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Emedebista Fábio Ramalho pode ser o “azarão” na Câmara dos Deputados
Coluna Brasília-DF
Entre a pressão do governo para liquidar a fatura no primeiro turno e dos partidos de oposição ligados a Baleia Rossi (MDB-SP), cresceram nas últimas horas as apostas no deputado Fábio Ramalho (MDB-MG) como um “pit stop” antes do embate final entre Baleia e Lira. A ideia é evitar que o governo leve no primeiro turno e se considere “poderoso demais”. Na eleição passada, quando o Centrão e os demais partidos de centro estavam praticamente fechados em torno de Rodrigo Maia (DEM-RJ), Ramalho obteve 66 votos. Agora, no balanço das horas e dos partidos, se repetir a votação, garantirá o segundo turno.
Em tempo: vale lembrar que, em fevereiro de 2005, Severino Cavalcanti foi eleito presidente da Casa na lógica de não ir nem para um lado, nem para o outro, no primeiro turno. Severino terminou no segundo turno. A diferença é que Ramalho é tão aliado de Bolsonaro quanto Lira, embora não seja o candidato do governo.
O que move os parlamentares
As desconfianças de alguns para não votar em Lira no primeiro turno é o Orçamento da União. Embora o líder do PP seja o favorito, hoje, e tenha condições de vitória ainda no primeiro turno, os deputados avaliam que o dinheiro acabou e ele não terá como honrar todos os compromissos assumidos. Deixar o presidente Jair Bolsonaro cheio de si, com a vitória do PP, não é visto como a melhor estratégia.
Bomba relógio do auxílio
Ao dizer que o auxílio emergencial volta se a vacinação contra covid-19 falhar, o ministro da Economia, Paulo Guedes, jogou no colo do governo uma bomba de efeito cascata: agora, se o governo não conseguir logo vacinas em número suficiente para atender à população, o discurso de que a economia não reagiu por incompetência do governo ao lidar com a pandemia está pronto.
É mais além
A guinada de Bolsonaro a respeito das vacinas contra covid-19 está diretamente relacionada aos movimentos pró-impeachment. Embora ele tenha a certeza de que não sofrerá um processo, quem tem mandato prefere se precaver.
Xii…
Com as respostas dos fabricantes de vacinas de que só vendem para governos, resta a Bolsonaro e toda a sua equipe empreender esforços em busca de mais vacinas. O pior é que, como entrou tarde nessa conversa, terá que esperar sua vez na fila.
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A carta de Biden/ Que Bolsonaro, que nada. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, escreveu para Eric Lander, presidente e diretor-fundador do Broad Institute of MIT (Massachusetts Institute Of Technology) and Harvard, com várias questões, no sentido de preparar uma estratégia de ciência e tecnologia para os Estados Unidos nos próximos 75 anos, nos moldes do que fez Franklin Delano Roosevelt, em 1944.
Aprender em vez de negar/ Em sua época, Roosevelt fez quatro perguntas ao seu consultor de tecnologia, Vannevar Bush. Biden pede que Lander envie à sua administração respostas a cinco questões, a começar pelo que se pode aprender com a pandemia, o que é possível fazer para atender ao mais amplo leque das necessidades de saúde pública.
Meio ambiente/ Biden pergunta, ainda, como as descobertas científicas e tecnológicas podem criar novas soluções para enfrentar os desafios climáticos. “As mudanças climáticas representam uma ameaça existencial que requer uma ação ousada e urgente”, diz Biden, que vê aí uma oportunidade de criar novos investimentos e uma “América mais resiliente”. Ele diz que alcançar o compromisso de emissão de carbono líquido zero, em 2050, exigirá a implantação de fontes de energia limpa.
China, sempre ela/ Biden também está preocupado com a competição com a China. E pergunta como os Estados Unidos podem assegurar que são os líderes mundiais em tecnologias nas indústrias do futuro, importantes para a prosperidade econômica e a segurança nacional. Em tradução livre, Biden menciona que “outros países –– especialmente a China –– estão fazendo investimentos sem precedentes e tudo ao seu alcance para promover o crescimento de novas indústrias e eclipsar a liderança científica e tecnológica da América. Nosso futuro depende da capacidade de acompanhar concorrentes nas áreas que definirão a economia amanhã”.
