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Bolsonaro ignorou texto de paz institucional durante discurso de posse do novo ministro
Coluna Brasília-DF
A presença dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, na posse do novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, foram previamente acertadas para demonstrar todo um esforço dos Poderes em superar a crise política. O discurso do presidente Jair Bolsonaro, entretanto, saiu um pouco do script, mas ficou no limite do que havia sido combinado.
Entre assessores, havia a expectativa de que ele lesse o texto enfático em prol da paz institucional, escrito a várias mãos. Bolsonaro, porém, optou por falar de improviso, pinçando parte do que havia sido produzido em conjunto com alguns trechos que ele colocou. Por exemplo: discordar de certos aspectos da Constituição e, de quebra, dizer que o povo manda nas instituições. No STF, o norte é a Constituição. É bom todos irem se acostumando.
Distanciamento urgente
Bolsonaro defendeu os parlamentares que o apoiam e estão sob suspeita de financiar movimentos radicais. Mas seus aliados são unânimes em afirmar que ele não fará qualquer gesto de apoio a Sara Giromini (vulgo Sara Winter) e à trupe intervencionista. Há quem diga, inclusive, que o grupo 300 do Brasil não pode nem sequer ser chamado mais de “bolsonarista”.
Weintraub na porta de saída…
… E o Centrão forçando a porta de entrada. O presidente só não demitiu ainda o ministro da Educação, Abraham Weintraub, porque procura um substituto. Os partidos sonham com mais um parlamentar no primeiro escalão, mas os integrantes do “bolsonarismo raiz” consideram que a área é estratégica e precisa de alguém da ala ideológica.
A hora do Parlamento
A continuidade do inquérito das fake news serve de motor para que o Parlamento tente buscar um consenso dentro da lei de combate a esse tipo de postagem nas redes sociais. Até aqui, a polêmica é grande, mas a tendência é aprovar uma lei nesse sentido, antes de aberta a temporada de campanhas municipais.
Para não dizer que não falaram de flores
O slogan do Plano Safra deste ano chamou a atenção: “O florescer de uma nova colheita”. É ali que o governo jogará a maioria das fichas para tentar se afastar da crise econômica e, com isso, amenizar o clima político. A chave do sucesso, avaliam alguns, está no agro.
Argumentos fortes/ O voto do ministro Alexandre de Moraes, citando mensagens que incitam o estupro e o assassinato de parentes de ministros, foi visto como o mais forte no sentido de criar convicção sobre a necessidade de manutenção do inquérito das fake news.
Aldo x Olavo I/ Aldo Rebelo, que já comandou vários ministérios, inclusive o da Defesa, decidiu responder aos ataques que recebeu do escritor Olavo de Carvalho, que o chamou de antipatriota. Os dois se conhecem desde 2000 e já travaram debates respeitosos no passado, a ponto de Aldo ter recebido de Olavo um livro de Schoppenhauer, Como vencer um debate sem precisar ter razão. A dura fala termina assim: “Patriota de falsa bandeira, trabalha para dividir o Brasil. Você não engana ninguém, Olavo. Respeite os patriotas que ficaram no Brasil”.
Aldo x Olavo II/ “Por reciprocidade. Vou pôr em dúvida o patriotismo de Olavo. Quero saber o que um patriota faz na Virgínia, há 15 anos, quando o Brasil passa por dificuldades. Quero saber quem sustenta, a que interesses ele serve”, diz Aldo, perguntando em vídeo onde estava o professor, quando o país debatia lei de biossegurança, código florestal, base de Alcântara… “Você não fez um pio, ficou calado. Você estava aí, na Virgínia, guardado, protegido e protegendo interesses que não eram os do Brasil”.
Procuradores por Bia/ Procuradores do Distrito Federal divulgaram nota de apoio e solidariedade à deputada Bia Kicis (PSL-DF). Ao final, mandam um recado aos responsáveis pelo inquérito. Dizem que esperam uma investigação feita de forma transparente, “observando os estritos limites da legislação e respeitando o contraditório e a ampla defesa”.
