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da Revista do Correio,
Enquanto algumas pessoas pensam muito antes de comprar ou adotar um pet, outras preferem ter a casa cheia. Organização, vacinas e limpeza são os requisitos para ter muitas mascotes
Foto Zuleika de Souza/CB/DA Press
O dia começa cedo na casa deles, por volta das 6h30. É hora de Carlos acordar, colocar comida para os cachorros e soltá-los do canil no jardim. Não tem fim de semana ou feriado. “A gente acorda nessa hora mesmo sem despertador. Se nós demoramos, eles começam a ficar agitados”, conta. E, todo sábado ou domingo, tem o banho coletivo. “Não é um bichinho de pelúcia, tem que ter toda uma administração doméstica”, acrescenta Roselani. Até o carro deles é adaptado para carregar a turma.
O casal pediu para confeccionarem um equipamento de segurança especial, que pudesse prender pelo menos os oito pugs, os queridinhos da família. E que fique claro: “Quem não botar o cinto não vai!”, avisa Carlos. A saída preferida é ir para encontros da raça em parques. No último encontro, em 26 de julho, os donos aproveitaram para arrecadaram 52kg de ração e doaram para uma ONG de proteção animal, a Projeto Adoção São Francisco.
Os pugs têm certos privilégios — são os únicos que tem acesso ao interior da casa. E, confessam os donos, tem aceso livre à cama deles. “Quando o meu marido chega do trabalho, às vezes, não tem espaço para ele”, brinca Roselani. E não é por causa da quantidade que os cachorros ganham menos atenção. Cada um ganha a devida atenção. “Eu observo muito, se tem algum lugar coçando, se o olhinho está lacrimejando, se tem alguma mudança de personalidade”, afirma a dona.
Os nomes da turma são puro glamour, a maioria inspirados em divas pop. Os pugs são Adele, Beyoncé, Rihanna, Talia, Ozzy, Teodoro, Beto e Faruk. Há também a dogo argentina Shakira, quatro vira-latas de médio porte, Britney, Lady Gaga, Tina e Budy, e a fila Madonna, que foi o primeiro pet do casal, em 2010. Antes, Madonna também podia entrar em casa, mas, quando cresceu o suficiente para ocupar o sofá inteiro, perdeu espaço para os cães menores.
A parte negativa? “Limpar cocô é horrível”, admite Carlos, rindo. Eventualmente, eles também precisam lidar com algum móvel roído ou xixi no lugar errado. “A gente troca o sofá bastante. É bom porque muda a casa”, brinca Roselani. Também é importante cuidar da administração financeira. O maior gasto deles é com ração, cerca de R$ 700 por mês e com a renovação das vacinas no início do ano, aproximadamente R$ 1.800. Para controlar a natalidade, os machos foram castrados, com exceção de um dos pugs. Na época do cio, ele é separado das fêmeas. A cirurgia também serviu para evitar disputas por domínio e reduzir brigas.
O casal garante que vale a pena manter vários animais. “Cachorro só traz boas pessoas para a nossa vida. Dizem que Brasília é um lugar meio frio, mas basta arrumar um cachorro que isso muda. É uma forma de criar afinidade, trocar experiências com quem gosta de bicho”, opina Roselani. Ela também considera que os pets são bons para as crianças. O casal tem dois filhos gêmeos, João Vítor e Vinícius, de 7 anos, que geralmente têm a companhia do afilhado, Adriano Matos, de 8. “Faz bem essa interação. A criançada é muito imaginativa, faz os cachorros de personagens das brincadeiras”, conta Roselani.
