Denúncias aumentam fatura do Centrão dentro do governo

Centrão Bolsonaro
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Coluna Brasília-DF

Se até aqui as denúncias de tentativa de influência na Polícia Federal se referiam apenas ao embate entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-ministro da Justiça Sergio Moro, o depoimento de mais de cinco horas do empresário Paulo Marinho põe o senador Flávio Bolsonaro e seus auxiliares diretos também no olho do furacão.

A tendência é de que as informações sobre o vazamento da operação Furna da Onça sejam incorporadas ao inquérito que investiga as denúncias de Moro, aumentando o potencial de estrago à imagem do clã Bolsonaro.

Dentro do Congresso, o Centrão esfrega com as mãos com muito álcool em gel, com alguns já pensando no que essa mistura pode render em termos de necessidade de apoio ao presidente no Senado. Ali, o mais experiente é o MDB, que já arrematou os cargos de líder do governo no Congresso, com Eduardo Gomes (TO), e de líder do governo no Senado, com Fernando Bezerra Coelho (PE).

O Centrão está de olho na posição de líder do governo na Câmara, hoje ocupada pelo major Vitor Hugo (PSL-GO). A aposta é a de que nem só de FNDE e Dnocs viverão os partidos.

Promessas e serviços

A declaração do presidente Jair Bolsonaro de que Eduardo Pazuello permanecerá um bom tempo como ministro da Saúde vai muito além da vontade de ter ali alguém que faça tudo o que o Planalto prega. A ideia de Bolsonaro, conhecedor profundo de como funciona o Centrão, é deixar os partidos potenciais aliados com expectativa de poder.

Ele viu de perto

Ex-integrante do PP, Bolsonaro sabe há muito tempo que, nos partidos, a expectativa de poder deixa, pelo menos por um bom tempo, a turma muito mais feliz do que o nome de um aliado no Diário Oficial da União. Invariavelmente, uma nomeação deixa um feliz e outros dois insatisfeitos. Portanto, em tempos de pandemia, o presidente tem uma boa desculpa para não escolher logo um novo ministro.

Aí, não, talkei?

Os rumores de que o governo estaria estudando um Estado de Sítio ou de Defesa voltaram a agitar os bastidores da política e aumentar o receio de que o presidente Jair Bolsonaro planeja um golpe para fazer valer a sua vontade em relação à pandemia e tirar os holofotes de cima do senador Flávio Bolsonaro. O presidente tem negado diuturnamente qualquer ação nesse sentido e, ao seu lado, quem tem juízo já avisou que não é por aí.

Nem vem

Afinal, um Estado de Sítio, por exemplo, teria que passar pelo Congresso Nacional, onde não há hipótese de aumentar os poderes presidenciais. Até aqui, o Congresso ganhou algumas, inclusive a batalha do adiamento do Enem, algo que o governo resistia em fazer.

PF, o último bastião/ Considerada uma das instituições mais confiáveis do país em todas as pesquisas de opinião, a Polícia Federal torce a distância para que as denúncias sobre o vazamento na corporação sejam rapidamente esclarecidas. “Trabalhamos muito para ter credibilidade perante o Brasil. Esperamos que tenha elementos e tudo seja apurado e quem errou, seja punido”, diz o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, Edvandir Paiva.

Joio & trigo/ As operações da Polícia Federal sobre os importadores de equipamentos hospitalares começam a tirar o pessoal sério e técnico desse mercado. Há muita gente com receio de tentar ajudar e, depois, terminar na carceragem.

Preventivo/ O governo terá mais problemas do que imagina se decidir abrir empresas chaves do setor elétrico para indicações políticas. A Associação dos Empregados de Furnas, por exemplo, divulgou nota de repúdio às nomeações desse tipo, reforçando que a companhia é “sexagenária, lucrativa, do povo”, com resultados financeiros e operacionais que geram “lucros decorrentes do baixo endividamento”. O texto reforça que a empresa precisa “retomar seu perfil de geração de empregos para o Brasil. “É fundamental que tenhamos líderes com autoridade técnica e sem compromissos com agendas políticas de qualquer natureza”, finaliza a nota.

