Pela volta de um mundo com compaixão

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Charge do Iotti

          Quem imagina que a polarização política, um mal a ligar o cérebro ao fígado, fica restrita apenas no âmbito dos partidos e entre aqueles que atuam profissionalmente nessa área está enganado e vem sendo convencido de que esse tipo de antagonismo permeia toda a sociedade indo, inclusive, parar no seio das famílias, gerando brigas e desentendimentos de toda a ordem.

          De fato, essa polarização, por seu grau de insanidade, tem feito muito mal ao Brasil e, por extensão, aos indivíduos e a todos os grupos, sejam eles consanguíneos ou não. O que parece, no antigo país do futebol, é que essa praga migrou dos estádios e das torcidas organizadas para dentro das casas, contaminando tudo, como uma radiação mortífera.

         Para quem ainda não percebeu, este é o legítimo subproduto de um modelo de política à brasileira, feito não de discussões sérias e propositivas, com todo o embasamento ético que esse tema exige. Trata-se aqui de uma rinha de galo, cercada de fanáticos que querem ver briga e muito sangue.

         O que não pode ser escondido do público é que essa rinha teve início exatamente no momento em que a mais alta Corte do país julgou, per si, a conveniência de soltar nesse ringue o Garnisé de Garanhuns. Deu no que deu. Para onde quer que o brasileiro olhe, lá estão em discussão acalorada um grupo e outro. Casais, com matrimônio marcado, deixaram tudo para trás e romperam as relações. Nas famílias, filhos deixaram de falar com pais, irmãos cortaram relações uns com os outros. Tios, avós, primos, foram cada um amuado para seu canto. No trabalho, colegas passaram a torcer o nariz uns para os outros. Amigos, antes fraternos, deixaram de se falar.

         Nas ruas o clima mudou para pior, com o medo tomando conta de tudo. Enfim, a maldição lançada há anos, do “nós contra eles”, vai tomando forma concreta, enfeitiçando cada um. De lado, ficaram aqueles que torcem pela volta de um passado que deixou marcas ruinosas e nunca vistas anteriormente. Para outros, a simples menção da possibilidade desse retorno vir a acontecer, de fato, representa um anátema e uma rendição a um pesadelo permanente.

         Não há pontos de contato entre uma posição e outra. O Brasil, que nas urnas revelou seu caráter nitidamente conservador, por obra de uma espécie de forças do além, votou também pela volta do passado. Ficamos, com isso, a meio caminho, colocando em sérias dúvidas o que apresentavam as pesquisas e o que diziam as multidões nas ruas.

         Com tanta discórdia, não surpreende que a censura, que se acreditava morta e enterrada, tenha ganhado corpo e músculos em todo lugar, sobretudo nas empresas, com as chefias orientando e mesmo obrigando seus subordinados a votarem no candidato por elas apontado. Demissões têm sido confirmadas. Assédios, confirmados. A regulação da mídia, como tem pregado o candidato pretérito, de certo, trará o recrudescimento da censura política que já é observada e posta em prática contra aqueles que ousam desacreditá-la. O bom sinal é que a censura sempre foi e será um grande sinal de que o que se está sendo censurando é correto e aponta para a manutenção da dignidade humana.

 

A frase que foi pronunciada:

“Um ser humano é uma parte do todo chamado por nós universo, uma parte limitada no tempo e no espaço. Ele experimenta a si mesmo, seus pensamentos e sentimentos como algo separado do resto, uma espécie de ilusão de ótica de sua consciência. Essa ilusão é uma espécie de prisão para nós, restringindo-nos aos nossos desejos pessoais e à afeição por algumas pessoas próximas a nós. Nossa tarefa deve ser libertar-nos dessa prisão, ampliando nosso círculo de compaixão para abraçar todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza”.

Albert Einsten

Albert Einsten. Foto: Arthur Sasse/Nate D Sanders Auctions/Reprodução

 

Terras

Veja, no Blog do Ari Cunha, o convite do Instituto Brasília Ambiental para a população participar da audiência pública virtual de apresentação e discussão do Estudo e do Relatório de Impacto Ambiental para parcelamento de solo urbano da Reserva do Parque, no Núcleo Rural Vargem da Bênção, Região Administrativa do Recanto das Emas. A partir das 19h, do dia 25 deste mês, com transmissão pelo YouTube.

 

Futuro

A formação de uma ampla bancada parlamentar voltada para a manutenção dos ideais da Lava Jato, promete agitar a nova Legislatura, com propostas que rendem ainda grande apoio da população.

Ilustração: cnnbrasil.com

 

Mobilidade

A finalização das reformas viárias na principal avenida do Paranoá, com construção de espaçosas calçadas, com estacionamento e todo ordenamento paisagístico, irá proporcionar mais do que um novo visual para aquela cidade. A urbanização adequada é fato de desenvolvimento e revitalização para o comércio local.

Paranoá. Foto: Divulgação

 

História de Brasília

Já que o assunto é professôras, pelo contrato, o pagamento será feito até o dia 5, e até hoje a Fundação não pagou a ninguém. E mais: não diz quando, nem dá esperança para os próximos dias. (Publicada em 11.03.1962)

Programa interno

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Charge: Schmck

 

         Não se sabe que razões levaram a mídia nacional a dar pouca atenção e espaço a uma notícia de grande relevância para o país e que foi veiculada essa semana pela CNN Brasil, dando conta de que, caso venha a ser eleito nesse segundo turno, o governo petista irá, logo nos primeiros dias, implementar o que chama de uma “suspensão temporária de regras fiscais”. O documento interno, preparado, entre outros, pelos ex-dirigentes petistas, José Genuíno e Rui Falcão, que comandam as discussões de bastidores da campanha, prevê, logo no início de governo, a decretação dessa medida excepcional, dada a situação de emergência, que o partido enxerga na área econômica nacional.

