Categoria: Eleições 2018
O presidente Michel Temer pediu ao senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) que responda “interinamente” pelo comando da bancada do governo no Senado. Significa que Bezerra só será líder no período eleitoral. Temer informou que só escolherá o titular da vaga de líder do governo depois das eleições. Diante da decisão, a aposta de muitos é a de que o senador Romero Jucá (MDB-RR) deu apenas “um tempo” e retoma as funções na segunda quinzena de outubro.
Jucá pediu afastamento da liderança do governo há dois dias, depois que o presidente discordou da proposta de fechamento das fronteiras de Roraima. O fechamento das fronteiras foi um pedido da população de Pacaraima, que vive em tensão por causa da chegada dos venezuelanos. Candidato à reeleição, Jucá não pode ficar nesse momento contrário aos interesses da população do estado onde faz política. Afastado, ele agora pode abraçar o discurso de opositor, bem mais popular do que o de aliado de Temer. Há quem garanta, entretanto, que esse momento oposicionista de Jucá termina em 08 de outubro.
Se os petistas tinham alguma esperança de conseguir registrar a candidatura de Lula, ela acaba de ir pelo ralo. É que o ministro Luís Roberto Barroso, vice-presidente do TSE, será o relator do pedido de registro. Na posse de Rosa Weber na última terça-feira, Barroso ressaltou a vitalidade da democracia brasileira e se mostrou otimista. “Apesar das dificuldades e, às vezes, tempestades, a democracia brasileira tem dado provas de vitalidade. Tenho certeza que vamos sair fortalecidos e retomar o processo de menos polarização no país, e de construção de uma agenda suprapartidária e de avanço institucional, econômico e social. Estou muito convencido de que o Brasil vai voltar a decolar”.
Ministro do TSE desde fevereiro deste ano, Barroso fica até fevereiro de 2020. Ele é considerado entre alguns colegas como um “lutador do bom combate”. Não foram poucas as vezes que Barroso protagonizou acaloradas discussões com outros ministros, como Gilmar Mendes, a quem chegou a chamar certa ocasião de “pessoa horrível”. Agora, restará ao PT tentar uma liminar no Supremo Tribunal Federal (STF) e torcer para que o pedido caia nas mãos de um ministro simpático ao ex-presidente Lula.
O balé dos movimentos sociais que embalou o pedido de registro da candidatura de Lula a presidente da República foi o mais claro sinal de que o partido que emerge da eleição de 2018 está parecido com aquele PT que, em 1989, se sustentava nos sindicatos e no Movimento dos Sem-Terra pra fazer valer a sua mensagem. Hoje à tarde não foi diferente. O PT mobilizou, marchou, chamou e reuniu todos os seus principais líderes e sindicalistas para pedir o registro da candidatura da mesma forma que empreendeu a reta final do primeiro turno da primeira eleição presidencial do período pós-ditadura. Lá atrás, deu certo. Lula chegou ao segundo turno. Agora, entretanto, o resultado será diferente. Lula está preso e deixou de ser a esperança de metade da população. O PT praticamente voltou ao patamar do eleitorado que deteve até 1998, antes de chegar ao Planalto. Para completar, o partido sabe que, no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a candidatura não emplaca. Tanto é que, conforme você pode ler na coluna BRASÍLIA-DF de hoje (post abaixo), na semana que vem, Fernando Haddad, o vice na chapa, começa a percorrer o Nordeste a fim de mostrar a imagem do candidato que irá suceder Lula, quando o registro for negado.
A ordem no PT é trabalhar com prazos para fazer essa transferência de votos de Lula para o ex-prefeito de São Paulo. Até aqui, a estratégia do partido e do próprio Lula deu certo. O ex-presidente continua liderando as pesquisas e, para uma parcela expressiva do eleitorado, está na cadeia por perseguição política e não porque foi beneficiado por empresas privadas que tiveram polpudos contratos no governo. Esse mesmo discurso e o nome de Lula ajudam ainda deputados e governadores do PT a fazer a sua fezinha na eleição. Afinal, para um partido que, em 2016, saiu do Planalto pela porta do impeachment da presidente Dilma Rousseff, a perspectiva de eleger uma bancada de grande porte é lucro. Por essas e outras é que o partido continuará apostando no ex-presidente enquanto for possível. Amigos de Lula dizem que “em time que está ganhando não se mexe’. Se algo começar a falhar, eles mudam a estratégia. Porém, até aqui, dizem os petistas, não há motivo. As imagens das manifestações que mostram gente do “povo” caminhando para registrar a candidatura estão gravadas. E logo, logo estarão em exibição no horário nobre. Como uma boa novela.