À la Alvim/ Jair Bolsonaro caminha para o quinto secretário de Cultura em seu governo. Mário Frias, o ator que fez sucesso em Malhação, terá que ser quase como Roberto Alvim, o antecessor de Regina Duarte. Alvim foi classificado como o melhor até agora, mas caiu porque tornou pública sua admiração pelo nazismo.

E a Regina, hein?/ As redes sociais não perdoam. As rodas políticas no mundo virtual faziam o seguinte comentário: Na “separação” quase que consensual, a atriz Regina Duarte levou a cinemateca de São Paulo como “pensão”.

Troca na PF: governo defenderá versão de que Bolsonaro se preocupava com a segurança dos filhos

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Ministros palacianos ouvidos no inquérito que investiga a tentativa de influência do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal estão fechados com a versão de que o capitão tratou da segurança dos filhos quando fez referências ao Rio de Janeiro na reunião ministerial de 22 de abril — o encontro retratado no vídeo exibido ontem na sede da Polícia Federal.

Em depoimento, o ministro da Casa Civil, Braga Netto, por exemplo, disse que esse foi o seu entendimento no caso. A fala do ministro aos investigadores vai ao encontro do que afirmou o presidente Jair Bolsonaro na rampa do Planalto: que sua preocupação era com a segurança dos filhos.

Falta combinar

A ideia é disseminar essa avaliação daqui por diante, de forma a tentar colocar em descrédito a denúncia do ex-ministro Sergio Moro. Falta combinar, entretanto, com os investigadores, procuradores e com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello.

Até porque a segurança da família está a cargo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e não da Superintendência da PF no Rio, ou mesmo do Ministério da Justiça. Como o presidente sempre diz, a verdade libertará.

Memória fraca

O ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, repetiu várias vezes em seu depoimento que não se recordava de determinadas situações perguntadas pelos investigadores. Outros ministros, idem.

Santa espera, Batman!

Investigadores, procuradores, o ex-ministro Sergio Moro e seus advogados esperaram duas horas e 40 minutos para começar a exibição do vídeo na sede da Polícia Federal. Foi o tempo que levou para fazer a cópia.

Briga entre Flávio Bolsonaro e Major Olímpio incomoda o Planalto

Senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) conversa com o senador Major Olimpio (PSL-SP).
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A iminente debandada do PSL na Câmara, tratada anteriormente pela coluna, é motivo de preocupação para o Planalto. Porém, em termos de base parlamentar, nada incomoda mais do que a briga do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) com o líder do PSL no Senado, Major Olímpio (PSL-SP). Eles trocaram insultos e palavrões por telefone antes de Flávio embarcar para a China.

E o reflexo da discussão, por causa da CPI da Lava-Toga, arrisca deixar o PSL com apenas um senador. A senadora Selma Arruda já deixou o partido rumo ao Podemos. Soraya Thronicke é mais ligada, hoje, à bancada do agronegócio do que às discussões internas do partido. Flávio está cada vez mais sozinho. E o PSL, cada dia menor.

Deu água I

Naufragou o movimento do ex-senador Pedro Simon para fazer com que o líder na Câmara, deputado Baleia Rossi (SP), desistisse da candidatura a presidente do MDB. O lançamento oficial ocorreu nesta quarta-feira, numa reunião no Lago Sul em Brasília, que contou com praticamente toda a bancada do MDB na Câmara.

Deu água II

Sem consenso em torno do nome da senadora Simone Tebet (MS), a avaliação geral é a de que ela não será candidata. A eleição está marcada para 6 de outubro. Afinal, Baleia Rossi já recebeu também apoio de senadores como Marcelo Castro (PI) e conta também com o apoio do ministro da Cidadania, Osmar Terra.

