Instituições pouco públicas

Publicado em ÍNTEGRA

ARI CUNHA

Visto, lido e ouvido

Desde 1960

com Circe Cunha e Mamfil;

colunadoaricunha@gmail.com;

Quadrinho: Turma da Mônica
Quadrinho: Turma da Mônica

         Historicamente e por razões já delineadas no clássico “Raízes do Brasil”, de Sérgio Buarque de Holanda, de 1936, o nosso arcabouço institucional, desde sempre, foi montado de forma a colocar, sempre em primeiríssimo plano, a figura do indivíduo e de seu entorno imediato, conferindo maior destaque e importância a estes, relegando à um plano secundário a própria instituição. Dessa forma nossas instituições e o próprio conceito de República acabaram perdidas num pano de fundo, exercendo um papel de coadjuvantes.

           Com uma estrutura assim, não surpreende que as seguidas crises políticas sejam motivadas, não por debilidade das instituições em si, mas por falhas provocadas pelos próprios sujeitos que estão à frente de cada um desses órgãos do Estado. Entram nessa confusão secular entre o público e o privado sentimentos e casos que são identificados como capazes de transformar as altas autoridades do país numa imensa e unida família, a quem os contribuintes são obrigados a ceder boa parte do que produzem ao longo do ano.

            Até em fatos comezinhos, como são os casos dos recorrentes processos de licitação para a aquisição de gêneros alimentícios finíssimos, elaborados por muitas instituições e que incluem vinhos famosos, lagostas e outros acepipes requintados, se confirmam essa dissintonia entre o brasileiro comum e as elites dirigentes do país. Exemplos desse comportamento atípico que configura mais um agrupamento familiar no poder do que um conjunto de profissionais e técnicos à serviço da nação, podem ser observados muito além do clássico nepotismo cruzado.

           Fatos dessa natureza são comuns em instituições que possuem por lei a capacidade de organizar livremente seu próprio orçamento. Nesses casos, as despesas são montadas não apenas com base nas necessidades do órgão, mas sobretudo em consonância com os interesses, muitas vezes pessoais de cada um de seus membros. Mais preocupante ainda é quando essas distorções passam a adquirir um amplo manto legal, dispostos em regimentos e outros ordenamentos legais, de forma a assegurar que possíveis contestações encontrem, nas barreiras da lei, qualquer impedimento para a perpetuação de regalias.

         Fossem contabilizados o valor de todas as mordomias cabidas por lei a cada um dos membros desse seleto grupo, o teto máximo do salário público atual facilmente seria multiplicado por dez.

       Esse familiarismo estendido aos altos escalões do serviço público e que perpassa praticamente todas as instituições do Estado e no qual as vontades particulares acabam sempre predominando sobre o coletivo, criando uma confusão propositada de interesses, necessitam urgentemente de um fim, sob pena de permanecermos atrelados ao mesmo ciclo de pensamento.

A frase que foi pronunciada:

“Quando nada é certo, tudo é possível.”

Margareth Drabble, escritora inglesa

Morango em cena

Brazlândia recebe a 23ª Festa do Morango- Um dos eventos mais tradicionais do setor rural está de volta: a 23ª Festa do Morango de Brasília acontece nos próximos dois fins de semana em Brazlândia. Degustação da fruta e derivados, mostra agrícola, concurso de receitas, oficinas, feira de floricultura e várias outras atrações vão mostrar ao público a força do agricultor e o potencial econômico da região. A festa começa na sexta-feira. Veja a programação completa no blog do Ari Cunha.

Link para mais informações: 23ª Festa do Morango de Brasília

Clipping

Campanha eleitoral do PT em foco no Der Spiegel. Também recebe destaque, na mídia alemã, a Operação Cronos de combate ao feminicídio e ao homicídio, que prendeu centenas de pessoas, na sexta-feira. SZ e TAZ analisam a crise de segurança no Brasil. TS e Deutschlandfunk Kultur noticiam a atribuição da Medalha Goethe à fotógrafa Claudia Andujar. HB relata a produção de caminhões elétricos no Brasil. FAZ repercute a proposta do líder do FDP, Christian Lindner, de uma mudança da política climática da Alemanha e da compra de terrenos de floresta tropical em vez da promoção de energias.

Viva!

Veja o link da estação tradicional Super Rádio FM Brasília,  no blog do Ari Cunha. A rádio permanece nos mesmos moldes pela Internet.

Link: Brasília Super Rádio FM

HISTÓRIA DE BRASÍLIA

Um ofício do delegado do IAPFESP ao CORREIO BRAZILIENSE esclarece que foi a administração central, quem mandou construir casas de alvenaria dentro da superquadra. Esclarece, ainda, que a superquadra 304 “está toda asfaltada”, e que o gerador está sendo conservado para a construção dos 11 blocos restantes. (Publicado em 27.10.1961)

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