Rodada com os partidos: Bolsonaro se aproxima, mas não leva

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Um dos primeiros partidos a ser recebidos pelo presidente Jair Bolsonaro hoje, o PSD considerou a conversa “fácil”, conforme definiu o presidente do partido, Gilberto Kassab. “É fácil, porque não somos base, nem tampouco oposição”, diz ele, reforçando o que havia sido antecipado pela a coluna Brasília-DF na última terça-feira. “Nossa postura é de independência, apoiamos a reforma, mas não vamos fechar questão”, comunicou Kassab ao presidente.

Os tucanos form mais críticos em relação ao projeto. Geraldo Alckmin avisou de antemão que seu partido não apoiará qualquer benefício abaixo  de um salário mínimo., O PSDB também não pediu participação no governo. Logo, também pretende se manter “independente”. Até aqui, Bolsonaro obteve boa vontade, mas nada fechado em relação aos partidos com que conversou. Ele almoça com o presidente do DEM, ACM Neto, cujo partido tem ministros no governo, mas nenhum indicado pela legenda.

 

 

Câmara tira poderes do governo

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A aprovação por ampla maioria agora à noite da PEC do orçamento impositivo vai tirar do governo o poder de dizer quais são as obras prioritárias para os investimentos. Ela obriga a execução das emendas de bancada e a aplicação de 1% da Receita Corrente Líquida nessas emendas coletivas. Ou seja, vincula ainda mais os gastos, algo que a equipe econômica queria evitar. Essa aprovação, em dois turnos no mesmo dia _ 448 na primeira votação e 453, na segunda __ indica que os congressistas têm pressa em mandar um recado ao governo. Justamente, no dia em que o ministro da Economia, Paulo Guedes, faltou à reunião marcada na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, para debater a Nova Previdência.

 

A emenda seguirá agora para o Senado, onde o presidente, Davi Alcolumbre, há pouco, evitou comentar a respeito, porque ainda não tinha conhecimento do texto. “A proposta está na Câmara. Quando chegar aqui, analisaremos”, comentou. Agora, caberá aos senadores aliados ao Planalto tentar segurar a proposta. Porém, numa Casa regida pelos Estados e recheada de ex-governadores, é mais difícil segurar uma proposta que obriga a liberação justamente dos pedidos estaduais no Orçamento, apresentados via emendas de bancada.  Hoje, essas emendas são apenas autorizativas e o governo é quem dá a palavra final. Se o Senado votar logo essa PEC aprovada na Câmara, restará ao governo liberar a execução dessas emendas, sem poder de veto.

 

Paulo Guedes não é contra o Congresso deliberar sobre todo o Orçamento, desde que haja uma desvinculação das receitas. Do jeito que foi aprovado, o texto engessa ainda mais o Orçamento, deixando pouca margem para o Poder Executivo contingenciar verbas em nome do ajuste fiscal. É o preço da falta de diálogo com o Parlamento, cada vez mais feliz com a chamada “independência” em relação ao Planalto. Esa liberdade, porém, exigirá responsabilidade dos políticos com as contas públicas. E, para que isso ocorra, em algum momento, os dois Poderes __ Executivo e Legislativo __ terão que se sentar e conversar de uma forma civilizada, para estabelecerem os marcos da Nova Politica. Para o bem do país, quanto antes, melhor.

 

 

 

Em troca da OCDE, EUA querem Brasil fora do grupo de tratamento especial da OMC

Robert Lighthizer
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WASHINGTON, DC — Os americanos consideraram discutir a entrada do Brasil na Organização de Cooperação de Desenvolvimento Econômico (OCDE), mas, em troca, pedem que o país saia do rol de nações que detêm tratamento preferencial e diferenciado na Organização Mundial de Comércio (OMC), por se autodesignarem “em desenvolvimento”.

A exigência foi apresentada ao ministro da Economia, Paulo Guedes, pelo representante de Comércio do governo americano, Robert Lighthizer. “Ele me disse: ‘Vocês têm de entender que, para entrar na OCDE, têm de sair do grupo dos favorecidos na OMC. Não tem troca’. Ele fez essa exigência. Eu fiz o meu pedido: ‘Me ajuda a entrar na primeira divisão’. E ele respondeu: ‘Me ajuda a limpar a segunda divisão'”, explicou o ministro, numa conversa rápida com o Blog e outros jornalistas, no café do hotel onde está hospedado.