Só vai na pressão

A decisão da Câmara de restaurar partes das regras eleitorais retiradas do texto pelos senadores promete mexer ainda mais com o prestígio dos políticos. Os movimentos pela ética na política, que buscam mais transparência no jogo eleitoral, prometem estampar as imagens de quem for favorável à volta de partes do projeto original.

Ajudinha providencial

A Caixa Econômica antecipou o pagamento de dividendos de R$ 7 bilhões para ajudar o governo federal a desbloquear verbas para áreas fundamentais, como educação. Nos próximos dias, o banco deve colaborar novamente com aproximadamente o mesmo valor.

E não tem almoço grátis

A Caixa aproveita essa mudança para ressaltar a importância do banco público, que, aliás, o ministro da Economia, Paulo Guedes, pensa em privatizar. “Isso demonstra a importância do banco público que, além de cumprir uma missão social, na qual está inserido o estímulo do mercado interno e a ajuda no equilíbrio das contas públicas, ainda gera lucros diretos para sociedade”, afirma Anna Cláudia de Vasconcellos, presidente da Associação Nacional dos Advogados da Caixa (Advocef).

CURTIDAS

Botão errado/ O deputado Marcos Feliciano (PR-SP) andou reclamando na Câmara que foi bloqueado no WhatsApp pelo ministro da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos (foto). Vai ver que foi sem querer.

Acomodação / Aos poucos as coisas vão se ajustando na PGR, em especial com a volta do grupo da Lava-Jato às funções. A impressão geral é a de que passou o estremecimento da troca de comando, que pareceu um terremoto a balançar a procuradoria.

Nada a ver com o PT…/ …Nem, tampouco, com os republicanos, nos Estados Unidos. A Oracle praticamente trocou a cor de sua marca. Sai a predominância do vermelho. Entra o cinza e cores pastéis. Porém o botão com o “O” em forma de elo de corrente continuará em vermelho.

Por falar em Estados Unidos e Oracle…/ Em Washington, a jovem sueca Greta Thunberg mobiliza corações e mentes em prol de atitudes que reduzam as mudanças climáticas e seus impactos. Em San Francisco, Larry Ellison, da Oracle, encerrou um dos maiores eventos de tecnologia do planeta com anúncio de bases integradas de aplicativos na nuvem que vão facilitar ainda mais a vida de seus clientes e lhes dar mais segurança. No Brasil, a discussão é mais rasa.

Movimentos da oposição são classificados como ‘Os sem-bandeira’

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Os movimentos da oposição nos últimos dias foram classificados pelos próprios oposicionistas como erros, tanto na estratégia como na forma. A reclamação do trabalho aos domingos, por exemplo, levantada como bandeira na sessão que analisou a Medida Provisória da Liberdade Econômica, não obteve 75 votos, e é controversa, uma vez que, em viagens internacionais, a maioria desses deputados elogia o fato de tudo funcionar aos domingos em alguns países.

A Marcha das Margaridas, que tinha entre as reclamações a votação da reforma da Previdência, parou Brasília na manhã de quarta-feira, mas chegou na hora errada, uma vez que a reforma previdenciária já foi votada na Câmara e, no Senado, as discussões sequer esquentaram. Logo, houve muito esforço por nada. Nesse ritmo, ganham destaque o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o governo.

Limites legais

Depois da Vaza-Jato, os tribunais redobraram a atenção com pedidos do MP. Em Brasília, um pedido do Ministério Público do Distrito Federal está deixando desembargadores e assessores do Tribunal de Justiça de cabelo em pé. Um dos endereços para busca e apreensão oferecidos pelos procuradores é de uma embaixada, que goza de inviolabilidade em razão da convenção de Viena (1961) e imunidade diplomática. A trapalhada gerou um desconforto geral.

E agora, Alcolumbre?

