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“Indicação de Crivella é um gesto de adulação e não de diplomacia”, diz ex-chanceler
A possível ascensão do ex-prefeito do Rio de Janeiro Marcelo Crivella ao cargo de embaixador do Brasil na África do Sul continua gerando muita polêmica nos meios diplomáticos e políticos. Enquanto os atuais diplomatas se mostram incomodados nos bastidores, aqueles que já se afastaram dessas missões avaliam que a África do Sul, único país africano integrante do G-20, deve ser ocupado por alguém da carreira. “O mais grave é a separação entre o Estado e a igreja. Não é o problema de ser evangélico. Crivella é um bispo, um pregador. Nunca me constou que um bispo da Igreja Católica seja embaixador. Não acho que Jair Bolsonaro esteja preocupado com a África, está preocupado é com a Igreja Universal e quer compensar a questão da igreja la em Angola com um gesto de adulação”, diz o ex-ministro Celso Amorim, que comandou o Itamaraty nos oito anos do governo Lula e ainda no governo Itamar Franco, quando Fernando Henrique Cardoso deixou o cargo para assumir o Ministério da Fazenda, em maio de 1993. “Estamos ameaçados de deixar de ser uma República”, diz ele.
Amorim, que foi ainda ministro da Defesa no governo Dilma Rousseff, lembra que a África do Sul é um pais estratégico para o Brasil, com vários acordos de cooperação técnico-científica na área militar, como o A-Darter, o sistema de míssil de curto alcance, desenvolvido conjuntamente ente os dois países. Há o exercício naval Ibsamar, realizado a cada dois anos, incluindo os três países do IBAS _ Índia, Brasil e África do Sul, grupo criado no governo Lula.
Nesse sentido, o Brasil tem enviado para lá embaixadores experientes. O atual embaixador, Sergio Danese, foi secretário-geral do Itamaraty. O anterior, Nedilson Ricardo Jorge, nomeado em 2016, dirigiu o Departamento da África no Ministério de Relações Exteriores. “É da mais absoluta leviandade indicar um bispo da Igreja Universal para esse cargo tão importante”, afirma.
A notícia de que Crivella foi indicado para o cargo e teve seu nome submetido às autoridades sul-africanas foi publicada em primeira mão pelo blog, no último domingo. A indicação foi um gesto de apreço ao bispo Edir Macedo, fundador da Igreja Universal do Reino de Deus, que, há menos de um mês teve um grupo de pastores deportados de Angola sob a acusação de lavagem de dinheiro e outros crimes. Desde então, a cúpula da Universal pressiona o governo a ajudar a resolver essa crise.
Pragmatismo da Universal levou Bolsonaro a agir rápido na indicação de Crivella
A indicação do ex-prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella, para ser embaixador na África do Sul, publicada em primeira mão aqui, no Blog da Denise, no domingo, está diretamente relacionada ao receio do presidente Jair Bolsonaro de ver uma parte do eleitorado evangélico migrar para um apoio ao PT. A Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), à qual Crivella é ligado, prima pelo pragmatismo e a política de Lula, de incrementar e consolidar a relação Sul-Sul com os países africanos, ajudou a fazer crescer a presença da seita naquele continente.
Lula foi, ainda, peça importante no convite para o ingresso da África do Sul nos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China), em 2010, o que fez com que a letra S da sigla ganhasse caixa alta. E a Universal não desconhece a facilidade de relação entre os petistas e os países africanos. Aliás, essa possível migração do grupo de Edir Macedo para apoio aos petistas não seria a estreia dessa parceria. Em 2014, por exemplo, Crivella fez campanha ao lado da presidente Dilma Rousseff — e do governo dela foi ministro da Pesca e Aquicultura. Por essas e outras, Bolsonaro fará tudo o que estiver ao seu alcance.
Efeito dominó
Se o governo conseguir emplacar Crivella na África do Sul, será uma dança das cadeiras no Itamaraty. O embaixador Sérgio Danese, que está há menos de um ano chefiando a missão em Pretória, já tem pouso programado em outro país.
Os advogados agradecem
A turma que atende o ex-prefeito Crivella em seus processos está na torcida pela embaixada. É que o cargo garante foro privilegiado ao político. Só tem um probleminha: lá, os processos costumam ser mais rápidos do que nas instâncias inferiores, para o bem e para o mal.
Passa sem muitos percalços, mas…
Crivella não teria muita dificuldade de ser aprovado pelos senadores. A maioria não considera votar contra um ex-colega para um cargo de embaixador. Além disso, o voto é secreto e, em relação a processos, muitos ali têm ou já tiveram sua cota de explicações a dar sobre um fato ou outro. O que pode atrapalhar é o fato de a indicação estar diretamente relacionada à vontade de Bolsonaro, de manter a Universal ao seu lado.
