Além da ilusão começa com coadjuvantes talentosos e protagonistas carismáticos

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Rafael Vitti e Larissa Manoela têm muito que crescer em Além da ilusão, novela que agrada pela reconstrução de época, mas pecou em cena-chave. Leia a crítica da primeira semana!

A novela Além da ilusão chegou com a promessa de uma trama leve calcada na busca por viver um grande amor. A leveza, de uma certa maneira, veio, apesar da tragédia do assassinato de Elisa (Larissa Manoela) e da morte do coronel Afonso Camargo (Lima Duarte). O grande amor apareceu, mas não nos deixou torcer por ele, pois a moça foi assassinada. Na verdade, ele renascerá em cerca de duas semanas, na segunda fase da trama de Alessandra Poggi.

Além da ilusão começa na década de 1930 e a reconstrução da época encanta a vista. Nada dos tons escuros do império da anterior, Nos tempos do imperador – apesar da crise, os anos 1930 da novela são coloridos. E de encher os olhos! Dos figurinos à cenografia. Tudo parece no lugar certo e sob medida para Rafael e Larissa brilharem.

Os dois esbanjam química juntos. Esforçados, estão em momentos ímpares da carreira. O rapaz se conteve, teve os gestos largos, o sorriso constante, o ar de meninão e a rapidez no falar burilados. Ponto para a direção de Luiz Henrique Rios.

Larissa esteve mais contida ainda, talvez numa estratégia para que não adoremos Elisa. Mas não foi possível. A menina foi numa crescente e nos dois últimos capítulos mostrou que é capaz, sim, de ir além quando viverá Isadora. A irmã de Elisa se encaixa mais no rótulo de “menina à frente do tempo dela” do que no de “namoradinha do Brasil”, lugar em que insistem em colocar Larissa.

Curiosamente, foi nesse crescer de Larissa que Além do tempo encontrou a maior ー e talvez única ー grande falha nesse início. O problema é que ela aconteceu justamente onde não poderia: na cena do assassinato de Elisa. O tiro foi disparado pelo pai dela, o juiz Matias (Antônio Calloni), que queria matar Davi, mas errou o alvo. Salvo termos sido plateia para um truque de ilusionismo de Davi, nós vimos tudo o que aconteceu.

Assassinato de Elisa merecia um roteiro mais redondo

Quando a polícia chega, Matias está transtornado por ter matado a própria filha e Davi, inconsolável por perder a namorada. Em fração de segundos, Matias não só recupera a frieza que lhe é característica, como inventa todo um roteiro para incriminar Davi. “Eu sou a juiz, eu sou a lei”, avisa o sogro ao rapaz. O mágico pobre acaba preso e o criminoso, rico, solto. Esse Brasil de 1930…

A questão é que Matias poderia, sim, inventar a própria versão e a polícia acreditar nele. Mas estamos na primeira semana de novela, ainda não há pressa. Porque não passar pelo menos uma noite para aparecer o depoimento com a versão forjada? O argumento para prender Davi poderia ser usado para detê-lo temporariamente na delegacia pelos policiais que, claro, estão mais propensos a acreditar na versão de Matias.

Além da ilusão tem coadjuvantes com ares de protagonistas

Lima e Paloma Duarte emocionam em Além da ilusão

Mas Larissa e Rafael não brilharam sozinhos em Além da ilusão. Pelo contrário. Tiveram boa ー e muito boa ー companhia de um time de coadjuvantes muito bom. Lima Duarte mostrou, mais uma vez, o grande ator que é. Não precisa de grandes personagens para dominar a cena e quando encontra um como o coronel Afonso pela frente nos faz rir dando tiros de espingarda para espantar visitas indesejadas e nos emociona no leito de morte fazendo revelações à filha Heloísa (Paloma Duarte).

As filhas de Afonso também merecem menção. Não é de hoje que Malu Galli, a Violeta (mãe de Elisa e Isadora), rouba a cena por onde passa. Mas, desta vez, a atriz se supera e está muito bem no papel de uma mulher doce e enérgica ao mesmo tempo. Paloma Duarte volta à Globo depois de quase 20 anos pela porta da frente. Sua Heloísa é amargurada por ter tido a filha arrancada dos braços recém-nascida por Afonso. Fica a torcida por mais embates entre as duas irmãs.

Olívia Araújo foi outro destaque como Augusta. É ela quem cuida de Elisa e Isadora (a menina Sofia Budke, muito boa também) e é braço direito de Violeta em casa. Atire a primeira pedra quem não quis ter Augusta ao seu lado durante essa semana!

Além da ilusão deixou a impressão de que será uma novela daquelas fáceis de acompanhar, com algumas referências deliciosas aos dias de hoje (como na cena em que Olívia e Davi conversam sobre a falta de apoio a artistas de rua) e com um casal por quem vamos torcer muito. Basta que Rafael Vitti e Larissa Manoela, agora como Isadora, se soltem ainda mais. Estrela eles têm!

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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