Lula com Haddad e Manuela de vice para compor a chapa em setembro
Reunida em São Paulo, a cúpula do PCdoB terminou cedendo às pressões do PT por uma aliança ainda no primeiro turno e, no final da noite, comunicou aos petistas a retirada da candidatura de Manuela D’Ávila. A decisão foi tomada depois da promessa do PT de que, caso Lula não consiga levar a candidatura adiante, Fernando Haddad assumirá a cabeça de chapa e Manuela, a vaga de vice. O último prazo para mudança da chapa é 20 dias antes da eleição. Até lá, avisam os petistas e integrantes do PCdoB, Lula aparecerá ainda como candidato e Haddad no papel de vice. Mas o PCdoB estará coligado e sem candidato. O site vermelho, do PCdoB, já se antecipou e estampou há pouco uma foto de Lula e Manuela com a seguinte legenda: “Após fechada a aliança entre o PCdoB e o PT para a disputa presidencial, as direções receberam a indicação do presidente Lula de que a deputada Manuela D’Ávila deverá ser indicada como candidata a vice-presidente”.
O acordo entre os dois partidos deixa claro que o PT tem plena consciência de que Lula não será candidato. Até a solução do slogan “Lula com Haddad em letras garrafais indica que o partido fará a partir de agora todo um esforço para transferir os votos de Lula para Haddad. O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta, entretanto, não entrega os pontos. “Está confirmado que o PCdoB fará aliança conosco no primeiro turno. Mas nosso candidato é o Lula, Haddad é vice. Não está confirmado que Manuela será vice. Lá na frente, se não conseguirmos seguir com o presidente Lula, podemos discutir, mas isso não está fechado”, disse Pimenta ao blog.
A decisão de retirar a candidatura de Manuela foi para garantir a formatação do acordo entre os dois partidos ainda no primeiro turno. Caso Manuela mantivesse a candidatura, não seria possível compor a aliança dando o tempo de tevê do PCdoB e recursos do fundo eleitoral para uma parceria nesta eleição. E com a decisão do TSE, de encaminhar as chapas até o dia 6, não dava para esperar o dia 15, data do registro.
Agora, é arrumar a situação dos estados. Em Minas, por exemplo, a deputada Jô Moraes (PCdoB-MG), que seria candidata ao Senado, caminha para ser candidata a vice-governadora na chapa de Fernando Pimentel à reeleição.
Lula tentou repetir a coligação de 1989. Levou o PCdoB, mas não o PSB
Em 1989, quando chegou ao segundo turno por uma diferença de menos de 1% dos votos em relação ao candidato do PDT, Leonel Brizola, Lula tinha uma aliança com o PCdoB e o PSB, que, na ponta do lápis, lhe garantiram a vaga no segundo turno. Agora, ciente das semelhanças entre esta e aquela eleição presidencial, ambas com um número expressivo de candidatos (em 89, eram 22 e agora 14), o ex-presidente fez o que pode para atrair os mesmos aliados. Queria recriar a fórmula a fim de garantir o mesmo resultado. Não conseguiu fechar uma aliança formal com o PSB, mas evitou que os socialistas fechassem com Ciro Gomes (PDT). Quanto ao PCdoB, o acordo demorou, mas saiu. Há pouco, os comunistas decidiram retirar a candidatura de e Manuela e fechar aliança com o PT. a/gora, o partido vai esperar 15 de agosto para decidir se ela será vice. O partido de Manuela demorou a ceder. Inicialmente, considerou um sinal de desrespeito e decidiu manter a candidatura. Iinclusive indicou o sindicalista Adílson Araújo pra a chapa. A decisão porém durou pouco.