         Com essas medidas extraordinárias, o governo petista teria em mãos os meios legais necessários para enfrentar o que chamam de caos herdado do governo anterior, possibilitando, ao Executivo, ampla liberdade para romper as regras fiscais, utilizando o orçamento livre de amarras e de todas as regras impostas pela responsabilidade fiscal. Em outras palavras, o que poderá acontecer, caso vença o candidato da esquerda, é a decretação do vale tudo, com o orçamento sendo usado fora de critérios técnicos, como manda o manual de contabilidade básica, onde as colunas do passivo e ativo ou dos gastos e receitas são preenchidos e executados sob rígida e séria previsões.

         Essa ideia de um plano emergencial, mesmo que temporário, nos traz de volta a um passado recente, onde os planos econômicos se sucediam de forma contínua, sendo acompanhados apenas pelo tilintar da maquininha de reajuste de preços nos supermercados. É tudo o que o mercado e, principalmente, as Bolsas não querem. É a reinvenção da roda e a transformação do Brasil num laboratório de testes.

         Esse retorno ao passado, onde a imaginação ia além dos dogmas da economia, custou, ao país, décadas de atraso e estagnação. A ideia de que o “novo” governo, que de novo nada possui, no andar da carruagem, virá para consertar o país é um perigo e já foi visto no passado, quando essa mesma turma denominava o boom econômico, deixado por Fernando Henrique Cardoso, de “herança maldita”.

         A baixa inflação e os números recordes de contratações com carteira assinada provam que a economia brasileira segue, atualmente, seu rumo ascendente, sendo, por isso, muito elogiada por diversas instituições internacionais, colocando o nosso país entre as nações que mais rapidamente têm se livrado dos malefícios da pandemia mundial. O que é temeroso e incerto é essa ideia vaga, contida no documento, de “corrigir imediatamente o orçamento herdado”, “para recuperar a capacidade de investimento do BNDES, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal”, exatamente as instituições que ganharam protagonismo nesse mesmo governo, durante a chamada Operação Lava Jato.

          Com esse verdadeiro pacote de medidas, virão as versões remendadas do programa Mais Médicos, a cobrança de imposto sobre grandes fortunas e outras ideias de gênio que nos levaram, a partir de 2014, para o abismo mais fundo de toda a nossa história. Não surpreende que esse documento tenha sido mantido em âmbito interno do partido. Sua divulgação seria perigosa para o presente e, principalmente, para o futuro.

A frase que foi pronunciada:

“A economia é o começo e o fim de tudo. Você não pode ter uma reforma educacional bem-sucedida ou qualquer outra reforma se não tiver uma economia forte.”

David Cameron

David Cameron. Foto: © Arquivo/Agência Brasil

Beleza

Uma árvore com cachos de flores amarelas, no final da L4 Norte, chamou atenção por uma semana com a floração. Fila de carros parados para fotografar o presente da natureza.

Protesto

Recebemos, da Alemanha, a carta da eleitora de 73 anos, Diana M. Pinto Machado, que enfrentou a chuva em Frankfurt e uma fila por 3 quarteirões. Reclamou da falta de respeito aos preferenciais. Grávidas, cadeirantes e idosos não foram considerados pelo Consulado Brasileiro.

Foto: jovempan.com

Surpresa

“Adicionalmente aos procedimentos do caput deste artigo, a identidade poderá ser validada por meio do reconhecimento biométrico na urna eletrônica, quando disponível.” Essa é a única alusão da Resolução Nº 23.669, que dispõe sobre reconhecimento biométrico dentro dos atos gerais do processo eleitoral para as Eleições 2022. Foi uma surpresa usar a o reconhecimento biométrico durante o processo eleitoral, e não apenas anteriormente, como nas últimas eleições. Nenhuma notícia sobre o assunto foi dada antes do sufrágio.

Charge do Lute

 

Especiais

O verde que ilumina o Congresso é iniciativa do senador Romário. Trata-se do Dia Mundial da Paralisia Cerebral.

Senador Romário. Foto: senado.leg.br

 

História de Brasília

Nós sabemos que temos professôras demais na Fundação. Novecentas, ao todo, mas nem tôdas estão trabalhando. O ideal seria uma depuração total, trabalhando para quem ganha, e atividade para todo o mundo, e não para um grupo. (Publicada em 11.03.1962)

Os sem-programas

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Charge do Cazo

 

         Faltando menos de um mês para a realização do segundo turno das eleições, permanece ainda a lacuna relativa à apresentação de programas de governo. No primeiro turno, essa exigência básica e fundamental, para todo e qualquer governo que assume, passou batida e nem mesmo o eleitorado sentiu sua falta. Pouco ou nada foi falado ou discutido sobre programas de governo.

         Para uma democracia, que ruma para o amadurecimento, esse vácuo é inadmissível e até mesmo contrário aos mais insignificantes requisitos básicos. Trata-se de uma situação anômala e que se assemelha a um piloto que assume o comando de um avião ou navio de grandes portes, com as imensas responsabilidades que essas funções exigem e mesmo assim confessa que não possui plano de voo ou navegação. Depois de zarpar ou decolar, é que se vê o que se irá fazer e como, resume.

         Caso isso persista, estamos todos nós a bordo de uma nau ou nave, sem bússola, cegos e sem destino. Nessa situação surrealista, vale dizer também que, se não sabemos para onde vamos, qualquer caminho vale ser seguido, mesmo aquele que ruma direto para o precipício.

