Categoria: Política
O líder do PSD, Rogério Rosso, acaba de anunciar que será candidato a presidente da Câmara. Embora tenha dito que só sairia candidato se houvesse consenso, o deputado foi convencido por parlamentares e apresentar logo o seu nome, de forma a segurar os votos daqueles que estão fechados com ele. Rosso cresceu na Casa ao comandar a Comissão Especial do Impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ali, tornou-se respeitado por todas as forças da Casa, inclusive a oposição. No centrão, ele concorre ainda com o deputado Beto Mansur, primeiro-secretário, que passou a ter mais visibilidade recentemente,por presidir sessões polêmicas e se sair bem. Mansur leva a vantagem de estar no quinto mandato, o que não lhe deixa o carimbo de candidato de Eduardo Cunha. Esse carimbo hoje está com Rosso e é o maior problema do candidato do DF à Presidência da Casa.
A contar pela guerra aberta na Câmara e as desconfianças políticas que minam as perspectivas da base construída no Senado, o presidente em exercício, Michel Temer, terá que renovar o fôlego para chegar a agosto com o mesmo poder que emana hoje. Isso porque cresce, entre alguns aliados, a tese de que o projeto para estes dois anos tem como pilares apenas Temer, Eliseu Padilha, Geddel Vieira Lima e Wellington Moreira Franco. Do PMDB, gravitam nesse espaço restrito os senadores Romero Jucá, Eunício Oliveira e Renan Calheiros, nessa ordem. De fora do grupo, apenas têm mais acesso os nomes vistos por esses com perspectiva de poder, o dos ministros José Serra e Henrique Meirelles. Os demais estão à margem.
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Tudo bem, dizem alguns, que 2018 está longe e ainda tem muita água de Lava-Jato para rolar sob a ponte. Porém, se o governo não monitorar de perto os grupos a fim de dissipar desconfianças de que o poder é um clube fechado para poucos, a tendência será o curto-circuito da base na Câmara se expandir no Senado. Afinal, se já tem gente falando dessas insatisfações em conversas reservadas com a coluna, é sinal de que nos jantares fechados dos parlamentares isso está se tornando voz corrente.
E o Brasil se inclina…
Pesquisa do Instituto DataSenado incluiu pela primeira vez a pergunta %u201CNa política se fala em esquerda e direita. Em uma escala de 0 a 10, onde 0 representa a posição%u201D mais à esquerda e 10, a posição mais à direita, em que número você estaria?%u201D
%u2026À direita
O resultado: 20% dos entrevistados se definiram de esquerda, com respostas de 0 a 3. Já 41% se apresentaram como %u201Cde centro%u201D (4 a 6), 32% de direita (7 a 10) e 8% não souberam responder. Somados, centro e direita representam 73%, enquanto centro e esquerda ficam com 61%. Os dados da amostragem estarão disponíveis na página do Senado na próxima semana.
O diabo mora nos detalhes
Tarimbados em discursos, alguns senadores consideraram um erro o presidente em exercício, Michel Temer, mencionar medidas %u201Cimpopulares%u201D na reunião com os representantes da Frente Parlamentar do Agronegócio. O conselho que ele recebeu de muitos foi trocar a expressão %u201Cimpopulares%u201D por %u201Cnecessárias%u201D.
Mensalão & petrolão
Os investigados na Lava-Jato fizeram as contas e começam a ficar preocupados com a perspectiva de ter que encerrar a carreira política mais cedo. É que o mensalão levou sete anos para ser julgado. O petrolão está no terceiro ano. Ninguém quer ir para a eleição de 2018 com a pecha de investigado. Nesse sentido, vêm por aí apelos para que Rodrigo Janot e o Supremo Tribunal Federal ampliem a força-tarefa para avaliar logo o caso dos políticos.
E agora, Temer?/ Como se não bastassem os problemas, vem mais este: o deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) indicou o médico e ex-deputado Heraldo Rocha para a Funasa. E o deputado Claudio Cajado recomendou a mulher, Andreia Xavier, ex-prefeita de Dias D%u2019Ávila, para o mesmo cargo. Nos bastidores, há quem diga que esse será um teste de fogo para o governo: se aceita a mulher de Cajado, vai preterir um técnico conceituado. Se aceita o médico, dirão que rejeitou uma mulher. Não tem saída fácil aí.