Governo destina R$ 236,3 bilhões para o plano safra e juros bem mais baixos
Num período de tantas incertezas, o governo decidiu apostar no setor que hoje representa a maior esperança do país para sair da crise econômica que veio no rastro da pandemia de covil-19. O Plano safra 2020/2021, a ser lançado daqui a pouco no Palácio do Planalto, destinará um total de R$ 236,3 bilhões. São R$ 13,5 bilhões acima do que foi investido em 2019, uma correção em torno 6% de aumento, quase três vezes a inflação do período. Serão R$ 179,38 bi para custeio e outros R$ 56,9 bi para investimentos, um aumento de cerca de 29%. Os juros caem para todas as faixas, chegando ao máximo a 6% ao ano.
A queda dos juros será maior para os pequenos produtores. Dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), os juros vão variar de 2,75% por cento ao ano até 4%. Atualmente, o valor mais baixo estava no patamar de 4,6%. A redução dos juros alcançará os médios e grandes produtores, com valores menores do que os atuais 8%. O plano terá ainda os olhos voltados à sustentabilidade com recursos para investimentos em bioinsumos e agricultura e pecuária de baixo carbono. Os detalhes do Plano serão conhecidos hoje, 16h30, em solenidade no Palácio do Planalto, comandada pelo presidente Jair Bolsonaro.
A posse que marcou a chegada do deputado Fábio Faria (PSD-RN) no cargo de ministro das Comunicações teve a simbologia de parecer mais uma tentativa de buscar harmonia entre os três Poderes, em especial, pela presença do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que há tempos não comparecia a eventos desse tipo. “É hora de deixarmos as diferenças ideológicas de lado e unir esforços para derrotar o vírus que já ceifou milhares de vidas. É hora de pacificar o país”, disse o novo ministro, pregando o que chamou de “armistício patriótico”. O presidente Jair Bolsonaro falou pouco na posse, porém, deixou claro o que pensa: “Não são as instituições que dizem o que o povo deve fazer. É o povo que diz o que as instituições devem fazer” e ponderou que, “em que pese até não concordar com alguns artigos da Constituição, é compromisso de todos nós honrá-la e respeitá-la para o bem comum. Respeitando cada artigo da nossa Constituição atingiremos o bem comum”, afirmou o presidente.
Num cenário em que todos usavam máscara de proteção, lembrando que o país vive uma trágica pandemia causada pelo novo coronavírus, a presença de Maia e dos presidente do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli, e do Tribunal Superior de Justiça (STJ), João Otávio Noronha, era o recado de que os Poderes buscam a paz e que há atitudes politicas em curso nesse sentido. Porém, ainda não há certeza de que essa paz virá, tirando toda a tensão que não esteja diretamente relacionada à pandemia de covil-19. A ideia é a de que a colocação de limites para o inquérito das fake news, em votação hoje no STF, ajude a distensionar o ambiente.
O novo ministro das Comunicações, Fábio Faria, citou a necessidade de armistício patriótico, logo depois de citou os efeitos da pandemia, que “transformou as visitas pessoais e as comunicações”. Mencionou as aulas online, trabalho em home office, a telemedicina ampliada. “É prioritário fazer o processo de inclusão digital andar a passos largos. Ainda há uma grande parcela da população sem acesso a internet, milhões de crianças que não têm como acompanhar as aulas online e adultos sem ter como trabalhar remotamente.
Já Marcos Pontes, que agora cuidará apenas da Ciência e Tecnologia, deu um alento a todos a falar das pesquisas sobre a vacina para a Covid-19. Na plateia da posse, a esperança é a de que, além da vacina, venha a paz na seara política. Porém, essa paz hoje parece mais distante do que a sonhada vacina.
Operação contra aliados pode ser usada para Bolsonaro negar que há interferência na PF
Coluna Brasília-DF
Até aqui, muita das reclamações dos deputados sobre o inquérito das fake news era de que não havia a participação da Procuradoria Geral da República. Esse argumento caiu por terra com a Operação Lume, dentro do inquérito dos atos antidemocráticos que pregam o fechamento dos Poderes Legislativo e Judiciário. Nela, tudo foi feito a pedido do Ministério Público, inclusive a quebra de sigilo dos parlamentares.
