Fotografia dos Três Poderes chama atenção

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — Chama a atenção a percepção da sociedade sobre os três Poderes da República, considerando as pesquisas de opinião divulgadas nas últimas semanas. Enquanto o Executivo enfrenta uma queda de popularidade, o Judiciário e o Legislativo tiveram uma recuperação de imagem com o cidadão brasileiro. A primeira leitura que se faz é que o governo, utilizando as palavras do presidente Lula, está muito aquém da expectativa. A economia tem mostrado sinais positivos, mas inflação, saúde e segurança pública ainda são questões delicadas neste terceiro mandato do presidente.

No Legislativo, os dados positivos mostrados pelo Instituto Datafolha são vistos como um reconhecimento ao trabalho dos parlamentares. Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, “O Congresso vem trabalhando com muito vigor para entregar à sociedade pautas necessárias ao desenvolvimento do Brasil”, citando como exemplo a reforma tributária.

Em relação ao Supremo Tribunal Federal, o Datafolha constatou que a aprovação é maior entre petistas do que entre bolsonaristas. Percebe-se, pois, que o posicionamento político interfere na visão sobre o papel do Judiciário. Independentemente da politização, contudo, é inegável a importância da atuação da Judiciário para garantir a lisura das últimas eleições e a reação contra os odiosos ataques às instituições democráticas em 8 de janeiro.

Mulheres no direito

O Supremo Tribunal Federal (STF) lançou a publicação Mulheres no Direito Constitucional: uma bibliografia, com a finalidade de mostrar a contribuição feminina nos estudos do direito constitucional. “A exclusão feminina também se manifesta na academia, de modo que trazer visibilidade às produções acadêmicas e doutrinárias de mulheres é medida necessária para a superação desse quadro de persistente desigualdade”, escreveu o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, no prefácio da obra.

Voz de torcedor

Botafoguense de coração, o ministro do STF Flávio Dino é um dos muitos torcedores que ficaram satisfeitos com o desempenho da Seleção sob novo comando. Dino se arriscou como comentarista, e não faltaram críticas ao juiz da partida contra a Espanha. “Brasil melhorou muito nos últimos dois jogos. Aparentemente o novo técnico, Dorival Júnior, tem um bom caminho pela frente. O resultado de hoje foi atrapalhado pela evidente anomalia da arbitragem”, disse.

Formação

A RenovaBR está empenhada em aproximar seus alunos — é assim que são chamados os postulantes à carreira política — com a máquina partidária. Na semana passada, a escola de formação política promoveu um encontro entre 11 partidos e 600 pré-candidatos às eleições municipais deste ano. Em 2020, mais de 150 formados pela RenovaBR conquistaram cargos em prefeituras e assembleias legislativas. Um novo encontro está programado para 3 de abril.

Sinal verde

O vice-presidente Geraldo Alckmin está alinhado com a Frente Parlamentar do Biodiesel para acelerar a aprovação, no Senado, do projeto de lei referente ao Combustível do Futuro. “É um belíssimo projeto. Agora é aprovar rapidamente no Senado”, disse Alckmin, em seminário promovido em Brasília pela Frente Parlamentar.

Transição energética

O projeto Combustível do Futuro recebeu 429 votos favoráveis na Câmara. No Senado, a relatoria está com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Além de estabelecer políticas de incentivo a biocombustíveis, o projeto de lei aumenta os limites de mistura de etanol e biodiesel a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel.

Sangue latino

O governo da Venezuela, cada vez menos constrangido em cometer atos ditatoriais, corta o fornecimento de energia à embaixada da Argentina em Caracas, em represália a opositores de Maduro. Na Casa Rosada, Javier Milei chama o presidente Gustavo Petro de “assassino terrorista”. Em resposta, o governo de Bogotá expulsou todo o corpo diplomático argentino. A polarização na América Latina continua com toda força, em risco permanente para a democracia. Passou da hora de o Brasil, líder regional, atuar em favor da pacificação.

 

O que Elmar oferecerá ao PT

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Com a disputa interna do União Brasil tirando fôlego de sua pré-campanha à Presidência da Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA) tem dito aos petistas que o fato de ser do mesmo partido do senador Davi Alcolumbre (AP) pode compensar qualquer ala oposicionista de sua legenda. Explica-se: Alcolumbre é candidato à presidência do Senado, assim como Elmar concorrerá à Câmara. E eles têm uma relação do tipo “tocar de ouvido”, algo que, hoje, não existe entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Pode não ser o paraíso para o governo ter os presidentes das duas casas do mesmo partido, mas o céu ficará menos carregado com esse cenário.

