públicas, em qualquer lugar do país, revela claramente que nossa indigência administrativa é de âmbito nacional. Enquanto o enquadramento saneador das autoridades responsáveis por esse descalabro não acontece, especialistas recomendam que os governos atuem fortemente na ponta desses serviços, através de um incisivo trabalho de fiscalização.
Mesmo com os parcos recursos que chegam efetivamente a escolas e hospitais, é possível elevar o nível na qualidade de atendimento. Mas, para que esse nível seja melhorado, é preciso que sejam aperfeiçoados também os níveis de fiscalização. Tão importante quanto as leis para coibir desvios são os mecanismos de controle da real aplicação dos recursos. Portanto, os órgãos de fiscalização devem ser ativados diuturnamente.
Tão importante quanto professores, médicos e enfermeiros é a onipresença constante de fiscais em escolas e hospitais, relatando, a tempo, absolutamente tudo o que acontece nesses locais. Essa é a melhor contrapartida ao contribuinte pelo dinheiro suado e levado pelo Fisco.
A falta de médico, enfermeiro, professor, material hospitalar, remédios, material escolar, limpeza, tudo deve ser comunicado a tempo e a hora com transparência. Serviços públicos devem explicação ao público. A maneira mais racional de fazer com que escolas e hospitais funcionem minimamente dentro do que espera a sociedade é colocar uma lupa sobre eles.
A prisão de administrador ou político flagrado em caso de corrupção passiva resolve um caso específico de crime e tira um criminoso do caminho. A fiscalização dos serviços públicos resolve várias ilegalidades por antecipação e de uma vez só.
A frase que não foi pronunciada
“Eu criei o Fome Zero, eu melhorei a vida dos brasileiros, eu fiz toda essa moradia para o povo.”
Autoridade que não pratica a impessoalidade como objetivação da imputação
Galeria
Enquanto a Câmara Legislativa vota o relatório da CPI dos Transportes, as vans continuam tomando o espaço deixado pela insuficiência dos ônibus. A precariedade de horários e percursos continua.
Leão corrupto
Por falar em CPI, é bastante provável que empresas devedoras da Receita Federal tenham sido vergonhosamente favorecidas. A CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda, vai destrinchar as ilegalidades apontadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Esse esquema teria dado um prejuízo de quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos.
Tampa
Volta a novela da paralisia do parlamento. Na Câmara, medidas provisórias empacam a atividade legislativa. Seguro, exportação, despesas da União, benefício garantia-safra. Os projetos sobre precatórios e agentes auxiliares do comércio também são entraves.
Sobre o PSDB
Sem lavar as mãos, o senador Aloysio Nunes Ferreira deixa transparecer que com Michel Temer aceitando os programas sugeridos pelo partido, não haveria razão para fugir das responsabilidades com o país.
História de Brasília
Esta crise deixou em evidência uma expressão que vem se juntar às demais que formam o cordão da antipatia: “Dispositivo de Segurança”. Em nome dessa expressão, muita coisa foi feita, está sendo feita, e Deus queira que não seja feita mais. (Publicado em 5/9/1961)
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Já não é segredo para ninguém que a qualidade dos serviços públicos oferecidos à população oscila, há anos, entre o insuficiente e o caótico. As raízes desse desajuste, entre o que é arrecadado em forma de altos impostos e o retorno em prestação de serviços adequados, também são do conhecimento das autoridades e da sociedade. Parte significativa dos recursos tomados dos brasileiros se dilui tanto na malversação de aplicação das verbas recebidas, quanto nos descaminhos, perdidos nos meandros da corrupção generalizada.
Uma visita aos hospitais, às cadeias e às escolas públicas, em qualquer lugar do país, revela claramente que nossa indigência administrativa é de âmbito nacional. Enquanto o enquadramento saneador das autoridades responsáveis por esse descalabro não acontece, especialistas recomendam que os governos atuem fortemente na ponta desses serviços, através de um incisivo trabalho de fiscalização.
Mesmo com os parcos recursos que chegam efetivamente a escolas e hospitais, é possível elevar o nível na qualidade de atendimento. Mas, para que esse nível seja melhorado, é preciso que sejam aperfeiçoados também os níveis de fiscalização. Tão importante quanto as leis para coibir desvios são os mecanismos de controle da real aplicação dos recursos. Portanto, os órgãos de fiscalização devem ser ativados diuturnamente.
Tão importante quanto professores, médicos e enfermeiros é a onipresença constante de fiscais em escolas e hospitais, relatando, a tempo, absolutamente tudo o que acontece nesses locais. Essa é a melhor contrapartida ao contribuinte pelo dinheiro suado e levado pelo Fisco.
A falta de médico, enfermeiro, professor, material hospitalar, remédios, material escolar, limpeza, tudo deve ser comunicado a tempo e a hora com transparência. Serviços públicos devem explicação ao público. A maneira mais racional de fazer com que escolas e hospitais funcionem minimamente dentro do que espera a sociedade é colocar uma lupa sobre eles.
