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Ciro Nogueira na Casa Civil prepara ida de Bolsonaro para o PP
Ao colocar o presidente do Progressistas, Ciro Nogueira, na Casa Civil, decisão já confirmada por aliados do presidente, Jair Bolsonaro começa a guardar uma certa distância da caserna e se alinha com a máxima de que “só a política resolve a política”. Ciro é experiente, acompanhou de perto todos os governos petistas e também o do presidente Fernando Henrique Cardoso. É visto como alguém “tarimbado” para tentar não só ajustar os ponteiros entre os partidos, mas também com os senadores, uma vez que tem trânsito em todas as legendas. Outra mudanças virão, dando ao Planalto um perfil mais afinado com os partidos. Não está descartada uma posição de destaque para Davi Alcolumbre e ajuste na liderança do governo na Câmara, por exemplo. Bolsonaro, aliás, pode aproveitar essa troca de comando na Casa Civil para afastar Ricardo Barros sem que diga publicamente que foi por causa do desgaste causado pela CPI.
O fato de Ciro Nogueira ter ficado calado nos últimos tempos dentro da CPI da Pandemia foi justamente o período em que trabalhava nos bastidores essas mudanças, junto com o presidente Jair Bolsonaro e o ministro de Comunicações, Fábio Faria, outro que tem articulado bastante no sentido de organizar a base para conseguir acertar os ponteiros e evitar que os dissabores prosperem.
Em conversas reservadas, políticos dizem que Bolsonaro adota agora o mesmo que Fernando Henrique Cardoso e Lula fizeram no passado: Reforçar laços com os partidos para resolver problemas políticos. A diferença, porém, é que nenhum deles entregou a Casa Civil, coração do governo, como Jair Bolsonaro faz agora. Lula, quando os escândalos começaram a crescer, fez uma reforma ministerial ampliando o espaço do MDB no primeiro escalão. Entregou, por exemplo, o ministério de Minas e Energia; o PL, do então senador Alfredo Nascimento, tinha o Ministério dos Transportes. A aproximação com o MDB foi crucial para ajudar a evitar problemas diante das denúncias do mensalão.
Bolsonaro sabe que sua base aliada enfrenta problemas, haja visto o confronto público com o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, nos últimos dias. Ramo, embora independente, é aliado de Arthur Lira e políticos próximos a Bolsonaro tomaram um susto ao ver essa briga. Desnecessária. No Senado, o governo também não tem uma maioria firme, o que tem comprometido o governo e ainda dado espaço para que os partidos trabalhem o nome do presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), como pré-candidato ao Planalto.
A ideia agora é consertar os erros dos últimos dias, onde pareceu mais um recesso para se armar até os dentes do que para pacificar as duas Casas. Resta saber se dará tempo. Fernando Collor, em 1992 entregou boa parte do governo, inclusive a Casa Civil, ao PFL, na esperança de permanecer no governo e evitar um processo de impeachment. Não conseguiu. Bolsonaro ainda tem tempo e mais apoios do que Collor mantinha naquele período. A esperança dos aliados do presidente é a de que a história não se repita.
Ah, e sobre o partido do presidente: Ele está entre o PP e o PL. A ida de Ciro Nogueira coloca o PP como destino preferencial. É a volta para “casa”, conforme definem os aliados de Bolsonaro.
Enquanto o país se indigna com os R$ 5,7 bilhões destinados ao Fundo Eleitoral de 2022, que será vetado, os parlamentares pedem encarecidamente ao presidente Jair Bolsonaro que, para compensar, deixe “passar a boiada” das emendas de relator, as chamadas RP9, que não têm o mesmo controle das emendas individuais a que cada deputado ou senador tem direito. As RP9, cujos valores serão definidos quando da análise do Orçamento de 2022, permitirão o envio de recursos diretos para obras nas bases eleitorais dos amigos do rei. Foram mantidas na LDO graças a um acordo entre os partidos. Os ministros torcem pelo veto a esses pedidos, que consomem os parcos recursos disponíveis para investimentos, em especial obras em andamento.
No ano eleitoral, a distribuição caberá ao relator, deputado Hugo Leal (PSD-RJ), em comum acordo com a cúpula da Câmara dos Deputados e a base do Senado. As maiores bancadas aliadas ao governo terão acesso a uma parcela maior dos recursos. Este ano, o relator Márcio Bittar (MDB-AC) distribuiu R$ 16,5 bilhões, depois de uma queda de braço que resultou no cancelamento de R$ 10 bilhões. Agora, com a eleição em cena, o céu é o limite.