A aula de Galípolo

Pré-candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSol) teve uma audiência com o diretor do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo. Saiu feliz com a perspectiva de que a inflação dê uma trégua no segundo semestre, período da campanha eleitoral.

Tarcísio e o Republicanos

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não vai deixar seu partido agora. Nem precisa. Ele não é candidato nesta eleição e tem tempo para ver como ficará o quadro partidário até 2026.

Eles não perdoam

Líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL) não estava na festa de José Dirceu quando o petista discursou e incluiu o governo de Michel Temer no ciclo de interrupção de desenvolvimento do país. Para alguns, essa parte da fala do aniversariante é uma prova de que o MDB está no governo, mas tem dificuldades em fazer as pazes com Temer.

Por falar em MDB

Com Dirceu mencionando um quarto governo Lula como “mais importante” do que o terceiro, está aberta a temporada de especulações sobre candidatos a vice na chapa do petista. O nome mais forte para ocupar o posto hoje ocupado por Geraldo Alckmin, na chapa à reeleição, é o do governador do Pará, Helder Barbalho. Alckmin surge como um nome forte para o governo de São Paulo.

PT dividido em Curitiba

O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) foi surpreendido com uma decisão de intervenção no diretório municipal do partido da capital paranaense. Ali, ele defende a candidatura própria, enquanto a deputada Gleisi Hoffmann (PR) pretende apoiar o PSB de Luciano Ducci. “É um desrespeito. Por que todos podem apresentar seus candidatos e o PT, não? Isso é inaceitável, um erro. O partido está se precipitando e desconsiderando a sua base”, diz Zeca, pronto para bater à porta de Lula para reclamar.
“Vamos à luta, com coragem e sem medo de ninguém”, advertiu.

Melhor já ir se acostumando/ O bate-boca entre deputados de direita e deputadas de esquerda, na Comissão de Direitos Humanos, logo na primeira reunião de trabalho, indica que não será fácil conseguir aprovar projetos por ali. Se complicar, vai tudo direto para o Plenário da Câmara.

Enquanto isso, nas arábias…/ O Conselho de Investidores Internacionais dos Emirados Arábes (UAEIIC) e o LIDE — Grupo de Líderes Empresariais assinaram, ontem, um memorando de entendimento para estimular as parcerias entre os dois países. O documento visa ampliar a atuação mútua dos mercados em setores como portos, infraestrutura, logística, turismo, tecnologia, energia e energias renováveis. A UEIIC responde, hoje, por um dos maiores fundos do Oriente Médio, na casa dos US$ 2 trilhões.

… o empresariado trabalha/
O memorando é resultado da missão que esteve por lá, na semana passada (foto), e foi formalizado agora pelo presidente do LIDE Emirados, Rodrigo Paiva, e pelo secretário-geral do grupo de investidores dos Emirados Árabes, Jamal Saif Al Jarwan. O presidente do Lide, João Doria Neto, comemorou: “Essa conquista amplia os interesses de investimentos e de presença de empresas nos dois mercados, o que reforça que entre Brasil e Emirados Árabes há um caminho muito produtivo na relação comercial e econômica”, afirma.

 

Reuniões do governo com Lira têm tido a presença de Rui Costa

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Desde que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou aos líderes partidários que não trata assuntos importantes com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, as reuniões na residência oficial têm tido a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Assim, a turma que frequenta esses encontros considera que os movimentos consolidaram a posição de Costa como o negociador das propostas governamentais, emendas e cargos com os deputados — e que restará a Padilha negociar com os senadores.

Em tempo: o “clube” do Senado costuma ser meio alheio a articuladores que não fazem parte da Confraria do Salão Azul. E, para completar, não há chance de reconciliação entre Lira e Padilha. O que incomodou, como o leitor da coluna já sabe, foi o fato de alguns petistas colocarem na cota de Lira a exoneração do secretário de Atenção Primária à Saúde Nésio Fernandes. Entre os congressistas ligados ao presidente da Casa, prevalece a visão de que a exoneração teve a digital de Padilha.

