DEM (quase) na oposição

Dem
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Além do #ForaMandetta nas redes sociais, os bolsonaristas agora voltam suas baterias contra todos os ministros do Democratas dentro do governo. O monitoramento do partido indica que vem sendo tratado de forma hostil desde a semana passada, quando o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, rompeu com o presidente Jair Bolsonaro. Agora, praticamente todos, numa ação coordenada, têm recebido tratamento semelhante ao dispensado aos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Senado, Davi Alcolumbre. Estão na mira dos radicais a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, e o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. O incômodo é grande, mas, assim como Mandetta, ninguém sairá no meio da guerra ao novo coronavírus.

Déjà vu

O grupo palaciano que não suporta o protagonismo do presidente da Câara, Rodrigo Maia, acredita que, a partir de agosto, o deputado perderá o poder, porque a campanha para sucedê-lo entrará em cena. A ordem entre os bolsonaristas é buscar um candidato para enfrentar o grupo do DEM. Em 2015, Dilma Rousseff tentou fazer o mesmo em relação ao MDB, contra Eduardo Cunha, hoje presidiário. A presidente ganhou um inimigo que lhe custou o mandato.

Cálculos equivocados

Os bolsonaristas acreditam que será possível encontrar um candidato para derrotar o DEM ou mesmo Arthur Lyra, do PP. Essa conta não leva em consideração a realidade do governo no Congresso. Hoje, não tem maioria nem para aprovar um simples projeto de lei, quem dirá eleger um presidente da Câmara.

Resistências à PEC da guerra

O grupo Muda Senado tem dúvidas sobre a Proposta de Emenda Constitucional que estabeleceu o Orçamento de Guerra. “Não precisaria de emenda constitucional para fazer gasto. É um precedente grave. Se abro a porta para mudar a Constituição por votação remota nesse caso, outros temas podem gerar novas emendas constitucionais, seja contra ou a favor do governo”, alerta o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), que pretende conversar com Davi Alcolumbre a respeito.

A corrida nos municípios/ O sábado foi agitado para os parlamentares, por causa da data-limite para filiação de candidatos às eleições de outubro. Enquanto o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e o Congresso não decidem o que fazer com a eleição, o jeito é cumprir os prazos.

Muita calma nessa hora/ A resistência em mudar a data da eleição é grande, porque, afinal, as campanhas começam em agosto. E ainda que não se tenha muitos recursos financeiros para esse corpo a corpo com o eleitor, é importante seguir o calendário. Essa história de prorrogar mandatos é considerada perigosa e nada recomendável.

Radicais aliados de Bolsonaro causam preocupação na crise do coronavírus

Bolsonaro
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A dificuldade de o presidente Jair Bolsonaro fazer valer seu discurso diante da maioria da população, e a queda de popularidade detectada nas pesquisas desta semana, já levaram assessores palacianos ao diagnóstico de que, a preços de hoje, o capitão sairá da crise do novo coronavírus politicamente menor do que entrou. “O perigo é de que o presidente tenderá a se atirar de cabeça na sua zona de conforto, acirrando os ânimos de suas bases mais fiéis, o que, para a sociedade como um todo, significará mais tensão, conflito, incerteza e instabilidade, em meio a uma aguda recessão econômica”, prevê o relatório que o cientista político Paulo Kramer preparou para os palacianos.

Outras avaliações que chegam ao Planalto alertam ainda para a necessidade de o grupo mais fiel ao presidente não confundir os 57 milhões que elegeram Bolsonaro com o bolsonarismo. Desse total, parte expressiva votou nele por causa do desejo de derrotar o PT. Agora, diante da pandemia e das posições do presidente, esses grupos começam a se separar.

Bolsonaro pode até recuperar seus eleitores, a depender do comportamento diante da crise. Se permanecer na linha do conflito, a tendência é consolidar a separação entre antipetismo e bolsonarismo. Se quiser unir novamente esses grupos, terá que colar sua imagem à da equipe do Ministério da Saúde, que está com a aprovação anos-luz à frente do presidente.

