Na TV, Bolsonaro falará de economia e atacará o PT

Publicado em coluna Brasília-DF

Empolgado com a notícia de deflação de 0,68% este mês, a equipe do presidente Jair Bolsonaro (PL) prepara duas frentes para o horário de rádio e tevê, que começa daqui a 16 dias. A linha mestra será a da recuperação da economia no pós-pandemia. Paralelamente, haverá uma “retrospectiva do caos” ou “recordar é viver”, o título ainda não está definido. A ideia é relembrar ao eleitorado as mazelas nos tempos do PT, com malas de dinheiro, e, inclusive, integrantes de primeiro escalão na cadeia — por exemplo, Antônio Palocci, primeiro nome a ocupar o Ministério da Fazenda no governo Lula. Mais tarde, ocuparia a Casa Civil no início do governo Dilma Rousseff.

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Em tempo: Lula também prepara um “recordar é viver” de seu governo, em que elencará os números do Minha Casa Minha Vida, do Bolsa Família e do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC. Pela primeira vez, o país terá as duas versões de um mesmo governo desfilando no horário eleitoral.

As empresas que se preparem

As falas dos candidatos a presidente da República indicam que, dessa vez, os empresários terão dificuldades em barrar um imposto sobre lucros e dividendos. O governo defende essa proposta para custear o Auxílio Brasil permanente de R$ 600. A equipe econômica de Lula, idem. E, agora, Ciro Gomes acena com essa medida em seu programa de governo.

O nó da campanha para o PT
Lula criticou o Auxílio Brasil ao se reunir com empresários, mas não houve qualquer gesto contrário ao benefício, quando estava em votação no Congresso, no primeiro semestre. Em conversas reservadas, aliás, alguns petistas dizem que há um receio de que Bolsonaro apresente um fôlego maior nas pesquisas por causa da PEC das Bondades, que a oposição não teve força e nem discurso para ficar contra.

O papel de Alckmin
O ex-governador Geraldo Alckmin, candidato a vice na chapa de Lula, tem sido peça-chave nas conversas e encontros do ex-presidente com o empresariado. Sua fala na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), por exemplo, em defesa da democracia, provocou o primeiro aplauso espontâneo dos pesos-pesados do PIB. É justamente junto a esse segmento, que resistiu a votar no PT em 2018, que Alckmin começará a trabalhar daqui para frente.

E a função posterior
Lula, por sua vez, aproveitou o embalo para avisar à seleta plateia que se ele e Alckmin forem eleitos, o ex-governador será tratado como “presidente” e governarão juntos. Lula saiu da Fiesp com muitos elogios por parte de seus integrantes.

Nem tanto
Muitos dos empresários, porém, consideram que, com a pandemia ditando os comportamentos e relações econômicas por mais de um ano, não dá para colocar a culpa da situação no colo do presidente-candidato Bolsonaro.

CURTIDAS

Hora de explicar/ O senador Eduardo Girão, do Podemos-CE, pediu que o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski e oito ministros do Superior Tribunal de Justiça expliquem a participação em evento, em maio deste ano, num resort no Algarve, em Portugal. Diz o pedido do parlamentar que as viagens foram custeadas por empresas com “litígios bilionários pendentes de julgamento por magistrados convidados para o evento”.

Veja bem/ “Com efeito, tal desarrazoado episódio sem dúvida configura um expresso conflito de interesses e não pode e nem deve passar sem que maiores explicações sejam fornecidas ao povo brasileiro”, diz Girão no pedido. Os ministros ainda não se manifestaram a respeito.

A revolta deles/ Os senadores ficaram meio frustrados com a convocação feita pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), dizendo que as sessões desta semana cuidariam da pauta feminina. É que parte dos projetos são de autoria de parlamentares do sexo masculino.

Sem tempo e informações, Lula pode deixar as propostas para a economia em segundo plano

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Com o curto período de campanha e o presidente Jair Bolsonaro voltando mais uma vez ao discurso de ataque a ministros do Supremo Tribunal Federal e às urnas eletrônicas, o PT considera que o ex-presidente Lula pode prescindir de detalhar o projeto econômico que levará adiante caso seja eleito. Primeiro, Lula ainda não sabe o tamanho do buraco nas contas públicas. Em segundo lugar, a divulgação pode levar a narrativas que terminem por tirar votos do ex-presidente.