Enquanto isso, no Senado…/ Os petistas estão cada vez mais abatidos. A maioria tem dito que o %u201Cimpeachment está resolvido%u201D, enterrando assim qualquer perspectiva de recuperar o poder no Planalto e olha cada vez para 2018. Nem mesmo a visita de Lula a Brasília reanimou o grupo.
Plano A/ Lula, entretanto, não está tão preocupado com o abatimento dos senadores. O que lhe tira o sono é a ausência de povo na rua defendendo o PT, lembrando as realizações sociais dos governos. Por isso, ele começa agora um périplo pelo país. A primeira parada será Pernambuco. A prioridade é dar uma injeção de ânimo para as eleições deste ano.
Distante/ No rol da galeria de líderes do PP, as fotos seguem a seguinte ordem: Pedro Henry, José Janene, Mário Negromonte, João Pizzolatti e Nelson Meurer, todos enroscados em alguma investigação. %u201CEsta parede é complicada, né?%u201D, comenta o atual líder, Aguinaldo Ribeiro, diante da constatação da pergunta: “E o seu nome, onde está” E ele responde: “Lá embaixo, longe”. E o interlocutor completa: “Melhor assim, né?”.
Os petistas não terão candidato a presidente da Câmara. Ali, tem um grupo simpático a Marcelo Castro, do Piauí, adversário de Eduardo Cunha dentro do PMDB, e, quem diria, a Rodrigo Maia (DEM-RJ). Há ainda uma ala esperando para ver o que fará o deputado Heráclito Fortes (PSB-PI), que tem trânsito em todos os partidos da Casa, era um dos mais próximos de Ulysses Guimarães e mantém laços no DEM e também no PSDB.
Oficialmente, porém, Heráclito não saiu candidato ainda porque aguarda uma definição do PSB, que tem Júlio Delgado e Hugo Leal dispostos a concorrer. Júlio, entretanto, está encontrando dificuldades: uma ala do PT o rejeita por causa do parecer contra José Dirceu, nos tempos do mensalão. No Centrão, o nome dele é vetado, porque foi um adversário feroz de Eduardo Cunha.
O telespectador…
O ex-presidente da Câmara está sendo aconselhado a entrar com recurso no Supremo Tribunal Federal a fim de tentar conseguir o direito de votar na eleição para o sucessor. Ele continua afastado do mandato; portanto, terá que se contentar em acompanhar a sessão pela tevê e internet.
…O articulador
Diante da forma ostensiva com que o líder do PTB, Jovair Arantes, está enfrentando Waldir Maranhão (PP-MA) na disputa pela data da eleição do futuro presidente da Casa, ninguém tem dúvidas de que toda essa movimentação tem um nome: Eduardo Cunha.
“Temos que pensar no dia seguinte à eleição e, nesse clima de guerra, ninguém está pensando”
Antônio Imbassahy (BA), líder do PSDB, ao anunciar de antemão que o partido não terá candidato a presidente para o mandato-tampão.
Ciumeira
Senadores e deputados do PMDB ficaram pra lá de irritados com o fato de a líder do governo, Rose de Freitas, ter entregue ao senador Humberto Costa (PT-PE) a relatoria da MP 723, que prorroga por três anos o prazo de revalidação do diploma e do visto temporário do médico intercambista do Projeto Mais Médicos.
Enquanto isso, na CNI…
A ideia do presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Robson Andrade, ao falar em jornada de 80 horas semanais tem um objetivo político: equilibrar o jogo com o deputado Paulinho da Força (SD-SP), aliado de primeira hora de Michel Temer e árduo defensor das 40 horas.
Bem longe/ O ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, foi para a Bahia. Quer manter distância regulamentar das conversas secretas para a Presidência da Câmara. O da Casa Civil, Eliseu Padilha, também sai de cena neste fim de semana com a mesma finalidade. Sabem que, com qualquer passo em falso nesse tema, quem perde é o Poder Executivo.
Sai daí rapidinho!/ O líder do governo, André Moura (foto), refugiou-se em Sergipe. Depois da reunião de quinta-feira, em que ficou à mesa como que apoiando a decisão do Centrão de eleger o presidente da Câmara na terça-feira, achou melhor não influir na movimentação de ontem.
