Discurso de Bolsonaro visa colocar seus apoiadores nas ruas contra a CPI

Publicado em coluna Brasília-DF

A “pólvora” de Bolsonaro

A fala de Bolsonaro na solenidade da Semana das Comunicações, em que insinuou “guerra química” detonada pela China, embora não tenha citado o país diretamente, e ameaçou um decreto para derrubar as medidas restritivas tomadas para tentar evitar a proliferação do vírus, foi vista como uma forma de tentar intimidar a CPI da Covid. Porém, aliados do presidente garantem que a mensagem é uma resposta aos manifestantes que foram às ruas em defesa do governo e que pediam a abertura total das atividades no país. Mas, há dúvidas se o discurso ajuda a tirar um pouco o foco da comissão parlamentar de inquérito, onde o governo perdeu de lavada até o momento.

A ideia de Bolsonaro, de se manter fiel ao seu público mais radical e àqueles que pedem a abertura geral de todas as atividades, sem restrições, é no sentido de poder contar com o apoio de uma parcela da população, se o resultado da CPI for um parecer totalmente desfavorável e que o acuse de omissão na pandemia. Na comissão, a estratégia do governo ali ainda não conseguiu quebrar o G-7, grupo de oposição e independentes, e, pelo andar da carruagem, não conseguirá.

Cavalo de pau na diplomacia

Com o apoio do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à quebra de patentes de vacinas contra a covid-19, diplomatas brasileiros radicados no exterior apostam que a posição do Brasil será seguir por esse mesmo caminho. Até aqui, o Itamaraty tinha se manifestado contra a medida.

“Fios desencapados”
Assim, aliados de Jair Bolsonaro se referem ao ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten e ao ex-ministro de Relações Exteriores Ernesto Araújo. Nenhum dos dois leva desaforo para casa ou engole sapo calado. Há quem diga que eles, agora, precisarão de treinamento regado a suco de maracujá e chá de camomila, antes da audiência, na próxima terça-feira.

Queiroga apresentará a correção de rumos
Em seu depoimento, hoje (6/5), aos senadores da CPI da Covid, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, terá a missão de abastecer a base governista com tudo o que o ministério ajustou desde que ele assumiu o cargo. A estratégia é passar a ideia de que qualquer deslize ficou para trás.

Vacinas & protocolos
Falará do protocolo em curso para o tratamento dos pacientes, sem hidroxicloroquina, da compra de vacinas e da perspectiva de ter os brasileiros imunizados até o final do ano. É uma estratégia do tipo “vamos pensar no futuro e deixar o passado para lá”.

Não fez nem “cosquinha”
A reação dos secretários de Fazenda estaduais e municipais contra a extinção da comissão mista que analisou a reforma tributária não fará o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), mudar de posição. Ele está convencido de que é preciso começar a analisar a proposta fatiada na Casa para garantir votação este ano.

Lula na área/ É hoje a conversa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com José Sarney, o oráculo da política brasileira a que todos recorrem, inclusive Bolsonaro. Para completar, o petista pretende, ainda, um tête-à-tête com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), aquele que o DEM preserva a quatro chaves para ver se consegue transformá-lo em candidato a presidente da República, em 2022.

Olho nele/ Pacheco é considerado equilibrado, preparado, agregador. De quebra, pode sair bem de Minas Gerais, onde nada impede que arrume uma boa coligação para apoiá-lo. O nome do senador, aliás, começa a aparecer discretamente em pesquisas.

Ele vai insistir/ O governador de São Paulo, João Doria, já fez chegar à executiva do PSDB que defenderá a manutenção das prévias do partido para presidente da República, em 17 de outubro. “Quem quer adiar prévias não quer prévias”, afirmou.

Alvo & querido/ Os bolsonaristas colocaram o senador Ciro Nogueira (Progressistas-PI) no radar dos ataques nas redes sociais e, por WhatsApp, distribuem vídeos do senador ao lado de Lula. Já o líder do DEM, senador Marcos Rogério (DEM-RO), é visto como o melhor da tropa de choque do governo.

E o Teich, hein?/ Cada grupo saiu com uma narrativa do depoimento do ex-ministro Nelson Teich. Os oposicionistas consideram que ele deixou claras as dificuldades de Bolsonaro em seguir as recomendações do Ministério da Saúde. Já os governistas consideram que ouviram dele o principal: Bolsonaro nunca disse diretamente ao ministro que ele tinha que incluir a hidroxicloroquina no protocolo do Ministério. E segue o baile.

A terceira via e o PSD entram no xadrez para 2022

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Enquanto a CPI da Pandemia vai aos poucos refrescando a memória dos brasileiros sobre o processo da tragédia de 411 mil mortes por complicações decorrentes da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula vão montando o tabuleiro para 2022. Bolsonaro, conforme adiantou a coluna, já tem fechados quatro partidos — PP, PL, PTB, Republicanos e o pequeno a que se filiará. Lula, por sua vez, tem o PT, o PCdoB e deve ter ainda o PSB e o PSol.