Mandetta, o equilibrista

As últimas declarações públicas de Luiz Henrique Mandetta foram bem recebidas pelo presidente, em especial as que colocaram as ações de combate ao novo coronavírus como obra do governo Bolsonaro. De quebra, o presidente também gostou do fato de o ministro da Saúde dizer que estava ali porque o capitão o escolheu e deu liberdade para que montasse a equipe.

Até a próxima crise

O receio da turma do deixa disso é que o gabinete do ódio volte a encher os ouvidos de Bolsonaro, na semana que vem. Afinal, ninguém esqueceu o que o presidente disse a apoiadores, na porta do Alvorada: se o isolamento social não terminar, ele tomará providências.

Bolsonarismo reage

Terminada a entrevista do ministro da Saúde no Planalto, a hashtag #ForaMandetta bombava no Twitter. Parte do material foi monitorado por integrantes da CPMI das Fake News para tentar detectar robôs destinados a esse trabalho. No final do dia, entretanto, defensores de Mandetta começaram a usar a mesma hashtag, de forma a embaralhar o jogo.

Atos & consequências

A prorrogação da CPMI das Fake News é o primeiro reflexo no sentido de preparação do terreno minado que o governo enfrentará no Congresso, depois que a pandemia da Covid-19 passar. O governo tentou evitar, mas não foi atendido. Ali, tem prevalecido a máxima de que o que for “pelo bem do país” será feito. O que for apenas pelo bem de Bolsonaro, nem tanto.

Onde mora o perigo/ Se as quadrilhas já estavam atrás das pessoas para tentar aplicar golpes nos trabalhadores, por causa do auxílio emergencial de R$ 600 às pessoas carentes, o receio agora vai no sentido inverso. É o de que essa mesma bandidagem tente fraudar e vir com trabalhadores fantasmas. Todo cuidado é pouco.

Onde mora o outro perigo/ Esses cuidados não podem ser dispensados, mas o Poder Executivo está de olho também nas cobranças dos opositores, dia e noite, com a hashtag #pagalogo.

Livre do coronavírus/ A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, fez um novo teste de coronavírus, ontem. Foi o segundo desde que a pandemia começou. Deu negativo. Ela tem trabalhado todos os dias, inclusive nos fins de semana, acompanhando de perto o abastecimento.

Apelo aos católicos/ Depois do encontro de Bolsonaro, na porta do Alvorada, com pastores evangélicos, os grupos bolsonaristas de WhatsApp ligados aos católicos replicaram, como se fosse recente, uma foto do presidente rezando na Catedral de Brasília. A imagem é de 5 janeiro deste ano.

Apelo aos católicos II/ A iniciativa dos apoiadores do presidente é no sentido de tentar recuperar terreno entre os mais religiosos nessa temporada de Quaresma.

Mandetta, aprovado e, praticamente, de aviso prévio, diz que “médico não abandona paciente”

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O presidente Jair Bolsonaro não vai demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Mas que ninguém espere dele elogios efusivos à atuação do ministro. Há um discurso de volta ao trabalho, de necessidade de criação de anti-corpo que Bolsonaro pretende manter. O presidente e seus seguidores acreditam piamente que, mais dia, menos dia, esse discurso “vai pegar” com mais força entre os eleitores.

Ocorre que a realidade ainda não se casou com o discurso bolsonarista. O número de casos cresce, o de mortos também. Para completar, as pesquisas que mediram o humor da população nos últimos dias indicam que a população apoia mais o ministério da Saúde, leia-se, Luiz Henrique Mandetta, do que o presidente Jair Bolsonaro.

O ministro não abandonará o barco, conforme relatou aos parlamentares com quem conversou. Nesta tarde, na coletiva, disse que tem 31 anos de medicina e se prepara para cuidar de pacientes. “A família, às vezes, questiona o médico. E o compromisso do médico é com o paciente. Às vezes, a notícia não é boa, a família não gosta. É natural. O paciente agora é o Brasil É normal que muitas pessoas que estão em torno e têm um amor pelo paciente Brasil se preocupem e questionem. Há vontade de acertar. Da minha parte é muito tranquilo. Não é nada desconfortável”, disse Mandetta há pouco.