Roselani conta que partiu dela iniciativa ter vários cachorros. Desde pequena, sempre estive rodeada de animais. “O meu pai vai fazer churrasco e acaba deixando metade da carne para os cachorros. E a minha mãe costuma adotar animais abandonados ou com dificuldades, atropelados. Ela tem até um salsichinha cadeirante”, descreve. “Quando você é criado assim, não vê muita dificuldade”, opina. A família está completa, mas há espaço para mais um. Será que eles vão resistir à fofura da próxima ninhada dos pugs? Cuidados: Para ter vários animais, são necessárias algumas precauções. A principal delas é a correta imunização. “Você pode ter quantos cachorros quiser, desde que sejam bem cuidados e estejam com as vacinas atualizadas. Os cuidados básicos são de vermifugação, vacinação e alimentação”, enumera a veterinária Maria de Fátima Coelho. Outro conselho é a castração, o que reduz disputas por território e, consequentemente, brigas.
A veterinária Lorena Figueiredo recomenda que o macho passe pelo processo antes da maturidade sexual. Se o procedimento for feito mais cedo, aumentam as chances de diminuir a valentia do cão. No entanto, Lorena destaca que a agressividade pode estar ligada, principalmente, a questões ambientais, como o nível de estresse do animal.
A veterinária Maria de Fátima também destaca outro aspecto: “Animal não é nada barato, tem que ter todos cuidados.” E o ambiente onde os pets ficam deve estar sempre limpo. “Eu acredito que a higienização precisa ser redobrada [quando se tem muitos animais]”, afirma a veterinária Lorena Figueiredo. E a assepsia não é apenas do local, mas também dos próprios pets. A especialista indica um banho a cada 15 dias para os cachorros e um por mês para gatos.
No caso de pets resgatados, a veterinária indica levá-los imediatamente até uma clínica para tomar vacinas e fazer exames. “Não sabemos dizer o estado de saúde de um animal de rua, ele poderia levar algumas doenças para a casa. O adequado é pegá-lo com luvas e pedir avaliação de um veterinário”, acrescenta Lorena.
Para ela, a desvantagem de ter vários animais é que fica mais difícil identificar se eles têm alguma doença. “É preciso tempo para se dedicar e ter um espaço limpo, com animais atendidos por veterinários”, afirma Lorena. A especialista também diz que é importante ter um ambiente adequado para as características de cada cachorro.
“Têm cães mais ativos, outros mais tranquilos, depende do porte da raça, do temperamento. Alguns precisam de mais espaço e ficam bem em um quintal. Já os pequenos exigem mais atenção e podem ter problemas se ficarem sozinhos no fundo da casa”, aponta Lorena. “Não é apenas água e comida, tem que ter carinho, atenção.”
De modo geral, a convivência com outros animais traz vantagens. “Hoje em dia, as pessoas não têm muito tempo para dedicar ao cachorro. Com um companheiro, ele consegue extravasar isso melhor, ficar menos ansioso e ter menos desvios comportamentais, como latidos e destruição de objetos”, afirma Lorena.

Bono Blue postou fotos de Gustavo Moreno do @cbfotografia / Correio Braziliense.
da Revista do Correio,
A experiência de dois homens que adotaram pets um pouco a contragosto, mas que, depois, se apegaram totalmente aos amigos felpudos.
José Euclides, Letícia e Toby viraram um trio inseparável: insistência da jovem valeu a pena. Foto Zuleika de Souza/CB/DAPress
“Não”. Essa foi a primeira resposta dos pais entrevistados nesta reportagem quando os filhos pediram um animal de estimação. No entanto, algo mudou. Eles cederam. Os peludos chegaram, conquistaram espaço, encantaram os donos da casa e ficaram. Após o impacto com a adaptação, os pets ganharam status de membro da família.
Foi assim no lar da estudante Letícia Viana, 17 anos. Ela tentou, por 5 anos, convencer o pai, José Euclides Andrade, 51, a ter um cachorro. O advogado sempre vetava, não queria mais um compromisso. A esposa faleceu quando a filha tinha apenas 5 anos e, desde então, ele acumulou os papéis paterno e materno.
