Bruna Mascarenhas conta como foi estrear em Sintonia

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A atriz Bruna Mascarenhas conta dos desafios e dos encantos de estrear no audiovisual como a protagonista de Sintonia, série da Netflix que se passa na periferia paulista.

“Eram muitos fatores em pauta. Além do meu primeiro trabalho no audiovisual, era uma protagonista, em uma plataforma muito respeitada como a Netflix, associada a outra plataforma como a Kondzilla, e eu ainda entrei faltando duas semanas, tendo que mudar o sotaque de carioca pra paulista da quebrada”. Ao ouvir o relato de Bruna Mascarenhas de como foi o processo de criação da protagonista Rita, de Sintonia, série brasileira da Netflix, já dá pra cansar.

Mas a jovem atriz não desistiu. Em entrevista ao Próximo Capítulo, ela compara essa determinação dela com a mesma característica da personagem que dribla problemas familiares, se apega à religião, mas tem o lado rebelde exacerbado. Bruna Mascarenhas comemora o fato de Sintonia ter dado voz a uma parcela muitas vezes esquecida pela dramaturgia nacional, os jovens da favela.

“Recebo muitas mensagens de pessoas que reconhecem em Sintonia suas histórias, as de seus amigos, familiares, vizinhos”, conta Bruna, lembrando a importância de a série dar representatividade a esses jovens.

Na entrevista a seguir, Bruna Mascarenhas fala sobre funk, balé e representatividade. Confira!

Leia entrevista com Bruna Mascarenhas

Foto: Thiago de Lucena/Divulgação. Bruna Mascarenhas tem várias características em comum com a personagem Rita, de Sintonia

Sintonia é seu primeiro trabalho no audiovisual e a estreia é logo como uma protagonista. Você sentiu pressão por conta disso?
Eram muitos fatores em pauta. Além do meu primeiro trabalho no audiovisual, era uma protagonista, em uma plataforma muito respeitada como a Netflix, associada a outra plataforma como a Kondzilla, e eu ainda entrei faltando duas semanas, tendo que mudar o sotaque de carioca pra paulista da quebrada. Às vezes algumas pessoas me falavam “você sabe que sua vida vai mudar” ou “você sabe que vai para 190 países, né?”. Aí é claro que tudo fica ainda mais intenso. Por isso mesmo eu trabalhei meu foco no aqui e agora. Tentei ao máximo não pensar no futuro. Até porque o presente, por si só, já tinha muita coisa para ser pensada e vivida. Descobri que a insegurança pode ser positiva, um propulsor para dar ainda mais foco e estudo. Estar na corda bamba requer concentração e o estado presente.

Sintonia mostra o jovem da periferia paulista. Qual é a importância de dar a esse jovem o protagonismo de uma série?
Cada vez mais falamos de representatividade. E não adianta só falar e na prática nada acontecer. Recebo muitas mensagens de pessoas que reconhecem em Sintonia suas histórias, as de seus amigos, familiares, vizinhos. Acho que, num momento de trevas, você se ver na tela, se reconhecer e saber que milhões de pessoas estão podendo ter a oportunidade de conhecer a sua história também, é quase um grito de resistência. Nós existimos, temos que ser respeitados, também podemos ter oportunidades e nós também amamos, independentemente de nossas escolhas ou crenças.

Você acha que a série pode, de alguma forma, ajudar o jovem da periferia, seja dando esperança, seja aumentando a autoestima?
Sim. A sua cultura, suas gírias, suas escolhas, sua falta de escolhas, todas sendo postas na mesa, tudo está sendo visto, para a maioria, pela primeira vez. Ainda tem o tema sobre amizade e sobre nunca desistir de seus sonhos, que são recados importantes para a molecada. Desafios sempre vão existir, é bom que existam! Faz parte do nosso crescimento e amadurecimento.