Sutis diferenças/ Bolsonaro, na largada de 2019, preferiu manter a polarização política e o discurso de campanha, tal e qual Donald Trump. Biden, no exercício da Presidência dos EUA, se coloca muito acima dessa política rasteira. Talvez por isso, a porta-voz da Casa Branca tenha dito que não há data para uma conversa com o Brasil. Pois é.
Auxílio emergencial: Bolsonaro não quer perder para o Congresso
Coluna Brasília-DF
As pesquisas internas do governo detectaram que o suporte a Jair Bolsonaro está caindo paulatinamente e, por isso, todo o esforço, agora, será no sentido de tentar estancar essa queda. Nesse esforço, entram as vacinas, o envio do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, a Manaus e, de quebra, estudos no Planalto para ver o que é possível fazer em relação ao auxílio emergencial.
O presidente está convencido de que os congressistas tentarão aprovar um benefício, a fim de ficarem com o discurso de que as pessoas só foram atendidas por causa do Parlamento. Assim, há quem diga, dentro da base, que Bolsonaro deve se antecipar a esse movimento. Obviamente, não há meios de fazer como em 2020, quando o governo queria pagar R$ 200, o Congresso elevou para R$ 500 e Palácio do Planalto deu a última palavra, fechando em R$ 600. Em 2021, não há espaço no Orçamento para esse valor, mas o governo deverá propor alguma coisa.
Vai que é tua, Pazuello
As investigações contra Pazuello são vistas entre aliados do presidente como a ação precursora de um movimento maior em prol do impeachment. Se houver alguma culpabilidade do ministro da Saúde pelos atropelos em relação à condução do plano de combate à pandemia, a ordem é afastá-lo a fim de evitar que o presidente termine responsabilizado.
Logo um general?!!!
Os militares não estão nada confortáveis com essa história de a bomba estourar no colo de Pazuello. Afinal, o ministro estava ali para uma “missão” que dois civis não quiseram levar adiante. Luiz Henrique Mandetta foi demitido por discordar da posição de Bolsonaro em relação ao distanciamento social. E Nelson Teich não quis colocar a hidroxicloroquina nos protocolos do Ministério da Saúde.
O problema é mais em cima
Entre os congressistas, há quem se recorde que Pazuello foi o único a declarar com todas letras “é simples assim, um manda e outro obedece”. A frase foi dita em 22 de outubro, logo depois de Bolsonaro desautorizar o ministro sobre o protocolo para a compra de 46 milhões de doses da CoronaVac, acertada na véspera com o Instituto Butantan.
Enquanto isso, no Congresso…
Arthur Lira (PP-AL) tenta fechar uma conta de chegada, mas a atitude do governo de perseguir aliados de Baleia Rossi (SP) tem deixado muitos congressistas chateados e se bandeando para o candidato do MDB.
… Lira tem a vantagem
A turma de Baleia Rossi tenta evitar o “já ganhou” do adversário principal, que é visto como alguém que está a poucos votos da vitória no primeiro turno.
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Deu ruim I/ A Associação dos Engenheiros Técnicos do Sistema Eletrobras (Aesel) não ficou nada satisfeita com o slogan “Brasil acima de tudo. Deus acima de todos”, incluído na carta do presidente do Conselho de Administração da empresa, Ruy Flaks, aos diretores, para comentar a demissão do presidente, Wilson Ferreira. A Associação acusa Flaks de usar a empresa para projetos políticos.
Deu ruim II/ Na carta, Flaks diz que conversa com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre o substituto de Wilson Ferreira. Só tem um probleminha: o cargo já entrou na mira do Centrão.
Muita calma nessa hora/ As manifestações do último fim de semana pedindo o impeachment de Bolsonaro foram comparadas àquelas de 2013, em relação à presidente Dilma Rousseff. Ela se reelegeu no ano seguinte, no embalo dos programas sociais, como o Bolsa Família e da popularidade de Lula. Bolsonaro não tem nem um nem outro.