Assim, caberá aos representantes do mercado decidirem o voto sem essa variável. Até aqui, sabe-se apenas que, seja quem for o próximo presidente, as contas a pagar serão imensas. A expectativa dos economistas é de que 2023 será o ano de aperto nas contas públicas, sem espaço para novos projetos ou aumentos salariais.

Segura o dinheiro

Deputados que vieram a Brasília para o esforço concentrado reclamam que o governo não está sequer empenhando as emendas de relator neste período. No Poder Executivo, técnicos alegam que é preciso segurar recursos para pagamento dos auxílios até o final
deste ano.

Por falar em auxílios…
O PT terá pesquisas para acompanhar de perto o humor do eleitorado com o pagamento do Auxílio Brasil e todos os demais estabelecidos pela PEC das Bondades. Até aqui, a avaliação de alguns é a de que a melhoria de Bolsonaro em algumas pesquisas se deu por causa da redução do preço dos combustíveis.

Para a Justiça ver
Com a obrigatoriedade de gastar parte do fundo com candidaturas femininas, União Brasil, MDB e PSDB garantiram o cumprimento da legislação ao lançarem respectivamente as candidaturas presidenciais de Soraia Tronicke e de Simone Tebet, que terá como vice Mara Gabrilli. Agora, os partidos avaliam que poderão dedicar mais uma parcela do fundo para candidaturas masculinas à Câmara dos Deputados,
por exemplo.

E por falar em Justiça…
As atenções dos políticos estarão voltadas ao Supremo Tribunal Federal e à possibilidade de retroatividade da nova Lei de Improbidade. As apostas no STF são as de que, se a retroatividade for descartada, será por um placar apertado.

Ganha-ganha/ Assim como Soraia Thronicke (UB-MT), Mara Gabrilli (PSDB-SP) também não tem nada a perder ao concorrer à vice-presidência na chapa de Simone Tebet. Soraia e Mara têm mais quatro anos de mandato.

Ele tem a força, mas…/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, deixou a oposição revoltada ao manter a votação por sistema remoto nesta semana de esforço concentrado. Esse gesto irritou o PT, que esperava aprovar a prorrogação da Lei de Cotas, que terminou retirada de pauta, e a pedido da própria oposição, diante da falta de quórum presencial.

Enquanto isso, no Itamaraty…/ O governo brasileiro observa atentamente a visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, a Taiwan e a reação da China. Com a guerra da Ucrânia, esse é mais um tema explosivo no cenário internacional.

A força do comércio/ Este é o tema do Correio Talks em parceria com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) nesta quinta-feira, 15h30. A abertura estará a cargo do presidente em exercício do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas.

Assinar carta da democracia não é apoiar Lula, alertam empresários

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Com a profusão de cartas em defesa da democracia, como a da USP e a da Fiesp, empresários simpatizantes do governo têm dito em conversas reservadas que é bom o PT ficar atento, porque a chancela aos documentos não representa um voto em favor do candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva. Representantes do MDB de Simone Tebet, por exemplo, e do PDT, de Ciro Gomes, vão se colocar como signatários do texto, até para evitar que haja uma leitura de apoio ao petista.

O PL de Valdemar da Costa Neto, para diluir o peso do documento como um recado direto ao presidente Jair Bolsonaro, vai colocar suas falas em favor das urnas, tal como a do líder do governo, Capitão Augusto, em defesa do sistema eletrônico de votação. Ele tem reforçado em todas as entrevistas que a urna é segura.

A ordem entre os bolsonaristas é sair desse tema e seguir para a economia — redução do preço da gasolina, por exemplo, onde eles consideram que Bolsonaro pode surfar.

Combustível
O governo respirou aliviado com os dividendos da Petrobras — R$ 87 bilhões, dos quais R$ 32 bilhões ficarão com a União. A avaliação entre os bolsonaristas é de que o presidente ganhou pontos com a redução no preço dos combustíveis e, agora, terá recursos para pagamento dos auxílios previstos na PEC das bondades, cujos benefícios ainda não surtiram efeito eleitoral.