Guedes disse a Lighthizer que estava sendo tratado “como se fosse chinês”. E acrescentou: “Brinquei, falando que o negociador deles está achando que sou chinês. Ele está indo de país em país para reduzir o superavit que os países têm com os Estados Unidos. “Só que nos temos deficit”, disse o ministro. A China tem um superavit da ordem de US$ 500 bilhões com os Estados Unidos, enquanto o Brasil teve um deficit de cerca de US$ 100 milhões, no ano passado. O ministro, entretanto, não adiantou qual será a resposta do Brasil. “Não vou dizer em que lado vou bater o pênalti”, comentou.

O pleito do Brasil, de entrada na OCDE, certamente será objeto da conversa entre os presidentes Jair Bolsonaro e  Donald Trump, logo mais na Casa Branca. Essa entrada na OCDE representa uma espécie de selo de qualidade, confere mais prazos e outro patamar para as negociações comerciais.

No mês que vem, anunciou Guedes, o secretário de Comércio dos Estados Unidos, Willbur Ross, com quem o ministro se encontrou ontem, irá ao Brasil. “Será a primeira visita de um secretário de comércio ao Brasil em dez anos”, comemorou Guedes. Na área econômica, o Brasil fechou a recriação do fórum de CEOs das maiores empresas que fazem negócios com os Estados Unidos. Agora, está na fase de definição daqueles que vão participar desse fórum. Ali, será discutido, conforme Guedes, as relações comerciais do tipo. “Os americanos vão dizer: ‘Queremos vender nossa carne de porco’. Aí, nós dizemos: ‘Então, compre meu bife’. E eles vêm com etanol de milho, e o lado brasileiro responde: ‘Então, compre meu açúcar’. E por aí vai”, disse o ministro, bastante animado e otimista.  

 

Bolsonaro alerta que não pode haver desequilíbrio entre as Forças na reforma dos militares

Militares
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WASHINGTON,DC – O presidente Jair Bolsonaro dará a palavra final sobre o texto da Previdência dos militares assim que desembarcar no Brasil, na próxima quarta-feira, a fim de enviar ao Congresso ainda no mesmo dia. A demora para o envio é o fato de a proposta não ser apenas a Previdência pura e simples e sim uma reestruturação da carreira, na qual vão entrar a questão dos soldos que se encontram defasados. Hoje, um general próximo de chegar à reserva, ganha praticamente a mesma coisa que um jovem em início de carreira em áreas estratégicas e o governo pretende ajustar isso. A decisão final será do presidente, que já reiterou aos técnicos que trabalham no projeto que essa reestruturação não pode desequilibrar as Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica.

A área econômica deu os parâmetros para essa discussão, em termos das contas públicas, da mesma forma que o fez sobre a economia necessária à reforma da Previdência civil. O que o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem dito é que não abre mão da receita de R$ 1 trilhão com a reforma previdenciária. Ele tem dito reiteradamente que é o valor necessário para garantir a sustentabilidade do antigo sistema. “É como um foguete: Para sair do chão e vencer a gravidade precisa de um motor mais potente. Depois, nem tanto. Precisamos desse motor para a transição”, disse o ministro.

Sobre os pontos que o Congresso tem apresentado mais resistência, as mudanças nas aposentadorias rurais e Benefício de Prestação Continuada (BPC), ele responde novamente com a questão da necessidade de arrecadação com as mudanças: “Se fizer menos que R$ 1 trilhão, o nosso compromisso é relativo e não estamos tão dispostos assim, o que é lamentável. Ai vem a segunda questão. Já que você gosta muito de seus filhos, façam sacrifícios contemporâneos, e entra todo mundo. Por isso que os militares tem que entrar. E as mulheres, que baixar a idade de aposentadoria de 62 a 60, tem que compensar”, afirmou. “Se você fizer uma potência de R$ 1 trilhão para cima, está dizendo: Nós temos compromissos com as futuras gerações. Estamos libertando as futuras gerações dessa armadilha que caímos, baixo crescimento, previdência falida. Há desemprego em massa. 46 milhões de brasileiros não têm carteira assinada. (Sem reformas) essas pessoas vão envelhecer e quebrar a Previdência”, alerta Paulo Guedes.

