De Bruno Paes Manso. Todavia, 302 páginas. R$ 64,90
Quer entender como essa história de milícia teve início no Rio de Janeiro? Qual o cenário que gerou nomes como Fabrício Queiroz, Adriano Nóbrega e Ronnie Lessa? Jornalista e pesquisador do Núcleo de Estudos da Violência da USP, Bruno Paes Manso volta aos anos 1960, quando os esquadrões da morte aterrorizavam as favelas, para puxar o fio de meada que passa pelo tráfico, pela ausência do estado e pela mescla entre crime, política e leniência que permitiu o fortalecimento das milícias no país. Escrito em ritmo de reportagem, o livro é desses que só largamos quando chegamos ao fim. Muitos episódios da vida política nacional são ali explorados a partir de uma perspectiva jornalística-investigativa: o assassinato de Marielle Franco, a ligação entre o milicano Fabrício Queiroz e os Bolsonaro, assim como a trajetória desse ex-policial envolvido em mais de 10 assassinatos e nome chave do escândalo das rachadinhas.
De Chico Otavio e Vera Araújo. Intrínseca, 224 páginas. R$ 49,90
Os repórteres Chico Otavio e Vera Araújo reconstituem o assassinato da vereadora do PSOL, morta em março de 2018 quando voltava para casa, no Rio de Janeiro, e de seu motorista, Anderson Gomes. A partir de entrevistas com a sobrevivente Fernanda Chaves, assessora de Marielle que estava no carro no momento da execução, com testemunhas, algumas sequer ouvidas pela polícia imediatamente após o crime, e com pessoas ligadas ao círculo político de Marielle, assim como com membros da família, a dupla faz um verdadeiro mapeamento do submundo do crime no Rio de Janeiro. Ao analisar os motivos que teriam levado à execução de Marielle Franco, Chico e Vera mostram as entranhas de uma trama criminosa tão bem tecida que se espalha dos presídios à Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, dos quartéis da Polícia Militar às favelas. Os repórteres também são contundentes ao vasculhar as falhas na investigação, como a análise dos fragmentos das balas encontradas no carro da vereadora, tão mal armazenados que a perícia não pôde fazer quase nada. O carro também teria ficado guardado no pátio da polícia, sem proteção, por mais de 40 dias, o que dificultou as investigações. As testemunhas mais importantes, segundo Chico e Vera, foram ouvidas tanto tempo depois do crime que a memória do que houve na noite de 14 de março já não era mais a mesma.
De Raimundo Carrero. Iluminuras, 126 páginas. R$ 44
A partir de relatos de violência, Raimundo Carrero criou os contos desse pequeno livro, trazendo para a literatura uma voz entalada na garganta de muitos brasileiros. O livro é uma sequência de projeto iniciado com As sombrias ruínas da alma, publicado em 1999 e vencedor do Prêmio Jabuti. A violência que destrói uma geração de jovens pobres e negros conduz a ficção de Carrero nessa coletânea. “Enquanto trocam tiros, não poupando rifles ou metralhadoras, esses grupos sacrificam gerações inteiras, sobretudo os mais pobres e miseráveis, que derramaram o sangue nesta guerra desproporcional”, escreve o autor, na orelha do livro.
De Ana Paula Araújo. Globo Livros, 320 páginas. R$ 49,90
A partir de casos ocorridos no Brasil nos últimos anos, a jornalista Ana Paula Araújo faz um mapeamento de como o estupro é tratado em todas as esferas da vida pública, do atendimento médico ao julgamento social. Entremeados com números e estatísticas, depoimentos das vítimas e entrevistas com agentes envolvidos no processo de atendimento a vítimas de estupros, familiares e estupradores ajudam a compor um quadro trágico. Ana Paula revela que apenas 10% dos casos de estupro são denunciados no Brasil. Mesmo com uma quantidade baixa de registros, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública contabilizou 66.041 casos em 2018. Na reportagem, é possível observar alguns padrões, sobretudo no que diz respeito aos direitos das vítimas. Diz a lei, por exemplo, que uma mulher grávida em decorrência de estupro não é obrigada a passar pela delegacia e pelo IML antes de solicitar um aborto. Basta que assine algumas declarações, inclusive uma sobre falsidade ideológica. No entanto, a falta de informação e o medo dos médicos de serem acusados de crime impede o caminho da lei para muitas mulheres. Outro padrão é o constrangimento perante as autoridades, nem sempre sensíveis ao fato de que há, ali, uma vítima de violência. Da falta de apoio à falta de informação, são muitos os caminhos, como mostra Ana Paula, que tornam ainda mais tortuoso o trajeto de uma vítima de estupro.
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