Falta combinar com o caixa
Ao mesmo tempo em que o governo acena com aumento do Bolsa Família e os parlamentares aliados fazem planos com a liberação das emendas de relator, o Poder Executivo pediu autorização ao Congresso para emitir títulos a fim de gerar recursos para pagamento de pessoal. Sinal de que o caixa não suporta muita invenção.
Dito e feito — só que não
Conforme o leitor da coluna sabe, Bolsonaro dedicará esse período de recesso à alavancagem da PEC do voto impresso. O presidente, porém, não tem o ativo mais importante para fazer valer a proposta: tempo para implantá-la.
O relógio marca…
Até ser votada na Câmara, o país estará no final de setembro. O Senado terá, então, um mês para aprovar tudo um ano antes da eleição. Ainda que seja aprovada, será preciso um crédito suplementar a fim de garantir a compra dos equipamentos. Mais uma etapa que tomará tempo dos legisladores.
… e o tempo voa
Até promover uma licitação para compra de, pelo menos, 560 mil impressoras especiais e, de quebra, a troca das urnas atuais por aparelhos que aceitem a impressão do voto, os cálculos de experientes gestores indicam que a campanha já estará no ar. Ninguém acredita que dê tempo. Só se for aprovado agora, para instalação em 2024.
Ao advogado, as gravatas/ O ministro Marco Aurélio Mello ainda estava em plena atividade no Supremo Tribunal Federal, no último dia 5, quando chegou ao seu gabinete um pedido inusitado. Um advogado de Uberlândia (MG) enviou uma carta em que pede para ser “presenteado” com uma das gravatas usadas pelo ministro no plenário do STF. “A indumentária será carinhosamente usada por este operador do direito no exercício da nobre missão de advogado”.
Tal e qual um craque/ O ministro se consolida, assim, como um dos craques do direito que deixa o Supremo. Afinal, já se viu pedido de camisa de jogador de futebol, de vôlei, de basquete da NBA, inclusive leiloadas por alguns milhares de dólares. Agora, a gravata de ministro do STF, pelo que se sabe, é a primeira vez. E o advogado, pelo visto, segue a máxima do futebol: quem se desloca recebe; quem pede tem preferência.
Por falar em Supremo…/ As apostas dos senadores são as de que o procurador-geral da República, Augusto Aras, não terá problemas de recondução. Quanto a André Mendonça para ministro do Supremo Tribunal Federal, alguns senadores dizem apenas: “Oremos”.
Dois sujeitos, um objetivo/ O descrédito e críticas de Lula e de Bolsonaro à terceira via indicam que o projeto tem chances de dar certo. Como disse o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, em seu Twitter: “Ninguém bate em cachorro morto”.
CB.Poder/ O programa, às 13h20, ao vivo na TV Brasília e nas redes sociais do Correio Braziliense, recebe, hoje, o presidente do PSD, Gilberto Kassab.
Nem aliados de Bolsonaro acreditam em pacificação com o Congresso
A contar pelas primeiras declarações do presidente Jair Bolsonaro depois da saída do hospital, nem os aliados conseguem vislumbrar o recesso parlamentar como um espaço para acalmar os ânimos entre governo, Congresso e Supremo Tribunal Federal. O presidente mantém o tom bélico em relação aos senadores da CPI da Covid e, agora, devido aos ataques ao vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM), o presidente se desgasta com mais um pedaço da Câmara.
Nesse clima, até os maiores aliados de Bolsonaro classificam o recesso como um período em que cada um aproveita para escolher melhor as suas armas. Não há um esforço coletivo para promover a pacificação.
Mourão pressiona Bolsonaro
Foi assim que aliados do presidente leram a frase “eu vetaria” dita pelo vice-presidente Hamilton Mourão sobre o veto ao fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões. Bolsonaro ficou sem saída, a não ser vetar a proposta. Se mantiver essa decisão, vai se desgastar com parte da sua base. Porém tudo ainda pode ser rediscutido na votação do orçamento, no segundo semestre.
Recesso sob risco
Se o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Kassio Nunes Marques acolher o pedido de parlamentares para anular a votação do fundo eleitoral de R$ 5,7 bilhões, a decisão leva para o ralo o recesso parlamentar. É que, reza a Constituição, sem LDO, não tem recesso.