Em relação às aposentadorias, o ministro reiterou que é possível cortar apenas combatendo as fraudes. O governo já detectou que há 6,5 milhões de idosos vivendo no campo e 9 milhões de beneficiários. Mas não entrou em detalhes sobre a negociação dos congressistas a respeito da reforma. Afinal, o jogo está apenas começando.

Guedes: ideia é se aproximar dos EUA sem abandonar a China

paulo guedes
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Washington — O ministro da Economia, Paulo Guedes, pretende sair dos Estados Unidos, amanhã, com a certeza de que plantou a semente do “ganha-ganha”, ou seja, não é excluir a China em favor dos Estados Unidos, mas dar ao país Ocidental o espaço que, no passado recente, não foi tão valorizado na relação comercial. “Houve uma atitude de desinteresse com um parceiro extraordinário, que está aqui do lado. E isso se agudizou no período do governo do PT. Vários países fizeram acordo com os americanos e nós não. Vamos mudar isso e não é para se contrapor a ninguém”, disse o ministro, numa rápida entrevista no hotel onde está hospedado.

Essa visão não significa abandonar a China, principal parceiro comercial do Brasil hoje, e sim ampliar a relação com os Estados Unidos. Tecnicamente, avisam alguns integrantes da comitiva, é deixar bem claro aos Estados Unidos que há o interesse chinês em financiar infraestrutura no Brasil e que cabe aos ocidentais decidir se vão deixar o país comercialmente mais atrelado à China ou trabalhar de forma conjunta para favorecer essa reaproximação. Da parte do Brasil, a ordem é manter as negociações abertas com todos.

O tema foi tratado no jantar da noite de domingo, quando o ministro conversou com formadores de opinião norte-americanos e fez um discurso sobre as relações comerciais do Brasil acoplado a uma análise geopolítica, sobre o fato de a economia de mercado produzir democracias. E que o mundo, a China inclusive, opta pela economia de mercado para tirar sua população da pobreza. Guedes foi ainda claro ao dizer, no jantar, que “o Brasil, geopoliticamente, sabe o que é: Ocidental e uma democracia”. O ministro foi ainda incisivo ao dizer que “só quer saber do que pode dar certo”. Ele, porém, mantém reservas para dizer como e sobre quais produtos as conversas podem evoluir ainda nesta viagem aos Estados Unidos. Ele saiu do hotel direto para uma conversa como secretário de Comércio dos Estados, Wilbur Ross.

 

No jantar, o esforço para reaproximar Bolsonaro e Olavo de Carvalho

Olavo de Carvalho
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O jantar na residência da Embaixada do Brasil em Washington foi o local perfeito para que o presidente Jair Bolsonaro diluísse a irritação, depois de ter lido que o escritor e professor Olavo de Carvalho no último Sábado, tratara seu governo como algo que, a continuar como está, seriam mais seis meses e acabou. Foi toda uma operação para que os dois conversassem e se acertassem depois das declarações polêmicas, que o presidente não gostou e manifestou seu descontentamento ao ponto de muita gente apostar que haveria um distanciamento entre Bolsonaro e Olavo de Carvalho. Porém, quem fez essas apostas dentro do governo, perdeu horas depois.

Como os mais próximos do presidente costumam dizer, Olavo de Carvalho só quer o bem de Bolsonaro, a quem considera um homem bom e interessado em servir o país. Nesse sentido, o professor foi colocado estrategicamente ao lado direito do presidente, para que os dois pudessem trocar ideias. Steve Bannon, o ex-conselheiro da Casa Branca, ficou do lado esquerdo de Bolsonaro. O presidente fez inclusive um brinde ao professor Olavo, a quem Paulo Guedes chamou de “líder da revolução liberal no Brasil”.

Antes da fala do presidente, agradecendo a recepção do Embaixador Sérgio Amaral, que será substituído em breve, o ministro da Economia, Paulo Guedes, explicou o projeto do governo para a sua área e demonstrou otimismo com o crescimento. Guedes disse, por exemplo, que o país pode mudar de patamar depois de aprovada a Nova Previdência. Eles saíram da embaixada depois das 22h. (23h, hora de Brasília)

Há toda uma preocupação dos mais próximos de Bolsonaro para que ele nãos e distancie daqueles que, apesar de tecerem críticas, estão preocupados e defendem o sucesso do governo. Não por acaso, o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo Bolsonaro, colocou em seu Twitter que havia sido sensacional o encontro entre Olavo e o presidente Jair Bolsonaro e se referiu ao jantar como “grande noite na embaixada do Brasil nos Estados Unidos”. Sabe como é, não dá para afastar quem torce a favor. É de gente “do contra”  que o presidente precisa manter distância.

