Teich entre desafio de seguir o presidente e a ciência

Publicado em Covid-19, Governo Bolsonaro

O novo ministro da Saúde, Nelson Teich. Ele assume com a missão de tenta conciliar a ciência com os desejos presidenciais, de fim do isolamento social. Ao longo dos últimos meses, o ex-ministro Luiz Henrique Mandetta ouvia todo os dias do presidente que era preciso que as pessoas voltassem ao trabalho. Mandetta dizia que queria a mesma coisa, mas, no momento, o distanciamento social era necessário, por causa do risco de colapso do sistema de saúde. Cidades como Fortaleza e Manaus já sofrem com problemas de vagas nos hospitais.

Teich chegou se colocando em “alinhamento total” com o presidente Jair Bolsonaro. Porém, no curto prazo, Teich não tem como fazer o que Bolsonaro deseja, ou seja, acabar com o isolamento social para não prejudicar a economia e, por tabela, evitar que as pessoas morram de fome. O ministro precisará, primeiro, conhecer a pasta e consolidar o processo de transição, algo que deve ocorrer em meio a um cenário de dias difíceis e com o avanço da pandemia no Brasil, onde o isolamento tem sido menor do que o considerado ideal pelas autoridades sanitárias para reduzir a velocidade de contaminação.

Até aqui, tudo o que o novo ministro anunciou em sua primeira fala foi exatamente o que era dito pelo antecessor: tem se ter informações sobre tudo o que está acontecendo, tomar decisões baseadas em dados técnicos, tem que testar as pessoas. Se seguir a ciência e não se render somente ao que deseja Bolsonaro, será mais um com quem o presidente terá problemas ali na frente para se somar àqueles que angaria depois de demitir um ministro que era aprovado por 76% da população.

O discurso do governo para a Saúde será colocar a culpa em Mandetta

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O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, deixa o cargo, mas o governo não vai dispensá-lo simplesmente. Está em curso a preparação de uma narrativa para jogar no colo do quase ex-ministro tudo o que der errado daqui para frente. Algo do tipo, Mandetta não planejou, Mandetta gastou, Mandetta subestimou, Mandetta demorou, Mandetta falou e não agiu, e por aí vai.

O quase ex-ministro já percebeu que esse jogo virá. Por isso, nas últimas entrevistas, tem dito que sempre agiu de acordo com a ciência, a saúde e o sistema único que vigora no Brasil. Também ressaltou que sua gestão foi marcada pela transparência, ou seja, não escondeu os números e a situação dos serviços de saúde.

Agora, sob nova direção, restará saber que tipo de autonomia o futuro ministro terá para se pautar pela ciência e não pelos desejos do Planalto e dos apoiadores mais fiéis do presidente da República. Esse será o primeiro teste: Atravessar a pandemia dentro do que requer a ciência, sem esconder dados e sem cair na tentação de ficar apenas reclamando do antecessor __ um médico que adquiriu o respeito e a admiração do corpo técnico do Ministério da Saúde. Portanto, se quiser ganhar a equipe, o novo ministro, seja quem for, terá que se equilibrar entre as determinações técnicas e os desejos palacianos, desprezando a narrativa em gestação nos escaninhos bolsonaristas, de desconstruir totalmente a imagem do quase ex-ministro.

Mandetta à espera de Bolsonaro

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Depois do pedido de demissão do secretário de Vigilância em Saúde, Wanderson Oliveira, o clima no Ministério da Saúde é de aguardar que o presidente Jair Bolsonaro defina oficialmente a demissão do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Foi dentro desse espirito de “vamos aguardar” que o ministro conseguiu convencer o secretário a permanecer no cargo para que todos, se for para sair, saiam juntos.

A avaliação de aliados do presidente é a de que Bolsonaro não deseja a permanência do ministro e trabalha agora no sentido de buscar um substituto que lhe permita manter, dentro do seu governo, o discurso de “cuidar da saúde das pessoas” que, em locais de muita concentração de casos e de mortes por Covid-19, não está casado com as filas do presidente de que e preciso salvar a economia.Até aqui, esse discurso do cuidado da saúde projetou Mandetta da mesma forma que o discurso de reabertura do comércio mantém coesos os mais radicais aliados do presidente Jair Bolsonaro. Bolsonaro quer trocar Mandetta de forma a poder manter sob o seu governo o melhor dos dois discursos. Até aqui, presidente ainda não fechou essa equação.