Reclamações dos deputados à parte, aliados do Palácio do Planalto querem transformar o limão em limonada. Tratam a ação como mais uma prova de que a troca na Polícia Federal não resultou em interferência nos trabalhos dos policiais — isso porque o presidente Jair Bolsonaro não foi informado com antecedência da Lume, que constrange justamente os aliados e o vice-presidente do Aliança pelo Brasil, Luís Felipe Belmonte. O que fez mal para alguns, pode ser a senha para que Bolsonaro se defenda no processo de interferência da PF.
Mantenha distância
Ainda que o partido tenha os líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho, e o do Congresso, senador Eduardo Gomes, o MDB não embarcará com os dois pés no governo. Por isso, desde que Osmar Terra foi cogitado para assumir o Ministério da Saúde, o partido avisou que não seria da sua lavra. A ordem é ficar independente para atuar como achar melhor.
Muito além dos inquéritos
O presidente Jair Bolsonaro foi aconselhado a aproveitar as solenidades de hoje para detalhar o trabalho do governo e mostrar que tem projeto. O ponto alto, sob o aspecto econômico, será o lançamento do Plano Safra. Se fizer um discurso raivoso por causa das investigações em curso contra seus apoiadores, jogará na tensão e não na recuperação da economia, que le tanto prega.
Muito além de 300
O foco, segundo apoiadores, tem que ser agora no sentido de ampliar a convicção do mercado de que o governo tem condições de liderar a retomada quando a pandemia passar. Até aqui, a percepção geral é a de que o Executivo central não soube administrar a crise de saúde pública. Se a população perder a percepção de que o governo administra a economia, será difícil manter apoio. Nesse caso, há quem diga que, se sobrar o grupo dos 300, será muito.
A outra eleição
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, começa esta semana a sentir o pulso dos líderes em relação à disputa pela sua sucessão. Por enquanto, é só aquela conversinha despretensiosa mesmo.
Vem pressão/ Os partidos começam a cogitar o adiamento das convenções partidárias para escolha de candidatos, que podem ocorrer entre 20 de julho e 10 de agosto. Especialmente no interior do país, essas reuniões, dizem os políticos, só funcionam olho no olho.
Por falar em eleição…/ Na segunda edição do projeto “Folheando a Memória: ex-presidentes e a Democracia Brasileira”, a Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político ouviu do ex-presidente Fernando Collor que “prorrogação e unificação de mandatos são um atentado ao processo democrático”. Collor foi enfático: “Trata-se de um arranjo que se fazia no passado para satisfazer os objetivos políticos de detentores do poder à época, mas isso é inconstitucional”.
Tensão aérea/ Quem é obrigado a viajar está muito preocupado com voos lotados, sem o respeito às regras de distanciamento social. Quem já teve covid-19 segue tranquilo, mas quem não teve ou não sabe se teve, viaja preocupado.
Pensando bem…/ O 300 pelo Brasil conseguiu quebrar o velho ditado de que não se briga com quem veste saias, mulher, bispo e juiz. Com os juízes, eles brigam há algum tempo. Agora, foi a vez da Igreja católica, ao ameaçar Dom Marcony.
Coluna Brasília-DF
A chuva de fogos em tom de ameaça ao Supremo Tribunal Federal foi o limite para que quem tem juízo no governo tivesse sucesso ao pedir para o presidente Jair Bolsonaro manter alguma distância de grupos radicais. Por isso, ele não participou da manifestação do último domingo, aquela que resultou na multa a Abraham Weintraub por sair sem máscara.
De quebra, ainda deu um puxão de orelhas a Weintraub durante entrevista à BandNews. Esses sinais foram considerados um pedido de trégua por parte do Poder Executivo e tentativa de distensionar o ambiente político.
Só tem um probleminha: se o presidente quiser mesmo demonstrar que não apoia e nem concorda com grupos radicais, terá que continuar nesse caminho de distanciamento social dos apoiadores que pregam o fechamento das instituições.
Até aqui, os gestos do governo são, ora a favor do diálogo democrático, ora jogando no tensionamento. O “modo distensão”, dizem aliados, precisa virar uma constante a fim de evitar que os grupos radicais sejam totalmente colados à imagem presidencial.
Onde mora o perigo
O receio de quem tem juízo no governo é que as investigações que levaram à prisão bolsonaristas radicais cheguem a financiadores muito próximos ao presidente. Isso é o que mais preocupa sob o ponto de vista político.