         O Tribunal Superior Eleitoral, que nessa eleição passou a ganhar um protagonismo pra lá de vistoso, deveria colocar, como condição básica, a apresentação, por parte dos candidatos inscritos, de um amplo e minucioso plano de governo, com detalhes em todas as áreas do país, prevendo ações em cada uma, ou seja um calhamaço consistente e exequível de medidas, todas elas devidamente analisadas e aprovadas pelo Tribunal.

         Aceitar candidatos apenas para fazer volume ou por pressão dos partidos, de nada resolve. E não se trata aqui de programas de governo feitos de qualquer maneira, copiando de outros ou inventando medidas que jamais serão implementadas. Muito mais importante do que qualquer candidato é seu programa de governo, que, uma vez apresentado e aprovado nas urnas, deverá ser obrigatoriamente posto em prática, sob pena de ações penais de fraude eleitoral e estelionato.

         Sem medidas dessa natureza, as eleições se transformam exatamente no que infelizmente se tem visto. Já que instrumentos jurídicos, como a Lei da Ficha Limpa, não são mais requeridos dos candidatos, tampouco a Lei de Improbidade Administrativa, todas elas, propositalmente descartadas ou descaracterizadas, ao menos poderiam cobrar, dos pleiteantes ao comando do Executivo, a apresentação de um documento contendo o programa de governo. Sem esse instrumento, o que se tem é a repetição dos mesmos erros e descaminhos tomados pelos chefes do Executivo, que vão agindo à medida em que surgem os problemas, com estratégias, todas elas, feitas em cima do laço, como bem fazem aqueles que vivem da improvisação, levando o governo de um lado para outro e nunca saindo do mesmo lugar.

         Fosse o Brasil uma grande empresa, do tipo multinacional, com todas as exigências de governança e critérios técnicos de alta performance para a escolha de seus diretores, que chances teriam os atuais candidatos, quando se verifica que muitos deles sabem apenas desenhar o próprio nome, e de forma ilegível, numa folha de papel?

 

A frase que foi pronunciada:

“Cresce o poder do narcotráfico. Esse poder ameaça, alicia, mata. Onde consegue chegar ao governo, destrói a democracia”.

(Trecho do Relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito do Narcotráfico, da Câmara dos Deputados, de 1991).

Ilustração: reprodução da internet

 

Alô, Alô responde!

Chega o 5g ao Brasil, mas a conversa entre senadores, por videoconferência, não está lá de se elogiar. Os senadores Wellington Fagundes e Jean Paul Prates, durante reunião da Comissão justamente de Ciência e Tecnologia, quando falavam em radiodifusão, sofreram com várias falhas no áudio e a comunicação ficou entrecortada.

Foto: Albert Gea/Reuters

 

Missão cumprida

Um bom passeio passa pela Chapada dos Guimarães, no Parque Nacional, onde o Lago do Manso se expande entre 40 mil hectares. Quando há enchente no rio Cuiabá, é o Lago do Manso quem dá o suporte à vazão da água. Geração de energia, incremento do turismo, da pesca e preservação do Pantanal.

Foto: Divulgação

 

Curiosidade

O governo da Indonésia recebeu o aval, da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, para o Acordo de Cooperação Técnica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República da Indonésia, assinado em Jacarta. Falando em Pantanal e Jacarta, há na província de Papua, no leste da Indonésia, uma floresta onde só mulheres são autorizadas a entrar.

 

História de Brasília

O fato de aproveitar a Legislação Trabalhista para impor às professôras o que convier à Fundação, fugindo aos interêsses das mestras, é, além de antipático, irregular e injusto. (Publicada em 11.03.1962)

Normalização do ódio

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Foto: Thiago Gadelha

 

         Não restam dúvidas de que o pior que poderia advir, como consequência, dessa campanha polarizada começa a tomar forma nas mídias sociais, com os ataques sucessivos aos nordestinos pelo apoio dado ao candidato Lula, no primeiro turno dessas eleições. Trata-se aqui de um sério problema que, pelo seu desenrolar, pode conflagrar ainda mais a nação, levando-nos todos, sem distinção, para o caminho, perigoso e sem saída, dos conflitos fratricidas.

         Ninguém, em posse de suas faculdades mentais e imbuído de um mínimo de ética humana, pode embarcar nesse bote furado. É tudo o que o país não precisa nesse e em qualquer momento. É tudo o que querem os políticos sem compromisso e de olho em vantagens imediatas, mesmo que elas venham tingidas de sangue.

         De um lado desses ataques, estão tanto os seguidores fanáticos da direita como os da esquerda. Nessa rede mundial, onde boa parte dos peixes são fakes, é preciso olhar para essa questão com muito cuidado e, se possível, com a ajuda da Polícia Federal, pois trata-se aqui de um crime que aponta para a dissipação do Estado Brasileiro e que aparece previsto na Constituição atual. De qualquer forma, a guerra de versões foi deflagrada, tendo, como primeiro campo de batalha, a Internet. Nesse meio, a coragem dos que atacam virtualmente é imensa. A coragem, no entanto, para defender o que é certo, falta a esses guerreiros de barro.

         Tudo isso faz lembrar uma história que corria nos anos quarenta, em plena Segunda Grande Guerra. Defensores e críticos do então chanceler alemão, Adolfo Hitler, discutiam sobre os avanços do nazismo. À certa altura, um desses defensores do 3º reich e do fuhrer afirmou, com todas as letras: “As causas que nos levaram a esse conflito mundial e à ascensão do nazismo é toda dos judeus. Eles são os culpados por tudo que nos levaram a essa guerra”.