Quem está no papel de terceira via é o PSD. Ao fechar a filiação do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, o presidente do partido, Gilberto Kassab, se coloca como gente grande neste jogo, uma vez que já tem em suas fileiras o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, reeleito com louvor no primeiro turno. Kassab, que estará com Lula esta semana, já avisou que pretende lançar candidato próprio.

CPI 2, governo 0

O governo acredita que o depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich vai se somar ao de Luiz Henrique Mandetta, num estado de puro desgaste para o Planalto. Caberá a Marcelo Queiroga a tarefa de tentar empatar o jogo.

Ponto fraco

No caso de Eduardo Pazuello, a avaliação geral é a de que, quanto mais tempo o general pedir para se explicar, pior vai ficar, por causa dos documentos que podem chegar à Comissão. É preciso esclarecer, por exemplo, as negociações de vacinas que Teich tentou fazer e Pazuello não conseguiu dar continuidade.

Os primeiros reflexos da CPI

Bem ou mal, a CPI da Pandemia já produziu efeitos positivos. Na Câmara, a reforma tributária é colocada no palco principal das discussões, ainda que não se saiba aonde vai chegar. E o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, corre no sentido de vacinar toda a população até ao final do ano.

Vem por aí

A ideia do governo é transformar a vacinação num atenuante ao desgaste que virá com a CPI. No Planalto, ministros estão convencidos de que, com a população vacinada, os brasileiros vão esquecer as primeiras falas de Bolsonaro contra a vacina chinesa e, também, o pronunciamento da “gripezinha”. A oposição, por sua vez, aposta que a CPI ajudará a refrescar a memória do brasileiro sobre o pano de fundo das 411 mil mortes até aqui.

Guedes e Wajngarten no alvo/ As discussões de hoje, depois do depoimento do ex-ministro da Saúde Nelson Teich, vão girar sobre a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, e do ex-secretário de Comunicação Fabio Wajngarten.

Tchau, Aguinaldo/ O presidente da Câmara, Arthur Lira, promete levar a reforma tributária ao plenário, mas falta combinar com os líderes. O texto do relator Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) ainda não é consenso entre os líderes e se não for, não há como encaminhar direto. Há quem aposte que, se Arthur insistir, será mais um tema para o STF.

Enquanto isso, no Salão Verde…/ Um vídeo em que aparece a deputada Alê Silva (PSL-MG), no Tik ToK, dançando “Carpinteiro”, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, com dois assessores, viralizou nos grupos WhatsApp das excelências.

Doutor Ulysses de testemunha/ A gravação, na entrada do plenário, mostra ao fundo, a estátua do presidente da Câmara, Ulysses Guimarães. A cena inusitada foi criticada pela deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) nas redes sociais: “A deputada bolsonarista Alê Silva não tem mesmo o que fazer na Câmara?! O Brasil com mais de 400 mil mortes por covid e essa criatura usa as dependências da Câmara para fazer dancinha?”

Uma narrativa contra Mandetta

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O governo considera esta terça-feira (4/5) praticamente perdida na CPI da Covid, mas, ainda assim, não vai entregar os pontos. A ideia é lembrar que o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta recomendava que as pessoas não procurassem atendimento logo nos primeiros sintomas e, além disso, tem pretensões políticas. O depoimento que mais preocupa, conforme antecipou a coluna no sábado, é o de Nelson Teich, o ministro que tentou colocar o Brasil na linha de frente dos testes das vacinas e saiu porque não quis incluir a hidroxicloroquina no protocolo de atendimento do Ministério da Saúde. A guerra de narrativas será voltada para Mandetta. Pelo menos parte dos governistas está disposta a tentar emparedar o ministro que, por sua vez, falará das dificuldades do governo em lidar com a pandemia.

Dia de estreia, olho neles
Os governistas do G-4 da CPI vão prestar atenção redobrada nesses depoimentos para ver quais senadores titulares são passíveis de aprovar um relatório paralelo, capaz de poupar o presidente Jair Bolsonaro. Até aqui, o G-7 não abriu uma brecha que assegure maioria para o governo.

Lula na área…

Um dos objetivos desta viagem do ex-presidente a Brasília é buscar apoio internacional para o Brasil no combate ao novo coronavírus. De quebra, mostrar para seus antigos apoiadores, que o abandonaram depois do petrolão, que ele não perdeu o respaldo lá fora.

… e na política
Já os gestos ao MDB vêm no sentido de marcar território e ajudar a aparar as arestas que ainda ficaram depois do impeachment de Dilma Rousseff. De integrantes da família Sarney, Lula ouvirá de pelo menos um deles que, em 2022, votará em quem for capaz de derrotar Bolsonaro.

