VISTO, LIDO E OUVIDO, criada por Ari Cunha (In memoriam)
Desde 1960, com Circe Cunha e Mamfil
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Na maioria das principais cidades do mundo, sobretudo nos países desenvolvidos, a exposição de objetos de arte ao ar livre, como fontes, esculturas, casarios e outras criações históricas e culturais é cultuada e preservada pela população como uma verdadeira riqueza material, que testemunha o talento de sua gente e o empenho de muitos em construir e manter uma cidade civilizada e bela, para ser apresentada ao mundo.
Um exemplo desse empenho em proteger e exibir com orgulho obras de grandes artistas pode ser observada em Roma, na Itália. A cidade é uma verdadeira galeria de arte a céu aberto e essa característica faz daquele sítio um dos mais visitados de todo o mundo, gerando enormes lucros para cidade, advindos do turismo. Infelizmente não é o que acontece atualmente no Brasil. O incêndio no Museu Nacional do Rio de Janeiro, uma tragédia anunciada por muitos especialistas, deu ao mundo o exato valor que dispensamos à cultura, à história e, sobretudo, às artes. O Rio de Janeiro, que no passado chegou a ser comparado em beleza à Paris, possuía, em suas principais praças e avenidas, um conjunto belíssimo de fontes e esculturas de grande valor artístico e que foram, ao longo do tempo, sendo depredados por vândalos, sob o olhar displicente das autoridades.
Até mesmo os cemitérios que abrigavam grande quantidade de trabalhos artísticos foram vilipendiados e roubados um a um. Nesse sentido, falar em arte num país onde se furtam até tampas de bueiro parece uma perda de tempo ou coisa de alienado.
Vivemos em outro planeta Terra, onde a violência e a ignorância parecem dar o tom ao nosso modus vivendi. Em Brasília, concebida para ser a capital de um Brasil, as coisas não são diferentes. Muitos trabalhos artísticos espalhados pela cidade, tanto ao ar livre como em muitos lugares de pouco acesso do público, sofrem com o descaso. Nossa desatenção, com um patrimônio que é de todos nós, já é notória.
O roubo de uma grande escultura em aço de autoria do consagrado artista Yutaka Toyota, situada no centro do antigo e movimentado Balão do Aeroporto, permanece ainda um mistério, cuja a desimportância dada ao fato explica muito nosso subdesenvolvimento. O mesmo continua a ocorrer hoje com obras de grandes artistas que contribuíram na elevação da capital como patrimônio cultural da humanidade. Status, diga-se de passagem, que corremos o risco de perder, a continuar o descaso com essa nossa riqueza. Nesses últimos dias, tem chamado a atenção as péssimas condições de conservação notadas nas obras de azulejos e painéis de Athos Bulcão, cujo os cento e um anos de nascimento foram comemorados nesse sábado, na sede da fundação que leva seu nome.
A situação levou inclusive o Ministério Público a intervir, como foi no caso dos painéis de aço no aeroporto internacional de Brasília. Há alguns anos, um prédio de uma antiga distribuidora de veículos na Asa Norte demoliu os azulejos em seu posto de combustível. Outro Painel, na mesma loja, foi coberto com propaganda da empresa, o que chegou a gerar protestos nos clientes. A maioria das obras desse artista, expostas ao ar livre, encontra-se em situação que requer reparos por conta dos maus tratos e pela ação de vândalos. Para os especialistas, é necessária uma ampla ação de educação patrimonial nas escolas e em toda a parte, de modo a chamar a atenção para essa riqueza que é a alma da cidade.
A frase que foi pronunciada:
“Arquitetura é música congelada”.
Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX.
Ponte Norte
Com a expansão desenfreada das habitações e a quantidade de carros extrapolando a capacidade das pistas do Paranoá, Varjão e da Bragueto, o projeto da ponte do Lago Norte volta à tona. Ou deveria voltar. O problema é que terrenos já desapropriados para esse fim estão misteriosamente ocupados.
Em 30 dias
Saíram duas resoluções da ANP que determinam mais clareza nos preços de combustíveis líquidos e gás natural. Quem produz ou importa os derivados serão obrigados a publicar os preços de cada ponto de suprimento do mercado brasileiro. Já as distribuidoras continuam obrigadas a encaminhar seus preços apenas para uso interno da agência.
Censo
Tarefa que só alguns conseguem. Questionários extensos acabam mascarando as respostas, já que o entrevistado começa a se sentir incomodado. Com menos orçamento – mas não é essa a questão -, o IBGE terá pela frente um trabalho interessante: diminuir as perguntas sem perder a qualidade das informações. Isso acontecerá com o Censo Demográfico de 2020. Susana Guerra, presidente da instituição, explicou na Câmara dos Deputados que o mundo está com operações mais enxutas e que o trabalho terá a mesma qualidade.
HISTÓRIA DE BRASÍLIA
Uma das poucas Comissões de Inquérito da Câmara que devolveram saldo, foi a do café, presidida pelo sr. Dirceu Cardoso, que, findos os trabalhos, devolveu aos cofres da câmara a importância de 80 mil cruzeiros. (Publicado em 24/11/1961)