Quando conquistou a Presidência do Senado na polêmica disputa contra o senador Renan Calheiros, Davi Alcolumbre disse em alto e bom som que aquela seria a última votação secreta da Casa. Vários senadores mostraram seus votos. Agora, entretanto, em relação à escolha de embaixadores, uma parte da turma que defendia o voto aberto emudeceu.

Quem ganha

A avaliação, na ala mais governista do Senado, é a de que o voto secreto ajudará a guindar Eduardo Bolsonaro ao cargo de embaixador do Brasil em Washington. O sujeito pode perfeitamente dizer que deveria ser outro nome e coisa e tal, mas votar a favor do deputado, sem soar incoerência.

Enquanto isso, na Saúde…

O ministro Luiz Henrique Mandetta trouxe números alarmantes para o Seminário sobre Alimentação Saudável, no Correio.Debate: 12,9% das crianças de 5 a 9 anos são obesas no Brasil, e 18,9% da população adulta padecem do mesmo mal. Vem por aí uma briga para advertências em alimentos ultraprocessados. Tal e qual foi a de inclusão de advertências nas embalagens de cigarros.

Espiões

Cientes das possibilidades de uma nova onda em prol das advertências nos rótulos, grandes indústrias de ultraprocessados mandaram assessores ao seminário para acompanhar de perto as discussões e sugestões.

E o abuso, hein?

O clima na Câmara, no início da tarde de ontem, para a votação do projeto de abuso de autoridade, conforme antecipou a coluna Brasília-DF de ontem, era do tipo “vamos nos vingar” do Ministério Público.

Em família

Senador Flávio Bolsonaro
Foto: Wilson Dias/Agência Brasil. Senador Flávio Bolsonaro

Dedicado a cuidar dos votos para conseguir ver seu nome aprovado para embaixador nos Estados Unidos, o deputado Eduardo Bolsonaro passou algumas horas reunido com o irmão, o senador Flávio Bolsonaro (foto): 01 será os olhos e ouvidos de 03
entre os senadores.

Ajuste de foco na economia

Enquanto a população se distrai com as citações polêmicas e escatológicas do presidente Jair Bolsonaro, a economia entra em recessão técnica, com queda da bolsa de valores e alta do dólar.

Maratona

O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, desceu do carro no Eixo Monumental, próximo ao Palácio do Buriti, e foi andando até a sede do Correio Braziliense para chegar a tempo de abrir o seminário e, de quebra, seguir
com o presidente Jair Bolsonaro para o Piauí.

Procuradores pedirão a Queiroz documentos que comprovem origem de dinheiro

queiroz
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Tudo explicadinho? Até agora, não. Pelo menos, na opinião de procuradores. Eles consideram que as declarações dadas ao SBT por Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, de que o dinheiro que transitou por sua conta foi fruto de negócios, como a compra e a venda de veículos, terão de ser comprovadas por documentos oficiais.

As dúvidas persistem

Além disso, dizem alguns, se ele tinha tanto dinheiro assim decorrente dessas transações, o Ministério Público quer saber por que os repasses de outros assessores para a conta dele, se estão declaradas no IR, e as razões da demora em falar a respeito. E alertam que quem está bem para conceder entrevista tem de estar em condições de falar também para o Ministério Público.

Coaf levanta novas movimentações de assessores de deputados, no Rio e em Brasília

CPI Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz
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O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que fez relatórios sobre as movimentações financeiras dos assessores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, já tem em mãos números relativos a anos anteriores a 2017 no Rio e em Brasília. Para quem não se lembra, foi nesse meio que os analistas “pescaram” Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro.

Como diria Odorico Paraguaçu, prefeito da fictícia Sucupira, o “pratrasmente” indica movimentações volumosas nos últimos 10 anos. As pesquisas serão de 2007 para cá e pretendem pegar todo o período que assessores — inclusive Queiroz, o sumido — serviram aos deputados.