Ainda tem muito jogo/ Ao anunciar, em suas redes sociais, o envio dos 5,4 mil litros de princípio ativo da vacina do Butantan, Jair Bolsonaro tenta tirar João Doria da foto de negociador da vacina da Sinovac. A simbologia de três ex-presidentes da República, José Sarney, Michel Temer e Fernando Henrique Cardoso, ao lado do governador de São Paulo, em prol da vacina, indicam que essa batalha o presidente perdeu. Outras virão.
Com diversos convites para se filiar a partidos políticos, o presidente Jair Bolsonaro deixou transparecer a aliados que pretende seguir para o Patriotas. Esse é, inclusive, o nome do partido que, conforme publicou o Wall Street Journal, o ex-presidente Donald Trump pretende criar para tentar se manter em evidência na política. Hoje, o Patriotas tem cinco deputados federais. Subiria, conforme cálculos de aliados do presidente, para 25.
Embora o presidente só vá tomar essa decisão em março, depois da eleição à Presidência da Câmara, há quem diga que uma filiação ao seu antigo partido, o PP de Ciro Nogueira e Arthur Lira; ao PL, de Valdemar Costa Neto; ou ao PTB, de Roberto Jefferson, deixaria o presidente na mesma situação que viveu no PSL, ou seja, filiado a legendas que têm donos. De quebra, ainda teria de explicar que as siglas tiveram problemas no mensalão e coisa e tal. Para completar, o fato de Trump criar um Patriot Party nos Estados Unidos, avaliam os bolsonaristas, daria um braço internacional ao projeto.
Mico federal
Os casos de “fura-fila” registrados país afora serão mais um problema a exigir explicações por parte de todas as autoridades, municipais, estaduais e federais. Afinal, se o Ministério da Saúde requisitou as vacinas,deveria ter adotado um procedimento padrão de aplicação para todos os estados.
Ainda sem resposta
Não se sabe, por exemplo, se as pessoas que receberam a vacina de forma irregular, ou seja, fora da fila, vão ter direito à segunda dose, ou essas segundas doses serão destinadas a outras pessoas. No caso das irmãs em Manaus, por exemplo, onde a vacinação foi suspensa, a segunda dose delas pode servir para imunizar uma pessoa do grupo de risco.
Aposta alta
A insatisfação de parlamentares com a onda de demissões de apadrinhados de deputados eleitores de Baleia Rossi (MDB-SP) é vista no governo como temporária. Assim que passar a eleição para a Mesa Diretora, a aposta do Planalto é de que os deputados voltarão para o Planalto, pedindo cargos e verbas.
Bolsonaro incensa Ernesto
A notícia de que a vacina de Oxford/AstraZeneca chega hoje ao Brasil serviu para o presidente mandar um recado a todos os apoiadores que pediam a troca do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. Bolsonaro atribuiu a boa notícia ao trabalho do ministro, que faz tudo o que o Planalto determina sem pestanejar.
Eduardo, o retorno/ A rádio corredor da Câmara dos Deputados registra encontros na residência do ex-deputado Eduardo Cunha, onde ele cumpre prisão domiciliar, para tratar da eleição para o comando da Casa. Tudo para ajudar Arthur Lira (PP-AL).
Manda outro/ Se depender do líder do PSDB no Senado, Izalci Lucas, a Casa não aprovará o nome do tenente-coronel da reserva Jorge Kormann para a Anvisa. “Dificílimo aprovar”, disse Izalci, em entrevista à Rede Vida de televisão. “O Senado precisa cumprir seu papel de aprovar indicações técnicas”, emendou ele. O militar, que estava internado na UTI, com covid-19, deve ter o nome retirado pelo governo.
Por falar em PSDB…/ O líder ainda não desistiu de levar os senadores fechados com Simone Tebet (MDB-MS) a votar em Rodrigo Pacheco (DEM-MG).
Ficamos assim/ Nesta sexta-feira, com a chegada da vacina da Oxford, Bolsonaro acredita que o governo terá um imunizante para chamar de seu. A torcida no Planalto é para que a CoronaVac, que terá novo lote aprovado, hoje, pela Anvisa, fique em segundo plano. Só tem dois probleminhas: 1) vacina não tem ideologia; 2) até aqui, a capacidade de produção do Butantan é maior. Que venham todas!