Dengue e política

O Correio Braziliense promove, hoje, um debate sobre a situação da dengue no país, desafios presentes e futuros. Na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governador Ibaneis Rocha, tem muita gente dizendo que os governos “comeram mosca” e não se prepararam para esta temporada. Tem gente, inclusive, colhendo imagens de hospitais lotados para usar em futuras campanhas eleitorais.

Desunião geral

A convenção do União Brasil promete ser um passeio para que Antonio Rueda assuma o comando da legenda, especialmente depois de o atual presidente, Luciano Bivar, ameaçar sua família numa discussão acalorada que foi gravada. Mas nada será sem tensão. Bivar estudava uma ação judicial para cancelar a reunião.

A volta de Neto

No papel de secretário-geral da nova comissão executiva, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto retoma o papel de articulador político. É o DEM reconquistando o poder num partido maior.

E o governo, hein?

Por mais que ACM Neto seja oposição ao Planalto, o União Brasil não vai sair de onde está. Um pé no governo e outro fora dele. Pelo menos, por enquanto.

O Maranhão ferve…/ Os deputados federais e estaduais do estado estão dormindo à base de calmantes. É que uma gravação atribuída ao prefeito de Formosa da Serra Negra, uma cidadezinha 647km ao sul de São Luís, menciona a compra de emendas ao Orçamento.

… e tensiona/ No passado, essas denúncias levaram a uma CPI que fez várias excelências perderem o mandato.
Há quem diga que não está longe
de a história se repetir.

A hora dos negócios I/ Indústria aeronáutica, de fármacos, logística, energia, mineração e o agro brasileiro estarão em debate, na semana que vem, em Riad, na Arábia Saudita, e em Dubai, nos Emirados Arábes. São dois eventos promovidos pelo grupo Líderes Empresariais (Lide), com a presença de empresários desses setores no sentido de mostrar a competitividade dos produtos brasileiros.

A hora dos negócios II/ A missão empresarial, coordenada pelo ex-governador João Doria, por Luiz Fernando Furlan e por João Doria Neto, terá ainda reunião no Fundo Soberano da Arábia Saudita e rodadas de conversas sobre segurança alimentar, uma preocupação mundial. Entre os conferencistas confirmados, estão o ex-presidente Michel Temer (foto) e o ex-ministro da Agricultura do primeiro governo Lula, Roberto Rodrigues. A coluna vai até lá conferir a discussão in loco e informar nossos leitores aqui, nas páginas e no site do Correio Braziliense. No período de trânsito, esta coluna estará a cargo da equipe do jornal.

 

Aliados de Bolsonaro suspeitam que Wassef e Flávio Rocha já falaram tudo que sabiam

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Por Denise Rothenburg — Em conversas reservadas, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sentiram falta de, pelo menos, duas pessoas no rol de ex-colaboradores sob os holofotes no quesito tentativa de golpe: o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos almirante Flávio Rocha e o advogado Frederick Wassef. Wassef teve celulares apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal (PF) no ano passado sobre o episódio do relógio Rolex — aquele que Bolsonaro ganhou de presente, foi vendido e o advogado recomprou. Rocha era um dos fiéis assessores do ex-presidente. A suspeita de muitos é de que eles falaram tudo o que sabiam e, por isso, foram deixados “em paz”.

Vamos por partes

A oposição está dividida sobre o que fazer no embalo do ato de Bolsonaro em São Paulo. Uma parte, mais pragmática, deseja aproveitar a onda gerada ali e partir para uma campanha de filiação ao PL. Outra quer partir logo para cima do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por falar em STF…

As apostas são as de que o ministro Alexandre de Moraes voltará à carga e às operações de busca e apreensão
antes da Páscoa.

Tem poder, mas nem tanto

A punição que o governo promete a quem assinou o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa das declarações contra Israel, não terá muito efeito. A maioria não tem cargo no governo e se considera oposição. Para completar, as emendas são impositivas — ou seja, de liberação obrigatória.

Onde vai pegar

Mesmo as emendas impositivas o governo tem como segurar. A ideia é contingenciar e só incluir nos restos a pagar. Só tem um probleminha: dependendo de como fizer isso, pode irritar a turma que, hoje, vota com o governo.

Eles tocam de ouvido/ Encarregado de cuidar da área do governo na CPI da Braskem, o líder de Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA, foto), fará dobradinha com o senador Otto Alencar (PSD-BA). Eles chegaram cedo e conversaram longamente antes de começar a sessão.