Auxílio da discórdia
Os parlamentares não engoliram até hoje o fato de o presidente Jair Bolsonaro ter jogado para faturar sozinho a concessão do auxílio de R$ 600 quando começou a pandemia. Naquele período, a proposta inicial do governo era de R$ 200. Por isso, agora, será difícil convencer o Parlamento de que o valor sugerido será o que, realmente, o Executivo estará em condições de pagar.
Depois de Sara “Winter” Giromini…/ Silas Malafaia gravou um vídeo no Facebook acusando o Supremo Tribunal Federal de querer dar um golpe no país ao promover o inquérito das fake news sem a participação do Ministério Público Federal. “Quem está promovendo golpe é o STF”, diz, classificando o inquérito como “imoral, ilegal e aberração jurídica” em que os ministros são “vítimas, promotores, fazem as
diligências e julgam”.
… o pastor ataca/ Silas Malafaia chama o ministro Alexandre de Moraes de “tirano e ditador” por “promover um inquérito de perseguição ao presidente Bolsonaro”. Em tempo: os aliados do presidente concordam com quase tudo o que Malafaia disse.
Ibaneis na roda/ O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, entrou no radar do MDB como um nome para ser candidato a presidente da República. “O MDB sempre quis ter candidato próprio, tanto é que tivemos o Henrique Meirelles (em 2018). Não dá para fazer futurologia, mas temos bons nomes. E o Ibaneis está se destacando”, diz o presidente do partido, deputado Baleia Rossi, ao blog da Denise.
Enquanto isso, no DEM…/ O ex-ministro Luiz Henrique Mandetta roda o Brasil em lives e entrevistas. Agora, lembra ao presidente Jair Bolsonaro que os médicos não vão se esquecer da recomendação presidencial de filmar hospitais. “É tacanho, é pequeno, é desrespeito com os médicos e enfermeiros”, disse.
Bolsonaro recua em medidas para não perder eleitorado ainda fechado com ele
Coluna Brasília-DF
Diante das críticas que começou a receber dos próprios aliados, e da queda de popularidade, o governo pisou no freio a fim de tentar retomar o ativo que mantém 30% do eleitorado fechado com o presidente Jair Bolsonaro: confiança. É quase um consenso na classe política, inclusive entre os fiéis escudeiros do governo, que o presidente não conseguiu acertar o passo na pandemia até este momento, e que isso tem corroído apoios entre a população.
Nas últimas 48 horas, foram três recuos. Primeiro, a divulgação dos números totais de casos da covid-19 registrados e de mortos –– algo que o governo informou nos bastidores, tão logo descobriu que o relator da ação sobre o tema, no Supremo Tribunal Federal, seria o ministro Alexandre Moraes. Depois, veio o retorno de R$ 83 milhões ao Bolsa Família. Por último, a reunião ministerial com transmissão direta pelo canal do YouTube da TV Brasil –– formato que Bolsonaro tinha dito que não faria mais, desde que o vídeo do encontro de 22 de abril foi aberto e o governo, mais uma vez, ficou na defensiva.
Até aqui, essas três iniciativas ajudaram a distensionar o ambiente político. A intenção é tentar reforçar o volume em favor do presidente para dar discurso a seus apoiadores nas redes e nas ruas. Aliados torcem para que a distensão “seja infinita enquanto dure”.
Pior impossível
Foi por água abaixo a intenção do governo de liquidar, esta semana, o julgamento da chapa Jair Bolsonaro-Hamilton Mourão, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Além do placar de 3 a 2 a favor de novas investigações, quem pediu vistas foi justamente o ministro Alexandre de Moraes, guardião das informações a respeito do inquérito das fake news, no STF.
Quem com ferro fere…
A criação do Renda Brasil, anunciado por Paulo Guedes como o carro-chefe dos programas sociais do governo no pós-pandemia, será com um banho de loja no Bolsa Família, criado por Lula, e o ponto que falta para dar a Bolsonaro um discurso de atenção aos mais pobres. A ideia é, até o final do ano, tirar do mapa o nome Bolsa Família, marca das administrações petistas.