O limite de quem manda
O presidente da Câmara, Arthur Lira, não gostou nada de ver o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) deixar o relatório da reforma tributária para hoje (4/5), para apresentação na comissão mista, com participação de deputados e de senadores. A medida, que não tem amparo regimental, soou a alguns como algo do tipo, “Arthur é presidente, mas não manda em mim”.

Mudança de hábito/ Na entrevista ontem (3/5), no Planalto, o presidente Jair Bolsonaro não só colocou a máscara depois de sua fala, como ficou um pouco atrás, na hora das explicações técnicas da avaliação do Orçamento por parte do ministro Paulo Guedes e do secretário Carlos Costa. A maioria dos servidores do Planalto também usava o acessório.

A hora é de discrição/ Lula pretende evitar entrevistas em Brasília. A alegação é a de que, em tempos de pandemia, fica difícil. Quanto ao almoço com Sarney, ambos já estão vacinados.

Nem tanto/ A Câmara dos Deputados abriu a exposição sobre as maravilhas da tecnologia 5G em várias atividades, especialmente, na agricultura e pecuária. Alguns funcionários ficaram assustados. Afinal, será aglomeração na certa, e ainda não chegamos ao nível de transmissão da Nova Zelândia, onde até os shows já estão liberados.

Bateu, levou/ O ministro Ricardo Salles adota um estilo daqueles que não levam desaforos para casa. Depois de ouvir calado vários discursos de deputados na comissão de Meio Ambiente, respondeu às perguntas intercalando com ataques aos congressistas e ainda chamou o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) de “ambientalista de palanque”. O risco é ficar apenas com os bolsonaristas em sua defesa, na hora de aprovar os projetos governamentais nesta área.

O “exército” de Bolsonaro já está nas ruas virtuais

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Desde que ficou líquido e certo que o governo não teria maioria na comissão parlamentar de inquérito (CPI) da Covid-19, aliados do presidente Jair Bolsonaro acionaram “o mecanismo”. Consiste em procurar em todas as redes sociais vídeos e declarações que ajudem a diluir os problemas que o governo terá no colegiado. Entre o que já foi encontrado consta uma entrevista do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), dizendo que a polêmica sobre a hidroxicloroquina era desnecessária e que o medicamento poderia, sim, ser receitado pelos médicos. A imagem já foi, inclusive, enviada aos integrantes da CPI.
A aposta dos governistas é de que essa CPI será diferente das outras, porque a estrutura da informação — e, por tabela, a da desinformação — mudou. Sendo assim, a perspectiva de a comissão se transformar numa guerra de versões e narrativas já está no
radar do governo.

CPI internacionalizada
A situação global será parte integrante da estratégia do governo federal na comissão parlamentar de inquérito (CPI) para mostrar que a falta de vacinas ou atraso não é privilégio do Brasil. Uma prova disso é o processo que a União Europeia prepara contra a AstraZeneca, por causa do não cumprimento do contrato de fornecimento de 300 milhões de doses no primeiro semestre deste ano.

O que vem lá
Também entrará no rol do governo reações a algumas vacinas que apresentaram problemas em outros países. A avaliação do governo é de que, puxando percalços vividos em outras nações, será possível mostrar que a falta de vacinas não é culpa do presidente Jair Bolsonaro e, sim, um problema global.

Casamentos de conveniência
A CPI já tem como subproduto uma mexida nos blocos do Senado, que hoje são cinco. O Republicanos, do senador Flávio Bolsonaro, deixa o grupo com o MDB, mas não pretende ficar sozinho. O difícil será encontrar um bloco que acolha os dois senadores do partido.

O governo
A influência que Flávio Bolsonaro cobrou do MDB, por exemplo, uma consulta ao Republicanos sobre quem indicar para a CPI, não será levada em conta em nenhum dos blocos. Com dois senadores, o Republicanos será minoria em todos os grupos.

O final da fila
Se decidir formar um bloco com o PP de Ciro Nogueira, que tem sete senadores e também avalia abandonar o MDB, o novo grupo ficará menor que o PSD, partido de Gilberto Kassab, que tem 11 senadores e não participa de nenhum agrupamento na Casa.

Muda para aliviar / Há quem diga que não foi uma coincidência a conversa do ministro da Economia, Paulo Guedes, com o presidente da Câmara, Arthur Lira, na segunda-feira, e o anúncio de mudanças na equipe que cuidou do Orçamento — o secretário de Fazenda, Waldery Rodrigues, e de Orçamento, Georges Soares. É para dar uma refrigerada. Há pressões pela substituição de Martha Seillier do comando do Programa de Parceria Privada de Investimentos (PPI), mas ela nega que esteja de saída.