“Achava que não daria conta de criar duas vidas. O meu ritmo de trabalho sempre foi puxado, não teria com quem dividir as responsabilidades do cachorro”, explica Euclides. Com a filha pequena, não tinha condições, mas, em 2013, ano em que Letícia debutou, precisou rever seus conceitos. A jovem estava muito triste e Euclides decidiu buscar ajuda profissional. “Fui a uma psicóloga que já tinha cuidado da Letícia na época da perda da mãe, e ela sugeriu que eu aceitasse o animal”, relembra.
O shih tzu foi “liberado” depois de uma conversa séria sobre divisão de tarefas. A adolescente pesquisou tudo: a melhor raça para viver em apartamento, o tipo de ração, os melhores preços de produtos para pet etc. “Quando fomos ver os filhotes, o Toby se destacou porque pulou no colo dela. A Letícia ficou encantada e levamos”, resume. O pai logo entendeu o conselho da terapeuta: a convivência com o animal fez bem para ele também.
O psicólogo Helio Ricardo Machado esclarece que a chegada de um animal de estimação pode despertar novos afetos. “As emoções impactam diretamente nosso comportamento. Nesse sentido, um contato próximo com os pets, combinado com o afeto emanados por eles, representa o amor incondicional. A sociedade, acostumada com relações cada vez mais pautadas pela falta de afeto espontâneo, encontra um contraponto no animal. Ele será aquele que vai gostar de você, independentemente do que você faça ou deixe de fazer.”
Passados dois anos de aprendizado entre pai, filha e o pequeno peludo, Euclides confessa que passou a ser menos duro e a externar mais seus sentimentos. Já Letícia desenvolveu tanto o senso de responsabilidade que chama o cão de filho. “Com certeza, é um filho. Na verdade, mais meu do que dela”, observa o pai, rindo.
De acordo com Helio Machado, é comum a resistência a animais estar relacionada a memórias, bem como a representações compartilhadas socialmente. “Ambas as formas de preconceber, imaginar ou temer a relação com os bichos de estimação podem ser ressignificadas a partir de uma relação real”, pontua. O servidor público Luiz Cláudio Fernandes, 53 anos, experimentou essa reviravolta. Quando o filho Matheus, hoje com 21, nasceu, os pais compraram um cão de porte médio para grande. Em certo momento, ficou inviável criar o animal no apartamento em que viviam e tiveram que se desfazer dele. “Foi uma situação difícil. Meti na minha cabeça que, para ter um cachorro, deveria ter um espaço maior. Só assim ele poderia correr e extravasar as energias”, argumenta Luiz.
A família se mudou para uma casa, mas a resistência continuou. Porém, a mulher de Luiz não desistiu e consegui convencê-lo. A experiência com a primeira boxer, Bindy, deu tão certo que, hoje em dia, eles têm mais duas cadelas: a também boxer Leleca e a vira-lata Megan. “Sem dúvida, os cachorros trouxeram muita alegria para nós três. A convivência mostrou que o espaço não precisava ser tão grande quanto eu pensava. O quintal acabou sendo suficiente”, conclui.
Para a veterinária Ana Catarina Valle, o comportamento do animal com os donos será definido no momento da chegada. Se houver qualquer resistência, o animal sente e não vai querer aproximação com aquela pessoa. Pode ocorrer, também, de o cão desenvolver um instinto de proteção em relação aos outros membros da casa ou não tolerar certas atitudes. “É importante ressaltar que tudo pode mudar no meio do caminho. Mesmo o cão mais bravo pode ser conquistado, basta cuidar e dar carinho”, aconselha.

da Revista do Correio,
Mais seletivos do que os cachorros, os gatos costumam dar preferência para alimentos e água frescos.
Os gatos de Ana Carolina se alimentam apenas de ração: atum é prêmio eventual.
foto Zuleika de Souza/CB/DA Press
Eles são manhosos até mesmo na hora de comer. A relação entre gatos e comida costuma ser complexa. “Os felinos são mais seletivos do que os cães, buscando sempre comer alimentos mais frescos, de paladar e odor agradáveis”, explica o veterinário Emanuel Quintela. Mas o comportamento varia de acordo com a personalidade de cada animal. “Gatos geralmente são mais organizados. Não gostam de comida velha e não comem qualquer coisa. Mas ainda existem alguns felinos que não se importam com isso”, explica a médica veterinária Ana Catarina Valle.