O PCdoB termnou aceitando a chapa puro sangue Lula-Haddad, anunciada há pouco. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, chegou a ser apontada como opção. Porém, de Curitiba, uma carta do ex-presidente Lula apontou sua preferência pelo ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (veja post anterior). Lula aproveita para tentar tirar dos próprios ombros as dificuldades em fechar com o PCdoB. Joga a decisão para a comissão executiva nacional do partido. Assim, se a composição atual não levar o partido ao segundo turno, o ex-presidente sempre poderá dizer que a culpa caberá aos dirigentes, em especia, Gleisi. Em conversas reservadas, tem muita gente dizendo que a presidente do PT queria a vaga e, por isso, conduziu mal a negociação. Isso porque todo o esforço dos últimos dias deixaram mágoas não só no PDT, como também no PSB e no PCdoB. Só para lembrar: em 1989, no segundo turno, Brizola transferiu todos os votos para o PT. Agora, a aposta é a de que se o partido de Lula chegar ao segundo turno, dificilmente Ciro Gomes fará o mesmo. Especialmente, se o adversário for Geraldo Alckmin (PSDB). Essa será mais uma diferença para Lula entre a primeira eleição que ele concorreu e, talvez, a última a que foi indicado candidato pelo PT.
Diante da divisão do PT em torno da candidatura a vice, o ex-presidente Lula encerrou essa discussão com uma carta em que defendeu o nome do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad para compor a chapa. No texto que enviou ao partido, Lula comete um ato falho e, pela primeira vez, deixa transparecer que pode terminar não conseguindo emplacar a própria candidatura. Isso porque ele falou com todas as letras que caberia ao partido deliberar sobre a inclusão de Manuela D’Ávila na chapa. Ocorre que o PCdoB já decidiu lançar a deputada gaúcha como sua candidata a presidente e terá como vice o sindicalista Adílson Araújo.
A posição de Lula está em análise nesse momento pela executiva nacional do PT. Inicialmente, a disposição era indicar o nome que comporia a chapa apenas em 15 de agosto, data do registro da candidatura, mas uma interpretação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou que as atas das convenções devem ser registradas no sistema do TSE até 6 de agosto, ou seja, esta segunda-feira. Especialistas consideram que, se isso não for feito, a candidatura corre o risco de ser impugnada. Nesse cenário não resta muito ao PT, senão, resolver logo essa questão. A chapa petista será conhecida ainda esta noite.
A comissão executiva nacional do Partido dos Trabalhadores se reunirá agora em São Paulo para discutir a formação da chapa que concorrerá à Presidência da da República. A tendência é chapa pura e há grupos se formando em torno de uma discreta queda de braço: Uma ala prefere apostar na presidente do partido, Gleisi Hoffmann, para o papel de vice. Outros, preferem Fernando Haddad, o ex-prefeito de São Paulo. O PCdoB já está fora. Embora alguns ainda tenham esperanças de atrair o partido de Manuela D’Ávila para uma aliança, os comunistas não querem dar um salto no escuro, ou seja, retirar Manuela e ficar á mercê da Justiça, esperando Lula. Por isso, o partido escolheu logo o sindicalista Adílson Araújo para a vaga de vice e foi cuidar da própria vida. Agora, a briga é petista. Só para variar um pouquinho.
Haddad está responsável pela elaboração do plano de governo e joga em parceria com uma ala mais light do partido, onde está também o ex-governador da Bahia, Jaques Wagner, que recusou a vaga na chapa. Foi aí que o grupo ligado à senadora que comanda o PT, que não é tão fã assim de Haddad, passou a trabalhar a hipótese de a própria Gleisi assumir a vaga, embora muitos digam que Haddad é considerado o melhor nome. A ideia dos petistas é anunciar o nome ainda na noite de hoje. As próximas horas serão longas.
Cotada para ser vice de Henrique Meirelles, a senadora Marta Suplicy (MDB-SP) não só rejeitou a sondagem como acaba de deixar o partido. O pedido de desfiliação foi feito numa conversa por telefone entre ela e o presidente do MDB, Romero Jucá. Marta estava desconfortável na sigla desde maio do ano passado, quando surgiram as primeiras denúncias contra o presidente Michel Temer. Ela permaneceu, no entanto, porque considerava que o MDB iria prestigiá-la nessa campanha. Porém, diante da insistência do empresário Paulo Skaf em ser candidato a governador, ela percebeu que tudo o que o MDB queria era usar o prestígio dela perante a população mais pobre, onde a senadora tem uma base forte em São Paulo.