A prisão de administrador ou político flagrado em caso de corrupção passiva resolve um caso específico de crime e tira um criminoso do caminho. A fiscalização dos serviços públicos resolve várias ilegalidades por antecipação e de uma vez só.
A frase que não foi pronunciada
“Eu criei o Fome Zero, eu melhorei a vida dos brasileiros, eu fiz toda essa moradia para o povo.”
Autoridade que não pratica a impessoalidade como objetivação da imputação
Galeria
Enquanto a Câmara Legislativa vota o relatório da CPI dos Transportes, as vans continuam tomando o espaço deixado pela insuficiência dos ônibus. A precariedade de horários e percursos continua.
Leão corrupto
Por falar em CPI, é bastante provável que empresas devedoras da Receita Federal tenham sido vergonhosamente favorecidas. A CPI do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão do Ministério da Fazenda, vai destrinchar as ilegalidades apontadas pela Operação Zelotes, da Polícia Federal. Esse esquema teria dado um prejuízo de quase R$ 20 bilhões aos cofres públicos.
Tampa
Volta a novela da paralisia do parlamento. Na Câmara, medidas provisórias empacam a atividade legislativa. Seguro, exportação, despesas da União, benefício garantia-safra. Os projetos sobre precatórios e agentes auxiliares do comércio também são entraves.
Sobre o PSDB
Sem lavar as mãos, o senador Aloysio Nunes Ferreira deixa transparecer que com Michel Temer aceitando os programas sugeridos pelo partido, não haveria razão para fugir das responsabilidades com o país.
História de Brasília
Esta crise deixou em evidência uma expressão que vem se juntar às demais que formam o cordão da antipatia: “Dispositivo de Segurança”. Em nome dessa expressão, muita coisa foi feita, está sendo feita, e Deus queira que não seja feita mais. (Publicado em 5/9/1961)
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Enquanto o planeta parece entrar em ciclo perigoso de elevação progressiva das temperaturas médias, dentro do que os cientistas denominam de aquecimento global, no Brasil a temperatura da crise política, gestada única e exclusivamente pela incúria da atual chefe do Poder Executivo, parece ter atingido o ponto máximo de ebulição, provocando a passagem antecipada do comando do país.
Para um governo que, na prática, ainda não deu início efetivo ao segundo mandato, chega a ser surpreendente o esforço que vem sendo feito pela presidente para desvirtuar em público o processo de impeachment que os poderes da República legitimamente movem contra ela.
No discurso a ser proferido na ONU, em que 162 países ratificaram o Acordo de Paris de 2015, relativos às mudanças climáticas, o que muitos temiam é que a presidente usasse a tribuna das Nações Unidas para contar a sua versão pessoal sobre os fatos que vem ocorrendo no seu governo.
Alertada para a inconveniência dessa fala num ambiente onde o assunto era totalmente outro, o discurso da presidente se ateve às medidas e aos compromissos assumidos pelo governo brasileiro para mitigar os efeitos do aquecimento do planeta. Contudo, no finalzinho da fala, a presidente alertou: “A despeito disso, quero dizer que o Brasil é um grande país, com uma sociedade que soube vencer o autoritarismo e construir uma pujante democracia. Nosso povo é um povo trabalhador, e com grande apreço pela liberdade. Saberá, não tenho dúvidas, impedir quaisquer retrocessos”.
Tal afirmação deve ter dado um nó na cabeça dos tradutores e principalmente de quem ouviu e ficou sem entender onde esse trecho final se encaixava no assunto clima. O que todos já anteviam é que a presidente Dilma não abriria mão de pelo menos citar os acontecimentos internos, numa tribuna mundial, observada ao vivo por centenas de milhões de pessoas em todo o planeta.
Em linguagem jornalística, o que a presidente Dilma estrategicamente fez foi lançar um lead, ou uma primeira parte de um assunto que pretende comentar mais longamente com os órgãos de imprensa internacionais. Dessa forma, a viagem para Nova York, com uma comitiva gigante de 52 pessoas, segue o roteiro antecipadamente traçado pela eminência parda para assuntos externos, Marco Aurélio Garcia.
O que parece estranho é que a presidente prefira ainda denegrir para o mundo as instituições e os poderes da República de seu país, insistindo numa versão que sabe ser falsa e sem base nos fatos. Impressiona também a alargada capacidade que o Itamaraty tem de se submeter a humilhações dessa natureza.
A frase que não foi pronunciada
“Brasília, fosforescente cristalina.”
Juscelino Kubitschek
Volta, alegria
Aquela alegria de Rodrigo Rollemberg foi radicalmente transformada em semblante cansado. Os problemas que o governador vem enfrentando são preocupantes. A foto que tirou com a meninada de escolas públicas mostra a seriedade do governador. Se fosse ainda senador, talvez estivesse com o sorriso mais aberto ou recitado poesias, fazendo largos gestos.
Absurdo
É de dar inveja para a Coreia do Norte. A missão da Anatel foi totalmente deturpada. Uma agência reguladora que deveria frear a gana das empresas tem feito exatamente o contrário. Prejudica o consumidor que paga a internet mais cara do mundo e protege as empresas que não dão trégua. Privatizar assim dá lucro.