Sem passar recibo/ O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem feito cara de paisagem para aqueles que pedem seu retorno à CPI da Braskem. Sem a relatoria, ele prefere ficar fora.

Só vale se eu estiver/ Nos bastidores, há quem diga que Renan começa a adotar um estilo semelhante ao do então senador Antônio Carlos Magalhães, o babalorixá da política baiana, já falecido, que costumava dizer “reunião em que não estou não vale”.

A cavaleiro/ Fora da CPI, Renan estará livre para criticar os resultados, caso não estejam dentro de suas expectativas.

 

Arthur Lira está sob observação após conversa com Lula

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Depois da conversa que o presidente da Câmara, Arthur Lira, teve com o presidente Lula, aliados do deputado colocam as barbas de molho. É que muitos não querem ver Lira arredar qualquer passo no discurso de independência da Casa, proferido na abertura dos trabalhos em 5 de fevereiro. Se a conversa com Lula tiver como consequência um Parlamento mais alinhado aos desejos do Planalto, que vire as costas para a oposição, Lira terá dificuldade de fazer o sucessor. Uma outra ala acredita que, se ao longo deste ano, Lira terminar voltado apenas aos próprios interesses, deixando de lado os anseios do time como um todo, arriscará enfraquecer sua posição.

Muita gente no Centrão receia que os líderes estejam jogando para seus interesses pessoais, deixando a massa de congressistas do bloco a ver navios. Se for nessa toada, a turma de Lula conseguirá rachar esse segmento que, se jogar unido, levará a Câmara para onde for mais conveniente, seja governo, seja oposição.

Vai ter barulho

A bancada do agro não está nada satisfeita com a demora do governo em retomar o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Lá se vai um ano que o cadastro saiu do Ministério da Agricultura para ser administrado pelas pastas de Gestão e de Meio Ambiente. As cobranças por agilidade vão voltar com força com a retomada dos trabalhos no Congresso.

É o que tem para hoje

A parcela expressiva da turma que irá ao ato de 25 de fevereiro apoiará Jair Bolsonaro por absoluta falta de opção. Muitos consideram que não há outro nome capaz de ajudar na conquista de votos Brasil afora. Guardadas as devidas proporções, a turma da direita vê em Bolsonaro o mesmo que o PT vê na imagem de Lula, um líder popular.

Diferenças

Lula, porém, jamais reuniu os seus no Planalto para buscar meios de permanecer no exercício da Presidência da República sem ser pela via do voto direto. Aliás, teve chances de tentar aprovar a possibilidade de um terceiro mandato e não topou.

Em campo/ O governador do Paraná, Ratinho Júnior, sai da toca e vai para cima do governo Lula no quesito segurança pública. Em vídeo nas redes sociais, ele comenta que a fuga dos presidiários, em Mossoró: “Fugiram ou teve gente que soltou? Ninguém escapa se não for ajudado por alguém de dentro. Isso tem que ser investigado e o Brasil tem que saber. O povo é até humilde, mas não é burro”, diz Ratinho.

Caiado e Michelle/ Pré-candidato ao Planalto pelo União Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (foto), começa a olhar, com todo o respeito, para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ele tem dito a amigos — e repete isso nas entrevistas, como fez esta semana, a Mário Sérgio Conti — que Michelle seria uma boa vice. Caiado considera que ela se destaca nos programas sociais e nas questões relacionadas a doenças raras.

Por falar em Michelle…/ Se a ex-primeira-dama topar a empreitada, será menos uma candidata a disputar uma eleição majoritária no Distrito Federal, onde há um engarrafamento de potenciais candidatos na direita.

Judiciário em debate/ Professor de Direito Constitucional da USP, Conrado Hubner Mendes lança nesta quarta-feira, 19h, em Brasília seu mais novo livro O discreto charme da magistocracia: vícios e disfarces do Judiciário brasileiro. A obra reúne 88 artigos, com comentários do autor sobre usos e abusos das cortes superiores, inclusive do Supremo Tribunal Federal. O lançamento, na livraria Circulares (CLN 113 Norte, bloco A), contará com um debate entre o escritor, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Sebastião Reis Júnior e a jurista Déborah Duprat. A mediação está a cargo do jornalista Bruno Boghossian.

