A autora argentina, que estará na Bienal Brasil do Livro e da Leitura e também esteve na Flip 2018, acaba de lançar Garotas mortas, um misto de livro de memórias e documento sobre quatro mulheres assassinadas na Argentina nas últimas décadas. São casos de feminicídio que ficaram sem solução. A escrita de Selva é objetiva ao narrar os fatos e as investigações, mas também muito afetiva, já que a autora se coloca o tempo inteiro na narrativa e não se esquiva da própria perspectiva. Selva conta que a motivação para escrever o livro veio do impacto causado por um assassinato durante a infância e do interesse particular pelos números do feminicídio na América Latina. “Como é possível que uma mulher possa ser assassinada por ser mulher? “, se pergunta a autora de Garotas mortas. “A sucessão de casos desse tipo que fui vendo na imprensa, acumulados, muitas vezes, sem solução, nos quais se contava a história da vítima ao mesmo tempo que ela era julgada, com a busca de argumentos que justificassem sua morte em vez de se perguntar por que um homem mata arbitrariamente uma mulher e por que, como sociedade, tornamos isso natural levou ao livro”.
Autor de 16 romances, entre eles o premiado e celebrado O filho eterno, Cristóvão Tezza está na programação da Eu leitor. No sábado (4/08), ele participa de debate sobre o livro de sua vida, Lord Jim, de Joseph Conrad. Tezza acaba de lançar novo romance, A tirania do amor, no qual faz uma crítica sofisticada e irônica da elite financeira brasileira. Seu personagem, Otávio Espinhosa, é executivo do mercado financeiro, trabalha em um banco de investimentos e está prestes a ver seu casamento desmoronar. Com uma filha cheia de preocupações filosóficas quanto a ser de direita ou esquerda e um filho engajado nas manifestações contra os coxinhas, Espinhosa também vive o drama de ter deixado para trás uma carreira acadêmica na qual não foi levado a sério. Economista de gênio, como diz o autor, o personagem escreve, sob pseudônimo, uma obra de autoajuda chamada A matemática da vida. “Toda a rede de relações do livro se desenvolveu a partir deste ponto de partida. O romance saiu de Curitiba (o espaço original da ideia) para a Avenida Paulista. A elite financeira surgiu como pano de fundo da consistência narrativa, assim como o clima econômico e social do Brasil de 2017. São panos de fundo, não o tema central; o tema é a cabeça de Espinhosa”, avisa Tezza.
A autora de Becos da memória e Ponciá Vicêncio é a primeira convidada do Livre! Festival Internacional de Literatura e Direitos Humanos. No domingo (5/08), ela estará no Taguaparque para dividir a mesa com a poeta Cristiane Sobral, nascida no Rio de Janeiro e radicada em Brasília. Conceição é também a homenageada do evento. Voz importante da literatura negra brasileira, ela costuma fazer da própria memória, seja coletiva ou pessoal, a fonte para contos e romances. Em entrevistas, costuma lembrar que a presença de autores negros no mercado editorial é sempre inferior à de brancos. Quando se trata de mulheres então, os números são ainda mais preocupantes. “A maioria dos autores negros, tanto de homens quanto de mulheres, é publicada por editoras pequenas, que não têm alcance no mercado livreiro e não têm um leque amplo de distribuição. Isso é uma questão”, diz Conceição. “A outra questão é que, como também esses livros são publicados em editoras pequenas, nosso material precisa chegar às bibliotecas e aos críticos literários, o trabalho deles é importante para a visibilidade desse material. Hoje, muitas de nós somos estudadas também na academia. Isso ajuda.”
Aos 32 anos, o escritor nigeriano é considerado a voz da nova geração da literatura da Nigéria e uma espécie de herdeiro de Chinua Achebe. Vale lembrar que a Nigéria é fonte de excelente literatura e lar de alguns dos nomes mais interessantes da cena contemporânea. De lá vieram Chimamanda Ngozi Adichie e Wole Soyinka, Nobel de Literatura em 1986. No Brasil, Obioma tem apenas um livro publicado, Os pescadores, que tem sido comparado a O caçador de pipas. O romance acompanha Benjamin, um menino de 9 anos que assiste à tragédia e à dor se instalarem em sua família.
Aos 23 anos, a britânica Alice Oseman já publicou quatro romances e anda na mira da crítica, que a vê como uma autora de literatura young adult realista e plausível. No Brasil, chegou apenas Um ano solitário, que o jornal Times classificou como um Apanhador no campo de centeio da era digital. A Rocco trabalha na tradução de Radio silence, mas o livro ainda não tem data para ser lançado. Temas como relacionamentos, questões LGBT, saúde mental, racismo e sexualidade permeiam suas novelas. Alice é uma das convidadas da Bienal Brasil do Livro e da Leitura e vai dividir mesa com a brasileira Aline Valek.
Nascido em Mossoró (RN) e radicado em Brasília, José Almeida Júnior venceu o prêmio Sesc de Literatura com Última hora, um romance sobre um jornalista torturado pela ditadura de Getúlio Vargas que aceita trabalhar em jornal que apoia o torturador. Na 4º Bienal Brasil do Livro e da Leitura, ele divide mesa com Eliana Alves Cruz. O tema: pesquisa histórica e literatura.
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