Sigam o Lira!

No PL e no QG de Jair Bolsonaro, a ordem é seguir a linha que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), expôs em seu twitter: “Má notícia para os pessimistas de plantão! Estamos na contramão do mundo, mas isso é bom! Inflação em baixa, PIB em alta. Desemprego com a menor taxa dos últimos anos. Estamos trabalhando com o Brasil real, que vai prosperando, melhorando, avançando”, publicou.

Cada um no seu quadrado
A campanha de Lula montou um grupo especial para conversar com segmentos do eleitorado religioso de uma forma geral. Geraldo Alckmin cuidará mais dos católicos, enquanto Benedita da Silva focará nos evangélicos. A avaliação é que o petista ainda tem muito terreno a percorrer nessa faixa do eleitorado.

Deu ruim
O vazamento do atestado médico que a deputada Paula Belmonte (Cidadania-DF) apresentou para justificar sua ausência à reunião da federação PSDB/Cidadania, inviabilizou qualquer reaproximação entre ela e o senador Izalci Lucas (PSDB-DF). Paula é considerada por quem a conhece “uma leoa ferida”.

Nas rodas de Brasília/ Os cientistas políticos, que sempre se reúnem para discutir o processo eleitoral, concluíram que o cenário está assim: quando Lula fala, Bolsonaro ganha. E quando Bolsonaro fala, Lula ganha. Está explicado o motivo de ambos serem avessos a um debate com os demais candidatos.

Por falar em Brasília…/ Lula foi ovacionado pelos estudantes ao caminhar pelo “Ceubinho”, apelido da entrada norte do Minhocão da UnB. Contava-se nos dedos os que passaram “batidos” — ou seja, sem levantar a mão com os dedos formando um “L”, marca da campanha, ou gritar um “Lula lá”.

Separados I/ O QG da campanha de Bolsonaro está preparando uma agenda solo para a primeira-dama, Michelle. Ela já se dispôs a participar de encontro de mulheres e com o eleitorado evangélico, de forma a tentar reforçar a posição eleitoral do marido.

Separados II/ O candidato a vice, Walter Braga Netto, também terá agenda própria daqui para frente. Até porque, Bolsonaro terá dificuldades em agendas eleitorais durante a semana por causa do horário de expediente. No sábado, porém, estarão todos juntos em Montes Claros (MG).

Foto da promulgação da PEC das Bondades será “santinho” de Bolsonaro

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Ao garantir presença na solenidade de promulgação da emenda constitucional que dará R$ 1 mil aos caminhoneiros e elevará o Auxílio Brasil para R$ 600, o presidente Jair Bolsonaro trabalha para colar a sua imagem a benefícios sociais e, assim, tentar buscar o empate com o ex-presidente Lula nas pesquisas de intenção de voto. As fotos da promulgação serão distribuídas em todas as redes sociais e grupos do chefe do Executivo, para passar aos eleitores a ideia de que a proposta foi da lavra presidencial. Os bolsonaristas acreditam que, até início de setembro, o jogo vira.

Os deputados de oposição não votaram massivamente contra a PEC justamente para ver se tiram de Bolsonaro a primazia dos dividendos eleitorais. Os petistas, porém, estão preocupados, porque sabem que quem está no poder terá ônus e bônus dessa proposta quando os recursos
começarem a ser pagos.

Urnas em debate

Na próxima segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro terá o prometido encontro com embaixadores de vários países, a fim de rebater a exposição do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Edson Fachin, a diplomatas em maio deste ano. Há quem diga que será mais um capítulo do roteiro para não aceitar uma derrota nas urnas.

O pacificador
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem cobrado tanto do presidente Jair Bolsonaro quanto do ex-presidente Lula paz no processo eleitoral e permanecerá nessa missão até o pleito. Pacheco é um dos poucos que conversa com os dois polos que dominam o palco de 2022 e o único político em posição de destaque nos Poderes da República que não será candidato a um mandato eletivo este ano. E o partido dele, o PSD, acaba de anunciar a neutralidade na eleição presidencial.