Dentro da equipe de Mandetta, entretanto, havia desde cedo uma réstia de esperança de que, se o ministro ficasse mais uns dias, poderia inclusive tentar reverter o pedido de demissão de Wanderson, que já aceitou ficar até sexta-feira. E foi o que ocorreu, embora o secretário não se mostrasse muito disposto a permanecer, atendeu o apelo do ministro. Wanderson foi um dos primeiros a alertar o governo sobre o que poderia vir pela frente em elação à pandemia. Dizer a verdade, entretanto, transformou o técnico em alvo. Essa semana foi duramente atacado nas redes bolsonaristas, assim como já vem ocorrendo há dias com o ministro Mandetta.

Mandetta perde aliados no governo

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Não são poucos os atores da politica que consideraram desnecessária e provocativa a entrevista do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ao Fantástico, na noite de Domingo. Tanto aliados quanto adversários do presidente da República. Agora, se o presidente Jair Bolsonaro quiser trocar o ministro, já não são todos que irão se opor como ocorreu há alguns dias.

A avaliação inclusive daqueles que querem Mandetta no cargo é a de que o ministro está agindo para ser demitido. Mandetta sabe que a situação ficará a cada dia mais difícil e que pode se desgastar ao longo dos próximos dias com as dificuldades de compra de equipamentos. Para completar, as atitudes do presidente não ajudam a dar um comando único ao governo. Não dá, por exemplo, para o presidente da República usar máscara dentro das obras do hospital de campanha, em Águas Lindas e, no momento seguinte, sair sem máscara para conversar com a população e ainda provocar aglomerações. Da mesma forma, não pode um político ir a uma emissora de tevê criticar publicamente o comportamento do presidente sendo um ministro do governo. Denota quebra de hierarquia, segundo militares que, dentro do governo, defendiam a permanência de Mandetta antes da “desnecessária” fala ao Fantástico.

A simbologia da entrevista cm Mandetta falando de dentro do Palácio dos Esmeraldas, sede do governo de Goiás, é outro ponto anotado par muitos. Há quem diga que Mandetta já tem um convite do governador Ronaldo Caiado para trabalhar no estado, no papel de coordenador do combate o coronavírus. Como Bolsonaro também já trata o deputado Osmar Terra (MDB-RS) quase como se fosse um ministro, é apenas uma questão de oficializar o que já é notório. As próximas horas dirão se ainda há espaço para reconciliação entre Mandetta e Bolsonaro.

Hoje pela manhã, o único que defendia abertamente a permanência do ministro era o líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO): “As manchetes puxam para o que querem. Se quisessem, podiam dizer que o ministro destacou que é nomeado pelo presidente e que tem dado prioridade às necessidades da Saúde. Quem viu assim, lerá a entrevista de outra maneira. Depois da eleição, foi Bolsonaro quem ficou três meses sustentando a nomeação e Mandetta, quando muitos criticavam. Isso vai passar”, disse, em webinar promovida hoje no final da manhã pela consultoria Arko Advice, sob o comando do cientista político Murillo Aragão.

Depois de 800 mortes, Bolsonaro, enfim, se solidariza com famílias das vítimas

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O pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro nesta quarta-feira, véspera do feriado e Semana Santa, foi quase um pedido de desculpas à população pela demora em reconhecer a gravidade da pandemia de Covid-19. Anos-luz distante daquela primeira fala, há 18 dias, em que o presidente chamou a doença de “gripezinha”. Hoje, de forma serena, Bolsonaro mencionou que a prioridade é salvar vidas, solidarizou-se com as famílias das vítimas, disse que tem a responsabilidade de decidir de forma ampla e sobre todos os temas _ como que justificando o fato de ter estimulado as pessoas a irem para as ruas e criticado os governadores. Aliás, hoje veio a frase “respeito governadores e prefeitos”. Ressaltou ainda o fato de a Organização Mundial de Saúde dar liberdade para que cada país adote medidas de acordo com as particularidades. E, mais uma vez, ressaltou que muitos têm que sair atrás do pão nosso de cada dia.