O cumprimento de Jair Bolsonaro ao novo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, demorou porque o capitão queria esperar a saída de Donald Trump. Agora, até Biden ler a carta no estilo “bandeira branca” enviada pelo presidente, levará algum tempo.
Antes de ler as linhas traçadas pela ala mais “muita calma nessa hora” do governo brasileiro, Biden, conforme avisam diplomatas, reajustará a relação com os países europeus e se juntará às pressões para que o Brasil proteja suas florestas.
Diante dessa nova realidade, Bolsonaro, se deixar as bravatas de lado, terá a chance de apostar na preservação ambiental e tentar se colocar na cobrança pelos créditos de carbono e economia verde. Se quiser permanecer no discurso do valentão sobre “saliva e pólvora” para agradar seus apoiadores mais aguerridos nas redes sociais, ficará falando sozinho.
Para quem não se lembra, em novembro, quando Biden foi eleito, Bolsonaro fez um discurso sobre as cobranças pela preservação ambiental, dizendo que, “quando acaba a saliva, tem que ter pólvora”. Pelo visto, a munição acabou.
Estado de defesa e os EUA
Quanto mais autoridades brasileiras usarem expressões do tipo “militares decidem se um povo terá democracia ou ditadura”, como fez Jair Bolsonaro, ou “calamidade é antessala do estado de defesa”, como fez o procurador-geral Augusto Aras, mais o Brasil estará longe do novo governo dos EUA. Vai ficar mesmo é bem perto do sistema venezuelano, regime que o presidente tanto critica.
Quem avisa…
Estudioso do Orçamento da União há décadas, o deputado Júlio César (PSD-PI) avisou a Bolsonaro que o governo precisa escancarar o quadro de dificuldades fiscais para tentar reduzir a pressão sobre a continuidade do auxílio emergencial. “A situação das contas públicas é crítica, porque a dívida está na casa dos 91% do Produto Interno Bruto (PIB)”, diz o parlamentar.
… amigo é
Júlio César não entrou na discussão sobre estender o auxílio por mais alguns meses, porque considera ser um tema do Ministério da Economia. Porém, deixou claro que a renovação do benefício representará R$ 20 bilhões/mês, num cenário em que houve queda de arrecadação. Bolsonaro concordou que as dificuldades existem, porém, não entrou em detalhes.
Se vira, Brandão!
No Banco do Brasil, segue a tensão. Bolsonaro garantiu que não haverá fechamento de agências, mas uma turma da área técnica espera que essa garantia seja igual àquela de que não compraria a CoronaVac.
Vexame atrás de vexame/ As autoridades manauaras podem se preparar para um futuro a la Wilson Witzel ou Marcelo Crivella. Além da questão de falta de oxigênio, que levou à morte de várias pessoas, agora, a revolta é com as filhas de um megaempresário, médicas nomeadas para cargos comissionados na prefeitura, que foram vacinadas e não estão na linha de frente do combate à covid.
Só tem uma saída/ A prefeitura será chamada a colocar as duas na linha de frente dos hospitais, que, aliás, clamam por pessoal.
E o Ernesto, hein?/ Os parlamentares não engoliram as afirmações do chanceler Ernesto Araújo de que está tudo bem com o governo da China e com o da Índia no quesito vacinas. Se faltar imunizante, depois de aplicada essa primeira leva, vai respingar no Itamaraty parte das ações judiciais em estudo.
Por falar em vacinas…/ Furar a fila da vacinação deveria ser crime inafiançável. Pelo menos, já tem deputados interessados em preparar projetos nesse sentido.
Com a posse de Biden, cresce a pressão pela demissão de Araújo
Coluna Brasília-DF
Com a posse do democrata Joe Biden, hoje, nos Estados Unidos, crescem as pressões em parte da base do governo para que Bolsonaro troque o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo. A avaliação de alguns é a de que o chanceler apostou tanto no governo de Donald Trump que, agora, é preciso dar uma guinada na política externa. Até no Itamaraty não são poucos os diplomatas a dizer que o governo errou feio na relação com a China, país do qual o Brasil depende para a vacinação contra a covid-19.
