Não basta ostentar patch: Botafogo precisa jogar bola para revalidá-lo

Compartilhe

O Botafogo ostenta na camisa o patch de atual detentor da Libertadores. E daí? Ninguém vai puxar a cadeira na sala hostil do torneio continental e dizer: “Pois não, pode entrar, sente-se, senhor campeão”.

Trinta e um clubes querem derrubá-lo do trono. Dois ameaçam fazê-lo na fase de grupos. Depois de perder para a Universidad de Chile na estreia, em Santiago, o time alvinegro viu erros graves do atacante Artur e do goleiro John determinarem a derrota para o Estudiantes, em La Plata.

Contratado para assumir a vaga de Luiz Henrique, Artur não pode desperdiçar sozinho, dentro da área, o cruzamento perfeito de Savarino. A cabeçada por cima da trave do goleiro foi no mínimo displicente. A história do jogo poderia começar favorável naquele lance.

John errou gravemente no gol do Estudiantes, mas havia feito milagre em uma cabeçada e tomado pelo menos dois sustos em finalizações de fora e de dentro da área diante de uma defesa fragilizada na marcação. A bola passava de um lado para o outro em frente à área alvinegra e o Estudiantes conseguia finalizar contra a meta do Glorioso.

Artur voltou a desperdiçar uma bola oportunidade em um cruzamento de Alex Telles no segundo tempo, mas cabeceou desengonçado e sem força. O arremate facilitou a defesa do goleiro Mansilla. Quando não pecou nas finalizações, o Glorioso viu a sorte ajudar o Estudiantes. Savarino finalizou de fora da área, encobriu o arqueiro argentino e viu a bola explodir no travessão em vez de estufar a rede. O técnico Renato Paiva ficou incrédulo.

O sistema de jogo adotado pelo Botafogo apresentou problemas. O comportamento do time foi de 4-3-3, mas faltava um meia criativo. Gregore, Marlon Freitas e Patrick de Paula eram mais volantes do que organizadores. Savarino ficava sobrecarregado na armação com a missão de articular as jogadas com os atacantes Artur e Igor Jesus. Não funcionou.

Renato Paiva precisa admitir que o template do Botafogo de 2024 não serve para o de 2025. Sabe aquela tese de que ninguém é insubstituível? Artur não é nem será o dublê de Luiz Henrique. Muito menos Patrick de Paula vai incorporar Thiago Almada. As saídas dessas duas peças desafiam Renato Paiva ou quem quer seja o treinador a reinventar o atual campeão da Libertadores e do Brasileirão.

É hora de pagar a real para a torcida: se não jogar muita bola, os patchs na camisa não serão revalidados.  O detentor do título continental não é eliminado na fase de grupos desde o Atlético Nacional, em 2017. O Botafogo flerta perigosamente com o fim do tabu.

X: @marcospaulolima

Instagram: @marcospaulolimadf

TikTok: @marcospaulolimadf

Marcos Paulo Lima

Posts recentes

  • Esporte

Prévia da 9ª rodada do Brasileirão: análise, curiosidades e palpites

Brasileirão – Série A 2025  Prévia jogo a jogo da #rodada 9 Ceará x Sport…

2 dias atrás
  • Esporte

Interventor, Fernando Sarney anuncia edital e convoca eleições na CBF

Nomeado interventor da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) pelo Tribunal de Justiça do Rio de…

2 dias atrás
  • Esporte

Do Palmeiras que ninguém passa ao bom futebol de Flamengo, Inter e River

Abel Ferreira está tão convicto na Libertadores que se deu ao luxo de voltar a…

3 dias atrás
  • Esporte

Dezenove das 27 federações divulgam manifesto em meio ao caos na CBF

O afastamento do presidente Ednaldo Rodrigues pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ),…

3 dias atrás
  • Esporte

TJRJ afasta Ednaldo da CBF, nomeia Sarney interventor e ordena eleição; STF analisa recurso

Principal articulador da contratação do técnico italiano Carlo Ancelotti, Ednaldo Rodrigues não é mais presidente…

3 dias atrás
  • Esporte

Tropeço do Fortaleza é resultado da rara mudança de hábito de Vojvoda

  Juan Pablo Vojvoda é um técnico convicto de que não deve repetir escalações. O…

5 dias atrás