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Ministros do STF preocupados com a forma que Bolsonaro gerencia crise do coronavírus
Coluna Brasília-DF
Ministros do Supremo Tribunal Federal estão cada vez mais preocupados com a forma do presidente Jair Bolsonaro de gerenciar a crise do coronavírus. A avaliação na Corte é a de que o presidente tem feito uma sucessão de erros jurídicos em medidas provisórias e decretos. Há três semanas, os ministros têm se desdobrado em reuniões com Câmara e Senado e Tribunal de Contas da União para tentar evitar a judicialização da crise. Porém, agora, não têm mais tanta certeza de que isso será possível. A decisão do ministro Marco Aurélio, que suspende cortes no Bolsa Família, foi vista como um recado ao Executivo de que deve agir com racionalidade, e não com viés ideológico para proteger a população de perdas econômicas e sociais.
Guedes sai da foto, Onyx entra
Todos os ministérios estavam com seus titulares na entrevista do Planalto, menos o da Economia. É que sobrou para o ministro Paulo Guedes tentar aplacar a fúria do presidente Jair Bolsonaro com a repercussão negativa da desastrada medida de permitir a suspensão de salários por quatro meses, sem, em contrapartida, garantir o sustento dos trabalhadores para enfrentar esse período que o mundo atravessa.
Problema de DNA
Politicamente, há um descompasso entre uma equipe cuja cabeça é voltada para o ajuste fiscal e uma sociedade que, além da pandemia, caminha para o desemprego, com muitos serviços paralisados, e empresários preocupados com o futuro de seus negócios. O presidente, dizem alguns, se deixou levar pelo “Luciano da Havan” e não teve nenhum contato com os sindicatos de trabalhadores para contrapor à solução empresarial.
Passagem de bastão
A ordem agora no Planalto é resolver esse problema com outra medida que não seja o corte salarial por completo neste momento. E colocar mais os ministros da área social, como o da Cidadania, Onyx Lorenzoni, na vitrine. Ontem, foi Luiz Henrique Mandetta como personagem central.
A bandeira é de todos I
Passou despercebido por muitos, mas não pelos políticos, o apelo do governador de São Paulo, João Doria, pedindo aos paulistanos que colocassem bandeiras do Brasil e faixas verde-amarelas nas janelas. Doria justificou o gesto como “um ato de solidariedade” àqueles que precisam ficar nas ruas trabalhando para conter a pandemia de coronavírus.
A bandeira é de todos II
Doria fez questão de ressaltar que seu pedido não era um ato político, mas a classe começa a ver aí um movimento que surge também nas redes sociais, de tirar dos bolsonaristas a ideia de que guardam o monopólio na utilização da bandeira.
Mandetta, o jeitoso/ O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, tem tomado todo cuidado em
não ferir susceptibilidades no coração do Planalto. A todo o momento, diz “sob a coordenação do presidente Bolsonaro…”
Por falar em Mandetta…/Muita gente estranhou o fato de, desta vez, o presidente da República aparecer sem máscara depois do uso da proteção nas entrevistas anteriores. Há quem suspeite que esteja aí preparando o discurso para dizer que não é tão grave assim.
Tem gordura para queimar/ A fala do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), de que os parlamentares podem sofrer cortes de salários, deixou muita gente desconfiada. Isso porque as excelências, além dos proventos, têm as vultosas verbas de gabinete. Como a maioria está em quarentena em casa, pelo menos a maior parte dessa verba poderia ser destinada ao combate ao coronavírus. O senador Reguffe (Podemos-DF), por exemplo, já fez isso.
Por falar em Maia…/ Não tem nada que mais irrite o presidente Jair Bolsonaro do que parecer que ele está cedendo alguma coisa a Rodrigo Maia ou à pressão da mídia. No caso da suspensão do pagamento de salários, não deu. É que, além de Maia, a pressão foi geral.
