As férias de inverno em São Paulo atraem cada vez mais brasilienses em busca de cultura, gastronomia e diversão. A coluna faz um recorrido por alguns restaurantes e traça um programa gourmet que já começa no aeroporto. Dois brasilienses — Gustavo Kaufman e Aldo Braga — em parceria com o paulistano Sergio Rudge lançaram cachorro-quente de carrocinha, que vem fazendo sucesso há um ano em Congonhas.
Chama-se Doog, “good” ao contrário, explica Guga Kaufman, que comandou aqui o Stella Grill, extinto no Setor Comercial Sul. Preparado com salsicha, tipo frankfurter produzida pela Berna, num “pão magrinho em formato anatômico do tamanho da dentada para não se lambuzar com o molho”, o cachorro-quente vem em quatro versões: América, com cebola caramelizada, cheddar e picles; França, com mostarda Dijon; Itália, com molho romano e lascas de queijo grana padano; e Berlim, uma receita de família com raiz forte. O preço varia de R$ 18 a R$ 24.
“É tão levinho que ninguém fica só no primeiro”, diz Guga, que comemora a expansão da marca para o Terminal 3, área internacional do Aeroporto de Guarulhos, prevista para setembro. “Em 2018, lançaremos o Doog na Flórida”, promete Kaufman.
Outro brasiliense de coração, Gil Guimarães, nascido em Minas, brilha em São Paulo desde o ano passado quando abriu em sociedade com o gaúcho Marcos Livi (dono dos bares Veríssimo e Quintana), no Mercado Pinheiros, o Napoli Centrale, pizzaria com forno à gás, que é o único certificado pela Associação Vera Pizza Napoletana (AVPN). Nele são assados seis sabores: margherita, calabresa, ortolana, cogumelos, burrata e parma e marinara, que saem entre R$ 18 e R$ 32. Em suas mesas altas e no balcão, sempre há turista de Brasília conferindo a qualidade da pizza que já rendeu à marca vários prêmios.
Além da redonda, há uma pizza frita em forma de calzone, como a abobrinha com queijo de cabra e a calabresa na cachaça, e um pão de linguiça, o tortano. A dupla Gil e Livi se prepara para abrir nas imediações uma hamburgueria, que ainda não tem nome, mas um projeto de cardápio. A pizzaria funciona de segunda a sábado, das 10h às 20h.
Reconhecendo que “tudo é muito genérico, não tem identidade e está acabando a tradição de passar as coisas de pai para filho”, o chef paulista Jefferson Rueda se propõe a valorizar o que vem do interior, onde nasceu, São José do Rio Pardo, quase na divisa com Minas Gerais. Foi assim no Attimo, onde comandava a cozinha, e é assim em A Casa do Porco, restaurante de sua propriedade, aberto em 2015 no centro da cidade (Rua Araújo, 124).
O porco é o maior protagonista do que o chef chama açougue-bar. Você pode ver o suíno assando por mais de sete horas e sendo cortado em suculentos pedaços que vão à mesa numa sequência degustativa a partir do prosaico torresmo de pancetta, que lá pode vir com goiabada, passando por embutidos, tartar, canapé com tangerina, croquete. Tendo como único foco a carne mais saborosa do mundo, Jefferson brinca com o que sabe fazer muito bem e oferece até sushi de papada de porco e tucupi preto. Não perca o menu-degustação, a R$ 100, por pessoa. Telefone: (11) 3258-2578.
Considerado o melhor italiano de São Paulo, o Nino Cucina é comandado pelo chef Rodolfo De Santis, nascido na Puglia. Antes de chefiar a casa de ambiente sofisticado, mas descontraído, o chef passou pelo extinto Biondi. O menu é clássico com pegadas criativas. Destaque para o espaguete à carbonara (R$ 55) com pancetta ou guanciale e ovos caipiras, que fica naturalmente cremoso pela adição de água e queijo pecorino. Pimenta-do-reino dá um toque. Outro must é a língua com polenta. De sobremesa peça os cannoli recheados com molho de chocolate.
Paciência é necessária porque a espera pode durar mais de uma hora, se você não tiver reserva. A casa tem apenas 47 lugares e cozinha aberta no fundo do salão. Fica na rua Jerônimo da Veiga 30, Jardim Europa, telefone (11) 3368-6863.
Depois do sucesso no Rio de Janeiro, onde surgiu há quatro anos em Botafogo, o Lima Restobar chegou no começo do ano ao Itaim Bibi (Rua Adolfo Tabacow 269) com o mesmo menu consagrado no Taypá, em Brasília e no Muju, em Porto Alegre. O desbravador de tantas frentes é o chef peruano Marco Espinoza, que trouxe ao Brasil os melhores sabores andinos do mar, da terra e das montanhas.
Só o milho apresenta diversas versões: no ceviche, no petisco chamado porquito, na sobremesa em forma de farinha com a qual se faz churros que devem ser passados no copinho de doce de leite, creme de leite e geleia de milho-roxo. Até no pisco! A bebida típica é um forte atrativo da casa que a serve com gengibre, capim santo, morango e caju, além do clássico limão. O preço varia de R$ 21 a R$ 25.
Para petiscar tem butifarras criollas e sanduíche de pão de batata com pernil suíno, cebola-roxa e pimenta (R$ 41). Já os pratos quentes têm na copa lombo, macia e confitada com saboroso molho, a melhor expressão, por R$ 56. Telefone: (11) 4327-0623.
O chef Marco Espinoza, que se divide entre várias cozinhas, será um dos chefs que participarão do festival gastronômico comemorativo à data nacional do Peru, no outro sábado, 29 de julho, nos jardins da embaixada daquele país em Brasília. No horário, das 10h às 18h você poderá degustar pratos não só do menu do Taypá, como também do Nikkei, El Point Peruano e Caribeño por preços entre R$ 20 a R$ 30. No menu, anticuchos, ceviche, lomo saltado, aji de gallina e causa limeña. Para fins sociais, a Embaixada do Peru pede a doação de 1kg de alimento não perecível como ingresso.
Roteiro gastronômico que se preze tem de incluir a Liberdade, o bairro central (dá pra ir a pé à Praça da Sé), no qual se come a autêntica comida oriental do Japão, da Coréia, de Taiwan e adjacências. Se não conseguir lugar no Aska e Lamen Kazu, que têm filas enormes, faça como eu que fui ao Yuzu (Rua Thomáz Gonzaga 22) e me dei bem. Com o lámen claro, um prato à base de noodle (macarrãozinho não fermentado de origem chinesa) e caldo, que pode ter carne, vegetais ou frutos do mar.
Além de saboroso, o lámen é barato. Telefone: (11) 3208-1488.
Grandes templos da gastronomia paulistana do passado estão retratados no livro-documento 50 Restaurantes com mais de 50, lançado há pouco tempo pela editora Melhoramentos e escrito pela chef Janaina Rueda, do Bar da Dona Onça, e pelo jornalista gastronômico Rafael Tonon. Com prefácio do publicitário Washington Olivetto, a obra reúne restaurantes italianos, franceses, libaneses, alemãs, austríacos, armênios, espanhóis, gregos, portugueses, além de paulistanos e conta boas histórias passadas em muitos deles.
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