Ele completou que não há receita para esta pandemia. “Uns dizem que, olha, vamos nos contaminar e passar por isso. É uma leitura. Eu, como estou vendo a queda dos sistemas de saúde de vários países, a minha posição é de cautela. Esse é um tratamento mais lento e quem tem efeito na economia. Não somos insensíveis a isso. E é um nome desses que o presidente se movimenta. Todos queremos o mesmo objetivo. As vezes, temos visões diferentes de como atingir esse objetivo”, disse Mandetta, citando várias ações do “governo do presidente Jair Bolsonaro para tratar da pandemia e seus efeitos colaterais. “Tenho uma coisa na minha vida: Médico não abandona paciente. O foco é no serviço. Esse paciente chamado Brasil quem me pediu para cuidar dele foi o presidente Jair Bolsonaro”

“Esqueçam o que ele diz”, repetem ministros sobre Bolsonaro

Bolsonaro na porta do Alvorada
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Essa tem sido a frase mais repetida por ministros do presidente Jair Bolsonaro, quando perguntados por governadores e parlamentares sobre as declarações presidenciais mais polêmicas a respeito da Covid-19, e críticas aos estados, em entrevistas e lives à porta do Alvorada. A recomendação da equipe tem sido prestar atenção naquilo que o presidente escreve. Por exemplo: embora tenha defendido a volta ao trabalho, dispensou por decreto a liberação do número de dias letivos das escolas. Apesar de ter dito que não iria socorrer os governadores, liberou R$ 16 bilhões aos estados por medida provisória e outros recursos virão.

O distanciamento entre o discurso do presidente e a prática do governo prosseguirá, enquanto durar a pandemia. Assim, se a realidade chegar ao ponto previsto pelos mais pessimistas, Bolsonaro colará o seu discurso nos atos do governo. Se ocorrer o cenário mais otimista lá na frente, reforçará o que tem dito. Como muitos nesta pandemia, ele também está de olho na política.

Cálculos políticos

Entre os parlamentares, muita gente não tem mais dúvida: o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, está de aviso prévio. Bolsonaro só não o substitui agora porque tem medo que o cenário da pandemia se agrave ainda mais e, lá na frente, seja acusado de ter subestimado a “gripezinha”.

Todo cuidado é pouco

Os serviços de defesa ao consumidor avisaram ao governo que têm recebido inúmeras denúncias a respeito de quadrilhas que captam informações de pessoas de baixa renda, por mensagens de celular e e-mails, a fim de pegar os R$ 600. O receio, agora, é que o dinheiro acabe nas mãos dos bandidos. Por isso, é preciso organizar muito bem os cadastros e a distribuição do dinheiro.

Deu água

A ida do deputado Osmar Terra (MDB-RS) ao Planalto esta semana e a reunião com os médicos deixaram a certeza de que o presidente tenta se cercar de visões técnicas parecidas com a sua, tanto em relação ao isolamento social apenas dos idosos, quanto ao uso de cloroquina. O deputado, que é médico, repetiu ao presidente o que já havia dito no CB.Poder que enfrentou a H1N1 sem precisar de distanciamento social geral. Dos médicos intensivistas, Bolsonaro ouviu que a recomendação, por enquanto, é de isolamento social.

“O presidente pode ser criticado, mas faz acenos à população. Tem gente fazendo aceno para composição política”

Do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), referindo-se aos gestos do governador de São Paulo, João Doria, em direção ao ex-presidente Lula

CURTIDAS

À beira de um ataque de nervos/ Silas Malafaia e outros pastores evangélicos estão ensandecidos por causa da escassez de recolhimento do dízimo. Chegou ao ponto de um pastor de Minas Gerais pedir a Bolsonaro, na porta do Alvorada, a abertura de uma linha de crédito para as igrejas.

À beira de um ataque de nervos II/ Malafaia tem colocado seus fiéis para filmar comunidades no Rio de Janeiro, a fim de mostrar que o considera “quarentena de araque”.