 

Segurança Pública é o calcanhar do governo Lula

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Diante das incertezas sobre o futuro político de Jair Bolsonaro, a oposição ao governo federal vai apostar tudo na área de segurança pública para tentar angariar votos contra o PT e seus aliados. É dentro desse contexto que a Frente Parlamentar da Segurança Pública, vulgo “bancada da bala”, prepara um grande seminário para dar mais visibilidade a este tema e tem prontos requerimentos para convocar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a dar explicações no Congresso. “Se os presos começam a fugir de penitenciárias de segurança máxima, é sinal de que está tudo errado nessa área”, diz à coluna o deputado Alberto Fraga (PL-DF).

Os deputados voltados a essa área de segurança, em sua maioria de oposição, estão convictos de que a segurança é um tema caro a todos os brasileiros e que tem apelo eleitoral em todos os municípios, independentemente de polarização política entre Lula e Bolsonaro. E com a fuga de presos de um presídio de segurança máxima, justamente num estado governado pelo PT, os bolsonaristas acreditam ser mais fácil abraçar esse assunto como bandeira de seus candidatos Brasil afora.

Nem vem

A contar pelas conversas dos tucanos e dos integrantes do Podemos, vai ser difícil o presidente Lula conseguir esses dois partidos para os convescotes palacianos. Essa turma quer é retomar o protagonismo na oposição. Se tiver que ter reuniões, que sejam no Congresso.

Partidos à parte

No Parlamento, muitos estão escaldados depois dos desfiles de Lula com Tarcísio de Freitas, em São Paulo; Cláudio Castro, no Rio de Janeiro; e Romeu Zema, em Minas Gerais. Governadores precisam de um relacionamento direto com o governo federal. Partidos políticos, nem tanto.

A onda do Congresso

Deputados voltam na semana que vem dispostos a derrubar a medida provisória que reonerou a folha de salários. Sinal de que o tempo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad para apresentar um texto alternativo se esgotou.

Por falar em economia…

O mercado aposta que a troca de comando na Vale tende a ficar para maio, quando termina o mandato de Eduardo Bartolomeo. A ordem é deixar a poeira baixar mais um pouquinho depois do fracasso da pressão governamental para que Guido Mantega fosse o sucessor.

Diferenças I/ O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já confirmou presença no ato de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O prefeito Ricardo Nunes não havia apresentado uma definição até a tarde de ontem.

Diferenças II/ Tarcísio sabe que deve a sua eleição ao ex-presidente, que o projetou na política. Já o prefeito está no cargo porque era vice de Bruno Covas, já falecido, e não precisou do bolsonarismo para chegar lá.

Não foi desta vez/ No último domingo, o líder do PL na Câmara, Altineu Cortes (foto), publicou em suas redes um chamamento para o desfile da escola Porto da Pedra, de São Gonçalo, sua base eleitoral na região metropolitana do Rio. Não deu. Como se não bastasse a operação da PF que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro às vésperas do carnaval, a escola do deputado foi rebaixada do Grupo Especial.

Sem direito a replay/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também viu sua escola naufragar na apuração do desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A Beija-Flor, com enredo patrocinado pela prefeitura de Maceió, terminou em um modestíssimo oitavo lugar, muito baixo dos padrões da agremiação de Nilópolis. Ficou de fora, inclusive, do desfile das campeãs, no próximo sábado.

COLABOROU VINICIUS DORIA

 

Bolsonaro pretende terceirizar responsabilidade por ataques golpistas

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg – Políticos que conhecem a fundo o ex-presidente Jair Bolsonaro consideram que ele pretende, com o ato de 25 de fevereiro, terceirizar responsabilidades pelas agressões ao Supremo Tribunal Federal (STF) e planos fracassados de ruptura institucional. Ele pede que seus aliados não levem cartazes ou faixas com manifestações agressivas contra quem quer que seja. Se houver uma mensagem nesse sentido, Bolsonaro poderá dizer que não controla os sentimentos da população que lhe dá respaldo, com frases do tipo “não sou eu, é o povo”.

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Em tempo: não são todos os antigos aliados de Bolsonaro que prometem presença no ato. O deputado Fausto Pinato (PP-SP), de direita, não vai: “É no mínimo uma incoerência Bolsonaro convocar um ato em defesa do Estado de Direito se, de certa forma, ele tentou dar um golpe”.

Nem vem

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não pretende se afastar do comando do partido. Vale lembrar que, no escândalo do mensalão, quando Valdemar foi preso, ele foi substituído por Alfredo Nascimento, que lhe reportava toda as ações.