Por falar em Pacheco…
Os integrantes do PSD avaliam que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, marcou pontos com o governo e com a oposição nos últimos dias. Primeiramente, com o governo, ao deixar a CPI do MEC para depois das eleições. Depois, com a oposição, ao receber o ex-presidente Lula.

… quem planta, colhe
Paralelamente ao papel de pacificador no processo eleitoral, Pacheco constrói, ainda, uma ponte para a sua recandidatura à Presidência do Senado, independentemente de quem for o próximo presidente da República.

Agora, ficou difícil/ Ao anunciar a composição de sua chapa à reeleição diante de dirigentes nacionais do PP e do Republicanos, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, inviabilizou uma mudança de planos mais à frente. Agora, se houver uma união entre Reguffe e José Roberto Arruda, Ibaneis terá problemas.

Empurrãozinho/ Há quem diga que quem incentivou essa formatação foi a primeira-dama Michelle Bolsonaro, à revelia do marido, que preferia esperar mais um pouco. Afinal, ainda faltam 22 dias para o fim do prazo de convenções partidárias destinadas a escolher os candidatos.

Enquanto isso, no PSDB…/ Não será nada tranquila a reunião local convocada pela vice-presidente da federação regional PSDB-Cidadania, deputada Paula Belmonte, que se prepara para ocupar a vice na chapa de Reguffe ao GDF.

Ficou para novembro/ O Tribunal de Contas da União (TCU) funcionará com um ministro a menos até novembro, quando a Câmara escolherá o nome para ocupar o lugar da ministra Ana Arraes. A bancada feminina está, desde já, em campanha pela deputada Soraya Santos, do PL-RJ. As deputadas têm dito aos colegas que, se Soraya não for eleita, o TCU vai virar um “clube do Bolinha”.

Em Brasília, Lula corre atrás do voto útil

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Em conversas com emedebistas e empresários durante a passagem por Brasília, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deixou claro que, ao longo do período de campanha oficial, correrá atrás daqueles que resistem à polarização e querem dar chances a outros nomes. O alvo principal é o MDB, de Simone Tebet, e o PSD, que ficará neutro na eleição presidencial — e em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, selou parceria com o ex-ministro de Infraestrutura Tarcísio de Freitas, do Republicanos, o candidato do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A investida do PT vem calcada em três palavras: “credibilidade”, porque Lula já foi presidente; “estabilidade”, porque ele se mostra disposto ao diálogo com todas as forças políticas; e “previsibilidade”, pois não pretende flertar com tentativas de golpe.

Só tem um probleminha: os empresários que conversaram de forma mais alentada com Lula não receberam do ex-presidente qualquer vislumbre de projeto econômico. E enquanto o petista não apresentar um projeto que garanta menos intervencionismo do Estado na economia, não fecharão com o PT.

O recado da PEC

O placar do primeiro turno da PEC 15, que aumenta o valor do Auxílio Brasil e cria o voucher caminhoneiro, deixou claro que o PP de Arthur Lira (AL) e o próprio Bolsonaro, aos poucos, aprenderam a jogar num campo no qual, até aqui, o PT reinava sozinho: o dos benefícios sociais.

Vai tudo para…
Ao longo do dia, no Plenário, vários discursos contrários. Mas, no painel, 393 votos a favor da concessão dos auxílios foi um sinal de que o governo deixou o PT em xeque no campo onde o partido de Lula sempre reinou praticamente sozinho.

… o horário eleitoral
Os bolsonaristas registraram vários discursos para pinçar as partes em que criticavam a concessão dos benefícios em ano eleitoral.

Com 5G e acontece isso?!
O sistema de votação ficar fora do ar justamente na hora da análise da PEC das Bondades, ou Kamikaze, foi considerado estranho pelos líderes aliados ao governo. Especialmente porque, em Brasília, o 5G já está funcionando. A informação era de que, pelo menos, 60 deputados não conseguiram votar pelo aplicativo. Esta quarta-feira será de pura confusão.

Moraes para contê-los/ Ao manter em aberto o inquérito das milícias digitais por mais 90 dias, a ideia do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), é evitar que essa turma ultrapasse os limites no período eleitoral.