Colaborou Renato Souza
Posição de Osmar Terra, alinhada com a de Bolsonaro, provoca mais um mal-estar no governo
Ex-ministro da Cidadania que quase virou líder do governo de Jair Bolsonaro no Congresso ao sair do governo, o deputado Osmar Terra (MDB-RS) foi o assunto da manhã de hoje nas reuniões virtuais da política, acusado de “irresponsável” e de trabalhar em conjunto com o presidente Jair Bolsonaro para desestabilizar a posição do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. O presidente está irritado com o ministro desde a última entrevista, quando Mandetta calculou que o sistema e saúde entraria em colapso. O presidente não gostou da palavra usada pelo ministro.
Osmar Terra, assim como Bolsonaro questiona a posição dos governadores de decretar quarentena. “Não quero ser ministro, Mandetta está fazendo um excelente trabalho, mas não vou deixar minha opinião. Esse isolamento não terá efeito. A epidemia só passará quando 50% das pessoas estiverem contaminadas. O que está acontecendo hoje é um exagero de medidas com cunho político. Um competindo como outro para ver quem é mais radical”, disse ele ao blog. “O presidente não pegou carona no medo”, completou.
A posição de Osmar Terra contrasta com o que vem sendo feito no mundo todo. Em relação à Itália, que passa por uma tragédia e um colapso em seu serviço de saúde atribuído justamente à demora em fazer a quarentena, o deputado afirma que o Sul do país não ha quase casos e no Norte a propagação foi mais rápida devido ao frio. Ele considera que “a epidemia é irreversível, é uma força da natureza”. E alerta que, na sua opinião, deveriam ficar resguardados os grupos de risco, ou seja, idosos e pessoas com baixa imunidade e histórico de problemas respiratórios.
Quanto à preocupação com as favelas e áreas de risco, como as palafitas, onde as pessoas vivem amontoadas, Terra diz “conhecer bem a questão social e que não tem famílias sem água e sabão, que é melhor que álcool gel”. Ele calcula que o numero de casos de Covid-19 no Brasil será da ordem de 35 a 40 mil casos e dezenas de milhões de pessoas contaminadas. Porém, ele acredita que, a partir da sexta semana começa a cair. “Começa a regredir em final de abril e a mortalidade é inferior a 2%”, prevê. “Claro que toda a vida importa, mas numa epidemia, isso acontece. No Rio Grande do Sul, todo o inverno cerca de 950 morrem de influenza”, diz.
Muitas dessas declarações de Osmar Terra ao blog estão em áudios que começaram a circular entre os parlamentares, e, nos grupos, há quem diga que o ex-ministro ou enlouqueceu ou quer tomar o lugar de Mandetta. Deputados saíram em defesa do ministro: “Mandetta está sendo um grande ministro, responsável. Precisa ter tranquilidade para trabalhar. Deus gosta tanto do Brasil, que colocou pessoas boas à frente do país. Agora, querer caminhar na contramão do mundo não dá. Já busquei especialista de todos os lados e não há medida mais eficaz do que o distanciamento social. O Reino Unido hoje ampliou suas medidas, escolas estão fechadas. O Paraguai está seguindo os padrões internacionais. E nós vamos ficar à mercê da sorte?!! A chegada da epidemia aqui era previsível e daria para ter tomado medidas bem antes. Vai ser que é por isso que temos mais casos na América do Sul”, diz o presidente da Comissão de Agricultura, deputado Fausto Pinato (PP-SP), aliado do presidente Jair Bolsonaro.
Para congressistas não é hora de impeachment, é hora de trabalho
Coluna Brasília-DF
Esse é o espírito dos congressistas, mas sem cenas de “amor” para com o presidente da República. A avaliação dos líderes partidários que, inclusive, levou Rodrigo Maia a recusar a participação na reunião com Jair Bolsonaro é de que não dá para “passar a mão na cabeça presidencial”, depois de o Planalto levar quase 15 dias se esquivando de uma crise de saúde pública grave. Agora, é trabalhar nas soluções a serem enviadas pelo governo, sem dar palco para o capitão aparecer bem na foto. Porém, nenhum líder vai tocar pedidos de impedimento de Bolsonaro ou tentar surfar neste momento gravíssimo definido pelo próprio ministro da Defesa, Fernando Azevedo, como uma situação de guerra.