Errou nas contas/ No evento na Confederação Nacional da Indústria (CNI), o presidente em exercício, Michel Temer, mencionou que estava em seu 48º dia de governo. Epa! Ele completa dois meses na próxima terça-feira.
Suassuna, o retorno/ O ex-senador Ney Suassuna (PMDB-PB) começa a trabalhar o retorno ao cenário político. Hoje, participará de uma homenagem à família Suassuna, em Catolé do Rocha, interior da Paraíba. Suassuna planeja concorrer ao Senado em 2018, em parceria com o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima.
Entrou mais um, agora, são cinco:
Beto Mansur (PRB-SP)
Carlos Gaguim (PTN-TO)
Fábio Ramalho (PMDB-MG)
Fausto Pinato (PP-SP)
Marcelo Castro (PMDB-PI)
Até aqui, são quatro os candidatos registrados para concorrer à Presidência da Câmara (ordem alfabética):
Carlos Gaguim (PTN-TO)
Fábio Ramalho (PMDB-MG)
Fausto Pinato (PP-SP)
Marcelo Castro (PMDB-PI)
Cunha “queimou” Rosso…
O líder do PSD, Rogério Rosso, acaba de anunciar que não se inscreverá para concorrer à Presidência da Câmara. Tido como um dos nomes a ser apresentado pelo “centrão”, Rosso era apontado como alternativa por um grupo ligado ao ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que ontem deixou a Casa dizendo que Rosso seria o seu candidato. Os dois se aproximaram quando da eleição de Cunha, em fevereiro de 2015. Posteriomente, Cunha fez de Rosso presidente da comissão especial que analisou o pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff. Ali, o líder do PSD cresceu perante os colegas, por seu comportamento de magistrado. Interlocutores ligados ao ministro da Secretaria Geral do Planalto, Geddel Vieira Lima, chegaram a cravar bem mais cedo que Rosso era o nome com o aval do ministro. Geddel, porém, tem dito publicamente que não interferirá na disputa do Legislativo, conforme orientação do presidente em exercício, Michel Temer.
Rosso, conforme disse à coluna Eixo Capital ontem, só teria chance de fosse um nome de consenso, algo distante na atual conjuntura do Parlamento. O que se vê hoje desde as primeiras da horas da manhã é uma guerra aberta entre o “centrão”, o grupo de partido afinados com o ex-presidente Eduardo Cunha, e a oposição tradicional __ DEM, PSDB, PPS e PSB __ que vê na renúncia de Cunha e em todos os gestos do centrão um jogo para salvar o mandato do ex-presidente da Casa. Diante do impasse, todos os lideres estão se deslocando para Brasília, onde passarão o fim de semana em reuniões para definição de candidatos.
… E Maranhão “queimou” Cunha
Ao demitir o secretário-geral da Mesa, Sílvio Avelino, que havia sido nomeado para o cargo por Eduardo Cunha, o atual presidente, Waldir Maranhão, buscou retomar a condução dos trabalhos e a prerrogativa do presidente da Casa de definir a data da eleição do sucessor para o mandato tampão. O grupo ligado a Eduardo Cunha pretendia escolher o novo presidente da Casa na próxima terça-feira. Nesse caso, a Comissão de Constituição e Justiça estaria praticamente obrigada a cancelar a reunião que definirá o destino do parecer pela cassação de Cunha.
Sílvio foi um dos que convocou a reunião de líderes que, na quinta-feira, terminou em impasse. Ali, o “centrão” procurou forçar a eleição para terça-feira. A oposição tradicional, e a Rede de Marina Silva, percebendo ali uma manobra para tentar salvar Cunha, deixaram a sala e passaram a madrugada em conversas com Maranhão. O desfecho desse primeiro round foi a eleição marcada para quinta-feira e, paralelamente, o anúncio de Rosso de que não será candidato. Os próximos dias serão dedicados à busca de candidatos que possam agregar mais apoios. Há quem diga que o líder do PSD pode estar fazendo uma retirada estratégica agora para emplacar daqui a seis dias. Difícil. Em politica, se o espaço é desocupado, logo aparece alguém para tomar o lugar. Mas nada impede que, saindo agora, Rosso ganhe aí alguns pontos para emplacar em fevereiro de 2017. Mas essa é outra história.