Sai daí rapidinho!/ A participação de Flávio Bolsonaro na CPI foi considerada um desastre até por aliados do governo. Já tem senador disposto a pedir que ele fique calado e evite enfrentamento no colegiado. Afinal, a cobrança de isolamento social por quem defende a volta à normalidade com pandemia e tudo não cola.

Quem põe o guizo?/ Faltava definir, porém, quem ia dizer a Flávio Bolsonaro para ficar quieto, ou, pelo menos, não provocar e evitar declarações que passem uma certa arrogância. Os comentários em relação à combatividade das mulheres — “já foram mais respeitadas e indignadas” — e à ingratidão do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, foram os piores momentos.

Explorar o passado/ O governo ainda planeja constranger a parceria entre o relator, Renan Calheiros; o presidente, Omar Aziz; e o vice, Randolfe Rodrigues. Há quem diga que o que os atuais governistas fizeram até hoje a Renan não foi 10% do que Randolfe “aprontou” com o alagoano no passado. Virão ainda tentativas de constranger o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, na terça-feira.

Por falar em parceria…/ Antes que venham dizer que ele é “negacionista” ou adversário da China, o ministro da Economia, Paulo Guedes, organizou uma coletiva para repor os pingos nos is e defender a parceria com a China. Ele explicou a “infeliz” frase de um “vírus da China” e pediu, inclusive, desculpas ao embaixador da China. Melhor assim. De confusão, já basta a tragédia da pandemia, a CPI, as dificuldades orçamentárias e por aí vai.

Volta de Lula enfraquece centro e anima Bolsonaro

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Os principais estrategistas do presidente Jair Bolsonaro comemoram discretamente a anulação das condenações de Lula. Na avaliação dos bolsonaristas, a volta do petista enfraquece uma aliança de centro e, portanto, uma terceira via que possa tirar o país da polarização na qual o chefe do Planalto navegou em 2018 e saiu vitorioso. “Quanto mais o PT colocar a cabeça para fora, melhor para nós” era a frase mais repetida por ministros do governo ontem. A análise é de que é melhor enfrentar o PT, um adversário conhecido e desgastado, do que um que possa angariar simpatias e renovar as esperanças do centro para a direita.

O ensaio geral foi na live desta semana, em que Bolsonaro falou que Lula pode ser candidato e, nas entrelinhas, se colocou como o nome mais seguro para enfrentar o petista num segundo turno. Ele ainda avisou que o próximo presidente escolherá dois ministros do Supremo Tribunal Federal.

Ali, é administrar o prejuízo

Ao avaliar nome por nome da lista de integrantes da CPI da Covid, o governo praticamente jogou a toalha. Não há meios de conseguir maioria. A avaliação é de que o Executivo demorou a pedir que seus aliados fossem escalados para a CPI e, quando acordou, era tarde.

Vão ter de engolir

Em conversas reservadas, os senadores têm dito que, depois de tanto mencionar Renan Calheiros como um possível relator, qualquer outro nome soaria como uma derrota do alagoano. Ou seja, está difícil o governo conseguir emplacar um nome diferente na relatoria.

Bolsonaro fica

O presidente Jair Bolsonaro rechaçou qualquer possibilidade de viajar para não sancionar o Orçamento da União para este ano. Como ele sempre diz: pior do que uma decisão mal tomada, é uma indecisão.

Muita calma nessa hora

Animados com a volta de Lula ao palco principal rumo a 2022, os petistas se dividem sobre o caminho a seguir. Há quem diga que não dá para colocar Lula no papel de candidato desde já, porque pode soar arrogante. Outros consideram que não tem o que pensar. É começar a percorrer o país e, quem quiser que se una ao nome mais bem colocado nas pesquisas para enfrentar Bolsonaro. A decisão será tomada no segundo semestre.

Clube do Bolinha/ As 12 senadoras que compõem a bancada feminina da Casa ficaram fora da CPI da Covid.

Limonada tucana/ Logo depois que o STF chegou à maioria pela anulação das condenações de Lula, o PSDB lançou em suas redes que “o Brasil pode ter a chance de, democraticamente, se livrar do lulismo e do bolsonarismo em 2022, basta votar diferente”. Para bons entendedores, foi mais um sinal de que a campanha já começou.

Fidelidade partidária/ O governo aposta que o senador Marcos Rogério (foto), do DEM-RO, vice-líder do governo, está para o que der e vier ao lado do presidente Jair Bolsonaro na CPI da Covid. O parlamentar, porém, será mais fiel ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco.

Mobiliza aí/ Antes da tradicional live das quintas-feiras, circulou pelas redes sociais bolsonaristas uma convocação para que cada aliado levasse, pelo menos, mais 50 pessoas para assistir à fala presidencial transmitida em várias plataformas. Pelo menos nos primeiros 15 minutos, mais de 300 mil acompanharam o discurso de Bolsonaro.

