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Emedebista Fábio Ramalho pode ser o “azarão” na Câmara dos Deputados
Coluna Brasília-DF
Entre a pressão do governo para liquidar a fatura no primeiro turno e dos partidos de oposição ligados a Baleia Rossi (MDB-SP), cresceram nas últimas horas as apostas no deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) como um “pit stop” antes do embate final entre Baleia e Lira. A ideia é evitar que o governo leve no primeiro turno e se considere “poderoso demais”. Na eleição passada, quando o Centrão e os demais partidos de centro estavam praticamente fechados em torno de Rodrigo Maia (DEM-RJ), Ramalho obteve 66 votos. Agora, no balanço das horas e dos partidos, se repetir a votação, garantirá o segundo turno.
Em tempo: vale lembrar que, em fevereiro de 2005, Severino Cavalcanti foi eleito presidente da Casa na lógica de não ir nem para um lado, nem para o outro, no primeiro turno. Severino terminou no segundo turno. A diferença é que Ramalho é tão aliado de Bolsonaro quanto Lira, embora não seja o candidato do governo.
O que move os parlamentares
As desconfianças de alguns para não votar em Lira no primeiro turno é o Orçamento da União. Embora o líder do PP seja o favorito, hoje, e tenha condições de vitória ainda no primeiro turno, os deputados avaliam que o dinheiro acabou e ele não terá como honrar todos os compromissos assumidos. Deixar o presidente Jair Bolsonaro cheio de si, com a vitória do PP, não é visto como a melhor estratégia.
Bomba relógio do auxílio
Ao dizer que o auxílio emergencial volta se a vacinação contra covid-19 falhar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, jogou no colo do governo uma bomba de efeito cascata: agora, se o governo não conseguir logo vacinas em número suficiente para atender à população, o discurso de que a economia não reagiu por incompetência do governo ao lidar com a pandemia está pronto.
É mais além
A guinada de Bolsonaro a respeito das vacinas contra covid-19 está diretamente relacionada aos movimentos pró-impeachment. Embora ele tenha a certeza de que não sofrerá um processo, quem tem mandato prefere se precaver.
Xii…
Com as respostas dos fabricantes de vacinas de que só vendem para governos, resta a Bolsonaro e toda a sua equipe empreender esforços em busca de mais vacinas. O pior é que, como entrou tarde nessa conversa, terá que esperar sua vez na fila.
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A carta de Biden/ Que Bolsonaro, que nada. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, escreveu para Eric Lander, presidente e diretor-fundador do Broad Institute of MIT (Massachusetts Institute Of Technology) and Harvard, com várias questões, no sentido de preparar uma estratégia de ciência e tecnologia para os Estados Unidos nos próximos 75 anos, nos moldes do que fez Franklin Delano Roosevelt, em 1944.
Aprender em vez de negar/ Em sua época, Roosevelt fez quatro perguntas ao seu consultor de tecnologia, Vannevar Bush. Biden pede que Lander envie à sua administração respostas a cinco questões, a começar pelo que se pode aprender com a pandemia, o que é possível fazer para atender ao mais amplo leque das necessidades de saúde pública.
Meio ambiente/ Biden pergunta, ainda, como as descobertas científicas e tecnológicas podem criar novas soluções para enfrentar os desafios climáticos. “As mudanças climáticas representam uma ameaça existencial que requer uma ação ousada e urgente”, diz Biden, que vê aí uma oportunidade de criar novos investimentos e uma “América mais resiliente”. Ele diz que alcançar o compromisso de emissão de carbono líquido zero, em 2050, exigirá a implantação de fontes de energia limpa.
China, sempre ela/ Biden também está preocupado com a competição com a China. E pergunta como os Estados Unidos podem assegurar que são os líderes mundiais em tecnologias nas indústrias do futuro, importantes para a prosperidade econômica e a segurança nacional. Em tradução livre, Biden menciona que “outros países –– especialmente a China –– estão fazendo investimentos sem precedentes e tudo ao seu alcance para promover o crescimento de novas indústrias e eclipsar a liderança científica e tecnológica da América. Nosso futuro depende da capacidade de acompanhar concorrentes nas áreas que definirão a economia amanhã”.
Sutis diferenças/ Bolsonaro, na largada de 2019, preferiu manter a polarização política e o discurso de campanha, tal e qual Donald Trump. Biden, no exercício da Presidência dos EUA, se coloca muito acima dessa política rasteira. Talvez por isso, a porta-voz da Casa Branca tenha dito que não há data para uma conversa com o Brasil. Pois é.
