Pé de moleque perdeu o hífen. Cana-de-açúcar não. Por quê?

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A reforma ortográfica cassou o tracinho dos compostos por justaposição com um termo de ligação. São em geral três palavras que, soltas, nada têm a ver uma com as outras. Mas, juntas, formam um terceiro vocábulo. É o caso de pé de moleque. designa parte do corpo. Moleque, menino sapeca. A preposição de os junta. O trio dá nome ao doce que não pode faltar nas festas juninas.

Exemplos não faltam. Eis alguns: mão de obra, dia a dia, dor de cotovelo, folha de flandres, testa de ferro, leão de chácara, faz de conta, quarto e sala, mula sem cabeça, tomara que caia, cor de laranja.

Exceção? Poucas. Entre elas, cor-de-rosa e água-de-colônia.

Cuidado! A reforma não atingiu todas as palavras assim compostas. As que designam bicho ou planta conservam o tracinho. Mantêm-se como dantes no quartel de Abrantes: cana-de-açúcar, ipê-do-cerrado, pimenta-do-reino, castanha-do-pará, joão-de-barro, bem-te-vi, bem-me-quer, porco-da-índia, canário-da-terra. E por aí vai.