… com ferro será ferido
O plano do governo, de incluir no Renda Brasil os 38 milhões de “invisíveis” descobertos com a criação do auxílio emergencial, nesses tempos de pandemia, é usar a mesma ferramenta que os petistas lançaram. Dar uma repaginada, juntar programas e, assim, tirar de cena o governo anterior. Na época de Fernando Henrique Cardoso, era Bolsa Escola, na Educação; Vale Nutrição, na Saúde; e Vale Gás, em Minas e Energia.
Barulho geral/ O ministro do Tribunal Superior Eleitoral Sérgio Banhos precisou interromper por alguns minutos a leitura de um parecer, por causa dos fogos que adversários do presidente soltaram em frente ao TSE, por causa do julgamento da chapa Bolsonaro-Mourão. Os demais ministros simplesmente não conseguiam ouvi-lo na videoconferência. “São 20 pessoas, mas parece um réveillon no Rio de Janeiro!”, comentou o presidente Luís Roberto Barroso.
Ali, parece que o pior já passou/ Pelo menos no universo digital, a pandemia causada pelo novo coronavírus perdeu força. Há uma desaceleração na produção de conteúdos nas redes sociais, nos sites de mídia e nas buscas do Google, conforme levantamento da consultoria Bytes.
Só tem um probleminha/ Com o número de casos e de mortes em alta, o desinteresse vem cedo demais.
Bier Fass/ Mais um efeito colateral da pandemia na história de Brasília. O restaurante Bier Fass, do Gilberto Salomão, no Lago Sul, fechou as portas. Segundo os tradicionais frequentadores, é o único imóvel do centro comercial que não estava alugado a terceiros.
Na reunião ministerial, governo tentará mostrar que não perdeu a confiança na recuperação
Coluna Brasília-DF
Depois de o Banco Mundial projetar, ontem, uma queda de 8% no Produto Interno Bruto do Brasil para este ano, o governo fará, hoje, uma reunião ministerial para tentar mostrar que não perdeu a confiança na recuperação. O ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, por exemplo, levará para o encontro o balanço da execução de R$ 3 bilhões em obras de rodovias, ferrovias e terminais portuários em plena pandemia, entre janeiro e maio deste ano. Valores superiores aos registrados no mesmo período do ano passado, no início do governo. O valor pode ser, inclusive, maior, porque esse montante se refere apenas ao que foi feito com o Orçamento da União. Além disso, recentemente, foi assinado o contrato para a execução da malha paulista no setor de ferrovia.
Em tempo: as entregas nessa área de infraestrutura não vão fazer de Tarcísio candidato a presidente, tampouco a governador, conforme alguns políticos comentam por aí. “Não vou me meter em política, não serei candidato a nada, nem filiado a partido político eu sou, nem serei. O que me dá satisfação profissional é o trabalho técnico”, diz.
Reunião contraponto
Sob o ponto de vista político, a reunião ministerial de hoje vem sob encomenda para o presidente Jair Bolsonaro tentar desfazer a imagem deixada por aquela de 22 de abril, marcada por palavrões e comentários de ministros que renderam, inclusive, ações na Justiça e do Ministério Público Federal.
Estamos trabalhando
No Palácio do Planalto, a expectativa é de que cada área apresente o que está sendo feito neste período de pandemia, de forma a tirar o governo do noticiário negativo em relação às mudanças na forma de divulgação do número de casos.
Me dê motivo
Aliás, a avaliação palaciana é de que essa mudança na divulgação dos dados da covid-19 no país só fez reforçar os adversários do presidente e a visão de que ele é autoritário no trato da gestão pública. Nos próximos dias, vão tentar alterar essa imagem. Resta saber se Bolsonaro conseguirá manter a fleuma e fugir de provocações.
O gerenciador de crises
Da parte da oposição, a ordem é tentar colar na testa do presidente que ele não está governando e apenas administrando as crises que envolvem seus filhos e aliados, inclusive as que o próprio Bolsonaro provoca. Uma das últimas foi a relacionada aos números de casos e mortes por covid-19, que gerou incômodos até dentro do próprio governo.
Estamos todos bem/ Assessores que acompanharam o presidente Jair Bolsonaro, no fim de semaa, quando ele foi cumprimentar as pessoas numa blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), contabilizaram uma interação positiva por parte da população. Apenas uma das pessoas que interagiu gritou palavras de ordem contra a comitiva presidencial.