Desconfiados

No grupo mais ligado a Valdemar, há quem esteja com receio de que os bolsonaristas queiram tomar o partido de seu atual presidente. Os bastidores do PL fervem e já há quem diga que essa operação não deu certo no antigo PSL e que não dará certo agora.

Eles não sabiam

Uma parte do PL foi surpreendida com a convocação do ato por Jair Bolsonaro. Valdemar Costa Neto, proibido de ter contato com o ex-presidente, não pode comparecer ao evento. Mas haverá interlocutores, tanto para Valdemar, quanto para Bolsonaro nesse período.

Pacheco na muda

Ainda não deve ser nesta semana que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dará uma palavra definitiva sobre a MP que reonerou a folha de salários. Com muitos parlamentares fora de Brasília, o governo ganhará mais uns dias.

Olhar à esquerda/ A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) comenta o chamamento do ex-presidente: “É muito cinismo de Bolsonaro convocar um ato pela sua própria liberdade. Isso tem a mesma lógica das motociatas, atos cívicos, acampamento em quartéis e outras manobras golpistas. Ele repete seu método criminoso para abafar as provas do crime cometido”.

“Esse vai para Brasília”/ Nem todos os políticos caíram na folia neste carnaval. O de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto), preferiu a pescaria. Em suas redes sociais, fez questão de mostrar o resultado e anunciar que aquele peixão será um presente para o presidente Lula. Os políticos, invariavelmente, gostam dessa atividade. O próprio Lula, em tempos passados, ia pescar, sempre que tinha uma oportunidade, ao lado de Sigmaringa Seixas, já falecido, e Zeca do PT, ex-governador de Mato Grosso do Sul.

Olho nele/ Criticado pela oposição como “prefeito Tik & Tok” de Recife, João Campos faz desse limão uma limonada. Tem dito em todas as conversas e entrevistas nos últimos dias que a política precisa ser leve e estar conectada ao mundo das redes sociais. No PSB, a avaliação é que ele encontrou o tom certo de se comunicar com a população nessa seara.

E o feriadão continua/ Ninguém aposta em muito movimento no Congresso nesta semana. A não ser pela pressão o grupo mais ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cobrando um basta nas operações da PF na Casa. O PT aproveitará para fazer ponte e tentar reforçar a base do governo.

 

Governo abriu o cofre e pagou parcela das emendas prometidas

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Um grupo expressivo de deputados desfila alegre nesses dias de carnaval porque, “finalmente”, o governo abriu o cofre e pagou uma parcela considerável das emendas parlamentares prometidas e que ainda não haviam sido liberadas, algo em torno de R$ 2 bilhões. Esses recursos estavam empenhados desde o ano passado. As liberações começaram depois do discurso de Arthur Lira na abertura dos trabalhos legislativos e prosseguiram ao longo de toda a semana pré-carnavalesca. Com isso, Lula pode ir tranquilo para o Egito porque o Congresso só funcionará na semana que vem. Até lá, seus articuladores respiram e ainda podem curtir o desfile das campeãs, no sábado.

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As cobranças, porém, voltam na semana que vem em relação ao Orçamento deste ano. Por causa do calendário eleitoral, o governo só pode separar os recursos para liberação — ou seja, empenhar — até 30 de junho. A aposta de muitos aliados é que a tendência é o Executivo enrolar para só definir esses empenhos quando não houver mais tempo para processamento antes das eleições.

Denúncia contra Bolsonaro

A aposta no PL é que o Ministério Público não vai demorar para oferecer uma denúncia formal contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. Porém, ninguém aposta na prisão dele. Pelas notícias que vêm do meio jurídico, Bolsonaro não será preso antes de um processo transitado em julgado.

Descanse uma eleição

Dentro do PL já tem muita gente dizendo que não há mais condições de Alexandre Ramagem (PL-RJ) concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro contra o atual prefeito Eduardo Paes (PSD), que disputará reeleição. Não dá para ficar com um candidato que se verá obrigado a dedicar boa parte da campanha se defendendo da “Abin paralela”, que lhe rendeu uma busca e apreensão.

A nova aposta do PL

Com Ramagem dedicado à própria defesa, a ideia do partido é lançar a candidatura do senador Carlos Portinho, atual líder no Senado. Assim, ele terá uma exposição maior para buscar a própria reeleição em 2026.