Eles já calculavam a explosão…
Em 7 de março, o fim de semana depois do carnaval, as informações na área da Saúde, conforme publicou esta coluna, eram de que o número de casos aumentaria exponencialmente, dada a quantidade de voos da Europa para o Brasil no período pré-carnaval. No Planalto, entretanto, a ação demorou a ocorrer, uma vez que a gestão se mostrava mais focada em outros temas.
… mas a ação demorou
Agora, depois de perder um tempo precioso em manifestações, e em não querer alarmar a população para segurar a economia, o presidente Jair Bolsonaro entra atrasado e vai tentar recuperar o tempo perdido. Segue o ditado “antes tarde do que nunca” e torce para fazer valer o “tardo, mas não falho”. Terá de combinar com o povo, que, agora, percebeu a gravidade do que está por vir.
Onyx anuncia medidas
Ausente na coletiva do presidente Jair Bolsonaro, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, anunciará, hoje, um conjunto de medidas para os idosos e os mais vulneráveis, além do que já foi dito ontem por Paulo Guedes na coletiva. “Vamos atender idosos do BPC (Benefício de Prestação Continuada), Bolsa Família e informais. Atenção e proteção total”, disse o ministro à coluna.
Termômetro I
Em outubro de 2018, moradores de condomínios de luxo de Brasília vibraram e comemoraram a eleição do presidente Jair Bolsonaro com fogos de artifício e muitos “fora, ladrões”. Ontem, nesses mesmos condomínios, o panelaço foi o do “fora, Bolsonaro”. Houve também panelaço a favor, segundo moradores isentos, mais sonoro que o primeiro.
Termômetro II
Na SQS 108, assim como nos bairros nobres do Rio de Janeiro e de São Paulo, onde Bolsonaro ganhou de lavada em 2018, o “fora” predominou. A ira da população registrada nos panelaços foi detectada também por quem faz medições de redes sociais. Sinal de que a coletiva do presidente não foi suficiente para reverter a situação. Se Bolsonaro vai se recuperar, só o futuro dirá.
CURTIDAS
Segure os seus pit bulls/ A forma como o senador Flávio Bolsonaro (foto) se referiu ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pesou na recusa do deputado em posar para foto numa reunião com o presidente Jair Bolsonaro. Flávio foi às redes dizer que o deputado queria ser presidente do Brasil e ameaçava a democracia com ataques contra o Executivo. Quem atacou o Congresso foram os manifestantes de 15 de março.
Mandetta, o novo queridinho do Brasil/ Depois da live de quinta-feira, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, foi o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, quem puxou as reuniões e pontes com outros Poderes, Congresso, Supremo Tribunal Federal, Procuradoria-Geral da República e Tribunal de Contas da União (TCU).
e da política/ O ministro ganhou nos meios políticos e empresariais a tarja “se sair, piora”, que hoje acompanham o cartão de visitas de Paulo Guedes e Sérgio Moro.
Por falar em Guedes/ O mercado em pleno ataque de nervos com a economia derretendo começou a entoar o “chama o Meirelles”. Do Planalto, entretanto, vem a sensação de que Bolsonaro jamais pedirá alguém que trabalhou com Michel Temer no comando da economia e hoje é secretário de Fazenda do Estado de São Paulo, comandado por João Doria.
Prepare-se/ A confirmar-se as notícias de que o aumento de casos continuará exponencial, o período de permanência em casa será prolongado. Pode esperar.
Empresários concordam com Bolsonaro e veem com muita desconfiança a pandemia da Covid-19
Coluna Brasília-DF
Empresários reunidos no almoço da Lide DF, sob o comando do ex-senador Paulo Octávio, eram unânimes em afirmar que, apesar das crises, não vão deixar de investir ou revisar para baixo suas programações. Eles veem com muita desconfiança a pandemia da Covid-19 e concordam com o presidente Jair Bolsonaro de que é preciso ver as coisas com mais calma e menos alarmismo.
“Ganância infecciosa”
Numa roda, Ennius Muniz, da Conbral, puxou, na hora, a expressão que o ex-presidente do Federal Reserve Alan Greenspan usou em 2002 para definir o perfil do investidor americano. Pelo menos, no DF, tem muita gente acreditando que parte dessa celeuma que derrubou bolsas e fez o dólar subir levará muita gente a adquirir ações pelo mundo afora a preço de banana.