Água mole em pedra dura
Bolsonaro vai falar do voto impresso praticamente todos os dias até o dia da votação, até repetir que não acredita mais na aprovação da proposta. Quer, com isso, ver se consegue virar votos ou, no mínimo, mobilizar seus seguidores, que marcaram uma manifestação para 1º de agosto, em defesa da emenda constitucional em análise na Câmara.
O dono da caneta
Em conversas reservadas, aliados do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), dizem que não leva a lugar algum a solicitação do vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos, para ter acesso aos pedidos de impeachment apresentados contra Bolsonaro. É que cabe ao presidente da Casa decidir sobre o tema. E Lira não pretende viajar fora do período regulamentar de recesso. Até aqui, nem para as chamadas missões oficiais.
Sutis diferenças/ Ao defender o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello no caso do vídeo em que o general menciona perspectiva de compra direta da CoronaVac, Bolsonaro disse que Brasília é o paraíso de lobistas e picaretas. A constatação leva as autoridades públicas a não perderem tempo com eles. Especialmente, em casos de vacinas que já tinham parcerias fechadas no Brasil, a CoronaVac com o Butantan e a AstraZeneca, com a Fiocruz.
Temor…. / O setor de shoppings, um dos mais afetados pela pandemia, movimentou R$ 192 bilhões em 2019. Com o vírus em cena, viu sua receita cair 33,2% e os empregos baixarem 10%. Com a proposta de reforma tributária do governo, já davam a perspectiva de recuperação como perdida.
… e esperança/ Agora, porém, depois que o relator da reforma tributária, Celso Sabino (PSDB-PA), alterou o texto da reforma, importantes líderes do setor, como o vice-presidente institucional da Multiplan, Vander Giordano, e o presidente da Associação Brasileira de Shoppings, Glauco Humai, prometem ao governo apoiar a proposta.
Aliados vão aproveitar afastamento de Bolsonaro para amenizar crise entre os Poderes
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro se mantiver afastado sob cuidados médicos, os seus articuladores políticos querem aproveitar para tentar amenizar a crise entre os Poderes que vinha numa onda crescente. A ordem é aproveitar o período do recesso parlamentar e do Judiciário para baixar a poeira e promover conversas nos bastidores, que costumam ser muito mais produtivas do que os encontros formais, com discursos protocolares que não surtem efeito prático.
Até aqui, avisam alguns, o escalado para essa tarefa foi o ministro de Comunicações, Fábio Faria, um dos mais próximos de Jair Bolsonaro.
Diga ao povo que fico
Bolsonaro segue no comando do país, mesmo no hospital. É que, com o vice-presidente Hamilton Mourão viajando, Arthur Lira (PP-AL), o presidente da Câmara, passaria pelo constrangimento de não poder assumir porque é réu em processo no Supremo Tribunal Federal. Assim, a Presidência da República, até a volta de Mourão, marcada para sábado, ficaria a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Quem manda
A decisão sobre licença caberá à equipe que está atendendo o presidente. Se os médicos assim determinarem, Bolsonaro terá que se licenciar para cuidar da saúde e Mourão pode, inclusive, antecipar sua volta ao Brasil para preservar Lira.
Deixe tudo para depois
Com Bolsonaro internado, temas importantes para ele foram adiados. No caso da proposta que estabelece a impressão do voto, por exemplo, falta número para aprovar. Ou o presidente põe seu pessoal na porta do Congresso exigindo essa aprovação ou não passa.
E dá-lhe desgaste
Com a prorrogação da CPI da Covid aprovada, o governo pode se preparar para ficar sofrendo desgastes até o final de outubro — ou seja, um ano antes da eleição.
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Sobrou para ele/ A contar pela determinação dos congressistas em partir para o recesso, o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), ficará até o final do mês “sangrando”, esperando o depoimento à CPI. É o único que não tem nada a ganhar com o recesso.
É por aí/ Se o caso de Bolsonaro fosse simplesmente um mal-estar, ele não teria sido transferido para São Paulo.
Sem trégua/ Com o presidente internado, vários passageiros de carros que passavam em frente ao Hospital das Forças Armadas (HFA), em Brasília, gritavam “Fora Bolsonaro”. Um grupo de apoiadores fez o contraponto, com bandeiras e orações.
Parceria reforçada/ Na véspera de sua internação, o presidente conversou pela primeira vez com o primeiro-ministro de Israel, Naftali Bennett. Além dos protocolares agradecimentos pelos calorosos parabéns que Bolsonaro enviou pelo estabelecimento do governo em Israel, Bennett elogiou a eleição do Brasil como membro não-permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e enfatizou a posição forte e contínua do Brasil ao lado de Israel na arena internacional.