Fatalidade
Ao atravessar a rua distraída com o celular, uma senhora foi atropelada e morreu no Iate Clube de Brasília. Ela estava a caminho da academia.
Apareçam
No dia 27, na sala de reunião das comissões, às 10h, será apresentado o Projeto do Museu da Educação do Distrito Federal (Mude) na Câmara Legislativa.
História de Brasília
Um deputado explica o parlamentarismo: “O presidente tem quase os mesmos poderes, e na hora da pancada tira o corpo e joga em cima do Parlamento”. Foi com essa disposição de espírito que foi votada a emenda. (Publicado em 5/9/1961)
Desde 1960
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Ah! se entre o céu e a terra existem entes dotados de poder, eia! aos meus rogos, do doirado nevoeiro onde se ocultam descendam presto!”
Fausto, de Goethe
Em viagem a João Pessoa, na Paraíba, em 2013, a poucos meses da eleição, a presidente Dilma declarou, alto e bom som, para uma plateia atenta de 22 prefeitos da região: “Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas, quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”. A frase suscitou apreensão entre os presentes. Alguns ficaram de orelha em pé. Que sinais essas palavras escondiam ou buscavam transmitir? A fala, feita ainda quando a presidente detinha algum prestígio e credibilidade, deu a senha para o que viria a seguir.
Nos bastidores, corriam soltos acordos e estratégias tanto para carrear para os cofres do Partido dos Trabalhadores 1% ou mais de todas as grandes obras do governo, quanto para travestir as contas públicas com a roupagem falsa da probidade financeira. O correr dos acontecimentos, pouco mais de dois anos depois, levantou a cortina espessa, mostrando o que se passava longe dos olhos curiosos da imprensa e da opinião pública. Nesse enredo, o que se sabe, hoje, é que — além da presidente, de seu círculo íntimo e da figura mefistofélica invocada por ela na Paraíba — ninguém mais tinha a mínima noção da real situação das finanças públicas.
Amparada na sua astúcia pelo marqueteiro João Santana, conhecido no meio como o bruxo das artes ocultas da propaganda, Dilma espalhou aos quatro ventos que uma possível vitória da oposição levaria não só ao fim o imenso mar de bolsas sociais generosamente concedidos pelo governo, como marcaria também, de forma sinistra, a entrega das riquezas do país à sanha imperialista dos capitalistas do Norte, já de olho no potencial do pré-sal. A propaganda petista parece ter deflagrado para a população brasileira os mesmos efeitos das falsas simulações de invasão da Terra pelos extraterrestres, feitas por Orson Welles em seu programa de rádio em 1938. O pânico geral inflou sua candidatura de forma irreversível e selou sua vitória.
Ajudada pelos entes dotados de poder, a mentira garantiu, ao governo, apenas alguns meses de glória. Passado o poder encantatório, veio o resgate da dívida. Depois de ferir de morte a Lei de Responsabilidade Fiscal, nos artigos 4,5,9, 36 e 38; a Lei Orçamentária, nos artigos de 9 a 11; e a Constituição, nos artigos 85 e 167, chegou a hora de a presidente cumprir o pacto oculto e entregar a alma. Parte dela já foi levada pela Câmara. A outra seguirá com o Senado. Por longos seis meses, uma Dilma desalmada ainda vagará pelos jardins do Palácio da Alvorada.
A frase que não foi pronunciada
“Estamos no fim de uma era, prontos para a chegada do será.”
Alguém pensou
Tremedeira
Lentes da Polícia Federal voltadas para o Eletrolão. O acerto é para desmembrar o inquérito que apura desvios e irregularidades na licitação da usina nuclear de Angra 3.
Golpe ou evolução?
Amigos que viajam pela Europa ficaram impressionados com as publicações em periódicos em Londres e Paris. Até os taxistas têm a opinião formada.
Parlamento digital
Parte da brilhante missiva do amigo Aylê-Salassié F. Quintão diz que “o Brasil vive um bom momento para desvendar os sentidos ocultos, desambiguar lugares, discursos e pretensões imaginárias do reino das trevas que permeia o Estado. É a oportunidade de buscar novos formatos, novas configurações e desalojar os que se escondem em Valhalla. O país vai precisar de alguns psicanalistas e linguistas, e não apenas de economistas e políticos. Esses estão se suicidando aos poucos”.
Release
Os jovens fãs de videogame podem curtir Video Game Show, no Taguatinga Shopping, até domingo. A meia-entrada custa R$ 35. Museu com mais de 150 consoles, fliperamas com 200 jogos da primeira geração, freeplays e outros itens do mundo geek. Leve seu neto.
História de Brasília
No mesmo dia, o ministro se declara contra a vinda do sr. João Goulart para o Brasil. Agora, o sr. João Goulart vai assumir mesmo o governo, e o sr. Parsifal Barroso não está nas melhores das situações.(Publicado em 5/9/1961)