Confiam desconfiando

Os políticos estão convictos de que a Câmara aprovará medidas para restringir a ação da Polícia Federal contra deputados e senadores. A dúvida é o Senado. A turma do Centrão tem dúvidas sobre uma atitude firme do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, nessa seara.

Pregação no deserto/ A viagem do presidente Lula ao Egito e à Etiópia aproveita a janela pré-eleitoral. Por lá, o presidente brasileiro vai reforçar as críticas tanto ao ataque terrorista do Hamas, quanto à reação de Israel. Ocorre que, enquanto houver um refém israelense com os terroristas, não tem bandeira da paz que dê
jeito na guerra.

Lira no descanso/ Depois de passar pelo carnaval da Bahia e do Rio de Janeiro para o desfile da Beija-Flor, o presidente da Câmara, Arthur Lira, voou para os Estados Unidos. Só volta na semana que vem.

Família “nevou” unida/ Não foi apenas o prefeito de Recife, João Campos (foto), que aderiu ao “nevou” neste carnaval, descolorindo os cabelos. Nas redes sociais, o prefeito publicou a foto com seus irmãos “nevados”, o deputado federal Pedro Campos (PSB-PE) e José Henrique, ao lado dos “platinados naturais”, Gilberto Gil e Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos.

Belém sob os holofotes/ A capital do Pará mostra que vai além da COP 30 em eventos internacionais. Em pleno fim de semana de carnaval, Belém sediou o torneio pré-olímpico de basquete. Não deu para a Seleção Brasileira, mas a cidade passou no teste.

 

Briga por orçamento provoca descumprimento do texto constitucional

Publicado em Política

Por Denise Rothenburg — Da mesma forma que o governo está sob pressão dos congressistas que desejam a liberação das emendas, os deputados do baixo clero cobram do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), a volta dos R$ 5 bilhões cortados do Orçamento deste ano. Nos bastidores, tem muita gente reclamando que os líderes partidários defendem suas próprias emendas em acordos com o Poder Executivo e deixam a turma do andar de baixo fora da festa. Essa falta de sintonia em relação ao Orçamento e à medida provisória da reoneração foi o que levou ao adiamento da abertura da sessão legislativa — um descumprimento do que prevê a Constituição.

O texto constitucional é claro em seu artigo 57. Está escrito que o Congresso se reunirá de 2 de fevereiro a 17 de julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro. O parágrafo 1º diz que essas datas serão transferidas para o primeiro dia útil subsequente quando caírem em sábados, domingos ou feriados — o que não é o caso. Porém, em 2018, o Legislativo descumpriu essa norma constitucional, como faz agora.

Ajuda aí

O ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, tem feito encontros com as cúpulas de todos os partidos atrás de espaço para negociar alguma coisa que permita a reoneração da folha, nem que seja mais à frente. Até aqui, foram muitos almoços, jantares, promessas de que dias melhores virão… Mas, nesse ponto específico, está difícil.

Esperança

O governo entende a posição do Congresso, mas vai manter a linha de que deputados e senadores precisam arrumar alguma receita para retomar a desoneração. Se não conseguirem arranjar, vão ter que negociar, pelo menos, os demais pontos da MP, como os benefícios ao setor de eventos.

Foco no governo

Embora o ministro Fernando Haddad, da Fazenda, tenha sido o candidato a presidente da República em 2018 e candidato ao governo de São Paulo em 2022, os petistas pretendem deixá-lo mais dedicado à pasta, afastado um pouco da pré-campanha de Guilherme Boulos. É que Haddad ganhou fama de “o cobrador” (de impostos). Ou seja, faz o certo, mas muitos eleitores
não gostam.

Faltou

O senador Rogério Marinho (PL-RN) reuniu um grupo de senadores para ir ao Supremo Tribunal Federal (STF) em defesa do deputado Carlos Jordy (PL-RJ). O PP, do senador Ciro Nogueira (PI), não estava na lista daqueles que confirmaram presença.

Campanha na área/ O aniversário da maior cidade do país reunirá hoje todas as cores partidárias. A aposta do PT é de que a presença de Lula nos eventos vai ofuscar o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, candidato à reeleição. Geraldo Alckmin vai ao lançamento da pré-campanha de Tabata Amaral. Cada um com o seu cada qual.