A estudante Ana Carolina Santos, 24 anos, tem cinco gatos em casa. Cada um com hábitos alimentares diferente. Nora, Mike, Guinezer, Lisa e Mona dividem a dona, mas cada um lida de forma diferente com a comida. De todos, a gatinha Nora é a mais comilona. “Ela é bem gulosa. Se deixar, come a ração dela e a dos outros. Até se a gente colocar a comida na mão ou no chão ela pega”, conta.
Nora tem 7kg e se alimenta apenas de ração e atum ao natural em ocasiões especiais. “O peixe é oferecido como prêmio às vezes”, explica Ana Carolina. A jovem afirma que nunca teve problemas para alimentar os animais. O único procedimento é trocar a ração e água pelo menos duas vezes por dia. “Eu deixo a comida a vontade o dia inteiro”, explica.
Na hora de escolher a ração, ela optou por um alimento sem conservantes e com elementos de origem animal. Ana Carolina afirma que nem quando os gatos ficam doentes param de comer. “Assim que eles escutam o barulho, vêm correndo. Preferem a comida com o cheirinho do plástico”, detalha.
Além dos cinco gatos, na casa também moram três cães da raça shih-tzu, dois rottweilers e um cachorro da raça fila brasileiro.
Gatos são animais carnívoros. “Eles gostam de comidas mais gordurosas, com mais sabor. O teor proteico é maior para os felinos do que para cães”, explica a veterinária. Por isso, não é possível oferecer apenas vegetais. “Eles não são onívoros. Tudo que os gatos precisam, eles tiram da proteína. Não tem como mudar os hábitos alimentares de um animal assim”, explica Ana Catarina Valle.
A relação dos felinos com a água também é muito meticulosa. A preferência é sempre pelo líquido fresco. Em geral, eles só bebem a água que julgam de boa qualidade. Por isso, muitas vezes, optam por ingerir a substância diretamente das torneiras ou até mesmo do chão. Em dias quentes, é ainda mais importante renovar a água oferecida. “Uma boa ideia é acrescentar cubos de gelos. Eles adoram e fica bem refrescante”, recomenda a especialista.
Segundo o veterinário Emanuel Quintela, existem no mercado saídas para o gato não perder o interesse pela água. “Há fontes que mantêm o líquido circulando, estimulando assim a ingestão de água”, afirma o veterinário Emanuel Quintela.
Para quem faz a comida do pet em casa, a alimentação deve ter tudo que ele precisa para manter energias. “Vitamina, proteína, carboidrato e minerais. Também é muito importante colocar pouco ou quase nada de sal”, explica Valle. Temperos como açafrão, alecrim e manjericão podem ser adicionados na comida do animal para dar mais sabor.
Mas é preciso atenção: alguns alimentos são tóxicos para os gatos. “Cebola e chocolate, por exemplo, estão terminantemente proibidos”, explica. Laticínios também. “A maioria dos gatos tem intolerância a lactose. Provoca vômitos e diarreias. Frutas cítricas ou com alto valor calórico devem ser evitadas da mesma forma”, explica.
Gatos geralmente comem em pequenas porções várias vezes ao dia. O importante é trocar a ração do animal para mantê-la sempre fresca. “O bicho não pode ficar longos períodos sem se alimentar. Eles também preferem comer à noite, pois, como a maioria dos felinos, são animais com hábitos noturnos”, explica.
A petsitter Alessandra Toledo, 42 anos, tem 42 gatos. Desses animais, 33 moram com ela e outros nove com a mãe. Todos os bichos comem somente ração e Alessandra garante que o melhor é investir na alimentação dos animais. “Eu prefiro gastar com a comida deles e economizar no veterinário”, explica.