Jogos eleitorais/ A filiação de Marta Suplicy ao Solidariedade indica que o PT pode ter ainda mais problemas para a eleição de prefeito de São Paulo. É que Marta, se concorrer, ainda é considerada boa de voto na capital paulista.

Enquanto isso, na economia/ As promessas feitas pelo governo, de recuperação econômica no ano que vem, não são compartilhadas pelos economistas. O cenário, diante de um endividamento necessário agora por causa da pandemia, ainda é para lá de incerto. Quem em juízo não arrisca previsões para o amanhã. Diante do vírus, a ordem é viver a cada dia a sua aflição.

Bolsonaro busca de respaldo técnico para suas teses e aumenta tensão com a Saúde

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O fato de o presidente Jair Bolsonaro ter recebido o ex-ministro da Cidadania Osmar Terra e médicos para ouvi-los sobre cloroquina fez crescer as apostas sobre uma possível troca de comando no Ministério da Saúde. Entre os políticos, não resta dúvidas de que o presidente, dia após dia, desautoriza o ministro Luiz Henrique Mandetta. A visão de aliados mais próximos do presidente Jair Bolsonaro, porém, é a de que o ministro é quem tem desautorizado o presidente, que pensa diferente do ministro. Bolsonaro, embora não pense como o ministro, não o substitui porque teme que isso termine por lhe corroer ainda mais a popularidade, em caso de agravamento da crise. Agora, entretanto, está na fase de usar argumentos técnicos para tentar respaldar suas posições e levar à tradicional lie das quintas-feiras no Alvorada.

Ainda que tenha receio de trocar o ministro, Bolsonaro tem dobrado sua aposta no fim do isolamento social e sempre que pode faz questão de deixar claro que não compartilha da visão de Mandetta. É o que lhe resta, uma vez que uma demissão do ministro arrisca dinamitar a ponte que o ministro tem feito entre o governo federal e os estados. Há uma avaliação dentro do governo que alguém com um perfil automaticamente alinhado com o que pensa o presidente teria dificuldades em manter esse trabalho que já está em curso com os governos estaduais, que optaram pelo isolamento horizontal.

Bolsonaro não vai parar de colocar a sua posição. Terra foi chamado ao Palácio porque o presidente queria ouvir a posição dele sobre epidemias, que é idêntica à do presidente, e já foi detalhada em entrevista ao CB.Poder na semana passada. Segundo relatos, o deputado repetiu ao presidente sua posição contrária ao isolamento horizontal, citou sua experiência com a epidemia de H1N1, no Rio Grande do Sul, quando era secretário de Saúde. A comparação entre as duas epidemias não é considerada válida por muitos estudiosos e não tem sido seguida por países da Europa, porque a velocidade de propagação dos vírus é diferente. Numa de suas coletivas, Mandetta inclusive mencionou que quem seguisse a receita de combate ao H1N1 para o coronavírus iria errar.

Mandetta é no momento o ministro mais popular do presidente Jair Bolsonaro. Sua capacidade de diálogo, de ação, de coordenação de equipe e seu semblante de cansaço por noites mal-dormidas são, segundo pesquisas, a percepção do trabalho do governo federal em prol da combate ao coronavírus. Perder esse ativo pode ser um erro e levar outros a rufar panelas em caso da agravamento da crise. Resta saber se Bolsonaro vai pagar para ver ou deixar passar essas rodada.

Planalto tenta conter os danos de imagem na crise do coronavírus

Planalto coronavírus
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Ao levar as coletivas do Ministério da Saúde para o Planalto, como parte do gabinete de crise, Jair Bolsonaro adota uma estratégia para evitar a leitura de que a equipe do ministro Luiz Henrique Mandetta é algo estanque, descolado do governo. Aliás, foi aconselhado a adotar esse modelo para tentar amenizar o impacto negativo não só do passeio de domingo, mas também das declarações da manhã, em que novamente defendeu que todos voltem ao trabalho, num momento em que até Donald Trump se rende à necessidade de isolamento. Veremos até quando isso vai durar. O presidente quer os louros do trabalho desenvolvido pelo Ministério da Saúde, mas quer distância do ônus econômico das suas recomendações, de distanciamento social.