Por falar em campanha…/ O deputado Rogério Correia (foto), do PT-MG, avisou ao partido que pretende lançar em breve a sua pré-campanha a prefeito de Belo Horizonte. O PT pretende empinar essa candidatura de qualquer jeito, ainda que, de público, o partido mantenha o discurso de que haverá um consenso entre os aliados para escolha do postulante.

… sobrou BH/ A insistência em Belo Horizonte é para tentar emplacar pelo menos um candidato de capital nos estados que representam os maiores colégios eleitorais do país. Na capital paulista, o PT apoiará o PSol de Guilherme Boulos e, no Rio de Janeiro, há uma divisão entre apoiar o prefeito Eduardo Paes ou um candidato da esquerda.

Ops!/ É a Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE) — e não a Frente Parlamentar do Agro (FPA) — que apresentará um projeto para a regulamentação da reforma tributária.

Centrão quer travar votações até governo liberar emendas

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Os líderes do Centrão estão dispostos a travar as votações até que o governo libere os R$ 5 bilhões em emendas de 2023 que estavam prometidas. São R$ 3 bilhões da Câmara e R$ 2 bilhões do Senado, capazes de segurar as deliberações da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) tem o comando. Somados aos cortes feitos no orçamento deste ano pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, esses valores amplificam a irritação dos congressistas com o governo

Os empenhos desse valor total chegaram a R$ 2 bilhões e só foram pagos R$ 600 milhões. Logo, grande parte dos congressistas que aguardavam essa liberação voltará pintada para guerra. Se o dinheiro não sair, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não terá a varinha mágica para fazer o plenário adotar o que for prioridade para o governo.

Corra, Appy, corra

O secretário especial da Reforma Tributária, Bernard Appy, anunciou ao CB.Poder de ontem que pretende entregar as propostas de regulamentação da reforma até março. Até aí, beleza. Só tem um probleminha: no próximo dia 30, a Frente Parlamentar do Agronegócio (FPA) tem reunião marcada, em Brasília, para fechar um projeto de lei sobre esse tema.

Se demorar, leva “chapéu”

Essa regulamentação é considerada prioridade para os congressistas. E a FPA não quer esperar o governo enviar a proposta. A avaliação dos parlamentares é de que quem chegar primeiro terá a prioridade. Diante dessa disputa, está claro que o relator será essencial para definir o ritmo e a capacidade de diálogo com o Poder Executivo.

Até agora…

Até o momento, a Advocacia-Geral da União (AGU) soube apenas de uma ação judicial relativa ao Enem dos Concursos. O pleito foi da Federação Nacional dos Médicos contra a previsão do edital que permite que o candidato com Transtorno do Espectro Autista apresente um laudo, emitido por psicólogo, para fins de comprovar tal condição e concorrer às vagas de pessoa com deficiência. O processo foi extinto pela Justiça por ilegitimidade ativa da entidade.

… foi fácil

Outras ações virão, conforme antecipou esta coluna no último domingo. A AGU dará tratamento prioritário e estratégico a eventuais demandas judiciais e extrajudiciais envolvendo o processo seletivo, de modo que o Enem dos Concursos possa ocorrer com segurança jurídica e dentro do cronograma previsto.

Pimenta nos olhos…/ Ao atingir os ministérios dos aliados do governo com os cortes das emendas, o governo de Lula tira fôlego do MDB, que comanda Cidades, e do União Brasil, que indicou os ministros do Turismo, Celso Sabino (foto), e do Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Os dois partidos têm, atualmente, mais prefeitos que o PT.

Estamos todos bem/ Depois do estresse entre o PSB e o PT por causa dos cargos no Ministério da Justiça, em especial a saída de Ricardo Cappelli, as reuniões desta semana entre as equipes de Flávio Dino e do futuro ministro da pasta, Ricardo Lewandowski, são para mostrar que a disputa não criará problemas para a continuidade dos programas da pasta. O problema entre PT e PSB, porém, não está resolvido.

O grande teste deles/ O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus três filhos políticos — o vereador Carlos, o deputado federal Eduardo e o senador Flávio — farão uma live no próximo dia 28 a fim de debater a organização das bases bolsonaristas para as eleições deste ano. Alguns consideram que será um termômetro da capacidade de mobilização da família nas redes sociais.

Faltou ela/ Considerada da ala mais light do bolsonarismo, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro não está no elenco dessa conversa com o eleitorado do ex-presidente.

Colaborou Vinicius Doria