Auxílio emergencial: Bolsonaro não quer perder para o Congresso
Coluna Brasília-DF
As pesquisas internas do governo detectaram que o suporte a Jair Bolsonaro está caindo paulatinamente e, por isso, todo o esforço, agora, será no sentido de tentar estancar essa queda. Nesse esforço, entram as vacinas, o envio do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a Manaus e, de quebra, estudos no Planalto para ver o que é possível fazer em relação ao auxílio emergencial.
O presidente está convencido de que os congressistas tentarão aprovar um benefício, a fim de ficarem com o discurso de que as pessoas só foram atendidas por causa do Parlamento. Assim, há quem diga, dentro da base, que Bolsonaro deve se antecipar a esse movimento. Obviamente, não há meios de fazer como em 2020, quando o governo queria pagar R$ 200, o Congresso elevou para R$ 500 e Palácio do Planalto deu a última palavra, fechando em R$ 600. Em 2021, não há espaço no Orçamento para esse valor, mas o governo deverá propor alguma coisa.
Vai que é tua, Pazuello
As investigações contra Pazuello são vistas entre aliados do presidente como a ação precursora de um movimento maior em prol do impeachment. Se houver alguma culpabilidade do ministro da Saúde pelos atropelos em relação à condução do plano de combate à pandemia, a ordem é afastá-lo a fim de evitar que o presidente termine responsabilizado.
Logo um general?!!!
Os militares não estão nada confortáveis com essa história de a bomba estourar no colo de Pazuello. Afinal, o ministro estava ali para uma “missão” que dois civis não quiseram levar adiante. Luiz Henrique Mandetta foi demitido por discordar da posição de Bolsonaro em relação ao distanciamento social. E Nelson Teich não quis colocar a hidroxicloroquina nos protocolos do Ministério da Saúde.
O problema é mais em cima
Entre os congressistas, há quem se recorde que Pazuello foi o único a declarar com todas letras “é simples assim, um manda e outro obedece”. A frase foi dita em 22 de outubro, logo depois de Bolsonaro desautorizar o ministro sobre o protocolo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, acertada na véspera com o Instituto Butantan.
Enquanto isso, no Congresso…
Arthur Lira (PP-AL) tenta fechar uma conta de chegada, mas a atitude do governo de perseguir aliados de Baleia Rossi (SP) tem deixado muitos congressistas chateados e se bandeando para o candidato do MDB.
… Lira tem a vantagem
A turma de Baleia Rossi tenta evitar o “já ganhou” do adversário principal, que é visto como alguém que está a poucos votos da vitória no primeiro turno.
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Deu ruim I/ A Associação dos Engenheiros Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel) não ficou nada satisfeita com o slogan “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, incluído na carta do presidente do Conselho de Administração da empresa, Ruy Flaks, aos diretores, para comentar a demissão do presidente, Wilson Ferreira. A Associação acusa Flaks de usar a empresa para projetos políticos.
Deu ruim II/ Na carta, Flaks diz que conversa com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o substituto de Wilson Ferreira. Só tem um probleminha: o cargo já entrou na mira do Centrão.
Muita calma nessa hora/ As manifestações do último fim de semana pedindo o impeachment de Bolsonaro foram comparadas àquelas de 2013, em relação à presidente Dilma Rousseff. Ela se reelegeu no ano seguinte, no embalo dos programas sociais, como o Bolsa Família e da popularidade de Lula. Bolsonaro não tem nem um nem outro.
Ainda tem muito jogo/ Ao anunciar, em suas redes sociais, o envio dos 5,4 mil litros de princípio ativo da vacina do Butantan, Jair Bolsonaro tenta tirar João Doria da foto de negociador da vacina da Sinovac. A simbologia de três ex-presidentes da República, José Sarney, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, ao lado do governador de São Paulo, em prol da vacina, indicam que essa batalha o presidente perdeu. Outras virão.
Oposição trabalha para consolidar nome de Baleia Rossi na disputa pela Presidência da Câmara
Brasília-DF, por Denise Rothenburg
Agora vai I
Agora vai II
Não tem troco sem nota
Mais fácil
A soma que diminui na disputa pela Presidência da Câmara dos Deputados
Coluna Brasília-DF
Longe de ser uma ciência exata, a política no Congresso entrou na fase de “quem somar, diminui”. O grupo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), está no seguinte pé: tem três candidatos, e, ao fechar por um deles, corre o risco de perder os votos dos demais.