As deferências do presidente Jair Bolsonaro ao líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), vieram sob encomenda para servir de amortecimento para o caso do surgimento de gravações do presidente durante a conversa com os irmãos Miranda, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) e o técnico do Ministério da Saúde Luis Ricardo, em março deste ano.
O governo, aliás, está disposto a contornar as falas desastradas do presidente nos últimos dias, que afastam muitos apoiadores do Centrão e criam instabilidade. A ideia é promover várias demonstrações de apreço aos integrantes da base aliada. Bolsonaro sabe que não pode prescindir do Centrão, onde estão Barros e o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Especialmente se houver algum pedido de licença para que ele seja processado no Supremo Tribunal Federal (STF), dentro da investigação em curso.
Se não correr…
A baixa de Bolsonaro nas pesquisas e as incertezas que cercam seu futuro político são os ingredientes que o levaram a marcar conversas com a cúpula do PSC, do Pros e do PTB para amanhã, notícia publicada em primeira mão no site do Correio pela repórter Ingrid Soares. Bolsonaro quer sentir o clima, uma vez que, nos bastidores, muitos partidos já não fazem tanta questão de receber a filiação do presidente da República.
… perde o barco
A aposta de muitos partidos é a de que Bolsonaro, se não corrigir os rumos do discurso, terá dificuldades em se recuperar. Hoje, não são poucos os parlamentares da base governista com a avaliação de que ele, da mesma forma que se fez praticamente sozinho, está se inviabilizando também praticamente sozinho.
E o Mourão, hein?
As declarações do vice-presidente Hamilton Mourão, garantindo a realização de eleições, foram lidas no Congresso como um “estamos aí” para assumir a Presidência, caso haja alguma mudança de rota dos congressistas em relação aos pedidos de impeachment.
Nem vem
As excelências, porém, não querem de fato o impeachment de Bolsonaro. O receio é que o vice caia no gosto da população e seja candidato em 2022, com chances de vitória.
E as reformas, hein?/ A tributária hoje tem muito mais chance de ser aprovada do que a administrativa. E quanto mais perto do ano eleitoral, mais difícil ficará.
Dória no quadrado de Ciro/ A ampliação da escola em tempo integral em São Paulo vem sendo comparada ao projeto que marcou a vida do pedetista Leonel Brizola, que implantou o sistema no Rio de Janeiro, quando foi governador. É uma forma de tentar atrair o segmento do eleitorado brizolista que não é lá muito simpático à candidatura de Ciro Gomes.
A hora dos ministros/ Diante das dificuldades de ouvir técnicos que chegam ali e ficam calados, caso de Emanuela Medrades, que se disse “exausta”, a CPI da Covid deve promover em breve o desfile de ministros. Estão na lista Walter Braga Neto e Onyx Lorenzoni, além de Wagner Rosário, da Controladoria-Geral da União.
Por falar em Emanuela…/ Ao se declarar “exausta”, a funcionária da Precisa deu a deixa para os senadores. Alessandro Vieira (Cidadania-SE) já começou dizendo que “exaustão” não é motivo para não responder. E o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), completou: “Exaustos estão os familiares das mais de 530 mil pessoas que morreram de covid”.
As acusações que o presidente Jair Bolsonaro levantou contra o senador Omar Aziz (PSD-AM) em conversa com apoiadores, sem apresentar provas, serviram de motor para a carta enviada ao Palácio do Planalto, em que a CPI da Pandemia cobra uma posição do capitão em defesa do líder do governo, Ricardo Barros. Até aqui, o chefe do Planalto vinha sendo poupado de um pedido de explicação oficial. Agora, diante da carta, a CPI acreditava ter colocado o presidente numa sinuca de bico: se defendesse o líder e chamasse o deputado Luis Miranda de mentiroso, poderia ser confrontado com uma gravação da conversa entre ele e Miranda. Se atacasse o líder, brigaria com uma parcela expressiva do Centrão.