Aliados têm dito que Bolsonaro não se convenceu da gravidade da crise. Primeiro, houve a defesa de uma campanha institucional para que o Brasil voltasse ao trabalho. Não deu certo. Depois, o rascunho de um decreto para determinar o retorno imediato às atividades em todo o país. Não funcionou. A contar pela disposição dele, algo mais virá. O Brasil vive a cada dia a sua aflição.

Ministros por Mandetta

Não são poucos os ministros que têm apelado a Bolsonaro para refluir nas declarações dissonantes com as de Mandetta. O que o ministro da Economia, Paulo Guedes, fala de público, a favor do isolamento, é voz corrente no primeiro escalão do governo.

A terceira onda

As declarações de Bolsonaro só serão tratadas de forma mais contundente no Parlamento, quando o país estiver em condições de voltar à normalidade. Em outras palavras, o Brasil seguirá com crise política em altos e baixos. Ninguém tomará qualquer atitude, até que se resolvam as questões de saúde, e as medidas econômicas tenham alguma resposta a fim de melhorar a vida das pessoas.

Está assim I

Em Londrina (PR), um empresário de 55 anos, que passou a infância e a adolescência em Brasília, começou a sentir dores pelo corpo em 18 de março. Em 20 de março, febre alta e dor de cabeça. Procurou a emergência de um hospital privado três dias depois. Foi mandado de volta para casa, sem teste para coronavírus e qualquer cuidado especial. Preocupado e ainda passando mal, voltou ao hospital dia 25. Aí sim, o tratamento foi diverso. Uma tomografia detectou lesões nos pulmões e, então, foi internado e houve coleta de material para o teste. Ontem, 29 de março, recebeu o resultado: Covid-19.

Está assim II

Esse empresário continua internado. Conta ainda que tem um passado atlético em piscina, alimentação saudável, não fuma, não bebe, não tem hipertensão, diabetes, ou qualquer outro fator de risco. Agora, seu quadro clínico começa a melhorar. “O vírus é violento”, avisa.

Militares e o meio-termo de Villas Boas

Integrantes da cúpula das Forças Armadas cobraram de Bolsonaro uma postura mais afinada com o Ministério da Saúde. Daí o motivo da nota do ex-comandante do Exército, general Villas Boas, que critica ações extremadas, delimita o centro como ponto de equilíbrio e, por tabela, sai em defesa do presidente. Divulgada, ontem, nas redes sociais, coloca Bolsonaro como bem intencionado. A leitura da política é a de que a caserna age para tentar conter o presidente e a crise política.

Continha/ Dia desses, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) reclamou de um juiz que suspendeu a carreata do “Brasil não pode parar”, referindo-se a um cidadão contra 57 milhões –– o número de votos que seu pai angariou no segundo turno. O problema é que, desses milhões, há muitos que defendem o confinamento e não votaram a favor de Bolsonaro, e sim contra o PT.

Sem exemplos para citar/ O fato de o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, adotar o autoisolamento depois que um de seus assessores testou positivo para o novo coronavírus, foi mais um baque nas atitudes de Bolsonaro, que, com vários colaboradores com resultado positivo, continua nas ruas.

Difícil, mas deve rolar/ A Câmara fez ontem testes para sessões virtuais. Só tem um probleminha: com 513 deputados, vai ser complicado definir a ordem de uso dos microfones –– e por aí vai.

Enquanto isso, na construção civil…/ Obras de fundação de um edifício na região do Park Sul continuavam ontem a pleno vapor.

A verdade, nada mais que a verdade, promete Mandetta

Bolsonaro e Mandetta
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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, segue espremido. De um lado, um presidente da República que deseja implantar no país apenas o isolamento vertical, reabrindo comércios e todos os serviços não-essenciais e isolando apenas os idosos e pessoas do grupo de risco. De outro, a Organização Mundial de Saúde, as recomendações dos infectologistas, e mais de meio mundo que considera o isolamento a única forma segura de evitar o colapso dos serviços de saúde pública, uma vez que a escassez de testes rápidos para isolamento apenas dos doentes impede outro tipo de tratamento. Entre os dois, Mandetta, para a entrevista de daqui a pouco, promete a verdade. Vai, assim, na linha da citação bíblica, João 8:32, sempre mencionada pelo presidente Jair Bolsonaro: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”.