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) era melhor para tentar angariar alguns votos no Centrão, mas perde no MDB, que tem Baleia Rossi (SP) como pré-candidato. No caso de Baleia Rossi sair candidato, o PT é que racha. Ainda mais, em se tratando de voto secreto.
Essa divisão colocou novamente Marcos Pereira (Republicanos-SP), atual vice-presidente, na roda como candidato. O movimento é perigoso, porque, embora leve votos dos evangélicos, ele é visto como a tomada de poder por Edir Macedo e a pauta de costumes. Ou seja, nenhum deles levará o grupo todo.
Bolsonaro quer tirar o discurso técnico de Doria
Jair Bolsonaro está convencido de que, ao liberar o dinheiro para compra das vacinas de covid-19, desde que aprovadas pela Anvisa, conseguirá deixar João Doria batendo boca com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e, de quebra, ainda tirará do governador paulista o discurso de que está com a ciência.
A ideia do presidente, caso demore a aprovação do imunizante, é dizer que fez sua parte, ao liberar os recursos, e que os técnicos da agência é que devem dizer que vacinas devem ser aprovadas.
A internet mudou as finanças
A mais nova pesquisa da B3 — uma das maiores empresas de infraestrutura do mercado financeiro — sobre o comportamento dos brasileiros em relação à bolsa de valores, deixará os grandes bancos de cabelo em pé.
A pesquisa mostra que os brasileiros estão descobrindo a bolsa, 74% dos investidores são homens, têm em média 32 anos e 60% não têm filhos. E essas pessoas estão ingressando no mundo da bolsa via internet, segundo a pesquisa.
Palavra de especialista I
Marcelo Teixeira, investidor e ex-chefe global da área de seguros do HSBC, analisa detalhadamente a pesquisa da B3 e destaca que os brasileiros querem aprender sobre mercado de capitais e ter autonomia. “A bolsa de valores entrou definitivamente na vida dos brasileiros com poder de poupança, com muito espaço para crescer”, disse.
Palavra de especialista II
Teixeira destaca ainda que canais do YouTube e influenciadores aparecem como principal fonte de conhecimento (73%) versus 7% em ajuda do gerente do banco ou assessor financeiro, o que indica uma “exaustão do modelo tradicional de varejo bancário”. Chama a atenção ainda que 85% dizem saber o que é suitability (adequação do ativo ao apetite de risco/conhecimento do cliente). “Parece alto demais. Os reguladores estão atentos, mas será que é o suficiente?”, indaga.
CURTIDAS
Na solidão da urna…/ A discussão dentro do PSB sobre quem apoiar para presidente da Câmara promete ser acirrada antes mesmo de o grupo de Rodrigo Maia apresentar seu candidato. Tem uma turma que votará em Arthur Lira (PP-AL) e não tem conversa. Afinal, o voto é secreto.
… dá vontade de trair/ O maior medo dos deputados ligados a Maia, hoje, é terminar repetindo o que cenário que elegeu Severino Cavalcanti (foto), em 2005, contra Luiz Eduardo Greenhalgh, o candidato oficial do PT com a chancela do governo Lula. Severino era do PP, partido de Lira. Derrotou José Carlos Aleluia (PFL-BA), Virgílio Guimarães (PT-MG) e… Jair Bolsonaro (PFL-RJ), que obteve… dois votos!
Por falar em Bolsonaro…/ Nada tirou mais o presidente do sério do que a decisão da ministra Cármen Lúcia (STF) de pedir à Abin e ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) que expliquem a suposta ajuda ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), no caso das rachadinhas. E em 24 horas. Ou seja, não dá muito tempo.
Nem tão cedo/ Entre os aliados do presidente, há quem diga que Bolsonaro precisa se preparar para conviver com essa história de Flávio e as rachadinhas por muito tempo. Até aqui, serve de consolo aos bolsonaristas o fato de a população ter separado o presidente dessa investigação. A esperança dos aliados de Bolsonaro é a de que continue assim.