 

 

 

Olavo de Carvalho acusa Mourão de “mentalidade golpista”

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Washington, DC (EUA) — Apontado como o mentor intelectual do Bolsonarismo, o professor Olavo de Carvalho diz com todas as letras e palavrões que não está otimista com os rumos do governo e do pais. Ele acusa diretamente militares e mídia brasileira de cerco ao presidente Jair Bolsonaro, num ambiente golpista, citando inclusive, o vice-presidente Hamilton Mourão. Num determinado momento, chega a usar a expressão “um bando de milico cagão”. E projeta um futuro sombrio, se nada for feito: “Se tudo continuar como está, está mal. E se continuar como está por mais seis meses e acabou. Primeira coisa, um cidadão que não tem os direitos humanos elementares está na maior impotência. E essa é a situação do nosso presidente. Ele não tem o direito de se defender na Justiça quando atribuem crimes a ele. É horrível o que estão fazendo com ele. É ditadura. É opressão. É um homem sozinho. Não pode confiar naqueles que o cercam e nem na midia”, diz, para, mais à frente, arrematar: “Essa concepção, que é a do Mourão, é uma concepção golpista. Onde isso vai dar, não sei, não estou em Brasília. Mas é grave, é claro que é grave. Estou com c na mão pelo Brasil, não por mim”, diz.

   Ele especula __ e diz que é uma especulação apenas _ que os militares queriam restaurar o regime de 64, sob aspecto democrático. “Então, eles estão governando e usando o Bolsonaro como camisinha. Isso é o que eles querem. O Mourão disse, ‘voltamos ao poder por via democrática. Como, se quem está no poder é o Bolsonaro e não vocês?’ Agora, ele (Mourão) acha que estão no poder, então isso o que é? É golpe. Se não é golpe, é uma mentalidade golpista”, completa.

   O professor cita o presidente como “um grande homem uma personalidade notável, cercado de traidores”. E emenda: “Você acha que o Exército inteiro foi ele que escolheu, é? Tá brincando comigo? Oficialmente, sim. Esse é o outro problema de jornalista, tornar o aspecto oficial como real e não é. Não é possível que Bolsonaro tenha pessoalmente escolhido quase 200 generais. Não é possível! Foram 200 generais que o escolheram”.

    

  As declarações do filósofo e professor foram feitas logo depois da exibição do documentário “O Jardim das Aflições”, no hotel Trump International. Numa fala, dentro da sala de projeção, ele já havia feito considerações a respeito da sua decepção como o rumo das coisas, repetidas, depois do lado de fora: “Metade do que a mídia escreveu contra ele já daria 100 anos de cadeia (para os jornalistas), porque são crimes: ‘Bolsonaro é culpado do massacre de Suzano, da morte de Marielle’. Como pode escrever um treco desses e ele não reage? Não reage porque aquele bando de milico que o cerca, é tudo um bando de cagão que tem medo da mídia. Por que eles têm medo? Quando terminou a ditadura militar, eles estavam todos queimados com a mídia, começaram a ter aulas de como tratar a mídia. E ficaram bonzinhos com a mídia. O que o Bolsonaro tem a ver com isso? Nada, mas paga por eles”,comenta Olavo, num desabafo logo após a exibição do filme.

 

   Perguntado, ele falou ainda sobre a situação do ministro da Educação, Ricardo Velez. “Bolsonaro queria que eu fosse ministro, eu não aceitei. Indiquei o Velez. Falei com ele (Velez)  duas vezes, uma para cumprimentá-lo outra pra mandar enfiar o ministério no c..”. Olavo é bastante incisivo ao dizer que não precisa e nem quer ter influência no governo e reafirmou que pediu a seus alunos que saíssem do Ministério: “Estou tentando formar uma geração de intelectuais sérios. Esse é o meu sonho”, diz, emendando mais à frente na conversa com o blog e um grupo de jornalistas no lobby do hotel: “Isso é muito pequeno, muito vil, muito miserável para um homem como eu. Eu vou lá ligar para o governo? O governo que se f… Sou Olavo de Carvalho, não preciso do governo. Eu não sou cargo, sou Olavo de Carvalho. Sou a minha voz, a voz do meu coração. Eles são um cargo falando. Gente medíocre, baixa. O problema do Brasil não é esquerda, direita. É essa baixeza”, completa, referindo-se a duas pessoas, o diplomata Paulo Roberto Almeida, demitido pelo chanceler Ernesto Araújo, e o coronel Ricardo Roquetti, afastado do Ministério da Educação por ordem de Jair Bolsonaro.

