Não poderia haver notícia melhor para a gastronomia que o renascimento da Oca da Tribo, restaurante coberto de palha totalmente destruído em agosto de 2011, cinco meses depois de ter recebido a visita da então primeira-dama dos Estados Unidos, Michelle Obama, e as duas filhas. Na época, Malia, de 12 e Sasha, 9, assistiram, ao lado da mãe, à apresentação de capoeira e de percussão. O local, situado na Quadra 2 do Setor de Clubes Sul, foi escolhido pelo embaixador norte-americano, que era assíduo cliente da comida natural praticada lá.
Quase oito anos depois, o cardápio que fez fama na cidade está de volta: pratos vegetarianos, veganos e, também, opções com carnes brancas como peixe, frango, pato e bacalhau. “Um dos nossos pontos de honra é a procedência dos ingredientes: só orgânicos. Por isso, pesquisamos os melhores fornecedores locais para garantir, não só a procedência dos produtos, como o frescor”, afirma o proprietário Victor Pontes.
Angolano de nascimento, Victor, de 72 anos, tem história ligada a Brasília. Chegou aqui como refugiado político e, em 1975, abriu um dos primeiros bistrôs da cidade: o Guinza, na 104 Sul, onde se comia “um bacalhau nas natas inesquecível”, na opinião do meu colega Irlam Rocha Lima. O nome “foi uma homenagem à rainha africana Guinza, símbolo do anticolonialismo e da resistência aos portugueses em Angola”, relembra Victor.
Na nova Oca da Tribo, Victor foi precavido ao usar materiais anti-inflamáveis na cobertura e parte interna do restaurante de 150 lugares, construído no estilo de maloca existente no Alto Xingu. Na decoração, muito artesanato étnico garimpado no Brasil e no continente africano. A madeira, além da palha de palmeira, é o elemento mais presente, sendo que muitas das peças foram feitas de troncos de árvores caídas no Cerrado.
Ao contrário da antiga Oca, não há serviço de bufê. No almoço e no jantar, os pratos vêm à la carte. O menu é elaborada pela chef Cristal Pontes, de 22 anos, uma dos cinco filhos de Victor. Destaque para a salada gado-gado; tofu com cogumelos; moqueca de banana; ceviche de tilápia; cordeiro ao molho de tahine e hortelã; brusquetas naturebas e outras opções para veganos, macrobióticos e carnívoros, ressalta Victor, que há 50 anos não come açúcar.
Erguido sobre uma balsa usada na construção da Ponte JK, o restaurante que destinou o segundo andar para a realização de eventos está ancorado no SHTN Trecho 1, polo 3. Funciona de terça a sábado, das 12h às 23h e domingo, das 12h às 16h. Telefone 4141-2116.
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