Como são muitos gatos em casa, eles costuma dividir algumas vasilhas “São dois para cada potinho de comida. Como não comem na mesma hora, eles dividem numa boa”, explica. Assim como as mascotes de Ana Carolina, os animais só comem se a ração estiver fresca. A tutora dos bichanos também tem muito cuidado com a conservação da água. “Coloco sempre em potes de barro ou cerâmica. Assim, a água fica sempre geladinha, do jeito que eles gostam. Quando está muito calor, ponho pedras de gelo”, detalha Alessandra Toledo.
Cheio de manias
Para o gato persa Madox, 8 anos, a comida te que estar exatamente como ele quer. O felino só come carne vermelha e crua. “Tem que ser sempre bem fresquinha. Se passar alguns minutos do ponto, ele não aceita”, conta Neide Cavalcante, 38 anos, chef de cozinha e dona do animal.
Neide garante ter tentado dar todo tipo de ração para Madox. “Ele sempre rejeitou, desde que era bebê. Um dia, eu estava cortando carne e dei um pedaço para ele. A partir daí, não quis mais saber de outra coisa.” Mas as manias dele vão além. “Além da carne, ele também come pão com requeijão, panetone e peito de frango, mas só se tiver cortado em cubinhos”, afirma a chef de cozinha.
Apesar dos hábitos peculiares, a proprietária do pet garante que ele nunca teve nenhum problema de saúde. “Está bem gordinho, mas nunca passou mal e o pelo continua bonito”. Além de Madox, mais quatro gatos moram na casa. “Dos cinco, ele é o único com alimentação diferente. Todos comem ração. Ele também é o único macho”, conta.
Sobre o temperamento do felino, Neide garante que o animal é muito dócil com a família. “Ele é carinhoso, só fica arisco quando tem visitas em casa”, explica. O gato também dorme com a dona. “Os outros bichinhos até sobem na cama, mas ele é o único que, de fato, passa a noite comigo”, diverte-se. Com água, Madox também é muito meticuloso. “Ele gosta bem fresca e tem que ser em um balde. Nada de vasilhas”, relata.
Os especialistas destacam a importância de manter alimentos e água longe da caixa de areia. “É bom afastar os comedouros e, se possível, colocá-los em outro ambiente, pois os gatos são animais bem higiênicos e seletivos. Eles podem associar a hora de comer à hora de ir ao banheiro e, com isso, diminuir a quantidade de ingestão de ração ou até parar de comer”, alerta o veterinário Emanuel Quintela.
Deixar vasilhas limpas também é importante para o bem-estar do animal. Os utensílios devem ser limpos pelo menos duas vezes por dia. “Existem formigas, baratas, insetos. Além disso, as sobras podem fermentar com o tempo, podendo causar transtornos alimentares”, explica Quintela.





da Revista do Correio
Seu cachorro come cocô? Esse comportamento se chama coprofagia e deve ser observado com atenção pelos donos.
Ilustração: Gomez
O veterinário cita ainda a presença de agentes causadores de zoonoses, doenças transmitidas para os seres humanos no contato com animais. Exemplo é o protozoário giárdia, que prejudica as funções do intestino. O sintoma mais comum é a diarreia. Agora, se o pet comer os próprios excrementos, não há grandes riscos, desde que ele esteja com as vacinas em dia.
Mais importante é observar se o estranho hábito é consequência de outros problemas, de ordem física ou comportamental. “Deve-se tentar entender o motivo, fazer uma análise do ambiente e uma avaliação clínica. Enfim, verificar se tem alguma patologia envolvida”, afirma o veterinário Otaviano Oliveira.
O cachorro de Jaciane Dutra, 30 anos, apresentou coprofagia. A técnica de engenharia clínica acredita que o problema ocorreu por causa de estresse e necessidade de chamar atenção. Ela conta que Fidel, um cão de pequeno porte e sem raça definida, costumava ter a companhia da mãe dele, mas ficou apenas com a irmã depois de Jaciane se mudar de Goiás para Brasília. E a irmã de Fidel, que era menor e mais dócil, tinha maior proximidade com os donos. “Foi difícil para ele. No começo da mudança, ele ficava com a cara toda suja de cocô. E ainda sujava a casa”, descreve Jaciane. A solução foi simples. “Nós ficamos mais presentes: começamos a sair mais com ele, a dar mais carinho.”