Ocorre que Bolsonaro chutou essa granada para fora do campo. A resposta do presidente, “caguei”, dita na live desta semana, indica que o presidente vai continuar tratando a CPI como algo feito apenas para desgastar o governo. Porém, diante dessa inflexibilidade e de ataques aos senadores, fica mais difícil para os governistas encontrarem algum espaço capaz de quebrar a hegemonia do G7 na CPI da Pandemia, chamados, inclusive, de patifes e picaretas pelo presidente. O problema é que, nesse cenário, quanto a Barros, o risco é essa granada que Bolsonaro atirou para fora cair no colo do líder. Barros, por sua vez, já percebeu e, ontem mesmo, foi à tribuna da Câmara se defender. Enquanto não for chamado à comissão, é ali que ele apresentará a sua defesa.
Em tempo: com o presidente irredutível, a estratégia da CPI, agora, é jogar Ricardo Barros contra Jair Bolsonaro. Daqui para a frente, serão muitas as declarações de integrantes da CPI no sentido de levar o líder a cobrar publicamente do presidente se é verdadeira ou falsa a versão do deputado Luis Miranda, de que Bolsonaro citou o nome do seu líder na Câmara quando recebeu de Miranda a denúncia de que havia esquema de corrupção em gestação na Saúde. É um jogo de truco de final, até aqui, imprevisível.
O jogo de Bolsonaro
A frase “ou fazemos eleições limpas ou não temos eleições” não foi dita por mero acaso. Faz parte de uma estratégia engendrada no Planalto para impor a vontade de aprovar o voto impresso, ou voto auditável, para as eleições do ano que vem. A proposta, porém, depende da aprovação de uma emenda constitucional em debate no Congresso e, hoje, não há 308 votos a favor.
Auxílio menor tira força da reeleição
O auxílio emergencial num valor menor do que a metade dos R$ 600 pagos no passado é visto até por apoiadores do presidente como o responsável pela queda da popularidade e o aumento da rejeição, como demonstram todas as pesquisas de opinião. Em especial, entre aqueles que recebem até dois salários mínimos, conforme registrou o DataFolha.
Dois fatores
Os ministros, porém, consideram que essa queda de popularidade entre os mais pobres será possível resolver com o novo Bolsa Família. A economia é o ponto nevrálgico para 2022 e, até aqui, avaliam alguns, não reagiu a contento. O outro fator é denúncia de corrupção.
Até aqui…
As denúncias de suspeita de corrupção no Ministério da Saúde estão nas costas da raia miúda que foi exonerada, Roberto Dias e Laurício Monteiro Cruz, respectivamente, diretores do Departamento de Logística e de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde.
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O pacificador/ Aos poucos, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, vai se colocando como alguém não tão afastado do governo, mas de outra cepa. Há quem diga que está preparado para herdar os votos dos decepcionados com o jeitão de Bolsonaro e avessos ao PT.
Nem tanto/ Alguns senadores têm dito que Pacheco, porém, ainda não está na pista, e foi o general Braga Netto quem ligou para o presidente do Senado, a fim de desfazer mal-estar entre os Poderes, e não Pacheco que procurou o ministro.
Na área dele/ Depois do Rio Grande do Sul, Bolsonaro irá, na semana que vem, ao Amazonas, estado do presidente da CPI, senador Omar Aziz. A ideia é mostrar que tem apoio no território do inimigo.
Enquanto isso, no Congresso…/ A corrida para aprovar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ainda não está ganha. A tendência, por enquanto, é de recesso branco.
Com o aumento de menções negativas ao governo nas redes sociais, numa espiral crescente, desde que a CPI da Covid começou, o presidente Jair Bolsonaro quer tirar de cena todos os problemas que possam associar a imagem do governo à corrupção. Neste pacote, estão a demissão de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente e, inclusive, o contrato para compra da Covaxin. A ordem é tirar os intermediários na compra da vacina indiana e, se for o caso, buscar um novo contrato direto com o fabricante, tal e qual vem sendo feito com os imunizantes que já chegaram ao Brasil.
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Bolsonaro acredita que seu maior ativo para 2022, numa polarização com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, será dizer que, no atual governo, não houve corrupção e que, quando houve suspeita de fatos ilícitos graves, os envolvidos foram afastados e contratos não foram assinados. Os bolsonaristas estão convictos de que, mesmo com as provas contra Lula anuladas por causa da suspeição de Sergio Moro, será possível refrescar a memória do eleitorado sobre o desvio de recursos da Petrobras e a quantidade de pessoas presas à época por causa daquele processo.
Quem manda
Bolsonaro decidiu afastar Salles depois de ser informado que o Supremo Tribunal Federal (STF) poderia requerer o afastamento do ex-ministro. O presidente da República abomina a ideia de ver a Suprema Corte querendo definir quem fica e quem sai no seu governo.