64 é coisa do passado, o desafio é o Orçamento

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A troca dos comandantes militares vem para o presidente Jair Bolsonaro cumprir o que queria, ou seja, afastar o comandante do Exército, general Edson Pujol, com quem se sente contrariado há tempos. Porém, isso não quer dizer que o Exército, sob nova direção, levará as Forças Armadas a tomar uma atitude a fim de garantir o cumprimento daquilo que o presidente prega desde o início da pandemia, ou seja, o fim do lockdown e do isolamento social. As Forças Armadas vão ajudar na distribuição de alimentos, remédios, equipamentos, oxigênio, transporte de pacientes, vacinas, mas não vão se prestar ao papel de garantir aglomeração em plena pandemia, tampouco defender a reabertura do comércio ou o fim de toque de recolher, enquanto a ciência recomenda o inverso, ainda mais com recordes de mortes.

Cabe ao governo, avisam os militares, cuidar dos desafios de garantir recursos para o atendimento de saúde, o novo auxílio emergencial, que até hoje não foi pago, e cumprir sua obrigação constitucional de vacinas para todos. O foco é a pandemia. E, a contar pela Ordem do Dia deste 31 de março de 2021, o “movimento de 64 é parte da trajetória histórica do Brasil” e assim deve ser entendido. Para bons entendedores, a menção de “Forças Armadas conscientes de sua missão constitucional” foi a senha para acalmar a tropa e avisar que não há ruptura institucional.

Faria Lima preocupada, mas…

A mudança na Secretaria de Governo, com a chegada da deputada Flávia Arruda, foi lida pelo mercado como um sinal de que pode haver mais compromisso entre Legislativo e Executivo.

… de olho
A repercussão das trocas militares do governo de Jair Bolsonaro, porém, preocupa. A turma do mercado está com muitas dificuldades de explicar aos grandes fundos internacionais o que está acontecendo por aqui. Na Europa, então, onde o presidente é tratado como “ultradireita” ou “extrema direita”, é ainda mais difícil explicar o governo.

Senadores insatisfeitos
Os senadores não estão colocando muita fé nas mudanças anunciadas, até aqui, pelo presidente Jair Bolsonaro. Nem na gestão da deputada Flávia Arruda (PL-DF), hoje um expoente do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira. Há uma pressão sem fim para mudança nas pastas do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que, aliás, era um lote do Senado no governo de Dilma Rousseff.

O retorno/ Quem está feliz é o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O desembarque de Flávia Arruda no Planalto lhe garantiu o ingresso pela porta da frente, de onde estava afastado há tempos.

Eu sou democrata/ O líder do PSL, Major Victor Hugo, contou à coluna que apresentou o projeto para incluir pandemia no programa de mobilização nacional pensando, exclusivamente, no atendimento de saúde, na possibilidade de requisitar empresas para a produção de insumos básicos. “Era um projeto para ajudar o país. Não seria nada feito sem aprovação do Congresso Nacional”, defende o autor.

Nem vem/ Os líderes partidários, porém, consideraram que, neste momento, é melhor ter calma e não tratar desse assunto. Resultado: a proposta foi
para a gaveta.

Pente-fino/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, agora analisa, um a um, os pedidos de seguidores em seu Twitter. Diante dos ataques que recebeu de redes bolsonaristas nos últimos dias, a intenção é preservar a sua timeline e identificar os robôs.

Recordes na pandemia e crise no Itamaraty colocam Bolsonaro em sinuca de bico

Publicado em coluna Brasília-DF

Em meio ao agravamento da pandemia e mais um recorde de mortes em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro está numa sinuca de bico e vai tentar ganhar tempo antes de tratar de qualquer afastamento do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. É que, se ele afastar o chanceler, teme que parte dos seus apoiadores mais fiéis terminem abandonando o barco, acusando-o de ter se rendido ao Centrão. E se Bolsonaro perder mais uma parte desse segmento que ainda lhe é fiel, o risco de ficar fora de um segundo turno no ano que vem é grande.

Porém quem sabe das coisas já avisou que, para o presidente conseguir passar a ideia de que mudou a política externa, demitir só Filipe Martins não basta.

“Não podemos ficar atrás do Doria”

A frase foi repetida durante todo o dia nos bastidores de Brasília, logo depois do anúncio da ButanVac pelo governador de São Paulo, João Doria, com direito a slogan, banner e tudo mais no Palácio dos Bandeirantes. Daí, a entrevista no Planalto com os ministros Marcos Pontes e Marcelo Queiroga e o anúncio da vacina de Ribeirão Preto.

Anvisa sob pressão

Mais uma vez, a Anvisa ficará sob os holofotes, para decidir qual a vacina que vai liberar primeiro para testes em humanos. A ideia, segundo alguns técnicos, é tratar dos dois casos ao mesmo tempo, para evitar interpretações políticas.