Sai daí rapidinho/ Ao fazer chamada de vídeo para parentes de Marcelo Arruda, o petista assassinado no dia do aniversário de 50 anos, em Foz do Iguaçu, Bolsonaro cumpre conselhos daqueles que torcem para vê-lo mais calmo e evitando radicalizações na campanha. Afinal, se quiser vencer em outubro, terá que conquistar votos ao centro.

Tá vendo aí/ Na abertura do Fórum do Leite, uma voz rouca tentou ecoar um “Bolsonaro 2022”. Ouviu poucas palmas no auditório lotado do Sebrae, em Brasília. A surpresa, porém veio no segundo painel, quando o mestre de cerimônia chamou o presidente do Banco do Brasil, Fausto de Andrade Ribeiro, de “presidente do Brasil”. Foram tantos aplausos e assobios, que Ribeiro não descartou “um dia”, quem sabe, concorrer ao Planalto.

Assim não dá/ A deputada Celina Leão (PP-DF) ficou tão estarrecida que colocou em suas redes sociais o aumento do número de seguidores do “tarado da sala cirúrgica”, o médico Giovanni Quintella Bezerra, preso depois de ser flagrado estuprando uma mulher durante o parto. “Depois do ocorrido, o anestesista ganhou mais de 10 mil seguidores. São essas pessoas que queremos seguir como exemplo?”, pergunta Celina.

Gilberto Amaral/ Um ícone da cidade se foi, ontem. Ficam aqui nossas condolências à mulher, Mara, e aos filhos, Rodrigo, Bernadete e Marcelo.

Colaborou Rosana Hessel

Congresso já avalia frear as emendas de relator

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A retirada do dispositivo que pretendia tornar obrigatória a liberação das emendas de relator do Orçamento foi vista nos bastidores do Congresso como a tábua à qual o senador Marcos do Val (Podemos-ES) se agarrou para tentar atenuar as denúncias de ter sido favorecido nessas propostas. Do Val atende a oposição e faz valer o discurso de que essas emendas jamais foram questão prioritária para ele.

Os parlamentares, de um modo geral, também consideram que é preciso dar uma freada de arrumação nessas emendas. Afinal, há uma coleção de denúncias sobre o orçamento secreto. E, agora, com essa retirada, a avaliação de alguns é de que, se houver problema, o Executivo terá sua parcela de culpa, porque liberou recursos sem prestar atenção naquilo em que aplicava os recursos da União.

O fim do diálogo

O Instituto Locomotiva quis saber como está a capacidade de diálogo do brasileiro quando o tema é política. Descobriu que o país desaprendeu a conviver com as diferenças de pensamento. Sete em cada 10 pessoas com opiniões diferentes em geral não dialogam bem no país.

Medo de conversar
Apenas 27% costumam dialogar bem e ter uma conversa construtiva. 73%, não. Quando a pergunta é sobre expor a opinião, 38% nunca expõem o que pensam, enquanto 36% apresentam suas posições políticas e defendem com força seus pontos de vista.

Nem tudo está perdido
O Locomotiva descobriu que 41% dos brasileiros têm alta tolerância política. Mas é preciso ficar atento, porque a elevada intolerância é uma doença que atinge 25% dos cidadãos.

Veja bem
Nos extremos, estão os mais intolerantes. 32% dos esquerdistas se dizem intolerantes, assim como 32% dos direitistas. E é aí que mora o perigo de assassinatos, como o que ocorreu em Foz do Iguaçu. Em tempos de eleição, é preciso estar atento.

Jogo casado/ Ao pedir o adiamento da votação a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), o líder do Novo, Marcel Van Hatten (RS), não só segurou a obrigatoriedade das emendas de relator, como ajudou a adiar a análise da PEC das Bondades. A aposta geral é de que a sessão de hoje, marcada para votar a proposta de emenda constitucional, corre riscos, uma vez que com tantos projetos orçamentários e vetos para deliberar, além da própria LDO, torna a sessão desta manhã muito apertada para ajustar tudo.