… mas o presidente, não
Ernesto Araújo seguiu exatamente a cartilha recomendada por Bolsonaro, e o capitão não dá o menor sinal de que pretende substituir o ministro. Aliás, o presidente acredita que tanto no caso do chanceler quanto em relação ao ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles é uma “perseguição” ao seu governo.
Coluna Brasília-DF
Sem recursos para atender às emendas, uma vez que não há orçamento aprovado, o governo turbinou a movimentação de cargos de terceiro e segundo escalões para ajudar a alavancar a candidatura de Arthur Lira (PP-AL). As mudanças atingem até mesmo deputados do MDB, que sempre apoiaram o governo e apoiam o presidente do partido e líder da bancada, Baleia Rossi (SP). Até agora, já foram alvos dessas mudanças, por exemplo, os indicados dos deputados Hildo Rocha (MDB-MA) e Flaviano Melo (MDB-AC).
Ao demitir apadrinhados de deputados que sempre deram aquela ajuda ao governo, no plenário e fora dele, Jair Bolsonaro joga ao mar um pedaço da base. Na conta de chegada para tentar eleger Lira no primeiro turno, o presidente corre o risco de perder números para votações de emendas constitucionais e outros processos legislativos que exigem um quórum qualificado, como impeachment.
Afinal, entre os apoiadores de Lira, hoje, nem todos são bolsonaristas, e Bolsonaro não terá todos eles ao seu dispor para o dia seguinte. Ao entrar de cabeça na campanha de Lira, deixa de lado a velha máxima “quem poupa, tem”. E gasta um ativo crucial para o futuro incerto que vem pela frente.
O alerta de Aras
A nota do procurador-geral, Augusto Aras, para dizer que cabe ao Poder Legislativo avaliar crimes de responsabilidade, foi vista como um alerta no sentido de que se evite transformar a grave crise de saúde numa crise política e institucional. Ainda que Bolsonaro esteja cometendo erros, é preciso garantir a estabilidade política para não agravar ainda mais a situação. Diz Aras: “O estado de calamidade pública é a antessala do estado de defesa”, recado que muitos congressistas entenderam como “muita calma nessa hora”.
Placar
As contas de alguns partidos sobre a Presidência da Câmara estão assim: 228 votos pró-Baleia Rossi; 212 para Arthur Lira; 53 indecisos e 20 votos para os demais candidatos — Fábio Ramalho, Luiza Erundina, Marcel Van Hatten e Alexandre Frota. No balanço das horas, tudo pode mudar.
Na defesa e no ataque I/ O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) postou um vídeo, em suas redes sociais, para defender os atos do governo em relação às vacinas e ao caso da falta de oxigênio em Manaus, que ele diz ser “página virada”. E cita que o governo federal fez “repasses bilionários” para a cidade e o “governo local teve problemas lá” — ao mencionar a prisão da secretária de Saúde.
Na defesa e no ataque II/ No caso das vacinas, Eduardo diz que há “narrativas construídas” para “porrada no presidente”, ataca João Doria e dá uma alfinetada na CoronaVac, a única vacina disponível para os brasileiros nesse momento: “João Doria não queria que a CoronaVac — vacina que vem da China, mas não é aplicada pelos chineses — passasse pelo crivo da Anvisa. João Doria não é das pessoas mais confiáveis e não goza de prestígio na população”, diz Eduardo, que, recentemente, criou problemas diplomáticos com os chineses.
Na defesa e no ataque III/ Eduardo ressalta os 50% de eficácia da vacina e afirma que “ainda assim, é válido, muita gente vai querer tomar, mas deve-se dar opção para as pessoas. Não sou eu que vou dizer o que você vai injetar no seu corpo”. Vale lembrar que Doria não disse não querer que a vacina passasse pelo crivo da Anvisa. Disse apenas que, se a vacina estivesse aprovada lá fora e o governo não aprovasse por motivos políticos, haveria a opção de se buscar os certificados internacionais para aplicação do imunizante.
Enquanto isso, no salão verde…/ Ainda que a Câmara tenha optado pela instalação de cabines de votação no Salão Verde, deputados que têm problemas cardíacos já avisaram que não virão para a abertura e eleição do futuro presidente da Câmara. Se brincar, até o dia da eleição, ações judiciais podem reverter essa determinação da Mesa Diretora, de votação presencial.