A guerra do Centrão
A bomba detonada pelo deputado Luís Miranda (DEM-DF) tem como pano de fundo a disputa de contratos na saúde por parte de um grupo simpático ao líder do governo, Ricardo Barros (Progressistas-PR), que já foi ministro da pasta e conhece o setor. Não por acaso, há um mês, a turma mais afinada com o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), tentou catapultar Barros do cargo. Bolsonaro bancou o líder.
Modus Operandi
Abraham Weintraub deixou o Ministério da Educação, em 18 de junho do ano passado, no mesmo dia em que a Polícia Federal prendeu Fabrício Queiroz na casa do advogado Frederick Wassef, que atende a família Bolsonaro. Ernesto Araújo saiu no mesmo dia do afastamento de toda a cúpula da Defesa. Agora, Salles sai do cargo na data em que Luís Miranda apresenta mais um desgaste para o Planalto. Em política, reza a lenda, não há coincidências.
Agora, vai
A suspeição de Moro no caso do tríplex no Guarujá, que levou Lula para cadeia, era tudo o que o PT esperava para tentar atrair apoios de outros partidos, em especial, o PSB, que conversa com o ex-ministro Ciro Gomes, pré-candidato do PDT ao Planalto.
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E o Moro, hein?/ Os amigos do ex-ministro dizem que a família dele não quer que seja candidato. O desejo é de levar uma vida mais tranquila e sem muita exposição.
O que Miranda queria/ No elenco de entrevistas e conversas ao longo do dia, Luís Miranda reclamou que foi barrado pelo Planalto para relatar a reforma tributária. Isso, porém, não quer dizer que suas denúncias não devam ser averiguadas pelas autoridades competentes.
A desejar/ O fato de o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, fazer apenas um pronunciamento, e não abrir espaço para perguntas, reforçou o pedido de convocação dele à CPI da Covid. Há várias perguntas sem respostas.
No meio dessa confusão toda…/ A CPI vai praticamente esquecer os governadores e jogar todos os holofotes na história da Covaxin, inclusive com perspectiva de ampliar o prazo de 90 dias de funcionamento da comissão de inquérito.
Que São João nos ilumine!
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro reforça o discurso de que o futuro presidente da República indicará mais dois ministros para o Supremo Tribunal Federal, seus mais fiéis escudeiros na Câmara preparam nova investida para ver se conseguem baixar de 75 anos para 70 a idade limite de permanência na Suprema Corte. Assim, em vez de dois, indicaria quatro. A suspeita de muitos é de que, a partir daí, o presidente apostará, inclusive, na perspectiva de sucessivas reeleições, com possível aval do STF.
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É por isso que, desde já, tanto os partidos de centro fora da órbita do Planalto quanto os de oposição radical ao governo, com receio desse plano presidencial de dominar o STF, vão evitar que essas propostas de antecipação de aposentadoria dos ministros tenham espaço no Parlamento. Esta semana, muita gente suspirou aliviada ao perceber que Bolsonaro não reúne uma maioria folgada para aprovar propostas de emendas constitucionais. Mas, reeleito, sairá fortalecido e, segundo seus próprios aliados, com musculatura para impor uma agenda e controle dos demais Poderes.
Mágoas
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva busca um político para vice numa chapa presidencial encabeçada pelo PT. Está meio decepcionado com o empresariado. A amigos, tem dito que fez tudo pelo setor produtivo do país quando era presidente e, quando caiu em desgraça, os empresários não moveram uma palha para ajudá-lo.
Aliás…
Um dos maiores receios de potenciais aliados do ex-presidente é de que ele, se vencer, venha com sede de vingança em relação àqueles que lhe viraram as costas.
Baleia, o vice
O vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, começa a fechar acordos para a sua campanha ao Palácio dos Bandeirantes no ano que vem. Se o governador João Doria for candidato a presidente da República, o vice dos sonhos é o presidente do MDB, Baleia Rossi, a quem o prefeito paulistano, Ricardo Nunes, é ligado.
Corre com isso aí
Com o risco de o Supremo Tribunal Federal (STF) acolher a decisão da ministra Rosa Weber, sobre a suspensão da convocação de governadores à CPI da Covid, cresce o movimento de governistas para encerrar a comissão o mais rápido possível. No Planalto, há a certeza de que não há mais nada a fazer ali para diluir o desgaste presidencial, a não ser dizer que a CPI quer apenas enfraquecer Bolsonaro politicamente.