         Ao ouvir tão disparatada versão dos fatos, que conduziu a humanidade ao maior morticínio de sua história, um crítico desse raciocínio surreal e nitidamente racista ponderou: “A culpa por tudo o que estamos passando, tanto a guerra, como a ascensão do nazi-fascismo no mundo, não é somente dos judeus mas também dos ciclistas”.

        E por que os judeus? E por que os ciclistas? De fato, naquele período, os judeus eram os nordestinos da vez, criticados e atacados não só na Alemanha de Hitler, como em outras partes da Europa e, inclusive, no Brasil, onde eram comuns os ataques aos descendentes e imigrantes judeus. Ao promover essa campanha insana contra os nordestinos, o que os fanáticos não sabem é que estão municiando, cada vez mais, os dois lados dessa disputa.

         A grande questão aqui é reconhecer que essa é uma batalha que interessa apenas àqueles que sabem que as divisões, ao enfraquecer o conjunto da sociedade e ao dividir a nação, tornam possível e mais fácil o avanço daqueles que querem dominar. Esse tipo de tática de guerra é antiga e nem por isso ineficaz. Com a palavra, a Polícia Federal.

 

A frase que foi pronunciada:

“Se ciência for o que os Institutos de Pesquisa fazem antes das eleições, é preciso redefinir ciência.”

Ludovico Saboia

Imagem: cnnbrasil.com

 

Sucesso de bilheteria

Amigo Secreto, documentário de Maria Augusta Ramos, agora está disponível na Apple TV, Google Play, YouTube Filmes, Vivo Play, Claro TV+ e Sky Play.

Foto: Ana Paula Amorim

 

Notícia boa

Goiás está se destacando no atendimento à saúde. A UPA do Novo Gama, que atende o pessoal do Lunabel, funciona 24h com profissionais prestativos e atendimento rápido; inclusive, crianças são atendidas na emergência, sem filas.

Foto: jornalbnews.com

 

Mas veio

No TJDF, há casos onde a vedação do fornecimento de energia elétrica é negado em áreas de parcelamento irregular do solo. Essa é uma boa alternativa para desestimular a ocupação irregular do solo. A iniciativa veio tarde.

Foto: brasiliadefato.com.br

 

Vitorioso

Uma das lembranças mais engraçadas nas conversas com o Adriano Lafetá foi quando discutíamos sobre o cérebro dos homens e das mulheres. Uma amiga dizia, como grande vantagem, que conseguia, numa execução de multitarefas, dirigir ouvindo rádio, cantando, tomando suco e arrumando o porta luvas. Lafetá, com aquele jeito mineiro, respondeu ganhando os ouvintes: Eu só consigo duas coisas: dirigir e ter bom senso. Boas lembranças…

Foto: portaldotransito.com

 

História de Brasília

As professôras de Brasília estão sofrendo terrível perseguição da maioria dos membros da Fundação Educacional. Aumentaram as horas de trabalho, e os vencimentos poderão sofrer redução. (Publicada em 11.03.1962)

Psicologia das massas e eleições

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Ilustração: reprodução da internet

 

          Afirmam, alguns historiadores, que o povo é, no lento movimentar da roda humana no vale do tempo, uma porção de ninguém, semelhante às areias de um imenso e árido deserto. Levado ao sabor dos ventos, vai de um lado para outro sem resistências. A constatação, um tanto cruel, não pode, por seu realismo factual, ser contraposta.

          De fato, as massas, ao longo da história humana, sempre demonstraram não possuir o sentimento genuíno ou sede pela verdade. Apenas alguns pouco indivíduos parecem movidos pelo desejo da verdade. Mas, de tão poucos, quase nunca são notados. Essa movimentação das massas pelos ventos da ilusão se dá, talvez, pelo fato de que a realidade é sempre inóspita e sempre pronta a desmanchar sonhos e fantasias.

        Talvez pela própria condição humana de idealizar o futuro como um tempo melhor que o presente, as massas seguem em sonhos. Com isso, as massas tendem a fugir léguas, de tudo que não lhes traga satisfação e gozo. Cortejam as mentiras cômodas, pois são elas que fornecem os alicerces para as ilusões. Seguem cegas àqueles que recitam fantasias. Adoram, por isso, as artes, as drogas, as bebidas, os saltimbancos e circos e tudo que possa trazer distração e alheamento do cotidiano. Talvez, por isso, os vendedores de ilusões se dão tão bem junto às massas. Com eles, as gentes hipnotizadas, como estátuas de orelhas moucas, seguem mansas como ovelhas, rumo ao incerto jardim. Por isso mesmo, todos aqueles que ousam sacudir as massas, para que acordem e saiam do transe e do feitiço ilusório, é logo apontado como um inimigo a ser posto de lado imediatamente.

          Nossos políticos, à semelhança do flautista de Hamelin, dos irmãos Grimm, hipnotizam as massas com suas melodias encantatórias, para depois lançá-las, sem remorsos, direto ao abismo. Mesmo lá, aqueles que sobrevivem ainda aguardam e sonham com o retorno do flautista. Esse transe coletivo é fruto da vida em sociedade e sua principal característica. Os políticos e os prestidigitadores da realidade conhecem essa fraqueza das massas e exploram-na como ninguém. De outra forma, como entender o fato de que, nessas eleições, dezenas de milhões de votos sejam dados a determinados candidatos que, sequer, deram-se ao trabalho de apresentar programas de governo? Candidatos, inclusive, que, em outras oportunidades, lançaram a nação, sem remorsos, direto ao abismo.