“Eu teria feito a mesma coisa”, diz governador do Espírito Santo sobre Doria em foto de vacinação
Coluna Brasília-DF
Houve, entre os governadores, quem dissesse que o de São Paulo, João Doria, foi afoito ao entrar na foto de aplicação da vacina da covid logo no domingo. Em política, vale a máxima: quem pode mais, chora menos. E, com a situação de emergência, nenhum teria feito diferente. Ocorre que poucos admitem em público: “Eu teria feito a mesma coisa”, disse à coluna o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande.
Votação presencial na Câmara mostra que Maia não tem mais tanto poder
Coluna Brasília-DF
A decisão da Mesa Diretora da Câmara, de fazer a eleição para a Presidência da Casa de forma presencial, é vista nos bastidores como um sinal forte de que o atual comandante, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não tem mais tanto poder de mando de campo. Porém, não significa que a situação não está ganha para o líder do PP, Arthur Lira (AL), na disputa para suceder Maia.
A pressão do Centrão pela votação presencial, avaliam aliados de Lira, é uma demonstração de que o PP teme as traições e quer a segurança da disputa olho no olho, pois alguns ficam constrangidos em trair o partido. A menos de duas semanas do pleito, qualquer deslize pode atrapalhar a estratégia de definição no primeiro turno.
CPI, o primeiro teste
A afirmação de Rodrigo Maia de que será preciso uma grande investigação para apurar responsabilidades pela trágica situação da pandemia no Brasil indica que este será o primeiro desafio do futuro presidente da Câmara. O governo, dizem alguns aliados do presidente Jair Bolsonaro, espera contar com Arthur Lira para barrar qualquer investigação.
Por falar em responsabilidades…
A Mesa Diretora da Câmara que, agora, encerra o mandato correrá o risco de começar o ano legislativo sob a acusação de irresponsabilidade sanitária por causa da votação presencial para escolha do novo presidente da Casa. Já tem gente pedindo estudos para rever se é possível entrar na Justiça em favor da votação remota, de forma a impedir aglomeração no plenário.
Blefar para desviar…
Com a vacina na ordem do dia, Bolsonaro voltou a dizer que os militares é que “decidem se um povo viverá na democracia ou na ditadura”. A afirmação, que não encontra eco na cúpula das Forças Armadas, foi vista como mais uma forma de sair do foco da crítica em relação às vacinas que ele não queria comprar e tentar retomar a polarização com o PT.
… e mudar o adversário
Bolsonaro ainda perguntou a apoiadores como estariam as Forças Armadas se Fernando Haddad, do PT, fosse eleito em 2018. Tudo para retornar ao ringue onde venceu, na última eleição, e tirar o governador de São Paulo, João Doria, da cena da vacina, onde o tucano está nadando de braçada.
Muita calma nessa hora/ Os bolsonaristas avaliaram a pesquisa da XP, que mostrou uma subida de 35% para 40% no índice de ruim e péssimo do governo, como algo que não deve preocupar neste momento. Isso porque, ao contrário de Donald Trump, que terminou atropelado pelo negacionismo em meio à pandemia, Bolsonaro ainda tem um ano e meio para se recuperar.
Tudo anotado/ Os tucanos vão reforçar que foi o acordo costurado por Doria com o laboratório Sinovac que permitiu a compra das doses da CoronaVac — aquela que Bolsonaro disse, em outubro, quando o ministro Eduardo Pazuello anunciou que compraria 46 milhões de doses: “a vacina chinesa de João Doria não será comprada”. Agora, Bolsonaro diz que a vacina não é de nenhum governador, é do Brasil.
O que teme Pazuello/ A modulação do discurso do ministro da Saúde ao dizer que jamais falou em “tratamento precoce” e, sim, em “atendimento precoce” é para evitar um chamamento à responsabilidade, que já está em análise na Procuradoria-Geral da República. Vale o mesmo para o governador do Amazonas, Wilson Lima.