Orçamentos turbinados para a eleição da Mesa Diretora da Câmara
Coluna Brasília-DF
A sessão do Congresso Nacional, prevista para a semana que vem, vai reforçar orçamentos e complementar o PLN 30, que, no último esforço concentrado na Casa, aprovou a distribuição de R$ 6 bilhões para vários ministérios, sendo R$ 1 bilhão para o Fundo Nacional de Saúde, para estruturação da rede básica de saúde; R$ 2,8 bilhões para Desenvolvimento Regional; R$ 1,3 bilhão para infraestrutura, mais precisamente para o Departamento Nacional de Infraestrutura em Transportes (Dnit), que faz a alegria das bases com obras pelo país afora. Agora, serão R$ 48 milhões para algumas pastas, sendo R$ 17 milhões para “infraestrutura turística” em “destinos estratégicos” para o setor, fora recursos para o Incra e para a Sudene.
No Congresso, os parlamentares aguardam mais as liberações que já foram aprovadas no PLN 30, de forma a garantir emendas normais e as “extras”, que vão atender os mais fiéis. Nas conversas reservadas, há quem diga que essas verbas vão ajudar a irrigar a candidatura de Arthur Lira (PP-AL). Os ministros negam e os parlamentares não vão deixar de votar projetos que podem ajudar os municípios por causa da briga em torno da Presidência da Câmara. Mas, já tem muita gente de olho nas liberações de recursos.
Corra, Maia, corra
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RE), é orientado a não abrir a próxima semana sem um candidato a presidente da Casa. Explica-se: é preciso ter logo um nome para não deixar Arthur Lira sozinho na pista principal.
Melhor de dois
Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) e Baleia Rossi (MDB-SP) são os dois candidatos na reta final para definição, e está mais para Rossi. A preferência pessoal de Maia é Aguinaldo, mas Rossi leva 30 votos do MDB.
Onde mora o perigo
Os partidos de oposição estão meio resistentes a apoiar Arthur Lira, com receio da pauta mais ideológica do governo. Ontem mesmo, em sua live, o presidente disse que não iria conversar sobre “armamento” com o PT, tampouco “agenda de costumes” com o PSol.
Não tem almoço grátis
Nem toda a oposição tem esse medo de que, se Bolsonaro ajudar a eleger Arthur Lira, vai cobrar lá na frente a aprovação de seus projetos. O PSB, por exemplo, espera que o governo libere recursos para os prefeitos eleitos, que precisam cumprir suas promessas de campanha.
Vitória da CNC/ O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitou, por unanimidade, o pedido de anulação das eleições para Diretoria e Conselho Fiscal da Confederação Nacional do Comércio (CNC), ocorridas no segundo semestre de 2018. O presidente da CNC, José Roberto Tadros, demonstrou, por meio da sua assessoria jurídica, que o papel constitucional do TCU é o de controle externo, voltado à fiscalização da aplicação de recursos federais. Ou seja, “fiscalizar eleições não é objeto de análise do TCU”, conforme definido pelos ministros na decisão.
Derrota de Adelmir/ O recurso ao TCU havia sido apresentado pelo ex-senador Adelmir Santana, que perdeu as eleições da CNC, em 2018, para Tadros, pelo placar de 24 a 4. Santana ingressou, primeiramente, na Justiça do Trabalho, com oito reclamações, entre mandado de segurança, recursos de agravos, recursos ordinários e de revista, tentando barrar a realização das eleições, sem sucesso. O recurso ao TCU foi visto no meio jurídico como uso indevido do tribunal. A Corte não tem como finalidade anular eleições sindicais. O caso deixou uma lição: quem quiser vencer, que seja no voto.
Me inclua fora dessa/ Na live desta semana, o presidente tratou de se afastar das derrotas de candidatos alinhados ao governo, ao dizer que conversou com candidatos e não passou de 20. Como está sem partido, não tinha prefeitos. Logo, “não ganhou, nem perdeu”.
Por falar em ganhar…/ Mesmo quem não gosta do governador de São Paulo, João Doria, no campo da política, tem dito entre quatro paredes que é graças aos movimentos dele que o governo federal acabou entrando na corrida pela vacina e tentando antecipar seu calendário. Esse mérito já está no currículo do governador paulista. Se a vacina der certo, esse gesto não será esquecido.
Bolsonaro manterá distância de Lira após notícia sobre “rachadinha”
Coluna Brasília-DF
Diante das notícias que envolvem o deputado Arthur Lira (PP-AL) em rachadinhas (desvio de salários de servidores), na Assembleia estadual de Alagoas, o mínimo que os pepistas vão cobrar do governo é o benefício da dúvida que é dado ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente jair Bolsonaro.