         A explicação para fatos psicológicos dessa natureza reside muito além da simples junção da alienação com uma espécie de masoquismo coletivo. O prazer de ser ludibriado é sempre maior do que a dor e o sofrimento que vêm como consequência. Submetidas aos encantamentos da retórica política e ao prazer que ela parece provocar em todos, o melhor destino para as massas é sempre se prostrar aos pés de seus ídolos, mesmo que eles se revelem os verdadeiros lobos. É da psicologia das massas.

A frase que foi pronunciada:

“Uma das características mais constantes das crenças é a sua intolerância. Quanto mais forte a crença, maior sua intolerância. Homens dominados por uma certeza não podem tolerar aqueles que não a aceitam.”

Gustave Le Bon

Retrato de Gustave Le Bon (1881). Foto: Morphart Creation / Shutterstock.com

 

Finanças

Ao pagar uma conta de água ou de luz, o detalhe descriminando, no comprovante de pagamento, como Caesb ou Neoenergia, ajuda o contribuinte a se organizar. Já no caso de IPTU, ITCD, IPVA e outros, não há discriminação, apenas a indicação “GDF CONTA ARRECADAÇÂO”, o que deixa o contribuinte confuso sem saber ao certo o que pagou. Hora de mudar.

 

 

Científico

Análises sobre os institutos de pesquisas sugerem que possa existir um padrão científico desconhecido da comunidade acadêmica. No sábado (1º), um dia antes do primeiro turno, Lula tinha 50% das intenções de votos válidos, enquanto Bolsonaro aparecia com 36%, segundo pesquisa Datafolha. No mesmo dia, pesquisa Globo/Ipec mostrou o petista com 51%, e o presidente, com 37%. O resultado foi bem diferente e extrapolou a margem de erro de 2%.

Charge do Thiago Rechia

 

Mais leis

A cada ação, uma reação. O deputado federal Ricardo Barros, líder do governo na Câmara, vai propor um Projeto de Lei para criminalizar institutos de pesquisa que divulgarem levantamentos que sejam diferentes do resultado das urnas — considerando a margem de erro estipulada pela própria entidade. Ele propõe no projeto que a pesquisa publicada, na véspera da eleição, que extrapolar a margem de erro será considerada criminosa e o responsável pelo instituto será punido com cadeia e multa.

Imagem: cnnbrasil.com

 

História de Brasília

As professôras de Brasília estão sofrendo terrível perseguição da maioria dos membros da Fundação Educacional. Aumentaram as horas de trabalho, e os vencimentos poderão sofrer redução. (Publicada em 11.03.1962)

Soma igual a zero

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Charge do Ivan Cabral

 

          Se as eleições de hoje estão, de fato, por serem sacramentadas pela parcela da população que, até a undécima hora, não decidiu seu voto ou, pelo menos, não externou publicamente sua opção, o que temos é bem significativo para afirmarmos, com todas as letras, que nenhum instituto de pesquisa de opinião sabe, ao certo, quem será o novo chefe do Executivo. Nem ao menos se haverá segundo turno.
         Caso se confirme essa teoria, de que a indecisão coletiva é o fator determinante para a escolha de um candidato ou a realização de mais de um turno, fica subentendido, entre outras premissas, que nenhum dos dois principais pleiteantes é do agrado da população. Estamos imersos então numa espécie de incerteza de Heisenberg, um dos pilares da física quântica. Quando se conhece a posição aproximada de um candidato, medido por um determinado instituto de pesquisa, simultaneamente, outro instituto mostra uma posição totalmente diferente, sendo impossível avaliar, com precisão, qual a real posição de cada um nessa disputa.
          A incerteza sobre um possível vencedor, pelo menos ao cargo de presidente, abre também uma possibilidade física para que ele seja qualquer um dos que estão nessa disputa, inclusive o próprio padre Kelmon. Lembrem-se que, em outros tempos, candidatos totalmente fora de propósito e de razoabilidade, sagraram-se vencedores em pleitos em que a população fez questão de externar sua contrariedade com a qualidade dos políticos em disputa.
         Dessa forma, animais como o cavalo Invictus, o burro Boston Curtis, o macaco Tião, o cachorro e até um rinoceronte de nome Cacareco obtiveram significativo número de votos, numa demonstração de que o eleitor não sabe e parece não querer saber de eleições, ainda mais quando o pleito é marcado pelo baixo nível dos candidatos e de propostas.
          Eleição é coisa séria e, portanto, deveria ser disputada apenas por indivíduos de igual índole. Aqui e mais uma vez, caímos de volta na seara da ética pública, de onde deveriam partir os candidatos severamente aprovados pelo pente fino da Ficha Limpa. Na ausência desse requisito básico, destruído por vontade expressa dos políticos com assento no Congresso, o que temos é o que temos e que leva uma boa parcela da população a decidir em quem votar, contrariada e obrigada, apenas em cima do laço, quando as esperanças já se transformam em conformismo.
          De qualquer forma, a sorte ou o azar estão lançados pelos próximos quatro anos, ao menos. O mais cruel, em todo esse movimento em torno das próximas eleições, é trazido pelo fato de que os candidatos que aí estão em disputa, bem ou mal, representam a cara da nação. Não há necessidade de ser nenhum estudioso em antropologia ou sociologia para certificar que estamos ali representados por indivíduos que carregam nossos defeitos e virtudes e que, para o bem ou para o mal, irão conduzir a nação nesse próximo quadriênio. São nossos vícios e virtudes que estão em disputa. Qualidades e defeitos de uma soma igual a zero.
A frase que foi pronunciada:
“Não é a votação que é democracia; é a contagem.”
Sir Tom Stoppard, dramaturgo e roteirista britânico nascido na República Tcheca.
Tom Stoppard. Scott Gries – Hulton Archive/Getty Images
Progresso
Com mais estradas transitáveis, a 29ª Agrinordeste terá uma ampliação na área de 50% e vai durar 4 dias, de 1º  a 4 de novembro, em Pernambuco. Quem comemora o avanço é o presidente da Federação de Agricultura e Pecuária de Pernambuco, Pio Guerra.
Postagem na página oficial do Agrinordeste no Instagram
US
Ainda repercute a frase de Thomas Shannon, que foi embaixador dos Estados Unidos em Brasília. O diplomata declarou que o seu país gostaria de ter o Brasil mais engajado nas parcerias e espera que isso aconteça depois das eleições.
Thomas Shannon. Divulgação/US Department of State
Made in Japan
Só até hoje, o brasiliense terá oportunidade de aproveitar a culinária japonesa no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Organizados como sempre, a logística e o carinho em atender, além da qualidade do serviço, são o que mais atrai a população.
Foto: Divulgação
Local do voto
Mal sabia o candidato ao governo de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que, quando se esqueceu onde votaria, cairia na graça de todos. É bom que você e sua família vejam, com antecedência, o local de votação. A maior parte dos Tribunais regionais eleitorais alertam para as alterações feitas nos locais de votação, lembrando que cada um deve conferir o local no portal do TSE
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
História de Brasília
Nota: A tôrre que encobre, presentemente, o Cruzeiro, foi levantada pelo Conselho Nacional de Geografia, sem autorização da Novacap nem da Prefeitura, e se destina à medição angular ao longo do meridiano 48, que passa em cima de Brasília. Durará mais uma semana, ainda. (Publicada em 10.03.1962)