Coluna Brasília-DF
A campanha do deputado Arthur Lira (PP-AL) à Presidência da Câmara começa a enfrentar problemas. Na seara do toma-lá-dá-cá, cresce a revolta do baixo clero. Na ideológica, entrou a pandemia. No quesito “o que Maria leva”, deputados começam a reclamar de um dos coordenadores da campanha, Domingos Neto (PSD-CE), ex-relator-geral do Orçamento.
Um grupo esperava receber emendas extras, mas acredita que o relator-geral foi na linha do “farinha pouca, meu pirão primeiro”. Para o Ceará, algo em torno de R$ 400 milhões, sendo R$ 157 milhões para a cidade administrada pela mãe do deputado.
E, nesse momento de necessidades vitais para a área de saúde, não há muito o que fazer para atender aos deputados insatisfeitos, no quesito restos a pagar. Para completar, os tropeços mais recentes do presidente Jair Bolsonaro na condução da pandemia não ajudam Arthur Lira.
Nas últimas reuniões, como a que houve com a bancada paulista, o governador João Dória (PSDB), por exemplo, aproveitou para dizer que a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) à Presidência da Câmara é um seguro contra o negacionismo, que toma conta do governo e de seus aliados.
Aliás, vale lembrar, os aliados de Bolsonaro chegaram ao disparate de gravar um vídeo defendendo o tratamento precoce e tirando máscaras, nesse momento em que os pacientes lotam os hospitais, ao ponto de o país viver a tragédia da falta de oxigênio em Manaus.
Maia, o traído
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, nunca imaginou que fosse viver uma situação dessas. Depois de brigar por Elmar Nascimento (DEM-BA) para presidir a Comissão Mista de Orçamento (CMO), Maia vê Elmar se tornar um líder da campanha pró-Arthur Lira dentro do Democratas. O baiano não se conforma por não ter sido escolhido candidato do bloco “Câmara Independente”.
Compadres rompidos I
Arthur Lira tem ainda o apoio de Alexandre Baldy (PP-GO), compadre de Rodrigo Maia. Lira só não utiliza o avião da família de Baldy na campanha, porque a aeronave está em manutenção.
Compadres rompidos II
Baldy apoiou Maia nas três eleições, mas não apoia Baleia Rossi, porque o MDB é adversário do PP em Goiás. Baldy não tinha como deixar de apoiar o próprio partido nacionalmente. Maia não está, sequer, falando com o amigo Baldy, padrinho de Felipe, filho caçula do presidente da Câmara.
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Sem vida fácil/ Se o governo passou esses dois anos meio cabreiro por causa de Rodrigo Maia, é porque ainda não conhece a fundo o senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Aliás, ali, no Senado, quem vencer não será um passeio para o presidente Jair Bolsonaro. Simone Tebet (MDB-MS) é conhecida por uma postura independente.
Vem por aí/ Deputados com experiência e partidários do diálogo político vão montar o bloco do velho clero. É que a turma mais nova, em especial nos partidos mais ligados ao governo, tem se mostrado muito radical e avessa às conversas e às reuniões políticas. Até fazem, desde que o interlocutor concorde com eles. Em política, quem não sabe ceder em algum ponto, perde.
Frota na lida/ Em pleno almoço da bancada federal paulista com João Doria e o candidato a presidente da Câmara pelo bloco “Câmara Independente”, Baleia Rossi, o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP) foi de mesa em mesa, anunciando aos desavisados que será candidato ao comando da Casa e pedindo votos.
Que sirva de alerta/ No fim do ano passado, a população de Manaus foi às ruas contra as medidas de distanciamento social. O governo atendeu. Agora, o povo voltou, clamando por oxigênio. Por mais que muitos estejam cansados das regras de distanciamento social, do #fiqueemcasa, do #usemascara, o momento não é de fingir que a pandemia acabou. Mesmo quem já teve a doença, deve se cuidar, uma vez que há casos de reinfecção.
Mesmo com vacina, caminho para vencer o novo coronavírus é longo e tortuoso
Coluna Brasília-DF/Por Carlos Alexandre de Souza
Se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar, no domingo, o uso emergencial dos imunizantes produzidos pela Fiocruz e Butantan, o governo federal pretende iniciar a vacinação na próxima quarta-feira, com a distribuição de seis milhões de doses. Deixando de lado os preparativos, para fins de propaganda, da cerimônia no Planalto que simbolizará o começo da imunização, a data marca o passo mais aguardado pela nação no combate ao novo coronavírus. Ressalte-se, no entanto, que essa é tão somente uma frente da guerra. Há muitas outras batalhas em curso. O caminho para vencer o novo coronavírus é longo e tortuoso.
