De bell hooks. Tradução: Bhuvi Libanio. Rosa dos Tempos, 320 páginas. R$ 39,90
O imperialismo racial e sua ligação com o sexismo, discriminação nos próprios movimentos feministas e racismo estrutural como arma ideológica são alguns dos temas tratados pela ativista norte-americana nesse ensaio cujo título ela toma emprestado de Sojourner Truth, que questionou a exclusão das mulheres negras dos movimentos sufragistas dos Estados Unidos. Os temas de hooks são árduos, mas tratados a partir de contextos, o que torna a leitura fluida e extremamente atrativa. O livro foi publicado originalmente em 1981, um tempo em que o intercâmbio entre os movimentos feministas e dos direitos civis tocados por mulheres negras não era muito evidente. Algumas coisas mudaram de lá para cá, mas o texto de hooks, que assina o nome com letras minúsculas para não concentrar a atenção em si mesma, continua extremamente atual.
De Claudia Lage. Record,194 páginas. R$ 49
Daniel foi criado pelo avô. A mãe, guerrilheira durante a ditadura, entrou para a lista dos desaparecidos cujo destino permanece incerto. Pode ter morrido, mas nunca houve um corpo. E é em busca dessa figura que ele está quando conhece Melina em uma biblioteca. Ambos buscam o mesmo livro, mas por motivos bem diferentes. Daniel tenta, por meio das palavras, suprir uma ausência. Melina também busca a linguagem, mas ela não conhece a ausência, já que os pais decidiram nunca olhar para o ocorrido e passaram pelos anos de ditadura como passariam por quaisquer outros. O livro de Claudia Lage tem várias vozes, mas todas se unem para falar de um período sofrido e de personagens marcados por uma história coletiva.
De Eve Ensler. Tradução:Gilson César Cardoso de Sousa. Cultrix, 128 páginas. R$ 32,90
A ativista e dramaturga passou boa parte da vida à espera de um pedido de desculpas. Durante a infância, foi vítima de abuso sexual e psicológico por parte do pai e, mesmo depois de morto, Eve ainda imaginava um pedido de desculpas, que obviamente nunca ocorreu. Com a intenção de transformar a escrita em uma espécie de tratamento, ela mesma decidiu formular o pedido e escreveu o texto do livro. A autora, que fez sucesso com Os monólogos da vagina, faz sua própria análise da personalidade paterna e dos caminhos violentos empreendidos por essa figura, mas sempre com a voz masculina do pai no comando da narrativa.
De Lucila Losito Mantovani. Pólen Livros, 168 páginas. R$ 45
O corpo conduz as narrativas da autora nesse livro escrito em duas partes e que pode ser lido em dois sentidos. A história se divide e pode começar no início ou no fim do livro e em ambos é a mesma: a de um relacionamento abusivo, a de um encontro entre dois corpos que resulta em violência. Há poesia na escrita de Lucila, mas há também um peso que envolve a narrativa e conduz o leitor para lugares sombrios. “Não se combate realidade com realidade. Escrever ficção tornava-se para mim uma forma de romper com a separação. Talvez fosse possível integrar a própria quebra”, explica a narradora em um misto de autoficção e criação literária. “Em que tempo mora o destino? Presente, passado ou futuro? Camah-se ingenuidade ou cegueira aquilo que nos prende ao que nos faz mal? É a minha animalidade que te mete medo ou a sua?”, se pergunta a personagem.
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