Governo virtual

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Ilustração: jus.com

 

         Em um mundo onde as mídias sociais, conjuntamente com boa parte da imprensa, parecem pautar o cotidiano das pessoas, os chamados “influencers”, ganham destaque pela capacidade que exibem em formar seguidores nas diversas plataformas da Internet. Alguns desses novos pastores midiáticos chegam a aglutinar, em suas páginas, milhões de seguidores, que observam tudo o que eles fazem ou deixam de fazer.

         Não surpreende, pois, que muitos políticos procurem esses novos “Faróis” da humanidade em busca de cooptar esse público virtual para si. Não bastasse o sumiço dos políticos das ruas, onde facadas, tiros e lançamento de fezes podem ocorrer a todo o momento, agora, esses candidatos, que já eram distantes do público, vão agora se esconder por detrás da mídia eletrônica, onde o faz de conta e a realidade podem ser facilmente manipuladas ao gosto da freguesia.

         Assim, o que era falso, torna-se agora fácil, mas igualmente falso. A persistir nessa fórmula via internet, chegará um tempo em que os candidatos farão campanhas deitados na cama, sem sequer saírem do quarto de dormir e de pijama. Hoje essa realidade já é feita por muitos ministros e desembargadores ao se reunirem em sessão remota. Da cintura para cima estão usando terno e gravata. Da cintura para baixo estão de pijama, se muito. É o tal do mundo informal.

          Esse tempo parece ter sido inaugurado por alguns apresentadores dos telejornais. Chegavam de bermuda e tênis. Colocavam o paletó e a gravata e, da mesa do estúdio, apresentavam o jornal sentados. Quem via essa transmissão diretamente do estúdio tinha uma visão bem próxima ao que ocorre hoje no mundo das mídias sociais. É tudo um cenário fake, que acaba se estendendo também para o que dizem e prometem, sem qualquer sinal de pudor.

         Nas redes de televisão, os debates entre os candidatos pouco ou nada ajudam a esclarecer os espectadores, que permanecem ligados nesses programas apenas em busca de alguma adrenalina, que possa levar um candidato a pular no pescoço do outro. Os programas de governo permanecem assim em segundo plano. O eleitor bem sabe que programas de governo anunciados pelos candidatos são mais virtuais que tudo, e independem da vontade do governante.

         Programas de governo, pelos atuais mecanismos de Estado, têm que ser submetidos ao Congresso, seguindo as regras antirrepublicanas estipuladas pelo toma lá dá cá. Programas de governo são feitos pelo Legislativo, que é quem governa hoje de fato. Pelo Congresso e também pelo Judiciário, dentro do modelo esdrúxulo de judicialismo político. Da mistura do primeiro com o segundo, é que se tem, de fato, o que o Executivo pode fazer. O resto é estória da Carochinha.

         O que esperam os eleitores é que os candidatos digam nos debates que meios legais irão buscar para verem aprovados seus programas de governo. Sem uma reforma política séria e levada em frente por gente também séria, ficamos nesse falso jogo, onde a população já não reconhece quem de fato está à frente do governo, quem comanda o quê. Dessa forma, para candidatos virtuais, um governo também de características virtuais.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Quando as portas da cultura se fecham, fecham-se também as portas da democracia.”

Fala de Rudolfo Lago na peça “Trenodia para um teatro fechado”, de Jorge Antunes, pronta para apresentação, 20 de novembro.

País do futuro

Tudo certo para as votações na Papuda. O , que encaminhou uma comitiva para a cadeia, cumpriu a missão de preparar os presos provisórios que estão aptos a votar. O que causa confusão no entendimento é que, nas unidades de internação de adolescentes, as urnas também estão prontas.

Foto: tre-df.jus

 

Eleições 2022

Em decorrência da extrema polarização política, existente hoje na disputa para Presidente da República, as eleições estaduais e mesmo a eleição no Distrito Federal foram empurradas para um segundo plano, com os eleitores mais interessados nos acontecimentos envolvendo os dois principais candidatos em disputa ao comando do Executivo Nacional.