O capitão elencou ainda todas as medidas que o governo está tomando para tentar os efeitos da crise de Saude e econômica. Citou o ajuda de R$ 600 aos informais, o esforço para a produção de hidroxicloroquina, um medicamento que vem sendo usado para pacientes de Coivd-19 com bons resultados em vários casos. O remédio vem sendo defendido por Bolsonaro desde o início da crise como a grande salvação. A medicina, entretanto, ainda não tem um protocolo fechado para o melhor tratamento da doença.

Politicamente, o pronunciamento foi visto por muitos como um esforço de Bolsonaro para tentar recuperar a simpatia do eleitorado, que hoje aprova mais os governadores do que o presidente. O Datafolha desta quarta-feira, por exemplo, ouviu eleitores do Rio e de São Paulo e detectou que, no Rio, o governador Wilson Witzel tem ótimo e bom de 55% dos cariocas no trato da pandemia, enquanto Bolsonaro registra 34% de ótimo e bom. Apenas 17% consideram Witzel “ruim e péssimo”. Bolsonaro tem é considerado “ruim ou péssimo” por 39%. Em São Paulo, Dória tem a aprovação de 51% (ótimo e bom) e Bolsonaro, 28%. A avaliação “ruim e péssimo”, no caso de Dória, é de 19%, enquanto a de Bolsonaro chega a 43%.

Ao que tudo indica, Bolsonaro parece ter entendido que a crise de saúde é grave e sua atenção prioritária. E que, nesse momento, cabe ao estado fazer o papel de tentar amenizar os impactos econômicos __ e não estimular as pessoas a voltarem logo ao trabalho para não prejudicar a economia. Resta saber se o presidente manterá essa posição, ou voltará ao “modo confronto” do último Domingo, quando disse em live, na porta do Palácio da Alvorada, que ministros estavam “se achando” que iria “usar a caneta”. No momento, está no “modo equilíbrio”. Que Deus conserve.

Bolsonaro rejeitou conselho para “colar no Mandetta”

Bolsonaro e Mandetta
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Um amigo do presidente Jair Bolsonaro, estudioso dos movimentos das redes sociais, levou ao palácio dia desses a mensagem “cola no Mandetta”. Bolsonaro, entretanto, já estava no caminho distante do ministro e, com os seus radicais pressionando para que ele tomasse alguma atitude capaz de salvar o que ainda resta da economia e não se deixasse levar pelas medidas de isolamento. Na mesma hora, desprezou o conselho e radicalizou para o lado inverso, a fim de segurar os seus.

Com os filhos ao seu lado, não aguentou ouvir calado o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, dizer que, enquanto presidente, Bolsonaro não teria coragem de demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Para completar, o fato de o ministro ser citado como um potencial candidato a presidente da República no futuro próximo foi de enfurecer o entorno presidencial, especialmente, os filhos. Foram o estopim para que o presidente quebrasse o jejum e fosse à porta do Alvorada no Domingo, dizer que “usaria a caneta” e logo chegaria a hora de quem a estava “se achando”.

O presidente já percebeu que tem um jogo politico em curso rumo a 2022 e, embora ninguém fale desses movimentos abertamente, o capitão sabe que a atual conjuntura de crise de saúde pública e econômica não favorece. Quer fugir da crise econômica próxima da eleição de 2022 o quanto antes. Também já percebeu que o DEM está se afastando, o PSDB já se afastou, e o centrão raiz (antigos PP e PR) está na encolha, esperando para ver o que vai dar quando a pandemia passar. Afinal, 2022 está longe e para chegar lá, é preciso se sair bem nos próximos dois anos, numa corrida de resistência e não de velocidade.

Nesse cenário, em vez de se unir a todos, pegar as batutas e reger a orquestra, para transformar o limão em limonada, Bolsonaro preferiu apostar no caminho oposto. Em vez de pedir aplausos para o solo do seu ministro da Saúde, chamou o bumbo e os tímpanos (os bolsonaristas radicais)  para abafar o solo do violino de Mandetta. Por tabela, conforme a Coluna Brasília-DF registrou no domingo, vieram os ataques ao DEM como um todo, comprometendo ainda mais os acordes da orquestra governamental. Ontem, depois do “fico”de Mandetta, o partido comemorava com um “temos um líder”.