Chamariz/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), porém, deixou para amanhã uma sessão de análise dos projetos dos parlamentares. É um dos estímulos para que a turma não vá embora e permaneça por Brasília até quinta-feira, para a sanção da PEC das Bondades. A avaliação é de que a PEC tem votos favoráveis de sobra. Falta organizar a hora de votar, para garantir que os deputados não estejam em trânsito.

Lula sai da toca/ Até o mês passado, o ex-presidente estava praticamente restrito a eventos fechados de seus apoiadores. Agora, circula entre públicos não tão favoráveis e, inclusive, com eventos de rua. Hoje, na Confederação Nacional do Comércio (CNC), os diretores torcem para que ele e Geraldo Alckmin finalmente exponham pontos do projeto econômico.

Oposição já decidiu votar a favor da PEC das Bondades

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O governo já se arrependeu de não ter batido o pé lá atrás, em 2019, contra a ampliação das emendas de relator, as tais RP9, apelidadas de orçamento secreto. Em conversas reservadas, os auxiliares do presidente têm dito que o Poder Executivo “terceirizou a bondade”, ou seja, deu de bandeja plenos poderes para o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Alguns políticos ligados ao Planalto sondaram congressistas sobre a possibilidade de rever essa modalidade. A resposta foi negativa.

No Congresso, hoje, prevalece a visão de que o Poder Executivo permitiu que o “gênio” ou o “monstro” saísse da garrafa. Agora, não volta mais. A expectativa é de que todas as emendas em 2023 consumam algo em torno de R$ 32 bilhões, considerando aí as de relator, as individuais e as de bancada e comissões técnicas.

Se não der para atrasar…

…Empate o jogo. A oposição já definiu que votará a favor, se não conseguir adiar a votação da proposta de emenda constitucional que amplia o valor do Auxílio Brasil e cria outros benefícios, a tal PEC das Bondades ou PEC Eleitoral. Votos contrários serão escassos, como ocorreu no Senado.

Reclama, mas deixa quieto
Muito vai se falar sobre a irresponsabilidade de aumentar o Auxílio Brasil em pleno ano eleitoral. Vem por aí, inclusive, uma avaliação do Tribunal de Contas da União (TCU), pedida pelo procurador da República junto ao tribunal. Entre os ministros do TCU, a ideia é frisar que é preciso cuidado com o equilíbrio fiscal, mas ninguém vai sustar a PEC fruto de acordo entre dois Poderes, Legislativo e Executivo, ainda mais aprovada por ampla maioria.

Prioridade é a Câmara
O Progressistas, do ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, já definiu que, no plano nacional, fechará a aliança formal com o PL pela reeleição do presidente Jair Bolsonaro. Mas, nos estados, jogará suas fichas onde for melhor para construir bancada. A intenção é continuar como a segunda força da Câmara dos Deputados.

Pragmatismo eleitoral
Da mesma forma que Lula buscou Geraldo Alckmin para tentar agregar votos do centro, Tarcísio de Freitas faz o mesmo em São Paulo, fechando uma aliança com o PSD de Gilberto Kassab. Aliás, o projeto de Kassab agora, assim como o do PP, é eleger deputados federais. Como a esquerda já está ocupada, o PSD faz a curva à direita para ver se consegue mais votos no maior colégio eleitoral do país.

Promessa é dívida/ O relator da PEC das Bondades, Danilo Forte (União Brasil), assina o parecer a ser lido em plenário, uma vez que será o parecer que virá da comissão especial. Mas caberá ao deputado Christino Áureo, do PP-RJ, encaminhar a votação. Áureo estava escalado para relatar a PEC 16, a das Bondades, mas, como foi juntada à PEC 15, dos biocombustíveis, ficou tudo com Danilo, que leu o seu parecer sob os protestos dos oposicionistas.

Pré-campanha/ A cessão do encaminhamento em plenário a Áureo faz parte dos movimentos de Arthur Lira para mais um mandato de dois anos no comando da Câmara.

Ainda não acabou/ Embora a base aliada ao governo e o Centrão queiram liquidar a fatura da PEC e da Lei de Diretrizes Orçamentárias esta semana, na próxima tem votações dos projetos de interesse dos deputados. É aí que mora o perigo.