Pátria de máscaras, tudo bem

O Planalto não vai brigar com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por causa da correta defesa do uso de máscaras — até o próprio presidente já está usando mais esse acessório que, antes, nem admitia. Porém, a restrição de circulação não faz parte do script de Bolsonaro nem fará. É o que resta do discurso presidencial para aqueles que defendem a volta ao trabalho.

A vacina salvou

O governo classificou esta semana como a pior dos últimos tempos. Desventuras em série que deixaram em segundo plano a reunião dos Poderes que criou o comitê anticovid: a marca das 300 mil mortes por covid; a fala do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), com ameaças de impeachment nas entrelinhas; acusações por parte de Eduardo Pazuello de que os políticos iam atrás de um “pixulé” (dinheiro); o assessor Filipe Martins, investigado por gesto obsceno no Senado; e a pressão de todos os lados para demitir Ernesto Araújo.

CURTIDAS

Cuidadores/ A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados aprovou pedido da deputada Leandre Dal Ponte (PV-PR) de envio de mensagem ao Ministério da Saúde para inclusão dos cuidadores de idosos no grupo preferencial para vacinação contra covid-19. Já são vários os casos de idosos que terminaram contaminados por suas enfermeiras e cuidadoras.

Não está fácil…/ São Caetano do Sul, na região do ABC paulista, começa hoje a fazer barreiras sanitárias para o ingresso na cidade. Com 98% dos leitos de UTI ocupados, e uma fila em busca de atendimento, não há outra solução.

… e tende a piorar/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG, foto), porta-voz dos governadores no comitê dos Poderes de gestão da covid-19, terá dificuldades na segunda-feira. Bolsonaro não quer saber de ajudar mais os estados que decretaram o lockdown, na avaliação dele, só para contrariar a posição presidencial.

Enquanto isso, no DF…/ Imagens da população clamando por “vacina, vacina” na porta de um posto de saúde de Brasília, cidade em que 69,99% dos votos válidos em 2018 foram de Bolsonaro, são vistas na seara da política como a certeza de que o governo federal errou ao não apostar nos imunizantes. E talvez esteja errando ao não entender a situação de colapso dos hospitais, que exige medidas para tentar segurar a proliferação do vírus, enquanto os fármacos não chegam em larga escala para todos os brasileiros.

Crise com assessores próximos a Eduardo coloca Bolsonaro em situação difícil

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Tanto o chanceler Ernesto Araújo quanto o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, são muito ligados ao deputado Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente, e à ala de extrema direita que apoiou Jair Bolsonaro desde a primeira hora. Por isso, afastar ambos, atendendo à pressão do Congresso e de setores do empresariado para mudar a política externa, não será tão fácil. A ideia inicial é tirar um para preservar o outro. Até aqui, o presidente considera trocar apenas Filipe para acalmar o Senado e tentar dar um ar de mudança na relação internacional.

Bolsonaro considera que, se trocar o chanceler neste momento, soará como alguém que cede às pressões. No seu grupo mais fiel, há quem diga, que nem mesmo na troca do ministro da Saúde, fez exatamente o que o Centrão queria. Agora, conforme o leitor da coluna já sabe desde o fim do ano passado, as apostas de Ernesto Araújo em Donald Trump o colocaram na linha de tiro. E, diante da pandemia, se resistir, será porque os padrinhos de casa fizeram milagres.

Só tem um probleminha, e o presidente foi avisado: se der errado em termos de uma relação mais cordial com a China ou mesmo com os Estados Unidos lá na frente, nas doações de vacinas ou outros projetos de interesse do Brasil, não vá colocar a sua turma para bater no Congresso ou no Supremo Tribunal Federal.

Outros focos de tensão

Ao separar os projetos que podem dar uma resposta de alívio à população nesses tempos sombrios de pandemia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai tirar da gaveta uma série de propostas que mexerão no caixa da União. Está no radar, por exemplo, a suspensão de reajustes nos preços de medicamentos este ano, proposta pelo deputado Denis Bezerra (PSB-CE).

A bolsa de bondades
A intenção é colocar para votar tudo o que puder ajudar para a dar um alento nessa hora de dificuldades financeiras, em que o auxílio emergencial será bem menor. O governo dará um auxílio minguado, mas o Congresso vai trabalhar para evitar aumentos nos gastos obrigatórios da população. Os congressistas querem aproveitar essa fase para mostrar que não estão passivos diante da situação do país.

Juízes federais na lida…
Uma comissão da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) listou 23 pontos preocupantes no projeto que tramita no Congresso para alterar a Lei de Improbidade Administrativa (LIA). Por exemplo: propostas que restringem novas ações, dificultam a punição de pessoas desonestas e tornam mais rígidas as hipóteses de bloqueio de bens de investigados.

… e na guerra pelo patrimônio público
Os integrantes da comissão consideram que a LIA representa um importante marco para a proteção do patrimônio público e a moralidade administrativa e, por isso, necessita de uma discussão mais aprofundada com a sociedade. A intenção é esperar a volta das discussões presenciais para tratar desse tema mais apropriadamente.

