Num passe de mágica, a revista Mangiare se converteu na Casa Mangiare sem se afastar do objetivo a que veio a publicação: celebrar os sabores do Brasil e do mundo, uma obsessão da jornalista Maristela Valadares, que agora leva à mesa cardápio exclusivo oferecido somente para 14 pessoas, por noite, seguindo os protocolos de segurança em vigor. A temporada vai até o dia 6 de dezembro e será protagonizada por um coletivo de chefs, que inclui o renomado sushiman paulista Marcos Akaki e dois conhecidos chefs cariocas Pedro Mattos e João Diamante.
“O conceito da Casa Mangiare é para pessoas com paladar refinado que gostam de participar de uma experiência gastronômica com chefs renomados”, afirma a idealizadora do evento, que terá lugar nos fins de semana.
A primeira temporada da Casa Mangiare começa agora, nessa sexta-feira e sábado, dias 2 e 3 de outubro, com menu de seis etapas chamado Do Mar ao Sertão, a cargo do chef Denis Sousa, formado em gastronomia pelo Iesb, que tem passagem por importantes restôs, como Saveur e Trio Gastronomia, de Brasília; Attimo, de São Paulo; Malabar e Astrid y Gastón, de Lima. Rogério Santos, representante de diversas grifes do mundo do vinho, escolheu os melhores rótulos da Perini — desde o espumante até o icônico Quatro — para harmonizar com o menu de sabores brasileiros, com destaque para peixe, frutos do mar, galinha caipira e rabada. Sai por R$ 280 por pessoa e as reservas poderão ser feitas pelo telefone 98446-6968.
De dar água na boca
Um shot de cachaça com suco de cajá dará as boas-vindas no requintado jantar, cuja segunda etapa foi denominada de Encosta pelo chef Denis, referindo-se ao litoral de onde vem o peixe servido com molho de coentro, pele da pescada amarela crocante com melão e coco por cima. Já na terceira etapa, a inspiração é o sertão que traz à mesa três snacks: godó (mistura) de banana da terra, arroz vermelho e rabada; crocante de peixe com guisado de galinha caipira e creme de pirão, feito com o caldo da ave, “chamada na Chapada Diamantina de galinha de mulher parida, porque é consumida após o parto”, explica o chef, e croqueta de garimpo (bolinhos de arroz cremoso).
Marinado com creme de ají, pimenta peruana, vem um prato de língua com farofa de camarão na quarta etapa, chamada Raízes, e chega ao principal Mar e Sertão, que dá nome ao menu, com duas iguarias: lagostim defumado com bearnaise de banana da terra, maxixe e farofa de fumeiro, que é feita de tapioca com carne de porco defumada e cubos de cupim braseados com baião (arroz, feijão e queijo coalho) de polvo confitado no azeite e crocante de licuri (coquinho da Amazônia).
Na última etapa do banquete, aflorou a infância do brasiliense Denis Sousa, que jamais esqueceu o bolo de macaxeira que comia na casa da avó, aos domingos. Só que o dele agora ficou sofisticado ao receber a escolta de um sorvete de goiaba com caramelo e flor de sal. A segunda sobremesa também vem da Bahia, onde surgiu uma torta chamada búlgara. “Sem farinha, é mais um pudim de gotas de chocolate derretidas na manteiga com ovos e açúcar, assado em banho-maria no forno a 130 graus C”, ensina o chef, que serve o doce com mascarpone e telhas de café.
Com vista do lago
Casa Mangiare abre as portas no Lago Sul (subida da QI 28) numa atmosfera romântica, em meio à decoração luxuriante de plantas, que imprime, ao mesmo tempo, aconchego ao ambiente onde se tem vontade de ficar curtindo a noite amena da cidade vista de cima. “No meu trabalho, nada é fixo”, explica a designer Paola Marcante, capaz de mudar todo o ambiente na próxima vez que o cliente for ao jantar. Com ela assina o projeto Daniel Limão Paisagismo.
A decoração da mesa é um show à parte. Na ausência de tecido, banido por causa da pandemia, são de papel os guardanapos personalizados por Celso Rufato, da Relevo, responsável por toda a papelaria do evento. A cada final de semana, o Dj Carlos Maffra apresentará uma trilha sonora exclusiva de acordo com o tema desenvolvido pelo cozinheiro. Durante o jantar, a partir das 20h, haverá transmissão pelo canal do YouTube da Casa Mangiare.
Uma revista conceito
A revista Mangiare foi fundada há três anos pela jornalista Maristela Valadares, nascida no Rio de Janeiro, mas com raízes em Pirapora (MG), onde a avó Violeta “despertou a paixão que tenho pela gastronomia”, revela a publisher, agora dublê de restauratrice. Leitoa à pururuca, feijão tropeiro, peixe assado na folha de bananeira, bolos e doces feitos em tacho de cobre são as referências gastronômicas de sua infância.
Depois de viver por seis anos na Espanha, a jornalista retornou ao Brasil se fixou na capital e aqui, deu início ao projeto editorial com o qual sempre sonhou. Mangiare busca ser “uma revista conceito”. Com ela, “vamos adocicar os paladares mais exigentes e também despertar o interesse do leitor no sentido de conhecer restaurantes, chefs e os países que vamos visitando em todo o processo de construção da revista”, explicou a diretora de Redação, no editorial de apresentação da edição, que traz na capa o mais famoso chef peruano Gastón Acurio, entrevistado por ela em Lima. Outras edições contemplaram a gastronomia portuguesa e o trabalho de diversos chefs brasileiros.
Confira o menu completo
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