Marta não quis sequer participar da convenção que lançou Paulo Skaf ao governo. A amigos, ela já havia dito que, se fosse candidata á reeleição, faria campanha em carreira solo, longe de Skaf e de Temer. Muito franca, ela foi clara com Jucá ao dizer que não faria campanha junto com candidato do partido. Diante desse mal-estar, restou á senadora pedir a desfiliação, confirmada pelo próprio Jucá, numa nota divulgada há pouco:
“O presidente do MDB, senador Romero Jucá, confirma o pedido de desfiliação da senadora por São Paulo Marta Suplicy que sai por motivos pessoais. Os dois se falaram há pouco por telefone. O partido lamenta mas respeita a decisão da senadora. Pessoalmente, o senador Jucá afirma ter carinho e respeito por toda a trajetória de Marta ao longo dos anos n vida pública e política do país”. A senadora estava filiada ao MDB desde setembro de 2015.
A senadora divulgou um carta há pouco:
RODOLFO COSTA
A candidatura do Podemos, de Álvaro Dias, está prestes a se fortalecer. A legenda mantém conversas avançadas com o PTC, do senador e ex-presidente Fernando Collor (AL). A união é um importante avanço para as pretensões da campanha na corrida eleitoral. Ele já obteve o apoio do PSC, que indicou Paulo Rabello de Castro para vice na chapa, e do PRP.
O diálogo é capitaneado pela presidente nacional do Podemos, Renata Abreu, que mantém confiança na composição. “Hoje deve sair alguma definição do PTC. Acredito que estará com a gente”, avaliou. A meta dela é tentar atrair outras legendas do chamado centrinho, bloco formado por Podemos, PRTB, PSC, PRP, Patriota, PTC, Avante, PROS e DC (antigo PSDC), de José Maria Eymael, que já foi lançado candidato a presidente da República.
As conversas com o Avante estão se encaminhando, embora ainda não tão avançadas em relação aos diálogos com o PTC. O PROS é outra legenda que está na mira de Renata. O partido tinha interesse na vice-candidatura de Álvaro, mas as negociações do Pros com outras siglas levou o Podemos a fechar o cargo com o PSC. “A nossa ideia era tomarmos uma decisão em grupo”, declarou Renata.
O PROS ainda não bateu o martelo para onde vai, mas as conversas com o Podemos continuam, diz Renata. “Eles estão entre nós, PT e MDB”, afirmou. A confiança em atrair o partido se mantém, garante. “O PROS vê a entrada deles na nossa coligação como alguém que pode fazer diferença no processo eleitoral. As pessoas veem muito intenção de voto, mas quem conhece de pesquisa, consegue ver nosso potencial de crescimento nas entrelinhas. Álvaro é um candidato que, se tiver um bom tempo de televisão, vai dar muito trabalho”, sustentou.
A presidente do Podemos também tentou trazer para a coalizão o Patriota. O partido, no entanto, optou por lançar o deputado Cabo Daciolo (RJ), e ainda não há sinais de que possa embarcar com Álvaro, lamenta Renata. “Tentamos convencer o Cabo Daciolo, mas está uma divisão grande no partido. Eles também tentam puxar o Avante, que não deve ir para lá. Nós somos o segundo voto de todos os candidatos”, analisou.
O PSB de Minas Gerais, que acordou na manhã de hoje sob nova direção, não terá como levar adiante a candidatura do ex-prefeito Márcio Lacerda ao governo estadual. Porém não fechará apoio ao governador Fernando Pimentel. Isso porque o acordo dos socialistas com o PT previa apenas a retirada da candidatura de Lacerda e não um apoio formal do partido à reeleição de Pimentel. Os socialistas também já fizeram chegar à direção nacional do partido que só irão compor uma chapa proporcional (deputados estaduais e federais) com o PT se for vantajoso para o PSB. Essas conversas vão até domingo.
Márcio Lacerda, por sua vez, está com as mãos atadas. Ele pode até obter maioria no diretório estadual, porém, não conseguirá ser candidato a governador. É que, no encontro nacional do PSB, ano passado, foi aprovada uma resolução que obriga a homologação das candidaturas majoritárias estaduais pela direção nacional partidária. E o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, que deflagrou o processo de intervenção no diretório estadual na noite de ontem, não homologará a candidatura de Lacerda. Porém, não obrigará o partido a fechar aliança com o PT. Há quem diga que o próximo capítulo dessa história será a vingança de Lacerda em Minas.