Pocket live/ No dia em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cobrou uma troca na política externa, Bolsonaro fez uma live bem menor do que de costume, dedicada exclusivamente às ações do governo em relação à pandemia. Nem uma palavra sobre política externa.

Primeiros acordes I/ As visitas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a São Paulo e ao Rio de Janeiro foram uma tentativa de aproximar a comunidade médica do governo. Até aqui, estava difícil.

Primeiros acordes II/ O convite ao secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, para o encontro, foi mais um sinal de que a área técnica quer acertar. O próprio governador João Doria, consultado, disse que Gorinchteyn devia ir e que nada melhor do que a união de esforços para salvar a vida das pessoas.

Sutis diferenças/ A chegada de Queiroga fez até Bolsonaro alterar o discurso. A defesa da cloroquina foi substituída por “não há remédio específico”, mas “se eu for contaminado, o médico vai receitar o que eu tomei da primeira vez”.

Por falar em Bolsonaro…/ Ele não quer brigar com Arthur Lira. E nem Lira quer brigar com Bolsonaro. Porém, Lira vai defender o Congresso, e Bolsonaro, o governo. O casamento continua enquanto esses dois objetivos estiverem na mesma direção.

Arthur Lira trava pautas do governo na Câmara

Publicado em coluna Brasília-DF

Afastado do Planalto desde o episódio do convite à médica Ludhmilla Hajjar para assumir o Ministério da Saúde, o presidente da Câmara, Arthur Lira, reata suas pontes com a oposição e justamente no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga Sergio Moro suspeito no caso do triplex atribuído ao ex-presidente Lula. Essa foi a leitura política da decisão de colocar em pauta apenas propostas relacionadas à pandemia, que será detalhada, ainda hoje (24/3), em nova reunião de líderes. A medida veio acompanhada de apelos para que se deixe de lado a ideologia e a política, a fim de dar mais foco à vida das pessoas.

A decisão de Arthur Lira joga para escanteio propostas da pauta ideológica do governo e põe uma parte do PP em distanciamento regulamentar. Na hipótese de o eleitorado seguir noutro sentido em 2022, o partido terá uma ala pronta para aportar no barco oposicionista e puxar os náufragos. Num cenário de 3.251 mortes por covid registradas em 24 horas e panelaços nos três minutos do pronunciamento presidencial, a maioria dos partidos prefere o distanciamento social do governo.

O voto da modulação

A argumentação da ministra Cármen Lúcia foi considerada um ponto de partida para evitar que a suspeição de Sergio Moro no caso do ex-presidente Lula sobre o triplex sirva para derrubar toda a Lava-Jato. Muitos vão tentar, mas os ministros consideram que não dá para dizer que a Petrobras era um convento e tudo o que foi apurado era “perseguição política”.

O aniversário da “gripezinha”
Hoje, completa um ano que o presidente Jair Bolsonaro foi à tevê dizer que, “pelo seu histórico de atleta, seria uma gripezinha” e que a pandemia ia passar “brevemente”, defendendo a volta à normalidade, isolando-se apenas os idosos. Agora, diante do pronunciamento de defesa das vacinas, seus aliados esperam que ele tenha ajustado completamente o discurso.

Olha o foco I
O ajuste do discurso do presidente Jair Bolsonaro em defesa das vacinas trará mudanças, também, na oposição, que se dedicará de forma mais incisiva à cobrança de uma ação mais firme do governo no combate à pandemia. A ideia é proliferar que, enquanto Bolsonaro diz que defende as vacinas, o Ministério da Saúde revisa, para baixo, a disponibilidade de imunizantes no curto prazo.

Olha o foco II
Entra nesse roteiro, ainda, a exposição das responsabilidades do Ministério da Saúde na distribuição de medicamentos. Para refrescar a memória, as declarações de Bolsonaro, tais como a “não será comprada”, em referência à CoronaVac, quando desautorizou o então ministro Eduardo Pazuello.

Muita calma nessa hora
Os petistas viram a decisão sobre a suspeição de Sergio Moro como uma “decolagem autorizada” para Lula rumo a 2022. Porém, esse plano de voo ainda será avaliado. Neste momento grave da covid no Brasil, muitos consideram que não dá para sair por aí em pré-campanha.

O ajuste Supremo/ A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de rejeitar a ação do presidente Jair Bolsonaro contra a decisão dos estados de decretar toque de recolher e lockdown, terá total respaldo do plenário do STF, caso haja um recurso por parte do Poder Executivo.

Depois dos economistas…/ O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) vai se dedicar a preparar a lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia da covid-19.