A Rita é uma menina determinada, mais madura do que muitos jovens da idade dela. Você também tem essa característica?
Essa é uma das características que temos em comum. Somos muito focadas quando queremos algo. Quando vim para São Paulo, por exemplo, foi isso. Decidi que viria, passei dois meses planejando e vim. Começar do zero, me adaptar, conhecer pessoas, a cidade, o clima. Mas eu fiz essa escolha muito consciente e não parei para ouvir ninguém que falava o contrário. Tinha muita certeza que aqui eu teria mais oportunidades. E quando passava ou passo por algum perrengue, tento acolher ao máximo e aprender algo com ele. E saber que tudo é passageiro.

O que mais a aproxima da Rita?
Ela é uma menina que tem muita fé e confia na sua intuição. Muitas vezes é impulsiva, igualzinha a mim. Muitos amigos me vêem em alguns momentos da série, porque realmente temos muitas semelhanças. Eu demorei pra ter consciência de que muitas vezes eu não assumia minhas responsabilidades em certas atitudes. Quando comecei a fazer esse trabalho de autoconhecimento fui começando a enxergar com um pouco mais de clareza. Aí a Ritinha chegou, e me ensinou muito. Depois que ela apanha, fica com muita raiva e chega a colocar a culpa na Jussara, esquecendo de entender onde está sua responsabilidade nisso tudo, mesmo não tendo feito por mal. Nós, como atores, precisamos sempre trabalhar a empatia, a cada personagem temos muito a refletir, estudar e crescer como seres humanos.

Como foi para uma carioca de Niterói interpretar uma típica jovem paulista? Teve ajuda no sotaque, por exemplo?
Tenho sotaque carioca e tinha muito mais. Quando entrei em Sintonia eu só estava em São Paulo há um mês e meio, então um dos meus maiores medos iniciais foi o sotaque paulista da quebrada. Faltando cinco dias para começar a gravar foi quando eu passei minha cena pela primeira vez e no final do ensaio chorei horrores. Era muito difícil assimilar o jeito paulista fazendo a cena. Os meninos (Jottape e Chris, atores de Sintonia) me ajudaram muito, cansei de mandar mensagem de madrugada tirando dúvidas na forma de falar, o Jotta me mandava até áudios de amigos para eu ouvir. Hoje eu acho engraçado meu desespero. Mas estudei muito, todos os dias. Minha fono sugeriu começar a falar assim com a minha família e amigos cariocas. Foi hilário, a galera toda ficou em choque, mas me joguei de cabeça. Tudo na vida é prática, na nossa profissão não é diferente.

Os amigos de Rita estão muito ligados ao universo do funk. Como é a sua ligação com a música?
Cresci ouvindo muita MPB por causa da minha mãe, rock clássico por causa do meu pai e funk carioca. Fez parte da minha adolescência. Não é um estilo que eu ouço todos os dias, mas quando toca eu não consigo ficar parada. Temos que aceitar o funk igualmente como qualquer outro estilo. Faz parte do Brasil!

Você fez balé clássico por 14 anos. Isso ajuda na carreira de atriz? Como?
O corpo do ator é seu instrumento de trabalho, quanto mais ele se afina, se alonga, se conhece, melhor você consegue trabalhar com ele e abrir possibilidades para levá-lo a qualquer situação e/ou personagem. Eu fico muito feliz por ter feito balé desde cedo (3 anos). Minha mãe disse que eu tinha pé chato, perna tesoura e não tinha bumbum, e o balé foi moldando meu corpo e consequentemente minha postura. Além de ser uma dança que é considerada a mãe de todas. Por ter feito 14 anos de balé eu tenho muita facilidade com ritmo, controle motor e em aprender outros estilos. Quando comecei a sair para dançar forró aprendi muito rápido. Tenho um amigo que sempre me pega pra dançar nas festas, ele vai falando o estilo e me ensinando na hora, e sempre fica em choque com a facilidade do meu corpo em entender outros ritmos e estilos.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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