A vacina constitui uma solução importante para dar um refrigério à rede de atendimento da saúde. Permite, também, avançar no planejamento da retomada de atividades essenciais, como o retorno às aulas, a produção industrial e a prestação de serviços.
Mas, a imunização não significa, de forma alguma, o abrandamento de outras medidas absolutamente necessárias para conter a disseminação do novo coronavírus. Países como Canadá, Alemanha, Inglaterra e Portugal, muito mais adiantados do que o Brasil no processo de imunização, estão impondo medidas mais duras –– em algumas situações, lockdown –– para conter as ocorrências de mortes e de novos casos.
Não dá para relaxar
No Brasil, a simples perspectiva de uma vacinação provocou um relaxamento generalizado dos hábitos preventivos. Por uma série de razões, uma quantidade impressionante de brasileiros continua a menosprezar o risco da covid-19, em aglomerações absolutamente temerárias e irresponsáveis. Que fique claro: o país está com uma média assustadoramente alta de mortes, próxima da casa do milhar. E permanecerá assim por um bom tempo. Em diversas capitais, os sistemas de saúde estão próximos ou já ingressaram no colapso. E variantes do novo coronavírus, mais transmissíveis e já identificadas no Brasil, apresentam-se como ameaças adicionais. Não dá para relaxar, pois, com a chegada da vacina.
Proteção, sempre
Independentemente da velocidade do processo de vacinação previsto para começar na próxima semana, a obediência aos protocolos de segurança –– uso de máscara, distanciamento social e higienização –– precisará ser mantida como prioridade durante muitos meses.
Retrocesso
Pressionados pelo governo Bolsonaro e apesar de todas as evidências científicas em contrário, o governo do Amazonas e a Prefeitura de Porto Alegre decidiram adotar o chamado “tratamento precoce” para enfrentar o avanço da pandemia. As velhas hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina, mundialmente conhecidas como inúteis para conter o vírus, passaram a ser oficialmente distribuídas na rede pública de atendimento.
É outra coisa
Má-fé, irresponsabilidade, curandeirismo, simpatia, wishful thinking. É possível chamar essas iniciativas de muitos nomes. Menos de ciência.
Incoerência
Por sinal, note-se a evidente contradição daqueles que defendem rigor extremo na aprovação da vacina, mas recomendam abertamente tratamentos alternativos sem qualquer comprovação médica a pacientes com covid.
Campos opostos
Próximos de encerrar a dobradinha demista no comando das duas casas do Congresso, Davi Alcolumbre e Rodrigo Maia (foto) preparam-se para trilhar caminhos diametralmente opostos. Enquanto o senador pavimenta o desembarque no governo Bolsonaro, o deputado dedica-se a construir uma frente parlamentar que atue como contraponto à agenda do Planalto.
Tudo muda
É interessante observar que, caso se confirme a transferência de Alcolumbre para o Executivo, a relação do senador com o titular do Planalto mudará. Uma coisa é ser o presidente do Congresso e manter um diálogo institucional com o chefe do Executivo. Outra coisa é ter Bolsonaro como chefe. Paulo Guedes e Onyx Lorenzoni têm segurado o tranco até aqui. Luiz Henrique Mandetta e Sergio Moro pediram o boné.
Bomba atômica
Em entrevista ao Correio, em março de 2020, o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que “impeachment é uma bomba atômica em termos institucionais”, referindo-se à gravíssima instabilidade que um processo de impedimento pode acarretar a um regime democrático.
Força ou fraqueza?
Com a retirada de Dilma Rousseff do poder, em 2016, muito se falou sobre a qualidade da democracia brasileira, que registrou dois processos de impeachment no intervalo de 25 anos. O que dizer, então, da maior democracia do mundo, onde o presidente teve o pedido de impeachment aprovado pela segunda vez no mesmo mandato? Seria sinal de vigor ou de tibieza dos regimes democráticos?