Três Hiroshimas/ Em 6 de agosto de 1945, a bomba que os Estados Unidos jogaram sobre a cidade de Hiroshima dizimou cerca de 80 mil pessoas. Ao final daquele ano, esse número já estava em 140 mil, em decorrência da radiação. “A covid, aqui, já matou o equivalente a mais de três bombas de Hiroshima”, comenta o ex-deputado Miro Teixeira.

Enquanto isso, no Planalto…/ A discreta posse a toque de caixa do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e tevê foi a preparação da reunião de hoje de manhã de Bolsonaro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara, Arthur Lira; e do STF, Luiz Fux, e governadores. Bolsonaro sabe que será cobrado por uma ação mais incisiva. E, se vier pedir o fim do lockdown, vai ouvir que será feito, quando houver segurança de atendimento médico e vacinas em todo o país. O dia promete.

No rastro dos economistas/ Em live com José Sarney e Michel Temer, o MDB lançará manifesto com críticas às ações do governo de combate à pandemia e cobrará medidas para vencer a crise sanitária e econômica, a pior que o partido já viu em toda a sua história. O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) também prepara uma lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia.

Forças Armadas descartam apoio a impeachment e a intervenção militar

Publicado em coluna Brasília-DF

Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Quem tem conversado com os comandantes militares já avisou aos atores da política que os movimentos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro não terão sustentação nas Forças Armadas. Da mesma forma, também é considerada fora de cogitação qualquer intervenção militar para garantir a liberdade geral de circulação de pessoas em meio ao colapso do sistema de saúde. Diante desse “aviso” em favor do lockdown e contra o impeachment, a ordem nesta semana é que virá o diálogo aberto entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Resta saber se será mais um desfile de fotos sem mudança de atitudes, como em 2020, ou para valer, em prol da saúde das pessoas.

Bolsonaro já deu o recado a seus apoiadores, no domingo, e avisou, de antemão, que não está convencido da necessidade de lockdown num cenário de UTIs lotadas, incerteza de atendimento e vacinas em atraso. Se chegar com esse espírito para a reunião, a tendência é de que vire mais uma pose para fotos, sem muito resultado prático em termos de coordenação nacional.

Ficamos assim

Não conte com o Supremo Tribunal Federal para reverter as medidas restritivas pelo país afora. Esse é o sentimento que vem do STF diante da ação do presidente Jair Bolsonaro contra o lockdown.

“É coisa de tucano”
A carta aberta com mais de 500 assinaturas de economistas renomados, expoentes do setor financeiro, do empresariado, com apelos ao governo em prol do distanciamento social e vacinas como a chave para salvar vidas não sensibilizou o Planalto. Bolsonaro está convencido de que a iniciativa tem o dedo dos tucanos para tirá-lo do páreo em 2022.

Esqueçam 2018
A perspectiva de criação de um “Ministério Extraordinário da Amazônia” para abrigar Eduardo Pazuello desmonta o discurso da campanha passada, de enxugar o número de pastas e cargos em comissão. De quebra, ainda deixa em desconforto o vice-presidente Hamilton Mourão, que hoje cuida dessa seara junto com o Ministério do Meio Ambiente.

CURTIDAS

Biden brasileiro I/ É assim que os amigos do ex-presidente Michel Temer têm se referido a ele nos bastidores. E a contar pela recepção do tuíte de Temer, dizendo que é candidato apenas à segunda dose da vacina, não se descarta nada. Ele tem 80 anos, boa saúde e paciência não lhe falta. Haja visto os dois anos de governo.

Biden brasileiro II/ Nos grupos de deputados, o #VoltaTemer e traz o (Henrique) Meirelles (ministro da Fazenda) de volta foi mais bem recebida do que poderiam imaginar os amigos do ex-presidente. Na cabeça de todos eles, está certo que Joe Biden, aos 78 anos e experiente, com uma vice mais jovem, Kamala Harris, foi a forma encontrada para derrotar Donald Trump nos Estados Unidos.

Olho nele/ Vale prestar atenção, ainda, na movimentação do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Nos partidos de centro, tudo será testado até o ano que vem, para tentar quebrar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

Por falar em Bolsonaro…/ Ao ouvir o presidente dizer, em solenidade no Planalto, que o “Brasil vem dando certo” e “um dos poucos países que está vanguarda na busca de soluções”, alguns convidados se remexeram em suas cadeiras. Afinal, diante de um número médio de 2 mil mortes diárias, não é exemplo para ninguém. O alento de muitos, porém, foi ouvir o presidente dizer que “ainda não há uma cura para a doença”. Só isso já foi visto como um avanço.

É hoje!/ O seminário on-line “Desafios para o Brasil pós-pandemia”, do Correio Braziliense. A abertura está a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o encerramento será do ministro da Economia, Paulo Guedes. O momento é de planejar e pensar, a fim de ser exemplo para o futuro.

 

É surreal que, durante o momento mais grave da pandemia, tenhamos um ministro demitido que continua no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”
Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM)