Severino Francisco
Fui conhecer a recém-inaugurada escola pública Sede Jardim Mangueiral no bairro do mesmo nome, próximo ao Jardim Botânico. Não se trata de uma solução improvisada. O prédio foi concebido, especialmente, para ser uma escola. As salas são iluminadas, os corredores arejados, a quadra esportiva é vazada e tem ventilação, existem lugares para os alunos transitarem ou conversarem nos intervalos.”Essa escola é uma benção, meus filhos podem ir a pé, não precisam mais usar ônibus escolar”, me disse uma senhora que vende biscoitos na feirinha, com quem me encontrei por lá.
Eu também tiro o meu chapéu imaginário em reverência à construção dessa escola e espero que outras sejam erguidas em vários pontos do DF. É algo que confere dignidade arquitetônica à educação. A casa da educação precisa ser bonita, agradável e elegante. No entanto, parece-me que os professores talvez merecessem distinção semelhante à dispensada aos prédios, pois os docentes são a alma da educação.
Não quero atulhar o leitor com uma avalanche de números, mas é preciso atenção a algumas situações. Uma pesquisa divulgada pelo Sindicato elo Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (Semesp) revela que, até 2040, o Brasil poderá ter uma carência de 235 mil professores de educação básica. A razão principal do desinteresse pelos cursos de pedagogia é a desvalorização da profissão, expressa, claramente, na baixa remuneração dos docentes.
Mas, para que não paire dúvida sobre supostas intenções ideológicas, resolvi perguntar para a Inteligência Artificial qual era a situação dos professores no Brasil e vejam o que ela respondeu: “A situação dos professores no Brasil é marcada por desafios significativos, incluindo baixa remuneração, sobrecarga de trabalho, falta de reconhecimento e violência, resultando no desinteresse pela carreira e em um potencial ‘apagão’ de docentes”.
Logo em seguida, aparece um tópico sob o título Desafios e desvalorização. O primeiro item é baixa remuneração: “A remuneração dos professores no Brasil é frequentemente inferior à media de outros países da OCDE e, em muitos casos, abaixo do piso nacional”. Em seguida, vem a Sobrecarga de Trabalho: “Professores enfrentam jornadas extensas, acúmulo de tarefas burocráticas e desafios na gestão do tempo, o que pode levar ao esgotamento físico e mental”.
Na sequência, o importante aspecto da Falta de Reconhecimento é abordado: “A desvalorização da profissão docente se manifesta na falta de reconhecimento social, na ausência de políticas públicas de valorização e na dificuldade de ascensão na carreira”. E, para fechar, temos a vulnerabilidade dos professores ante a violência.
Porém, a I.A. organiza também um elenco de Possíveis Soluções e Medidas. Vamos a elas. Valorização da Carreira: “É fundamental implementar políticas públicas que valorizem a carreira docente, incluindo melhorias salariais, condições de trabalho adequadas e reconhecimento social”. O tópico seguinte é Investimento na Formação: “É preciso investir na formação inicial e continuada dos professores, buscando aproximar a teoria da prática e garantir que os profissionais estejam preparados para os desafios na sala de aula”.
E, agora, pergunto eu, como exigir uma educação de qualidade que precisamos se existe uma política de desvalorização do professor traduzida na baixa remuneração? Como conseguir a formação continuada se um docente que dedica de três a quatro anos de estudos ao mestrado e ao doutorado acresce R$ 200 ao salário?
Até a I.A. já entendeu a situação do professor e seu papel crucial na educação. Mas falta à classe política e a nós, como sociedade civil, reconhecermos a relevância dos docentes. E o primeiro passo é darmos a eles uma remuneração digna. A greve dos professores é um transtorno social que precisa ser evitado.