Bolsonaro desistiu de demitir Mandetta, mas isso não significa que vá deixar seu auxiliar direto no solo, sem ruído, ou sem chamar o deputado Osmar Terra para novas conversas que pareçam provocação. Ao desprezar o conselho “cola no Mandetta”, o presidente mantém o ministro executando o solo sem o comando do maestro. Ocorre que a população, de um modo geral, gosta da música que vem da área da Saúde. Se o maestro continuar incomodado com o solista em meio à pandemia, o teatro vai terminar vazio ao final do mandato. E a população sim, talvez, siga o conselho do aliado de Bolsonaro e “cole no Mandetta”.

Demitir Mandetta seria teste ao Congresso, diz analista

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Ministro da Saúde defende isolamento social, toma decisões técnicas e conseguiu apoio no Legislativo e no Judiciário

Renato Souza

Ao se encontrar no horário do almoço com o deputado federal Osmar Terra, o presidente Jair Bolsonaro deixou claro suas intenções de demitir o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que vem conquistando popularidade e apoio político em meio a pandemia de coronavírus. Terra também é médico, se alinha ao pensamento de Bolsonaro, defende o relaxamento do isolamento social e o uso da cloroquina para tratar pacientes com covid-19.

No fim de semana, Bolsonaro disse “não ter medo de usar a caneta”, em uma clara referência a possibilidade de demitir Mandetta, que vem seguindo a risca as orientações da Organização Mundial da Saúde. Entre os apoiadores do atual ministro estão os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia, e do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli.

Para o analista político Leopoldo Vieira, CEO da IdealPolitik, a demissão de Mandetta desencadearia uma série de críticas e seria um teste de força para o Congresso. “Aí, quem precisará bancar o apoio prometido ao, por enquanto, ministro da Saúde, será o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o do Senado, Davi Alcolumbre, assim como o bloco Congresso, Judiciário e mídia”, afirma.

De acordo com Leopoldo, Bolsonaro tenta se agarrar aos apoiadores que querem sua manutenção do governo, mas demitir o ministro mais atuante no momento será um erro. “Hoje, Bolsonaro não tem força para demitir Mandetta e nem restabelecer a reabertura econômica, já estendida até o final de abril, em São Paulo, pelo governador João Dória Jr, que deve ser seguido pela maioria dos governadores. Mas, líderes erram”, completa.

Osmar Terra nega ter sido chamado para assumir Ministério da Saúde

Osmar Terra
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O ex-ministro da Cidadania Osmar Terra saiu do Palácio do Planalto, no início da tarde, depois de almoçar com o presidente Jair Bolsonaro e também participar de uma reunião sobre a hidroxicloroquina. Do encontro, participou também a oncologista Nise Yamagushi, defensora do uso precoce do medicamento em pacientes com Covid-19.

O uso da cloroquina é outro tema que divide opiniões e em que a posição de Yamagushi e Osmar Terra são alinhadas àquela do presidente da República. “Bolsonaro tem ouvido todos, inclusive quem defende que seja usado em pacientes menos graves. Tem ouvido médicos e especialistas a respeito. No meio dessa epidemia, não dá para espera ficar grave para usar”, disse Terra. “Os militares tomam cloroquina quando vão para a Amazônia. Por que um paciente de Covid-19 não pode tomar?”, indagou.

Troca na Saúde está decidida

Terra nega que tenha sido convidado para assumir o cargo de ministro da Saúde. Porém, na prática, o deputado do MDB é quem está em contato direto com o presidente da República, e não o ministro Luiz Henrique Mandetta. Bolsonaro já decidiu pela troca de comando na Saúde. Falta definir apenas a data. O próprio Mandetta, numa reunião, já admitiu não saber até quanto permanecerá ministro. A política ferve. A certeza no governo e fora dele é a de que, se Mandetta sair, lugar para o popular ministro trabalhar não vai faltar.

Se Bolsonaro não enquadrar 03, o cenário econômico (e político) vai piorar ainda mais

Eduardo Bolsonaro e Jair Bolsonaro
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Como se não bastasse a crise do coronavírus, o deputado Eduardo Bolsonaro criou mais uma confusão ao se referir a China “uma ditadura que preferiu esconder algo grave a expor tendo desgaste, mas que salvaria inúmeras vidas. A culpa é da China e a liberdade seria a solução”. O embaixador chinês no Brasil reagiu, dizendo que Eduardo Bolsonaro deve ter adquirido um “vírus mental” em Miami.

