Reinado inglês sob ponto de vista feminino é narrado em The Spanish Princess

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Serviço de streaming StarzPlay lança em 11 de outubro segunda parte da série The Spanish Princess que tem a rainha Catarina de Aragão como protagonista

“Todo mundo acha que sabe a história de Catarina (de Aragão, princesa espanhola que se tornou rainha da Inglaterra) pelo casamento (conturbado) com Henrique VIII. Ela é mais do que lembramos. Esteve em batalhas, acreditava que deveria proteger Londres. Foi uma ótima amiga. Nós queríamos desafiar as pessoas que acham que sabem quem ela era e apresentar essa mulher como ela foi, com essa jornada.” Esse foi o objetivo de Emma Frost, uma das showrunners e produtora executiva ao lado de Matthew Graham, ao criar a série limitada The Spanish Princess.

A produção faz parte de uma franquia televisiva inspirada na série de livros de Philippa Gregory. A saga teve início em 2013 com a minissérie The White Queen, que acompanha três mulheres, Elizabeth Woodville, Margaret Beaufort e Anne Neville, na luta pelo poder inglês durante a Guerra das Rosas. Em 2017, a trama continuou a partir da minissérie The White Princess que mostrava o reinado de Henrique VII e Elizabeth de York. Até chegar à terceira narrativa da saga: The Spanish Princess, que teve a primeira parte lançada em 2019, e mostra a chegada da princesa espanhola Catarina de Aragão ao trono da Inglaterra.

Diferentemente das outras duas minisséries, The Spanish Princess foi pensada num formato em duas partes. A primeira é composta por oito episódios, assim como a segunda, que estreia em 11 de outubro no serviço de streaming Starzplay. Na primeira parte, o espectador acompanha Catarina (Charlotte Hope) viajando para encontrar o prometido marido Arthur (Angus Imrie), o Príncipe de Gales e herdeiro aparente de Henrique VII da Inglaterra.

A sequência mostra os desdobramentos do novo casamento de Catarina após a repentina morte de Arthur. Para manter a paz entre Espanha e Inglaterra, o acordo entre as famílias continua, mas, agora, a partir de um novo matrimônio: a união de Catarina com o príncipe Henry (Ruairi O’Connor), que logo se transforma no rei Henrique VIII, segundo monarca inglês da Casa de Tudor no trono da Inglaterra e fundador da Igreja Anglicana.

Força feminina em The Spanish Princess

Crédito: Starzplay/Divulgação. The Spanish Princess, série parte 2 da Starzplay

Cada parte da narrativa da série representa simbologias diferentes para a história da protagonista. “Na primeira parte, vemos Catarina querendo casar, querendo poder, querendo ser a rainha da Inglaterra e, por acaso, ela estava apaixonada. Na segunda parte, há um lado mais trágico e dramático. Ela quer ser uma rainha e uma esposa forte. Abordamos mais esse relacionamento e esse pensamento da Catarina de que está sendo punida porque mentiu sobre a consumação do casamento. É uma narrativa mais sombria e complexa”, explica Matthew Graham.

O que a intérprete da personagem concorda e diz que, inclusive, a fez mudar o modo de preparação. Na primeira parte, ela inspirou-se na história dos livros. Para a sequência, entrou em contato com um lado mais moderno e contemporâneo. “Quando contamos histórias de reis e rainhas, há um escapismo causado pelo figurino, cenário e locações. Mas essa é uma história sobre uma mulher que perde um filho atrás do outro. É uma narrativa sobre perda e dor”, analisa Charlotte.

A protagonista de The Spanish Princess destaca o pioneirismo de Catarina, que, nos anos 1500, estava envolvida com a política e com as batalhas que envolviam o poder do reinado inglês, o que costumava ficar a cargo apenas dos reis. “Ela estava mais envolvida na política do que ele, isso a empoderou e também foi uma quebra no casamento dela e de Henry. Porque ele era o real líder. Eles passaram a se sentir num casamento desigual”, avalia a atriz.

História dos negros em The Spanish Princess

Crédito: Starzplay/Divulgação. The Spanish Princess, série parte 2 da Starzplay

Além de dar voz ao ponto de vista feminino, The Spanish Princess aproveita para narrar a presença negra na história, normalmente invisibilizada. E faz isso por meio de Lina de Cardonnes (Stephanie Levi-John), dama de companhia de Catarina. “Como nas duas primeiras minisséries falamos sobre as mulheres, pensamos que podíamos trazer para a terceira produção mais representatividade. Quando descobrimos que a história de Catarina envolvia personagens negros, pensamos que era a oportunidade de atingir esse equilíbrio”, avalia Emma Frost.

A personagem ganha bastante tempo de tela e tem toda uma narrativa própria no seriado. Na sequência, o foco é no relacionamento com Oviedo (Aaron Cobham), com quem cria uma família e vive a ameaça do racismo e da xenofobia. “É muito importante (essa representação), porque é a verdade. Sempre houve negros em Londres, mas foram ignorados na história. Achamos que era uma ótima oportunidade de contar essa história e numa narrativa de amor feliz, sendo um contraponto a Catarina e Henry”, explica Matthew.

“Sou obcecada pela relação de Catarina e Lina. Acho muito fascinante que Emma e Matthew tenham escrito essa personagem. Elas se gostam muito, apesar de terem uma relação complicada. As relações das mulheres sempre são definidas como melhores amigas ou inimigas. Fico feliz que a relação das duas tenha de tudo. É difícil para Catarina ver que Lina está feliz, grávida. Ela sente inveja. Mas elas têm uma relação muito poderosa”, defende Charlotte Hope.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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