O veterinário Roberto Prista destaca que os motivos são variados e podem estar interligados. “Pode ser má digestão, estresse, necessidade de atenção ou simples curiosidade”, cita. Ele explica que as mascotes, eventualmente, ingerem fezes como uma forma de obter determinados nutrientes. Possíveis causas: deficiência na produção de enzimas digestivas, verminoses, consumo de ração de baixa qualidade e acesso a comida poucas vezes ao dia.
Segundo o especialista, o animal que faz poucas refeições chega com muita ansiedade à ração, alimenta-se com rapidez e, por isso, não consegue digerir bem. “Estudos mostraram que é melhor os cães se alimentarem mais vezes ao dia. Eu indico pelo menos três refeições diárias.” Prista também recomenda rações do tipo superpremium, com maior teor de nutrientes.
Outra causa apontada pelo veterinário é o medo de ser repreendido ao defecar no lugar errado. O cachorro come as fezes para escondê-las ou na tentativa de levá-las para outro local. “Ao ensinar, o ideal é agir com voz de comando, mudar o tom da voz, ser sério e usar palavras curtas, como ‘senta’. O proprietário não deve agir com violência, como esfregar o focinho”, aconselha. Nesses casos, uma opção é usar produtos específicos, capazes de estimular o cachorro a fazer suas necessidades no local apropriado.
Cadelas com filhotes frequentemente apresentam coprofagia. Roberto Prista diz que essa é uma herança ancestral, dos lobos. “É uma forma de higienização. Elas ingerem as fezes e a urina dos filhotes para os predadores não sentirem o cheiro.” O veterinário Otaviano Oliveira aponta que o comportamento também pode ocorrer nos filhotes. “Na fase inicial da vida, é uma forma de brincadeira, de curiosidade”, tranquiliza. As fezes de outros animais, como gatos, também despertam a atenção dos cães.
Antes de procurar ajuda profissional, vale a pena o dono rever a higiene da casa. A coprofagia pode ser uma forma de limpar o ambiente, se ele estiver muito sujo ou se o “banheiro” estiver próximo da comida. “Cachorro não gosta de ter fezes e urina no local onde come e dorme”, afirma Otaviano Oliveira. O veterinário reforça o peso do aspecto comportamental. “O pet se esfrega nas fezes para chamar atenção, para que outros cães o cheirem”, descreve.
Diante de tantas causas, nem sempre é fácil obter um diagnóstico exato. “Às vezes o dono não tem sensibilidade para saber qual é o motivo real e fica difícil identificar o foco”, comenta Roberto Prista. No entanto, o tratamento costuma ser simples. O mais comum é o uso de um medicamento que age no sistema digestivo e modifica o sabor das fezes, tornando-as desagradáveis para os cães. Mas, dependendo do caso, pode ser preciso a ajuda de um adestrador e o aumento da prática de exercícios físicos, entre outros estímulos.
A coprofagia é mais observada em raças pequenas, como shih-tzu, yorkshire e lhasa-apso. Gatos também podem apresentar o problema. Em roedores, como hamsters e chinchilas, o comportamento é normal e importante para o correta digestão dos alimentos.
Possíveis causas:
Necessidade de atenção;
Estresse;
Simples curiosidade;
Deficiências na produção de enzimas digestivas;
Verminoses;
Consumo de ração de baixa qualidade;
Realização de poucas refeições ao dia.
Para mudar o comportamento:
Uso de medicamento para alterar o sabor das fezes;
Acompanhamento de um adestrador;
Aumentar a distância entre o local de refeições e o “banheiro”;
Durante os passeios, não deixar o cachorro ter contato com fezes





