Patamar seguro/ A avaliação dos assessores é de que, enquanto Bolsonaro mantiver o apoio de 30% da população, não haverá movimentos mais contundentes para tentar derrubá-lo.
Segura a onda/ O ato virtual em defesa da democracia é um aviso ao presidente Jair Bolsonaro de que é preciso que ele lidere e baixe a bola de seus apoiadores no quesito ameaças aos poderes constituídos e às ações democráticas.
Bia versus Joyce/ Quando o Congresso voltar às sessões presenciais, será preciso escalonar a presença em plenário e manter distantes as deputadas Joyce Hasselmann (PSL-SP) e Bia Kicis, do PSL-DF. Bia é vista por Joyce como uma das principais adversárias no Parlamento.
Muito além das convenções/ Comemorada por especialistas, a implementação de convenções partidárias virtuais para a escolha de candidatos para a eleição deste ano, aprovada pelo TSE, é vista como um primeiro passo para se avançar no uso de tecnologias no pleito em meio à pandemia. Lara Ferreira, da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político (Abradep), considera que os próximos passos incluem a adaptação das regras de alguns atos de campanha que envolvem aglomerações, como carreatas e comícios, aos protocolos de segurança e higiene da pandemia, como o uso de máscaras, limitação de pessoas e distanciamento mínimo.
Partidos de esquerda temem que haja infiltrados em movimentos contrários ao Planalto
Coluna Brasília-DF
As frases do presidente Jair Bolsonaro na live de ontem, ao apelar para que seus apoiadores não compareçam a manifestações, deixaram integrantes de partidos de esquerda com receio de infiltrados para desacreditar os movimentos contrários ao Planalto. O presidente chamou os manifestantes de “marginais” e temperou o discurso com declarações do tipo “nós respeitamos as leis; eles, não”, “a história nos diz que vão de preto, com soco inglês, punhal, barra de ferro, coquetel molotov”.
Assim, não
Por causa das medidas de isolamento social e desse receio de infiltração no movimento, o presidente do PSB, Carlos Siqueira, tirou seu time de campo: “A realização de manifestações pacíficas de rua, com o objetivo de salvaguardar a democracia, oferece também uma oportunidade única para a infiltração de grupos completamente estranhos a esse propósito. Esses grupos, seguramente, buscarão criar as condições tanto para a repressão desproporcional aos movimentos quanto para uma reação governamental que pode implicar uso de medidas de exceção, que este governo autoritário demonstra ser de seu interesse”, diz. O momento é de manter as manifestações virtuais.
Veja bem
Até aqui, os aliados do presidente Jair Bolsonaro fizeram atos por sete domingos consecutivos, em plena pandemia, o que foi motivo de críticas por todos os partidos de oposição. Não dá para criticar o desrespeito às normas de prevenção ao coronavírus por parte dos governistas e fazer o mesmo, avaliam muitos.
Compasso de espera
A avaliação geral na política é de que, enquanto não houver um desfecho das investigações em curso no Supremo Tribunal Federal, melhor evitar movimentos de rua contra o governo. Será o tempo ainda de avaliar se haverá redução do ritmo de transmissão da covid-19 nos principais centros urbanos, onde as manifestações são mais expressivas.
Disputa interna do Centrão pode dificultar as coisas para Bolsonaro
Coluna Brasília-DF
A disputa interna entre os partidos do bloco apelidado de Centrão terá mais um ingrediente para o presidente Jair Bolsonaro administrar. Em conversas reservadas, os integrantes do PP e do PL reclamam que o MDB se diz avesso ao fisiologismo, mas indica pessoas para o governo tal e qual os partidos mais alinhados do grupo.
Estão nesse rol o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), a Secretaria Nacional de Habitação, entre outros. PP e PL, entretanto, continuarão fiéis ao presidente nas votações de interesse do Poder Executivo. A confusão, porém, deve crescer a hora em que chegar o momento de indicar o futuro presidente da Câmara.
A contar pelo que disse o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) numa videoconferência do Movimento de Direita, conforme divulgou a coluna, a ideia do governo é participar da eleição para o sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ). Nesse caso, tanto o MDB quanto o PP pleiteiam a vaga.