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Dois galãs na mesma novela/ O ingresso do deputado Marcelo Freixo (RJ) no PSB é visto com preocupação por alguns socialistas, uma vez que a agremiação já tem Alessandro Molon como sua estrela no Rio de Janeiro. “É como se tivéssemos Tarcísio Meira e Francisco Cuoco na mesma novela, ou Cauã Reymond e Caio Castro. Alguém vai acabar sobrando”, comentou um dos observadores.
Dino e Lula/ No PSB, Flávio Dino diz que não está ali para obrigar o partido a se aliar a Lula. Mas, nos bastidores do PT, o governador do Maranhão desponta como uma aposta para levar os socialistas a seguir com o PT em 2022.
Foi só o começo…/ A tentativa de invasão dos índios ao Congresso, que resultou num confronto e até em um policial ferido, não vai cessar enquanto a Casa não abrir o diálogo com as tribos para tratar da proposta que modifica a demarcação das terras indígenas.
… e não tem trégua/ Se da parte dos índios há disposição de briga, da parte do presidente da Câmara, Arthur Lira, não é diferente. Depois de aprovar a privatização da Eletrobras, agora ele quer aproveitar as sessões virtuais para “passar a boiada” em outras searas.
MP da Eletrobras pode ser parâmetro para medir a força de Arthur Lira
Todos os aliados mais fiéis do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), trabalharam para ajudar a acionar o rolo compressor e aprovar a medida provisória de privatização da Eletrobras. Não que Arthur seja o mais governista dos governistas. É que, no papel de presidente da Câmara, ele deseja deixar claro que, se algo der errado para o governo Jair Bolsonaro mais à frente, o Executivo não poderá pôr a culpa no Congresso.
Nesse caso, porém, tem um probleminha: se a conta de luz aumentar, como preveem os técnicos, vai sobrar para o Congresso também o desgaste de ter aprovado a medida provisória. O momento é de fazer as contas e, se for o caso, mais à frente buscar os culpados pelos prejuízos.
A terceira onda
Ao mesmo tempo em que termina essa fase de demarcar as responsabilidades pelo descontrole da covid-19 no Brasil, a CPI da Covid entra no aquecimento para acusar formalmente o presidente Jair Bolsonaro pelo patamar de 500 mil mortos.
O primeiro movimento
O governo vai continuar tratando dessa tentativa de investigar o presidente da República na CPI como parte da disputa política rumo a 2022. Na avaliação do Planalto, a comissão de inquérito é apenas mais uma batalha política.
PSDB em jogo duplo
Os tucanos querem montar uma candidatura presidencial de oposição para 2022, mas, na Câmara, votaram a favor da medida provisória de privatização da Eletrobras, um texto que sai do Congresso sob medida para atender o Centrão, aliado de Bolsonaro. Não será por aí que, segundo os integrantes da terceira via, os tucanos conseguirão construir uma alternativa viável para a corrida eleitoral.
Esqueçam as PECs
A tirar pelo placar do texto-base da proposta de privatização, ontem, na Câmara, o governo tem muito chão pela frente para aprovar qualquer proposta de emenda constitucional. Foram 258 votos a favor. As PECs só passam com 308 votos favoráveis.
Sinais de recuperação
O setor portuário movimentou 380,5 milhões de toneladas, entre janeiro e abril deste ano, um crescimento de 9,73% em relação ao primeiro quadrimestre de 2020. O presidente da Agência Nacional de Transportes Aquaviários, Eduardo Nery, comemora: “A tendência é de que se mantenha esse viés de alta ao longo do ano”, diz.
O VAR de Júlio Delgado/ Ao orientar contra a votação da medida provisória de privatização da Eletrobras, o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) mostrou o vídeo em que o próprio Bolsonaro se colocava contra a venda da empresa no passado. Nem Arthur Lira deixou de sorrir com a fala do socialista.
A criatividade cresce/ O deputado Leônidas Cristino (PDT-CE) foi direto ao definir o projeto de privatização da Eletrobras que saiu da Câmara: “Esse projeto pode até não ter jabutis, mas tem quelônios”, disse, referindo-se à ordem em que os jabutis estão classificados.
Quem diria…/ O Partido Novo, de viés liberal, e o PSol votaram juntinhos contra a proposta de privatização e capitalização da Eletrobras.