Por falar em perigo…/ Segurança redobrada, hoje, para o ex-presidente Lula no Rio de Janeiro. A ideia é colocar revista para quem quiser subir ao palco e ficar na linha de frente do palanque montado na Cinelândia.

Vitor Procópio Trindade/ Fica aqui os meus mais profundos sentimentos pela passagem do médico de 27 anos, filho do jornalista José Maria Trindade, que morreu tentando salvar vidas. Vitinho, como era conhecido por amigos e familiares, é mais uma vítima da imprudência nas estradas brasileiras.

Oposição muda estratégia e perde o relator da PEC das Bondades

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao perceber que a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) das Bondades, ou do “desespero”, pode beneficiar o presidente Jair Bolsonaro, a oposição mudou a estratégia. Em vez de simplesmente votar a favor, para aprovação do projeto ainda esta semana, a ordem é cobrar do comando da Câmara mais tempo para debater o texto. Assim, avaliam alguns, não dará tempo para surtir efeitos eleitorais que, embora pequenos, podem ajudar o governo.

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A obstrução dos oposicionistas levou o relator, Danilo Forte (União Brasil-CE), a fechar com o governo. Seu relatório será pela manutenção do texto aprovado no Senado, de forma a não permitir alterações que levem a proposta a uma nova rodada de análise pelos senadores. Ele vai na linha de que, quem tem fome, tem pressa. O desafio para o governo agora é conseguir segurar os deputados em Brasília para votação da PEC na quinta-feira em plenário. A tendência é de aprovação.

Onde mora o diabo

A ida do ex-presidente Lula a um almoço na Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) abre o diálogo, mas ainda não sela compromissos. O empresariado quer saber do petista detalhes sobre o projeto econômico, algo que Lula ainda não abriu. O que se sabe até agora foi dito pelo economista Guilherme Melo, que defende abertamente a taxação de lucros e dividendos.

Destravou
Ao aceitar retirar a candidatura do senador Fabiano Contarato (PT-ES) ao governo do Espírito Santo para apoiar a campanha pela reeleição de Renato Casagrande (PSB), o PT dá a senha para o ex-governador de São Paulo Márcio França retirar sua pré-candidatura para apoiar Fernando Haddad (PT). O anúncio será feito neste sábado.

Caminho fechado
Os estrategistas do Senado consideram que, ao ler hoje o pedido de criação da CPI do MEC em plenário, o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, impede que o Supremo Tribunal Federal mande instalar a CPI, uma vez que o colegiado estará oficialmente criado. O raciocínio dos senadores é o de que o resto, data e melhor momento para instalação, é direito da maioria escolher.

Muito além do Planalto
A posse prestigiada por parlamentares, como a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina, foi uma demonstração de que a presidente da Caixa, Daniella Marques, chega com lastro ao cargo. Ela é considerada uma das auxiliares de Paulo Guedes que mais têm trânsito no Parlamento.

O “Serra” da Câmara/ O deputado Pedro Paulo (PSD-RJ) avisa que votará contra a PEC das Bondades. “Voto com o Serra. Essa PEC é um absurdo. O abandono da Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz ele à coluna.

Lá, ficou sozinho/ Para quem não se lembra, José Serra foi o único voto contrário à PEC das Bondades no Senado, semana passada.

Revolta geral/ A PEC das Bondades, aliás, fez com que muitos deputados fossem obrigados a mudar os planos para julho. Esta semana, os parlamentares pretendiam que fosse a última antes do recesso que, diz a lei, começa em 17 de julho. Ocorre que a Presidência da Câmara, por enquanto, não liberou o sistema de votação remoto. “Vamos ter que vir aqui só apertar botão!”, reclamava um deputado.

Livro novo na praça/ O cientista político Alberto Carlos Almeida e o geógrafo Tiago Garrido autografam hoje em Brasília, o livro A Mão e a luva, o que elege um presidente. A obra traz uma análise das eleições presidenciais desde o processo de redemocratização, com foco no padrão de comportamento da opinião pública no processo eleitoral. O bate-papo com os autores está marcado para esta quarta-feira, das 15h às 17h, no Plenário 3 da ala das comissões da Câmara dos Deputados.

