João Felipe Maione, sócio da Oh! Artes

Entretenimento na capital do país

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Neste mês de abril, a Associação Brasileira dos Promotores de Eventos (Abrape) indicou que o setor de eventos de cultura e entretenimento, no país, continua em franca recuperação dos efeitos da covid-19. Nesse cenário, os empregos também estão sendo impactados positivamente. Até fevereiro, o saldo no segmento é 2,3% superior ao período pré-pandemia. Ao todo, foram criadas quase 80 mil vagas de trabalho acima do patamar de 2019. 

Em Brasília, a Oh! Artes é considerada destaque neste mercado e tange a linha familiar. Sócio da produtora, o empresário João Felipe Maione também está à frente do Mezanino e da Torre 360, espaços de grande visitação no Distrito Federal, que reúne público de domingo a domingo. Antes de atuar no segmento, o empreendedor conta que os seus primeiros passos no setor envolvem a presença do seu pai, Sérgio Maione, que era responsável pela Monday Monday, uma das empresas pioneiras do entretenimento na cidade. 

“Por muitos anos, ele [o pai Sérgio Maione] fez o carnaval fora de época chamado Micarêcandanga, que já chegou a levar 500 mil pessoas em uma única edição, na Esplanada. Na época, eu era muito novo, tinha por volta de 12 anos. Quando eu completei 18 anos, comecei a trabalhar com ele, que me colocou para fazer as coisas mais operacionais. O meu primeiro emprego na produtora foi como contador de ingresso”, relembra.

Fusão entre as produtoras Monday Monday, dos empresários Sérgio e João Maione; e Park Show, de Rodrigo e Marcelo Amaral, a Oh! Artes nasceu com a missão de ser uma referência para realização dos eventos na região. A família conta com ampla experiência em festivais, shows, musicais e eventos empresariais desde 1986 e avalia que o segmento é vital para a economia. 

“Vejo dois destaques primordiais para este mercado de eventos. O primeiro refere-se à importância comercial. O setor representa quase 5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o que está relacionado a R$ 4,65 bi. Ele é oriundo de eventos e shows, segundo a Abrape, o que movimenta milhões de empregos voltados ao mercado de shows e eventos”, comenta o sócio da Oh! Artes.

O segundo, o empresário indica que, um aspecto de grande relevância do setor está relacionado à saúde mental. Maione pontua que o coronavírus evidenciou essa questão. Além disso, ele acrescenta que o entretenimento estimula a mente humana de uma maneira sensorial, por meio da audição e visão, que libera no corpo endorfina e dopamina, os hormônios do prazer e bem-estar. 

“Quando a gente se viu trancado dentro de casa, sem poder sair, todo mundo tentou consumir shows e eventos no formato on-line. Foi nessa época que tivemos o boom das lives. A gente viu o tanto que o entretenimento ao vivo, seja virtual ou presencial, é muito importante para a sociedade. A gente precisa de uma válvula de escape”, ressalta.

Levando em consideração a forte crença do empreendedor acerca da relevância deste business, a Oh! Artes tem o objetivo de fomentar Brasília como um importante centro cultural na América Latina. Para isso, a produtora prioriza o investimento em atrações de renome nacional e internacional para trazer à capital grandes eventos.

Três perguntas para João Felipe Maione, sócio da Oh! Artes:

Como se capacitar na área de entretenimento?

Viver na prática. O melhor jeito de crescer no segmento é consumir diferentes formatos de eventos e festivais. Hoje, eu vejo que o modo mais efetivo de estar conectado e de estar por dentro de todas as tendências do entretenimento é frequentando todo e qualquer tipo de show, teatro, feiras e, inclusive, cinema. Tudo que envolve o entretenimento. 

Temos um braço infantil na nossa empresa. Dessa forma, já fui diversas vezes para espetáculos infantis sozinho. Viajo também para vários festivais para ver o que está acontecendo em outras regiões e o que está em tendência no Brasil e no mundo. O nosso mercado é muito mutável. Uma coisa que funcionava ontem pode não funcionar hoje. Do jeito que o mundo está rápido e dinâmico, e ao mesmo tempo descartável, a gente tem que buscar sempre evoluir e consumir todo tipo de entretenimento, seja digital ou presencial, para ficar por dentro de tudo que está acontecendo.

Como você avalia o potencial de eventos em Brasília?

Hoje eu considero Brasília como uma das três cidades que mais respira eventos no Brasil. A capital conseguiu se destacar muito no consumo de entretenimento. Tem tudo para crescer. A gente tem, por exemplo, a reforma do Teatro Nacional que, com certeza, vai ajudar muito a trazer mais espetáculos, musicais e artistas para a cidade. Temos vários outros espaços na região que o governo, junto à iniciativa privada, pode transformar em espaços multiculturais, como o pavilhão do Parque da Cidade. Acho que Brasília ainda tem muito a crescer no setor de entretenimento. A gente, do segmento, está fazendo o máximo para que isso aconteça.

Quais os grandes desafios deste segmento?

O desafio dessa área é a instabilidade. Acho que grande parte causada pela sensibilidade que o mercado tem. Qualquer coisa que possa acontecer, como uma inflação, impacta. A pandemia veio para reafirmar isso. Fomos os primeiros a parar e os últimos a voltar. Somos muito sensíveis a qualquer mudança que possa acontecer no Brasil e no mundo. Qualquer atipicidade que venha a acontecer no país impacta o nosso mercado, que é um dos primeiros a sofrer. 

O consumo do entretenimento ainda é tido como supérfluo pelo grande público. Ninguém passa um mês sem fazer compras, mas no caso de shows e festivais, esse consumo é cortado. Quando as pessoas precisam economizar algum dinheiro, a primeira medida é deixar de lado o entretenimento.