Foto: Globo/João Miguel Júnior

 

Petulância

Padre Kelmon, que entrou na última hora na disputa a Presidente da República, em substituição a Roberto Jeferson (PTB-RJ), tem se mostrado muito mais ativo nos debates do que candidatos mais experientes e mais escolados. Na figura de um estreante, o padre ortodoxo colocou o ex-presidente Lula contra as cordas, ao dizer, na cara do adversário, que esse não deveria, sequer, estar nessa disputa por seu passado comprometedor. Em resposta, Lula quase perdeu as estribeiras. Debochando do padre, por sua aparição recente, Lula não escondia seu ódio ao atrevimento e coragem do novato.

 

História de Brasília

Deram uma volta de arame nas vigas e prenderam-no com pregos, na parede da entrada. Chuva é sinal de castigo, e qualquer vento tem as proporções de um tufão. Os barracos de madeira não caem, mas casas se descobrem. (Publicada em 10.03.1962)

Mamon

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VISTO, LIDO E OUVIDO, criada desde 1960 por Ari Cunha (In memoriam)

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Mamon de Collin de Plancy

         Novos atores se juntam agora aos protagonistas de sempre, todos eles pregando o voto em seus candidatos prediletos. No fundo o que se tem é o mais do mesmo, com essas personalidades, catadas a laço, fazendo propaganda para seus políticos de estimação, como se o povo, fosse atrás de conversa de artista ou de pastor. Falatório de artistas, já se sabe, não traz voto para nenhum candidato e nem ao menos retira.

         Na verdade, o grande público mantém sua fidelidade aos artistas, na medida em que seus talentos permanecem em alta. A fidelidade do povão é como fidelidade de político: dura enquanto for necessária e satisfatória. Cantor que perde a voz e desafina, perde o fã. Obviamente que os marqueteiros, que sempre formam a turma que realmente ganha com as eleições, não confessa essa crua verdade. Nem essa nem outra, aquela que diz que, passadas as eleições todos esses artistas, que se expuseram, fazendo campanha política para determinado candidato, mais tarde irão cobrar do vencedor o labor e as benesses que acreditam ter direito.

         Nada no mundo é de graça.  Por isso mesmo a Receita Federal, essa mesma que terá que engolir o perdão fiscal, dado por um ministro do supremo a dívida de R$ 18 milhões do Instituto Lula, deveria ficar de olhos bem abertos e acompanhar o modo e quanto cada um desses marqueteiros irão lucrar com as campanhas milionárias, feitas, na sua maioria com o dinheiro sacado do contribuinte.

          O que se tem de parcialmente novo nessas eleições é a entrada em peso do fator religioso nessa disputa. Ao contrário dos artistas, cuja a soma é igual a zero, os pastores, dependendo do credo, possuem certa ascendência sobre a plateia de fiéis que escuta sua pregação diária. Nesse sentido, a pregação de pastor é semelhante aos discursos proferidos por políticos. Há um certo conteúdo, mas há também, e em quantidade, um vazio de ideias e muita distorção da realidade.

         Para o teólogo consciente, Deus parece não confiar em políticos, sejam eles Césares, ou fariseus. Quem é amigo do mundo é inimigo de Deus, já ensinava Tiago 4:4. Ainda assim, alguns crentes na Palavra costumam ouvir o que falam seus pastores dentro de suas igrejas, principalmente quando esses dirigentes, na sua eloquência, alertam para os malefícios em votar em determinados candidatos. Criticar e condenar certos candidatos, lançando-os direto ao fogo do inferno, por seu passado nebuloso e até criminoso, resulta muito mais eficaz do que tecer elogios.

         É o que se tem se ouvido com mais frequência nos cultos e missas pelo país afora. De olho nesse eleitorado, que se soma às dezenas de milhões, muitos políticos têm aparecido com assiduidade nas igrejas, numa mostra falaciosa de sua devoção e fé. Comungam, tomam passe, johrei e outros ritos na tentativa de se apresentar como cidadãos rumo ao céu. Tudo fantasia, facilmente vista por todos.

         Políticos são o que são: camaleões miméticos ou uma espécie renovada de Zelig, de Wood Allen. Fingem tão fielmente ser o que não são, que até chegam a fingir uma fé que não possuem ou sequer entendem. A entrada e o protagonismo marcante das religiões nessa campanha são também, e simplesmente, uma jogada de marketing político, sem qualquer dom ou marca de espiritualidade. Usam a religião e mesmo a fé das pessoas com objetivos pragmáticos e muito longe do Deus verdadeiro. Acreditam, isso sim, no deus Mamon (dinheiro), ao qual seguem cegos e sedentos.

 

 

A frase que foi pronunciada:

“Não há necessidade de o capitalismo ser monstruoso. O mundo permitiu que esse demônio, essa criatura de Mamon, surgisse como uma murcha Medusa em seu meio, porque se recusou a enfrentar os problemas perenes da herança e das elites dinásticas servindo seus próprios interesses em todos os momentos, contrariamente às necessidades do povo. pessoas.”

Mark Romel

 

Pauta

Moradores da 208 Sul estão se mobilizando contra a obra de um restaurante mal localizado na quadra. Depois da extinção da Casa D’Italia, só faltava essa. Vamos acompanhar o desenrolar dos fatos.

 

Pediatras

Pediatras e medicamentos para crianças sumiram das prateleiras das farmácias. As mães tomaram a decisão de recrutar pelo menos 4 profissionais da saúde para a prole. Na falta de um, outros 3 são a possibilidade. Hospital público, nem pensar! Não há profissionais para atender a demanda. Um absurdo que já poderia ter sido resolvido.