Aliados de Lira dizem que o deputado já andou muito em sua pré-campanha para recuar agora, quando começa o jogo. Se desistir, sairá com cara de derrotado e condenado. A tendência de Bolsonaro, porém, é manter uma distância regulamentar.
Afinal, se Lira perder musculatura por causa das denúncias, o presidente sempre poderá dizer que não se envolveu diretamente na eleição congressual. No entorno dele, há quem diga que, desde que Rodrigo Maia (DEM-RJ) não saia vitorioso, está tudo certo para o governo. Se, no caso de Flávio, que é filho, Bolsonaro tenta manter uma certa distância, imagine com Lira, com quem apenas tem uma relação política.
Um nó para o Planalto
Há quem diga que o governo entrou cedo demais na candidatura de Lira a presidente da Câmara. Assim, se o DEM sacar mesmo a candidatura de Fernando Coelho Filho (PE), Bolsonaro estará numa saia justa. Fernando é filho do líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), e já foi ministro de Minas e Energia no governo Michel Temer.
Olha o nível
A forma como os deputados estão conduzindo a disputa para presidente da Câmara indica que será na linha do voto para derrotar o candidato A ou B, ou seus respectivos padrinhos, e não voto em favor de B ou A.
Vacina, o embate da hora
Bolsonaro e João Doria vão entrar no ano pré-eleitoral de 2021 numa guerra em torno da vacina contra covid-19, e as apostas são as de que os dois correm o risco de perder. O presidente, por causa da resistência ao imunizante. O governador, devido aos anúncios de vacinação em massa que ainda não está assegurada do ponto de vista técnico-científico.
Por falar em vacina…
A aprovação dos R$ 2 bilhões para vacinas contra a covid-19 no Congresso deixa deputados e senadores prontos para chamar o governo de incompetente, se a vacinação não funcionar a contento. Afinal, não vai poder dizer que foi por falta de autorização do Parlamento.
“Deputérica” é a &#@*?/ Se a sessão fosse presencial, com casa cheia, o deputado Bibo Nunes (PSL-RS) não conseguiria deixar o plenário da Câmara, ontem, depois de chamar as deputadas de “histéricas” e se vangloriar de criar o neologismo “deputéricas”. Algumas esperaram Nunes na saída do plenário, pois não sabiam que o discurso tinha sido feito por videoconferência.
Por falar em videoconferência…/ A última das excelências é fazer o pronunciamento de dentro do carro. Capitão Wagner (Pros-CE), por exemplo, parou o veículo num acostamento, na hora em que chegou a vez de falar. Um jovem, no banco de trás do carro, tratou de se esconder quando percebeu que aparecia no vídeo.
Etanol, a nova fronteira I/ Com o ESG (sigla em inglês para meio-ambiente, inclusão social e governança) cada vez mais forte no mundo, o etanol surge como uma saída mais prática para a questão energética no país, muito mais do que os carros elétricos europeus.
Etanol, a nova fronteira II/ “Na Europa, os carros elétricos pretendem levar a uma emissão de 62 gramas de CO2 por quilômetro rodado, enquanto o etanol está abaixo de 60 gramas, com 56 por quilômetro rodado” diz Evandro Guzzi, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Única), que hoje estará no CB.Agro, 13h15, na TV Brasília e nas redes sociais do Correio.
”Judicialização” de algumas questões continua sendo desafio de Fux à frente do STF
Coluna Brasília-DF
A bola desta reta final de 2020 está nos pés do Supremo Tribunal Federal, que decide desde datas de realização de concursos para adventistas do Sétimo Dia até a questão das vacinas, passando ainda pela preservação de restingas e manguezais e, de quebra, a eleição para os comandos da Câmara e do Senado. Isso mostra que o novo presidente do STF, Luiz Fux, não conseguiu colocar em prática o que pregou em sua posse — evitar a judicialização — e nem conseguirá no futuro. O único tema que caminha para que o STF abra mão de meter a sua colher é o da candidatura à reeleição nas duas Casas do Congresso. Como não há candidaturas oficiais, a tendência na Suprema Corte, hoje, é considerar o tema “interna corporis”, ou seja, de decisão pelo próprio Parlamento.
Vale lembrar que, em seu discurso de posse, Fux afirmou que “alguns grupos de poder não desejam arcar com as consequências de suas próprias decisões e acabam por permitir a transferência voluntária e prematura de conflitos de natureza política para o Poder Judiciário”, temas que, na avaliação do presidente do STF, deveriam ser debatidos em outras áreas. Ele alertou que isso leva o STF a um “protagonismo deletério, corroendo a credibilidade dos tribunais quando decidem questões permeadas por desacordos morais que deveriam ter sido decididos no Parlamento”.