Bolsonaro, ao escolher seus ministros, em dezembro e 2018, anunciava que não cederia aos partidos e daria à sua equipe um perfil técnico. Se agora, nesse momento grave, Bolsonaro trocar o ministro da Saude, para colocar alguém que faça apenas a sua vontade, estará rasgando esse ativo que levou à sua eleição e foi amplamente aplaudido pela população. O próprio ministro Paulo Guedes, outro escolhido por um perfil técnico, disse hoje que está preocupado com a economia, mas defende o isolamento.

No mundo inteiro, os negacionistas da gravidade da pandemia que se mostraram mais atentos ao cenário econômico do que às questões de saúde pública tiveram que rever suas posições. Do prefeito de Milão, Giuseppe Sala, ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Bolsonaro insiste em manter sua sua posição. Vejamos quem está com a verdade. Afinal, como diz o presidente, a verdade libertará.

Defesa por isolamento pode fazer “gabinete do ódio” pressionar pela saída de Mandetta

mandetta
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O discurso do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, durante o último balanço sobre Covid-19 no sábado, foi recebido nos partidos como a última tentativa de chamar a atenção de todos, e busca uma ação conjunta de combate ao coronavírus no país. Sobraram recados tanto para os governadores, que criticam o tempo todo o governo federal – leia-se João Doria, de São Paulo – quanto para aqueles que, dentro do governo, invariavelmente, deixam a ciência de lado – leia-se aí o próprio presidente Jair Bolsonaro, que mostrou a caixinha de cloroquina como a receita recomendada para o momento.

A fala do ministro, entretanto, traz o risco de levar o “gabinete do ódio” capitaneado pelos filhos de Bolsonaro a pressionar mais uma vez para trocar o ministro pelo presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres – aquele que acompanhou o presidente na manifestação de 15 de março. Até para essa turma, valem as palavras de Mandetta: “Temos que ter racionalidade e não nos mover por impulso”.

O nó na saúde I

A boataria que circulou durante todo o dia sobre a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, vinha acompanhada de pressões do governo para que ele substituísse integrantes de sua equipe que os bolsonaristas mais convictos chamam nas redes de “comunistas”. A equipe foi toda escolhida por Mandetta. E, pelas palavras do ministro ontem, a equipe permanece.

O nó na saúde II

As projeções oficiais do Ministério da Saúde estão mais difíceis de serem feitas, porque ainda não foi definido um método seguro de cálculo de número de casos para daqui a seis meses. Daí, os atrasos em soltar o número de casos. A ordem é optar por aquele que não seja nem o mais otimista, nem o mais pessimista.

Prepare-se

A redução de voos semanais no Brasil de 14.781 para 1.241 até 30 de abril indica que a quarentena será maior do que se imagina.

Viu, Osmar Terra?

Entre os emedebistas, as comparações de Mandetta da Covid-19 com a H1N1 foram consideradas um recado direto ao deputado Osmar Terra (MDB-RS). Nos últimos dias, Terra deu uma série de entrevistas e gravou vídeos na linha do pronunciamento de Bolsonaro na última terça-feira, de que era preciso cuidado com os idosos, sem necessidade de quarentena generalizada.

CURTIDAS

O trabalho veio do Executivo// O Poder Judiciário se preparava, na semana passada, para uma avalanche de pedidos de internação por causa de sintomas de Covid-19. Até aqui, porém, as ações que mais exigiram decisões urgentes foram as do Executivo Federal, em especial o decreto que tornou atividades religiosas como essenciais e a campanha experimental “O Brasil não pode parar”.

É por aí/ Relator da Medida Provisória 927, de socorro às empresas, o senador Eduardo Braga (foto) (MDB-AM) passa o fim de semana trabalhando com técnicos para um estudo mais aprofundado do texto e apresentar seu parecer o mais breve possível. A linha será garantir emprego, renda e empresa. Para quem não se lembra, é a MP que tratava da suspensão dos salários sem garantia de renda. O presidente Bolsonaro mandou retirar o trecho do texto, depois de críticas nas redes sociais.