 

Fim do mundo

Um botijão de gás, o recipiente mais o GLP, está custando R$ 350. Na Alemanha, o valor da energia elétrica é um terço do salário mínimo.

Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press

 

História de Brasília

As casas foram destelhadas, outro dia, por uma ventania. Agora, a humilhação. Quem não foi vítima, dorme, hoje, com a casa amarrada com arame. Arame, sim! (Publicada em 10.03.1962)

Feliz ano velho

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Reprodução: divulgação

 

         Dentre os muitos problemas que essas eleições irão gerar, pelo seu alto poder de apartação, talvez, o principal seja mesmo a catalisação do sentimento de antagonismo e de fracionamento da sociedade. Por seus efeitos profundos e duradouros, a atual disputa eleitoral, polarizada e até açulada por seus próprios candidatos e partidários, poderá se revelar, num curto espaço de tempo, numa verdadeira vitória de Pirro, pelos prejuízos irreparáveis que essas posições extremadas trarão para os dois lados e, por consequência, para todos os brasileiros.

         Ganhar um país extremamente dividido significa, em outras linhas, vencer pela metade e tendo que governar sob o olhar crítico e até inamistoso de boa parte da população. Num cenário de desunião como esse, de nada irão adiantar as encenações marqueteiras de pactos e de reconciliações propostos, uma vez que, por seus efeitos nefastos, o que se tem dessa vez é um nítido sentimento de ódio mútuo, que político nenhum, desses que aí estão presentes, conseguirá aplacar.

         Vença quem vencer, o pódio de campeão estará no mesmo nível baixo do segundo colocado. Entender como todo esse movimento nos conduziu a essa estação de crise, talvez seja necessário apenas como exercício de retomada do caminho, analisando cada ação, para entendermos em que ponto do mapa nos desviamos da rota civilizatória.

         De certo que, seguir por mais quatro anos sob a sombra da polarização, irá custar ainda mais a todo país, adiando, mais uma vez, o tão esperado dia em que o gigante, deitado em berço esplêndido, irá acordar e encarar seu destino. É a tal da reforma ou remendo em pano velho, em que as mudanças estruturais nunca são realizadas, resumindo cada gestão em remendar pontos soltos da estrutura do Estado. O essencial, num país politicamente polarizado, jamais será feito, ficando as reformas que o país necessita, como a política, administrativa, tributária e outras, mais uma vez, lançadas para um futuro incerto e não sabido. O preço da polarização é alto e será cobrado do governo. O pior é se a saída para esse impasse do novo governo vir fantasiada de falsas reformas ou reforma de fancaria, como temos visto até aqui.

         No caso de vitória da oposição, o que virá já é conhecido e reprovado por sua ineficácia, O reaparelhamento da máquina do Estado e o fim do teto de gastos é só o começo. As estatais, que até aqui sempre foram usadas como moeda de troca, desvirtuando suas funções e tornando-as um peso para o próprio contribuinte, voltarão a representar mais um ponto de preocupação. O retorno calibrado da política do tomá lá dá cá e do presidencialismo de cooptação também.

         A restauração do grande balcão de negócios dentro do Legislativo, por certo, irá renascer das cinzas, mais fortalecido, mesmo que medidas, como o fim do orçamento secreto, prevaleçam. A partir de 2023, o Brasil poderá comemorar mais um feliz ano velho, renovado com os votos de ampla anistia judicial, concedida pelas altas cortes a toda a turma que agora ensaia voltar à cena.

 

A frase que foi pronunciada:

“Você nunca sabe que resultados virão da sua ação. Mas se você não fizer nada, não existirão resultados.”

Mahatma Gandhi

Foto: Rühe/ullstein bild/Getty Images

 

Silêncio e morte

Parece que governantes de Brasília não se preocupam com a tradição da cidade. Escola de Música de Brasília, Aruc, Defer, Teatro Nacional, Biblioteca Demonstrativa, entre diversos outros exemplos. A última facada foi na Aruc. Mesmo reconhecida como patrimônio cultural imaterial do DF, é ameaçada de perder o terreno há muitos anos e, agora, foi interditada. Motivo: mais decibéis que o permitido.

 

Voz por eles

Mais de 60 países participarão da campanha “40 Dias pela Vida”, rezando pelo fim do aborto. No Brasil, a iniciativa acontecerá em Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre e Campina Grande. “Esta campanha é baseada na fé e acreditamos que a batalha contra o aborto é espiritual e só a venceremos de joelhos”, disse a coordenadora no Rio de Janeiro, Fátima Mattos, em entrevista à imprensa.

Foto: 40diaspelavida.com

 

Aberta

Ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira, Valdemar da Costa Neto do PL, advogados de vários partidos e representantes de entidades fiscalizadores e missões internacionais visitaram a sala de totalização de votos do TSE.

Foto: Alejandro Zambrana / Secom / TSE – 28.09.2022

 

Enclausuradas

Em passeio pela 305 Sul, 50 anos depois, o que mais impressiona é o silêncio. No início de Brasília, a criançada brincava na quadra sem que os pais tivessem qualquer preocupação. A algazarra era ouvida de longe. Hoje, Brasília, outras capitais e até as cidades do interior estão tomadas com o perigo que tirou o ar livre das crianças.

Inauguração da praça 21 de_Abril, na Asa Sul DF 1993.                                                    (Foto: Arquivo Público do Distrito Federal/Fundo Novacap)

 

História de Brasília

Tôda a cidade recebeu plantas. As cidades satélites, também. Mas o “avião” não recebeu uma única muda. Nenhum pé de grama foi plantado até agora. E, por coincidência, a terra é boa. É um dos poucos lugares de Brasília onde há árvores de grande porte! (Publicada em 10.03.1962)