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A conta não vai fechar

A disposição do governo federal em ajudar o governador Rodrigo Rollemberg a resolver a crise com a Polícia Civil esbarra no risco do efeito cascata: técnicos da Fazenda avisam que, se o presidente fizer qualquer concessão ao Governo do Distrito Federal, ainda que dentro dos valores que o governo local tem a receber, outros governadores farão fila no Planalto com a mesma finalidade. Isso sem contar os 505 deputados de outras unidades da Federação. E tem mais: se continuar esta onda de aumentos, sem reformas estruturais, periga outros estados entrarem na onda do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul, de parcelamento de salário e benefícios. O momento é considerado o mais grave desde a redemocratização do país.

Governo refém

O desenho do governo Michel Temer foi concebido para deixar o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, voltado às ações internas e propostas de melhoria na gestão. Porém, a realidade é outra. Com a pulverização da política e as dificuldades do ministro Geddel Vieira Lima em atender a todos os pedidos, a agenda de Padilha está cada dia mais recheada de parlamentares. É o governo rendido ao Congresso Nacional.

Migração

Aos poucos, os governadores vão acabando com o tal regime estatutário de admissão de funcionários, que não tem FGTS, porém, garante aposentadoria integral e estabilidade no emprego. Em Goiás, por exemplo, a tendência tem sido buscar meios de contratar pelo regime CLT. É o jeito de tentar fazer com que a conta da Previdência feche mais à frente. De quebra, o governo estadual ainda joga para evitar a turma que, por causa da estabilidade, considera desnecessário se dedicar ao trabalho.

Por falar em conta…

Sexta-feira, 20h, Iate Clube de Brasília. Uma mulher de 44 anos, funcionária de um tribunal, comenta com uma amiga numa das lanchonetes do clube mais badalado de Brasília: “Tristeza, se a reforma da Previdência for aprovada, não poderei mais me aposentar aos 47”. Ou essa mentalidade muda, ou daqui alguns anos quem deseja se aposentar jovem assim vai terminar sem receber os proventos.

Melhor de três

2018 ainda está longe, mas os políticos começam a fazer as apostas sobre quem, dentro do PSDB, teria hoje mais empuxo de deixar o ninho para concorrer à Presidência da República. E, ao contrário do que se tornou senso comum, não é José Serra e sim Geraldo Alckmin. Isso porque, no PSB, o governador paulista acredita ser possível abarcar a maioria dos votos de centro-esquerda e centro-direita, deixando os adversários disputando as extremidades.

É o cara

O deputado Max Beltrão ainda é o nome para assumir o Ministério do Turismo. A nomeação, entretanto, só sai depois do impeachment, com a recriação do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Sinal de que o presidente em exercício não quer briga com Renan Calheiros (PMDB-AL).

Quem não deve…/ O senador Reguffe (foto), do PDT-DF, avisa que votará contra o reajuste salarial dos ministros do Supremo Tribunal Federal. “As pessoas esquecem que alguém vai ter que pagar por isso, e esse alguém é o contribuinte”, diz ele.

Aprovado/ Até os políticos que tachavam o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, de governista estão satisfeitos com a condução dos trabalhos do processo de impeachment. Ele passou no teste ao cortar a palavra tanto de Gleisi Hoffmann quanto de Álvaro Dias.

Por falar em teste…/ O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, não terá vida fácil em 12 de setembro. Se o quórum for baixo, vão dizer que ele atuou para livrar Eduardo Cunha da cassação. A sorte de Rodrigo está lançada.

“Spa” do Luiz/ A ala da Papuda reformada por Luiz Estevão virou sonho de consumo daqueles detidos pela Lava-Jato. Valdemar Costa Neto, por exemplo, considera a de melhor padrão. Não é à toa que muitos tentam transferência para a penitenciária da capital.

Denise Rothenburg

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