Geração espontânea/ O vídeo da campanha “O Brasil não pode parar” terminou a semana sem pai nem mãe.

Movimentos da oposição são classificados como ‘Os sem-bandeira’

Publicado em coluna Brasília-DF

Os movimentos da oposição nos últimos dias foram classificados pelos próprios oposicionistas como erros, tanto na estratégia como na forma. A reclamação do trabalho aos domingos, por exemplo, levantada como bandeira na sessão que analisou a Medida Provisória da Liberdade Econômica, não obteve 75 votos, e é controversa, uma vez que, em viagens internacionais, a maioria desses deputados elogia o fato de tudo funcionar aos domingos em alguns países.

A Marcha das Margaridas, que tinha entre as reclamações a votação da reforma da Previdência, parou Brasília na manhã de quarta-feira, mas chegou na hora errada, uma vez que a reforma previdenciária já foi votada na Câmara e, no Senado, as discussões sequer esquentaram. Logo, houve muito esforço por nada. Nesse ritmo, ganham destaque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o governo.

Limites legais

Depois da Vaza-Jato, os tribunais redobraram a atenção com pedidos do MP. Em Brasília, um pedido do Ministério Público do Distrito Federal está deixando desembargadores e assessores do Tribunal de Justiça de cabelo em pé. Um dos endereços para busca e apreensão oferecidos pelos procuradores é de uma embaixada, que goza de inviolabilidade em razão da convenção de Viena (1961) e imunidade diplomática. A trapalhada gerou um desconforto geral.

E agora, Alcolumbre?

Quando conquistou a Presidência do Senado na polêmica disputa contra o senador Renan Calheiros, Davi Alcolumbre disse em alto e bom som que aquela seria a última votação secreta da Casa. Vários senadores mostraram seus votos. Agora, entretanto, em relação à escolha de embaixadores, uma parte da turma que defendia o voto aberto emudeceu.

Quem ganha

A avaliação, na ala mais governista do Senado, é a de que o voto secreto ajudará a guindar Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil em Washington. O sujeito pode perfeitamente dizer que deveria ser outro nome e coisa e tal, mas votar a favor do deputado, sem soar incoerência.

Enquanto isso, na Saúde…

O ministro Luiz Henrique Mandetta trouxe números alarmantes para o Seminário sobre Alimentação Saudável, no Correio.Debate: 12,9% das crianças de 5 a 9 anos são obesas no Brasil, e 18,9% da população adulta padecem do mesmo mal. Vem por aí uma briga para advertências em alimentos ultraprocessados. Tal e qual foi a de inclusão de advertências nas embalagens de cigarros.

Espiões

Cientes das possibilidades de uma nova onda em prol das advertências nos rótulos, grandes indústrias de ultraprocessados mandaram assessores ao seminário para acompanhar de perto as discussões e sugestões.

E o abuso, hein?

O clima na Câmara, no início da tarde de ontem, para a votação do projeto de abuso de autoridade, conforme antecipou a coluna Brasília-DF de ontem, era do tipo “vamos nos vingar” do Ministério Público.

Em família

Senador Flávio Bolsonaro
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil. Senador Flávio Bolsonaro

Dedicado a cuidar dos votos para conseguir ver seu nome aprovado para embaixador nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro passou algumas horas reunido com o irmão, o senador Flávio Bolsonaro (foto): 01 será os olhos e ouvidos de 03
entre os senadores.

Ajuste de foco na economia

Enquanto a população se distrai com as citações polêmicas e escatológicas do presidente Jair Bolsonaro, a economia entra em recessão técnica, com queda da bolsa de valores e alta do dólar.

Maratona

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desceu do carro no Eixo Monumental, próximo ao Palácio do Buriti, e foi andando até a sede do Correio Braziliense para chegar a tempo de abrir o seminário e, de quebra, seguir
com o presidente Jair Bolsonaro para o Piauí.