Se Bolsonaro entrar nessa disputa com o pé esquerdo, suas dificuldades tendem a crescer. Afinal, a contar pelo que diz diariamente Maia, não haverá processo de impeachment até o final deste ano. Agora, depois, esse tema estará nas mãos daquele que o suceder. E quem vencer sem a ajuda do Planalto, se sentirá desobrigado de qualquer gesto em prol do governo.
Distensionar, a palavra de ordem
A posse do ministro Alexandre Moraes, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e o arquivamento, por parte do ministro Celso de Mello, do pedido da oposição para apreensão do celular presidencial, serviram de mote para a reaproximação de Bolsonaro com o Supremo Tribunal Federal.
Foco no Judiciário
A avaliação dentro do próprio governo é que o ponto mais frágil para o presidente, hoje, é o Eleitoral e o Supremo. É nessas instâncias que é preciso retomar o diálogo e, de quebra, evitar manifestações como as do último domingo, com ataques diretos ao STF. Afinal, outros presidentes tiveram problemas com o Supremo e não apoiaram movimentos com ameaças à vida de ministros.
Vai quem quer
O Congresso planeja retomar as sessões presenciais em 15 de junho. A presença não será obrigatória e caberá aos partidos definirem o revezamento para que o plenário não fique cheio. Idosos e portadores de comorbidades estão dispensados, inclusive, desse rodízio. Com a situação política instável, a avaliação dos líderes é a de que não é possível adiar por mais tempo as sessões presenciais. Falta apenas definir como será feito o acesso aos plenários, se será com checagem de temperatura corporal nas portarias.
Reajuste de pedágio também preocupa
O presidente da Associação Nacional dos Usuários de Transporte de Carga (Anut), Luís Baldez, teve acesso a um parecer da Advocacia Geral da União que abre caminho para reajustar as tarifas de pedágio e já fez chegar ao ministro da Economia, Paulo Guedes, que as transportadoras serão contra o reajuste. O tema será objeto de debate ainda hoje, na reunião virtual do Fórum Nacional da Indústria coordenado pela Confederação Nacional da Indústria.
Curtidas
O recado de Maia/ O presidente da Câmara adiará ao máximo qualquer movimento sobre a eleição do seu sucessor. E tem razão. Em meio à pandemia da covid-19, o foco dos parlamentares deve ser as medidas de proteção da vida e de redução dos impactos da crise na economia.
Olho na Saúde/ O anúncio, nas últimas 24 horas, de mais 1.262 mortes por covid-19 é visto na área de saúde como um sinal de que a retomada geral das atividades no país pode ser precipitada. Países como a Alemanha e a Itália reabriram suas atividades quando as notificações começaram a cair.
Sergio Moro na área/ O ex-ministro da Justiça participa de uma live hoje, 15h, com o cientista político Murilo de Aragão e os clientes da consultoria Arko Advice. Sem poder advogar por seis meses, o ex-juiz terá mais tempo para os debates políticos.
Alon na Abrig/ O jornalista Alon Feuerwerker lançou seu novo livro — Novos Capítulos da Política Brasileira, o primeiro ano de Jair Bolsonaro — com uma live promovida pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig), com a participação da coluna. O bate papo pode ser acessado no canal da Abrig no Youtube.
Daniel Silveira, do PSL, apresenta projeto para tipificar Antifas como terroristas
Coluna Brasília-DF
No mesmo dia em que Bolsonaro postou a frase do fascista italiano Benito Mussolini –– “melhor viver um dia como leão do que cem anos como cordeiro” ––, o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) apresentou um projeto de lei para tipificar os grupos Antifas (Antifascistas) como organizações terroristas.
Estratégia
Há quem diga que o presidente quer tipificar seus adversários como antidemocráticos e terroristas. Acusações que muitos democratas hoje fazem justamente aos grupos que apoiam Bolsonaro e, ao mesmo tempo, atacam o STF e ameaçam juristas e parlamentares.
Diferenças
Os Antifas americanos, que são contra o fascismo e defendem ações violentas, não são um grupo organizado. No Brasil, há quem os compare aos “black blocs”, que usavam roupas pretas e máscaras nas manifestações de 2013, pregando a violência.