Em tempo: antes da Lava-Jato e do mensalão, dizia-se, em Brasília, que tudo acabava “em pizza”. Agora, tudo acaba “em Supremo”.
Custo & benefício
Ao não prestar depoimento presencial aos procuradores no caso da denúncia de interferência na Polícia Federal, Jair Bolsonaro optou por se preservar. Afinal, um depoimento frente a frente com os investigadores poderia ter a presença de Sergio Moro, criando um palanque para um potencial adversário futuro. De quebra, o genioso presidente correria o risco de cair em alguma provocação.
Muito além do Amapá I
O governo federal teme que o apagão prolongado no Amapá fique pequeno perto de outros problemas energéticos que está tentando evitar. O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT) deve retomar, nas próximas semanas, um julgamento que pode determinar à Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) o pagamento de R$ 600 milhões a uma empresa do Rio Grande do Norte que se diz prejudicada pelo atraso na entrega de uma linha de transmissão.
Muito além do Amapá II
A Advocacia-Geral da União (AGU) tem procurado os desembargadores para explicar que o valor é exorbitante, o dobro da concessão que a Chesf ganhou (de R$ 300 milhões em 30 anos) e que a despesa, se efetivada, fará com que toda a região Nordeste corra o risco de sofrer com apagão. A defesa da distribuidora alega que a outra empresa concordou, por escrito, com o atraso da obra e que não sofreu o prejuízo alegado.
Eduardo nas mãos de Maia
Apresentado o pedido para que Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) seja afastado da presidência da Comissão de Relações Exteriores, conforme antecipou o Blog da Denise, no site do Correio Braziliense, agora só falta Rodrigo Maia (DEM-RJ) colocar para votar no plenário da Casa. Os autores, Perpétua Almeida (PCdoB-AC), Daniel Almeida (PCdoB-BA) e Fausto Pinato (PP-SP), têm recebido inúmeros telefonemas com pedidos para subscrever o requerimento.
A vez da monarquia/ Na hipótese de a Câmara aprovar o pedido dos deputados para que Eduardo Bolsonaro seja afastado da presidência da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, quem assume é o vice-presidente, Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP).
Preventivo/ Certo de que a vitória de Bruno Covas ou Guilherme Boulos, no domingo, não lhe trará qualquer dividendo eleitoral, Bolsonaro promete não descuidar de São Paulo no próximo ano. Afinal, dizem seus aliados, não dá para descuidar do estado apontado como “celeiro de votos”.
Três vértices/ A avaliação dos bolsonaristas é a de que a velha polarização Bolsonaro x PT, que ganhou corpo em 2018, não servirá para 2022. Agora, há novos atores como Boulos, em São Paulo, que dividirão a ribalta da esquerda com o PT de Lula, o PDT de Ciro Gomes (foto) e, ainda, o PSB.
Por falar em PSB.../ A ida do ex-governador, ex-ministro e ex-deputado Ciro Gomes a Recife, esta semana, em apoio a João Campos, representou mais um lance rumo a 2022. Com PSB e PDT coligados na capital pernambucana, a visita de Ciro é lida como mais um gesto de afastamento do PT.
Coluna Brasília-DF, por Carlos Alexandre de Souza (interino)
O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luiz Fux, está incomodado com o “uso epidêmico do Supremo para resolver todos os problemas”. Com 40 anos dedicados à magistratura, Fux considera que a instância máxima da Justiça brasileira se ocupa demasiadamente de questões que deveriam ser dirimidas por outros poderes. “O Supremo não pode intervir na política. A política é necessária, e em um Estado democrático de direito a instância maior é o Parlamento”, defendeu o ministro, durante live promovida ontem. Não faltam exemplos, nas duas maiores democracias da América, de episódios que exigem um posicionamento do Poder Judiciário, com naturais desdobramentos políticos. Interferência do Planalto na Polícia Federal e obrigatoriedade da vacina são alguns dos temas judicializados no Brasil, com forte desgaste entre o chefe do Executivo e integrantes do Supremo. Nos Estados Unidos, apesar da vitória anunciada de Joe Biden, o presidente Donald Trump insiste em recorrer aos tribunais para denunciar fraude nas eleições. A judicialização política, chamada de “moléstia” por Fux, parece disseminada. A saída, para o presidente do STF, é o resgate da política como arte do entendimento.