“É preciso saber se (Marcelo) Crivella foi indicado embaixador porque pode fazer um bom trabalho na África do Sul ou se foi porque o presidente Jair Bolsonaro deseja manter certa distância do aliado que responde a processos”
Deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC), que presidiu a Comissão de Relações Exteriores da Câmara
Quem sabe no futuro
A contar pela agenda da CPI da Covid, a oitiva de outros governadores está prejudicada. Conforme disse o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), no programa CB.Poder de ontem (8/6), a ideia agora é investigar as notícias falsas sobre tratamentos contra a covid-19 divulgadas nas redes sociais.
A lei da sobrevivência/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), tem encontro presencial com todos os líderes para definir o projeto de reforma eleitoral que tem mais chances de prosperar. Há uma divisão: um grupo quer o Distritão, pelo qual são eleitos só os mais votados e liquida o sistema proporcional, e outro prefere a Federação de partidos, que garante força às agremiações partidárias, fortalecendo o sistema proporcional.
Meu pirão primeiro/ Os deputados vão votar naquele sistema que lhes garanta o retorno ao Parlamento. Até aqui, a Federação se mostra mais palatável para muitos.
Mozart Vianna/ A Câmara perde uma referência que, até a semana passada, ajudava muitos servidores da Casa e jornalistas a entenderem os meandros regimentais.
Bancada evangélica considera que prisão de Crivella é ação contra a Igreja Universal
Coluna Brasília-DF – por Denise Rothenburg
A prisão do prefeito Marcelo Crivella e a citação de que pode ter havido indevida utilização da Igreja Universal na ocultação de renda de origem não declarada deixaram parte da bancada evangélica certa de que o alvo é a Igreja Universal e o bispo Edir Macedo, padrinho do prefeito afastado e preso. Um dos que foram à tribuna várias vezes, ontem, foi o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), integrante de outro partido, que, como o Republicanos, também concentra parte da bancada evangélica: “O alvo é a Universal”, disse ele, revoltado com a prisão de Crivella.
Enquanto isso, em sua pregação diária no site da Universal, o próprio bispo Edir Macedo dizia aos fiéis para que não ficassem impressionados com as provações, porque, “quanto maior a tribulação, maior será sua utilidade para o Espírito Santo aqui na Terra”. O bispo, agora, está dedicado a preservar o rebanho e tentar blindar a igreja.
O jogo do MDB
A candidatura de Rodrigo Pacheco (DEM-MG) está praticamente definida nos bastidores do entorno de Davi Alcolumbre. Porém, no governo, aliados do Planalto garantem que convenceram o presidente Jair Bolsonaro de que esse jogo pode ser perigoso e que o mais seguro é um candidato do MDB, no Senado, e o do PP, Arthur Lira, na Câmara. A sorte está lançada.
Nem adianta embolar
Ainda que os senadores do MDB apresentem um nome para o Senado, e Baleia Rossi seja, hoje, anunciado candidato do bloco “Câmara Independente” entre os deputados, a eleição da Câmara e a do Senado seguirão, cada uma, no seu tapete, sem misturar as cores.
Por falar no Senado…
Ali, assim como na Câmara, começa a afunilar a candidatura do MDB, porque o fato de Eduardo Gomes e Fernando Bezerra Coelho serem líderes de governo não ajuda. Portanto, está entre o comandante da bancada, Eduardo Braga (AM), ou a presidente da Comissão de Constituição e Justiça, Simone Tebet (MS), com a vantagem interna para o líder.
Então, é Natal!/ A deputada Joice Hasselmann (PSL-SP, foto) chegou, no fim da tarde, ao plenário da Câmara dos Deputados num vestido vermelho e, ao entrar, encontrou… Gleisi Hoffmann. Os cumprimentos à presidente do PT fizeram com que alguns deputados que viram a cena desconfiassem que se transformaram nas mais novas best friends forever.
Vacina reservada, hein??!!!????!!!!/
A notícia a respeito do pedido de reserva de vacinas para servidores do Superior Tribunal de Justiça (STJ) causa revolta nas redes sociais. Embora o STJ tenha respondido que não se trata de “furar fila”, é essa a ideia que passa quando já se sabe que não haverá vacina para todos no curto prazo.
Por falar em redes…/ No meio da tarde, já circulava nos grupos de WhatsApp dos parlamentares a marchinha da prisão do prefeito do Rio de Janeiro. “Crivella, Crivella, pode entrar, já abençoamos sua cela”
… E em vacinas/ Em relação às vacinas, o Ministério da Saúde tem sido muito incisivo ao dizer que os imunizantes aprovados pela Anvisa serão distribuídos, primeiramente, aos profissionais da área da saúde, de segurança e grupos de risco — idosos e portadores de comorbidades. Quem pode trabalhar de casa que aguarde a sua vez na fila.