Muita calma nessa hora/ Quem conhece o presidente Jair Bolsonaro considera que o destempero e as agressões verbais a jornalistas, como as que ocorreram em Guaratinguetá, virão num crescente, daqui até a eleição. Pode apostar.
O governo não trará isso a público agora, mas, internamente, já começou a colocar em dúvida a capacidade da CoronaVac em conter a infecção pela covid-19. Isso porque tanto no Chile quanto no Uruguai, países nos quais as coberturas vacinais foram exemplares, o avanço da doença continuou, assim como as internações hospitalares. Não por acaso, Jair Bolsonaro fez apelos à Pfizer para que antecipe o envio de imunizantes ao Brasil. Oficialmente, o discurso é o de garantir a oferta de doses à população, mas, na seara política, há quem diga que o presidente está se armando para tentar tirar do governador João Doria, de São Paulo, o discurso da vacina. Essa disputa ainda terá muitos lances mais à frente — pode apostar.
Freio de arrumação
Esse foi o motivo da reunião ministerial desta semana: trazer um alinhamento do discurso do governo sobre a recuperação da economia e também questões da saúde. Com a vacinação acelerada, o Palácio do Planalto considera que, até o final do ano, a tempestade provocada pela CPI da Covid terá passado. O ministro Paulo Guedes (Economia), por exemplo, foi direto ao mostrar o cenário de recuperação e mais confiança com a vacinação ampliada.
Mais um ingrediente
Como se não bastassem as desconfianças de que a MP da Eletrobras resultará em aumento de despesa, e não de lucro para o governo, o tema ganhou mais um entrave. A Associação de Empregados da Eletrobras apresentou denúncia ao Tribunal de Contas da União (TCU) de irregularidades e inconstitucionalidades na proposta.
Bem apimentado
O documento enviado ao TCU elenca vários dispositivos da medida provisória. Diz, por exemplo, que a “descotização trará um aumento estrutural das tarifas para as famílias brasileiras, além de ser uma quebra de contrato válido até 2042, ano que termina a concessão das usinas em cotas”.
Vai sobrar e sem divisão
Com a tendência do Supremo Tribunal Federal (STF) de conceder a todos os governadores o direito de não comparecer à CPI da Covid, foi por água abaixo a estratégia do governo de tentar jogar a tragédia da pandemia no colo dos gestores estaduais. Eleitoralmente, os governistas já admitem reservadamente que Bolsonaro será o mais prejudicado e que os governadores que forem chamados vão jogar a granada de volta para o governo federal. O ex-governador do Rio Wilson Witzel, por exemplo, vai hoje à comissão tendo Bolsonaro como alvo.
Compensa aí, talkey?
Ciente da baixa de popularidade provocada pela pandemia, o governo aposta que consegue virar o jogo no ano eleitoral, ou no final do segundo semestre deste ano, quando a cobertura vacinal estiver mais ampla e a economia apresentar mais sinais de recuperação com a retomada do emprego. Mas os estrategistas palacianos acreditam mesmo é no aumento do valor do Bolsa Família, com a troca do nome para alavancar simpatias.
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Assim não vai/ O PT tem pedido o palanque de Alexandre Kalil para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Belo Horizonte. Mas, no papel de candidato, Kalil já avisou que tende a fazer sua campanha em carreira-solo, independentemente da disputa entre o PT e Bolsonaro.
Vai sobrar para todo mundo/ Com base naquilo que disse o ex-secretário de Saúde de Manaus, Marcellus Campelo, à CPI da Covid, a tragédia da capital amazonense tem muitos culpados. Os senadores garantem que ninguém será poupado.
Enquanto isso, no interior paulista…/ Barretos terá lockdown total a partir de sábado. A ocupação de leitos está em 100%, e há uma fila à espera por UTI. Por uma semana, vai fechar tudo. Fala-se até em postos de gasolina.
Assunto para meses/ O presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), Ricardo Liáo, e a vice-presidente do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), Eliza Madrazo, participam, hoje, da abertura da 3ª edição do Congresso de Prevenção e Combate à Lavagem de dinheiro e ao Financiamento ao Terrorismo Internacional. O evento vai até 3 de setembro, com painéis e discussões para troca de conhecimento nessa área.
Quando entrar setembro/ Transmitido de São Paulo, o congresso promovido pelo Instituto de Prevenção e Combate à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo reunirá on-line autoridades como os ex-ministros da Justiça Sergio Moro e Nelson Jobim, que foi também ministro da Defesa. Jobim falará em 1º de setembro; e Moro, no dia seguinte.