O bate-boca sino-brasileiro não tem precedentes na relação entre os dois países. Um deputado federal, filho do presidente da República, usar o seu Twitter para atacar um parceiro comercial do Brasil. Um parlamentar ficou tão chocado que achou que era tudo fake news, inclusive a resposta do embaixador chinês, Yang Wanming. Alguns procuraram diretamente na Embaixada e confirmaram a declaração do diplomata.

Já se passaram mais de duas horas do post de Eduardo e até agora o presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou. Quem tentou conter o estrago até aqui foram os parlamentares. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, pediu desculpas ao embaixador em nome da Câmara dos Deputados pelas palavras irrefletidas de Eduardo. Outros dispensaram os punhos de renda e optaram por declarações mais contundentes.

“Depois da crise diplomática criada com a China, precisamos usar a portaria do ministro Sérgio Moro e colocar no isolamento compulsório e sem Twitter os filhos do presidente, sob pena de eles seguirem espalhando o vírus da imaturidade e da irresponsabilidade e prejudicando o pais”. O presidente da Frente Parlamentar Brasil-China, deputado Fausto Pinato, foi direto “Eduardo Bolsonaro, por certo orientado pelo seu “grão mestre” Olavo de Carvalho (americano de araque) certamente tentando desviar a atenção do povo brasileiro neste momento de crise, comete um grande crime contra a nação brasileira.

A China é hoje o maior parceiro comercial do Brasil. E nesse momento em que a economia desacelera e as projeções de crescimento do PIB desabam, o governo brasileiro precisará dos chineses para manter suas exportações e tentar segurar parte do emprego e renda. No mercado, há um consenso de que, se Jair Bolsonaro não despender energia logo mais para enquadrar 03 e tentar retomar suas relações com a China, os reflexos do coronavírus na economia brasileira vão se agravar.

Na politica, a situação não é diferente. Há um consenso de que não é hora para impeachment, a hora é de cuidar da saúde das pessoas e de salvar vidas (veja detalhes na coluna Brasília-DF), no jornal impresso desta quinta-feira. Mas, se os Bolsonaro continuarem nessa toada de geração de crises, vai ficar difícil. Até o embaixador Yang vai bater panela na turma das 20h.

Atualização: Até aqui, 10h07, não se tem notícia de resposta do presidente ao governo chinês

Bolsonaro embarca no governo

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A coletiva que terminou há pouco no Palácio do Planalto apresentou poucas novas medidas em relação ao que já estava em curso na equipe do presidente Jair Bolsonaro e foi apresentado nos últimos dias, tanto na longa coletiva no Ministério da Economia e nas constantes informações divulgadas desde o primeiro caso no Brasil pelo Ministério da Saúde. Nesse sentido, a leitura da política é que foi um evento sob medida para inserir o presidente Jair Bolsonaro na foto daqueles que, já na primeira semana de março, trabalhavam com foco nos reflexos do coronavírus __ leia-se o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e o da Economia, Paulo Guedes, e suas equipes. “Se o time está ganhando, vamos elogiar o seu técnico, e o seu técnico é Jair Bolsonaro”, disse ele, na entrevista em que procurou justificar sua participação na manifestação no último Domingo, dizendo que não convocou e nem incentivo e que pediu que repensassem, mas queria estar perto do povo. Daqui para frente, dizem aliados de Bolsonaro, é tratar da saúde das pessoas e, ao mesmo tempo, tentar recuperar os eleitores que largaram o presidente, decepcionados com a falta de seriedade com que ele tratou da pandemia quando o número de casos era pequeno.

O discurso do presidente também mudou, com Bolsonaro se desdobrando em agradecimentos ao Congresso, atacado nas manifestações. Porém, caiu numa contradição ao dizer que ninguém se surpreenda se ele “entrar num metrô lotado” _ atitude desaconselhável pelas aturdirdes de saúde, Mas, ao mesmo tempo, disse que a situação é grave e que, como líder, tem que se antecipar aos problemas, levar a verdade à população brasileira.

Bolsonaro seguiu na linha do que fizeram desde a semana passada líderes de outros países.O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump no Domingo __ enquanto Bolsonaro estava na manifestação cumprimentando as pessoas __ anunciava medidas do Federal Reserve. Na Europa, os líderes de vários países fizeram pronunciamentos alertando para a necessidade de recolhimento e reforçaram apelos já na segunda-feira, quando o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou uma parte das medidas. Bolsonaro, agora, entrou no governo. Antes tarde do que nunca.