 

   O professor mencionou ainda que jamais fez um desabafo assim tão contundente para os Bolsonaros. Para o presidente, ele alertou: “Eu já disse, quando (os jornais) mentirem contra você processe-os. É um direito que você tem. Só que ele, como presidente não pode processar ninguém, sem consultar seus assessores, e eles vão dizer, não presidente não brigue com a mídia, Dispensaram os jornalistas de cumprirem a lei”.  Nem mesmo para o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) ele foi tão incisivo. Eduardo estava na exibição do documentário há algumas horas. Depois, seguiram um jantar num dos restaurantes do Trump International. Antes de subir para o jantar, Eduardo mencionou: “Olavo é um crítico do governo, não é a pretensão de … Não vejo golpismo. Pode até haver discussões internas (sobre temas variados) no governo, o que é normal, mas não vejo golpe”, disse ele, que ontem ganhou de presente um boné verde, com as letras em amarelo “Make Brazil great again”.

 

BPC é o “bode” da reforma

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Deputados e senadores estão convictos de que o governo colocou o acesso ao valor integral do Benefício de Prestação Continuada (BPC) apenas aos 70 anos para dar aos congressistas algo que possa ser retirado sem comprometer o todo. O BPC é pago a idosos que têm 65 anos ou mais e não têm condições de se sustentar e nem como recorrer à família. Pelo projeto da reforma, se um idoso não tiver tempo de contribuição para se aposentar aos 65 anos, ele receberá R$ 400. E só a partir dos 70 anos é que passa a receber um salário mínimo. Nem os parlamentares da base governista concordam com isso e muitos vêm o BPC não como Previdência e sim com algo de assistência social, que não deveria sequer estar na reforma. Os deputados mencionam ainda a aposentadoria rural e a regra de transição do funcionalismo como pontos que precisam de ajustes no texto, porém, ainda não definiram que tipo de mudança deve ser feita.

Hoje á tarde, o presidente Jair Bolsonaro fez um apelo ao PSL pela unidade em torno das propostas levadas ao Congresso. A tendência da maioria, entretanto, é estudar o projeto, para depois decidir se aprovará integralmente o texto. Afinal, dizem alguns, o Congresso é a casa do diálogo e das alterações nos projetos governamentais. E, ao que tudo indica, o PSL ainda não percebeu que tudo o que o presidente deseja de seu partido é fidelidade nas votações.

Demissão de Bebianno não contamina reforma da Previdência

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A depender do que dizem os deputados nos bastidores, a demissão do ministro da Secretaria-Geral da Previdência, Gustavo Bebianno, e a reforma da Previdência são estações separadas. Bebianno atuou na campanha, mas, em relação ao jogo que conta para aprovação da reforma, o congressual, não teve tempo de exercer muita influência nos partidos, a não ser, é claro, no PSL, uma legenda que enfrenta problemas internamente e, conforme já foi dito aqui, está a cada dia mais parecido com o PRN, que guindou Fernando Collor à Presidência da República. Por isso, o próprio presidente receberá a bancada de seu partido em breve, de forma a contornar as desavenças e tentar botar uma ordem unida nos seus parlamentares.

Quanto à reforma, o jogo sequer começou. Seu primeiro lance será o envio da proposta pelo presidente Jair Bolsonaro ao Congresso na quarta-feira. A forma escolhida, o presidente ir pessoalmente ao Congresso levar a proposta de emenda constitucional, é sinal de deferência ao Parlamento. E com o texto em campo, é que o presidente começará os contatos políticos para sua aprovação __ e já com Bebianno fora da cena principal do governo.

A esperança do governo é a de que, aos poucos, esse episódio envolvendo o ex-ministro seja esquecido e o governo comece a cuidar do que realmente interessa. Não por acaso, o porta-voz do Planalto, general Otávio Rego Barros, tratou de outros temas no mesmo briefing em que comunicou a exoneração de Bebianno. O porta-voz mencionou não só o acompanhamento da saúde dos profissionais que trabalharam na tragédia do rompimento da barragem em Brumadinho (MG)< como também as obras e concessões que o governo levará adiante para cumprir as metas previstas para os 100 primeiros dias.