PEC das Bondades terá custo altíssimo a ser pago por todos nós

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Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza

O trator legislativo que se transformou a PEC das Bondades carrega um custo altíssimo para a sociedade brasileira, particularmente para o próximo presidente da República, independentemente de quem sair vitorioso das urnas. A lista de benefícios ultrapassa os R$ 50 bilhões e pode aumentar, pois não há sinal de que os partidos de oposição ou independentes resistirão ao consenso de estender benefícios à população mais vulnerável e a categorias profissionais diretamente afetadas pela alta de combustíveis.

A lógica expansionista e eleitoreira que conduz a PEC das Bondades deixa para o futuro, no entanto, um remédio amargo para conter tanta generosidade com o dinheiro público. Até aqui, as estimativas do Banco Central consideravam uma possível redução na taxa básica de juros a partir de 2023. Com a bomba fiscal em gestação no Congresso, prevista até o fim de 2022, não resta outra alternativa à autoridade monetária do que rever os cálculos. E aos brasileiros, apertar o cinto. O preço a ser pago por tanta benevolência virá alto.

Pela Educação

A Frente Parlamentar da Educação estima uma perda de R$ 26,5 bilhões por ano em recursos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) com o veto do presidente Jair Bolsonaro (PL) a um dispositivo da lei do teto de ICMS que garantia os repasses. “É mais um ataque do presidente à educação brasileira. Vamos lutar para derrubar o veto de Bolsonaro e garantir a recomposição integral dos recursos para a Educação”, disse o deputado professor Israel Batista (PSB-DF), que preside a Frente.

A verdade digital
Frances Haugen, ex-gerente que revelou a leniência do Facebook na disseminação de conteúdo tóxico e informações falsas em suas plataformas, participa de audiência hoje na Câmara dos Deputados. Em sessão conjunta das Comissões de Legislação Participativa e de Ciência e Tecnologia, a engenheira norte-americana falará sobre fake news e os acordos firmados entre as big techs e a Justiça Eleitoral.

O certo e o torto
O almoço cancelado pelo presidente Jair Bolsonaro em nada diminuiu a satisfação de Marcelo Rebelo de Sousa na visita ao Brasil. O chefe de Estado português encontrou-se com três ex-presidentes, viu seu país ser o grande homenageado na Bienal Internacional do Livro de São Paulo e recebeu a simpatia de — quase — todos os brasileiros, anônimos ou famosos.

Em alta
A embaixadora Maria Luiza Ribeiro Viotti é um dos nomes cotados para comandar o Ministério das Relações Exteriores caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença a corrida ao Planalto. Economista e diplomata de carreira, Viotti é da confiança do ex-ministro e embaixador Celso Amorim, principal conselheiro de Lula em política externa.

STF de plantão
O Supremo Tribunal Federal manterá um ritmo de trabalho diferenciado no recesso de julho. O presidente da Corte, ministro Luiz Fux, e a vice-presidente, Rosa Weber, dividirão o expediente durante o mês. Dos dias 2 a 15, Rosa responderá pela presidência do tribunal. Entre 16 e 31 de julho, caberá a Fux analisar questões urgentes que se apresentarem ao colegiado. Cinco ministros, contudo, continuarão trabalhando. São eles: Gilmar Mendes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski, Alexandre de Moraes e André Mendonça.

Transparência
O Tribunal Superior do Trabalho incrementou o atendimento à imprensa. Em uma página virtual, jornalistas poderão entrar em contato com a Coordenadoria de Editoria e Imprensa, cadastrar-se na lista de transmissão, enviar pedidos de informações para pautas, acessar estatísticas do TST e da Justiça do Trabalho.

Saudade
Amigos e familiares promovem, neste sábado, uma cerimônia em memória do fotógrafo Sergio Amaral. A homenagem começa às 10h30, na Chácara Leão da Serra, no Taquari. As cinzas serão depositadas nas raízes de uma muda de ipê rosa, plantada no dia, ao som da música de Sergio Duboc e Renato Matos.