Desmilitariza aí

Publicado em Política

Militares & civis

Os políticos já repararam que, até aqui, é assim no governo: deu problema num setor, chama um general, que ele resolve (leia notas ao lado). Os parlamentares, entretanto, esperam que, agora, depois das conversas desta semana, o presidente Jair Bolsonaro pare de demonizar a classe política, da qual ele também faz parte, e passe a ter uma relação realmente republicana com seus antigos pares. Prova disso é a indicação do senador Izalci Lucas (PSDB-DF) e do deputado João Roma (PRB-BA) para possíveis substitutos de Ricardo Vélez no Ministério da Educação.

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João Roma, entretanto, não tem tantas chances, segundo fontes do Planalto. É que o deputado é muito ligado ao prefeito de Salvador, ACM Neto. Há quem diga, inclusive, que seria um quarto ministro do Democratas no governo, uma vez que os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni; da Agricultura, Tereza Cristina; e da Saúde, Luiz Mandetta, são todos da legenda.

O interventor

É assim que muitos na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) se referem ao general Roberto Escoto, gerente de gabinete do presidente da agência, embaixador Mário Vilalva. Ele assumiu em meados de março, com um salário de  R$ 34.127,25. Dia desses, o general enviou mensagem a um dos diretores dizendo que deveria “impreterivelmente” retomar o convênio com o Sindicato da Indústria Audiovisual do Estado de São Paulo, a fim de garantir a participação brasileira no Festival de Cannes.

Currículo I

O embaixador justificou a remuneração proposta correspondente “ao limite da tabela salarial vigente do Plano de Cargos, Carreiras e Salários — PCCS”, por se tratar de “profissional multidisciplinar, com ampla experiência, inclusive na condução da gestão de temas afetos a comércio exterior e negócios internacionais”.

Currículo II

O general não está ali para brincadeira. Mantém uma caveira sobre a mesa, não admite atrasos quando convoca alguém para uma reunião. E experiência ele tem. Participou das missões de paz no Haiti, no Chipre e em Kosovo e foi adido do Exército nos Estados Unidos e no Canadá. Foi ainda chefe da divisão de inteligência do Centro de Inteligência do Exército (CIE), sigla que provocava tremores a muitos políticos no período do governo militar.

Chegou para resolver

A ida do general Escoto para esse posto é atribuída ao vice-presidente Hamilton Mourão, diante da guerra aberta entre Vilalva e a diretora Letícia Castelani. A briga chegou ao ponto que sobrou para o outro diretor, Márcio Coimbra, que trabalhou com o hoje presidente do Senado, Davi Alcolumbre  (DEM-AP).

Frutos/ O líder do MDB, Eduardo Braga, saiu do encontro com o presidente Jair Bolsonaro, nesta semana, com uma reunião da bancada do Amazonas agendada para a próxima quinta-feira de manhã no Planalto.

Izalci festeja/ Quem chegasse ao gabinete do senador Izalci Lucas (foto), do PSDB-DF, poderia até imaginar que o parlamentar estava comemorando a indicação para o Ministério da Educação. É que os funcionários prepararam uma festa surpresa pelo aniversário dele. Izalci completa 63 anos amanhã. Ele deve ir ao Alvorada, ainda hoje, conversar com o presidente Jair Bolsonaro.

E o Cabral, hein?/ Atirou para todos os lados, disse que “a corrupção prejudicou o Rio de Janeiro”. Faltou dizer que um dos autores desse prejuízo foi ele mesmo. E não só no Rio, mas também no Brasil.

Enquanto isso, nas ruas…/  O PT faz sua caravana no Sul do país neste fim de semana pela liberdade de Lula, enquanto outros movimentos se organizam para a manutenção da prisão em segunda instância. A aposta dos especialistas é de que nenhum dos dois grupos atrairá grandes multidões.