Quanto aos filhos, Carlos Bolsonaro, depois de sair vitorioso no embate com o ministro, recolheu os flaps. Está hoje mais ligado ao mandato de vereador do Rio.

Quanto ao episódio Bebianno, resta apenas algo que o governo não controlará: as ações e as falas do ex-ministro. Porém, dizem alguns, ainda que ele resolva falar, terá que ter provas do que vier a dizer. Caso contrário, soará como mágoa de quem perdeu uma queda de braço e passa para a história como o ministro mais breve de governos que, em tese, vivem os primeiros 49 dias na mais absoluta lua de mel. Sigamos, portanto, na espera dos próximos capítulos, onde na cena principal estará a habilidade presidencial para convencer o Congresso a aprovar a reforma.

 

 

Reforma previdenciária abre janela para mudar do mercado de trabalho dos jovens

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  A proposta de reforma previdenciária em estudo pelo governo traz embutida uma mudança na legislação trabalhista para aqueles que entrarem no mercado de trabalho depois de sua aprovação. Quanto à idade mínima para aqueles que já estão no mercado de trabalho, ainda há dúvidas. Se depender do ministro da Economia, Paulo Guedes, será de 65 para homens e mulheres. Porém, mulheres com filhos poderão descontar alguns anos, de acordo com o número de filhos. A ideia é que, quem tiver um filho, por exemplo, possa reduzir um ano na idade da aposentadoria e assim por diante. Agora, se for para colocar 57 para mulheres e 62 para os homens, será necessário abrir mão de período de transição.

 

  O projeto, porém, ainda precisa ser aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro, antes de ser encaminhado ao Congresso. O presidente não está convencido de que homens e mulheres devam se aposentar na mesma idade. Ele, entretanto, orientou a sua equipe que a proposta a ser encaminhada pelo governo será defendida na íntegra, ou seja, não terá “um bode na sala”, expressão usada no jargão político para definir dispositivos que são colocados nos projetos apenas para serem retirados.

 

 A ideia de embutir mudanças mais profundas na reforma trabalhista dentro da previdenciária agradou, porque, além da questão fiscal __ preocupação central do projeto __, o  texto em gestação ajudará na geração de empregos, outro problema grave do país no curto prazo.

 

  “Daqui a um, dois anos, teremos dois sistemas funcionando: Um com muitos direitos e poucos empregos. O outro com poucos direitos e muitos empregos”, disse o ministro da Economia, Paulo Guedes, na noite de terça-feira, durante jantar de um portal de notícias, em Brasília.

 

 A ideia é que os jovens, ao ter o seu primeiro emprego, possam fazer a opção. “A porta da esquerda tem ‘carta de Lavoro’, sindicatos e por aí vai. A porta da direita não tem nada disso”, afirmou. “Se o patrão fizer besteira, o funcionário vai na Justiça comum, câmara de arbitragem”, completou.

 

 Apesar das mudanças na legislação trabalhista, o governo não pretende usar a palavra “trabalhista” ao encaminhar a proposta de emenda constitucional que irá tratar da reforma previdenciária. Porém, o ministro foi claro, ao se referir aos jovens que ainda vão entrar no mercado de trabalho: “O novo regime previdenciário não tem legislação trabalhista”, diz ele, referindo à série de benefícios que existem hoje. Porém, os benefícios constitucionais, como adicional de férias e 13 salário devem continuar.

 

  As alterações na lei terão que ser aprovadas pelo Congresso, que costuma resistir a mudanças profundas na lei trabalhista. Porém, a dificuldade na geração de empregos e a necessidade de uma nova previdência servirão de combustível para que o governo insista na aprovação do texto na íntegra.

 

  A aposta da equipe do ministro é que as oportunidades de emprego para quem optar pelo novo regime acabarão por fazer com que a maioria prefira essa opção. Na avaliação do governo, é possível inclusive que quem está no regime antigo queira migrar para melhorar a perspectiva de permanência no mercado de trabalho.

 

   Guedes foi direto ao dizer que sua meta é deixar de gastar R$ 1 trilhão. “Eu faço conta e, se não chega a R$ 1 trilhão fico aborrecido”, disse ele. A reforma chegará ao Congresso em duas semanas e meia.