Estresse democrático
A excessiva participação do Judiciário, motivo de queixa de Fux, pode ser efeito do estresse enfrentado pelas democracias neste primeiro terço do século 21. Quando a luta partidária extrapola os limites republicanos; quando a eleição não representa a legítima vontade popular; quando os Poderes entram em conflito constitucional impõe-se a necessidade de recorrer ao Judiciário, guardião da lei.
Campo minado
Enquanto o Judiciário reclama do peso político que se acumula sobre a toga, o Legislativo aumenta a temperatura em Brasília. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não poderia ser mais claro na crítica à morosidade do governo em articular uma pauta de votação. “O Brasil vai explodir em janeiro, se as matérias não foram votadas. O dólar vai a R$ 7. A taxa de juros de longo prazo vai subir para um país que vai ter 100% da riqueza em dívida. Imagina, em vez de pagar os 4%, 5%, começar a pagar uma dívida de 15%, 20% ao ano?”
Futuro incerto
O alerta de Maia faz sentido. Faltam pouco mais de 45 dias para se encerrar o estado de calamidade, medida que suspendeu todas as amarras orçamentárias para o governo agir no enfrentamento da covid-19. O tempo está correndo, e não há sinal do que o governo pretende apresentar para questões urgentes, como teto de gastos, auxílio emergencial, desemprego recorde, reforma tributária.
No escuro
O retorno paulatino da energia elétrica no Amapá ganhou contornos políticos. Candidato a prefeito de Macapá, Josiel Alcolumbre rebate as acusações de que o rodízio estaria privilegiando bairros mais abastados, deixando a periferia no escuro. Davi Alcolumbre, presidente do Senado, saiu em defesa do irmão candidato. “Em vez de procurar culpados, nós estamos focados na solução, que é resolver o problema dos amapaenses”, disse.
Vote de máscara
Presidente do TSE, o ministro Luís Roberto Barroso repetiu uma recomendação que deveria ser inquestionável: no dia da votação, o eleitor deverá usar máscara. “Esta não é uma ordem do TSE, mas é uma orientação de quase todos os municípios brasileiros”, esclareceu Barroso. E completou: “No mundo civilizado, as pessoas cumprem as regras e respeitam as outras”. Data venia, excelentíssimo: há controvérsias.
Assinatura
Barroso lembrou, ainda, um detalhe, não menos importante: o eleitor deve levar a própria caneta para assinar o caderno de votação. Tudo para evitar o contágio do novo coronavírus.
Quebra dos acordos para presidir comissões da Câmara preocupa
Coluna Brasília-DF
A Comissão Mista de Orçamento promete se transformar num centro de tensão entre os partidos liderados pelo deputado Arthur Lira (PP-AL) e os demais, além de abrir um precedente grave na disputa pela presidência das comissões técnicas da Casa.
Até a noite de ontem, não havia um acordo que evitasse o voto a voto entre a deputada Flávia Arruda (PL-DF), candidata oficial do bloco capitaneado por Arthur Lira (PP-AL), e o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA).
A disputa no voto, se confirmada, deixará em aberto a perspectiva de disputa nas demais comissões. Aí, avaliam alguns, a Câmara dos Deputados promete virar um salve-se quem puder. E com o presidente da Casa em fim de mandato, o descontrole promete tomar conta.
Maia empoderado
O governo está ciente do problema que a briga pelas comissões técnicas pode gerar na condução de votações. Por isso, não quer ter Rodrigo Maia (DEM-RJ) enfraquecido a ponto de não conseguir mais colocar ordem na Casa.
Afinal, se quiser aprovar alguma coisa antes de janeiro, terá de ter uma boa convivência com todos os partidos, e não só com o Centrão.
Onde mora o perigo
A maior preocupação, hoje, do governo é chegar a dezembro sem o Renda Cidadã. Já está certo que, se não tiver condições de aprovação, o jeito será prorrogar o auxílio emergencial no início de 2021, algo que o governo resiste neste momento, até para forçar o Congresso a votar uma proposta.
Novo mutirão para salvar vacina
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já estuda meios de acelerar as votações dos indicados para as agências reguladoras. A de vigilância sanitária (Anvisa) vai ficar com dois diretores a partir desta semana, ou seja, sem quorum para aprovar nada. Ou o Congresso agiliza essas votações — e o governo as indicações que faltam — ou a aprovação da vacina da covid-19 ficará embarreirada.
Outros encontros virão
O café da manhã de ontem com a presença de Maia, no Alvorada, e o jantar entre o presidente da Câmara e o ministro da Economia, Paulo Guedes, foram apenas o início de uma relação que tem de se manter firme por mais alguns meses a fim de garantir o bom andamento da pauta.
Lei do gás e só
A depender dos palpites de 174 parlamentares ouvidos pela XP Investimentos, apenas a Lei do Gás tem alta chance de ter sua votação concluída, na Câmara e no Senado, este ano: 53% classificaram as chances como altas. Já a privatização da Eletrobras ficou em 12% em termos de alta chance de aprovação este ano. O Renda Cidadã, 32%.
Ali tá dominado/ O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) relaxou em relação ao seu mandato de senador. Sabe que, com o governo em fase de “paz e amor” com os congressistas, não terá problemas no Conselho de Ética.
Ali também/ O máximo que pode ocorrer é alguma provocação dos oposicionistas em plenário. Porém, com as sessões virtuais, esses ataques não têm tanta virulência quanto nas sessões presenciais.
Joice, a ecumênica/ Candidata a prefeita de São Paulo, a deputada Joice Hasselmann (PSL-SP) mencionou em sua propaganda eleitoral seus “irmãos em Cristo”. Há alguns meses, ao comparar o presidente Jair Bolsonaro a Adolf Hitler, disse que, enquanto “judia”, não compactuava com ditadores.
“Sambarilove”, Pix!/ Viralizou a resposta de Bolsonaro sobre o sistema Pix de pagamentos, que entrará em vigor no mês que vem. Sem saber do que se tratava, Bolsonaro falou da carteira de aviação, da área de infraestrutura, de Tarcísio de Freitas, e por aí foi. Lembrou o personagem da Escolinha do Professor Raimundo, Armando Volta. Que começava sua fala com um “somebody love” pronunciado assim: “sambarilove”.
Disputa pela Presidência da Câmara embola comissão de Orçamento
Deputados e senadores não conseguiram fechar um acordo para eleger o novo presidente da Comissão Mista de Orçamento (CMO) e no pano está a eleição para presidente da Câmara. Estava tudo certo, pelo menos, na visão do DEM do atual presidente da Casa, Rodrigo Maia, para que o presidente da CMO fosse o deputado Elmar Nascimento (DEM-BA).
Conforme antecipou a coluna Brasilia-DF há alguns meses, na versão impressa do Correio Braziliense, foi tudo por água abaixo porque o líder do PP, deputado Arthur Lira (AL, foto), pré-candidato a presidente da Câmara, não aceitou guindar um aliado de Maia ao comando da comissão considerada a mais importante da Casa desde que as emendas passaram a ser “impositivas, ou seja, de liberação obrigatória pelo Poder Executivo.
Lira, conforme avaliação dos deputados, “colocou fogo no parquinho” do acordo. Quer que o comando da CMO seja destinado a um partido mais afinado com ele e que pertença ao Centrão, que ainda é um grande grupamento na Casa. o DEM deixou o bloco há alguns meses, para ter uma posição e maior independência em relação ao comando de Arthur Lira. O MDB idem. No rol daqueles partidos que pleiteiam o comando da CMO estão o PSD e o PL, do deputado Wellington Roberto.
Maia é visto pelos aliados de Arthur Lira como alguém que hoje é adversário de Arthur Lira na disputa pela Presidência da Câmara. O PP desconfia que há um acordo discreto entre DEM e MDB para fazer do presidente do MDB, Baleia Rossi, presidente da Casa em fevereiro de 2021 e isso tem incomodado os aliados de Arthur Lira. Lá atras, o senador Ciro Nogueira dizia ter um acordo para que seu partido assumisse a presidência da Câmara em 2021. Em entrevista ao programa Roda Viva no inicio de agosto, Rodrigo Maia disse com todas as letras que não havia esse acordo.
Agora, sem acordo, Lira tenta mostrar seu poder de fogo. Com a instalação adiada, os partidos tentarão chegar a um acordo até terça-feira. Nunca antes a instalação da CMO embolou por causa da eleição para presidente da Casa. É mais um teste para averiguar a capacidade de diálogo dos partidos em tempos de pandemia e de necessidade de reformas polêmicas e um governo que insiste em colocar a culpa de todas as mazelas nos outros.