Troca dos comandantes militares é a última cartada de Bolsonaro contra o lockdown nos estados

Publicado em coluna Brasília-DF
Depois de o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), dizer que havia limites na relação do Poder Executivo com o Legislativo, foi a vez de os militares mostrarem a Jair Bolsonaro que as tropas não estão à disposição para fazer valer a frase “o meu Exército não vai defender lockdown”. A troca dos comandantes militares era a última cartada dentro da normalidade institucional a que o presidente recorreu para tentar fazer valer a sua vontade de voltar à normalidade, com pandemia e tudo. Ele já havia tentado uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) e tinha esperanças, ainda, numa nova lei que lhe desse respaldo, uma vez que não conseguiu um ministro da Saúde médico que despreze o distanciamento social.
Nesse sentido, resta a Bolsonaro apelar no discurso para que os governadores e prefeitos levantem essas medidas. Só tem um probleminha: quem está na ponta só vai abrir tudo se os índices de ocupação de leitos baixarem, como ocorreu no ano passado, antes da segunda onda. Sem vacinação em massa e ausência de um medicamento eficaz para todos os casos, o distanciamento é o que tem para hoje. O risco, avaliam alguns, é o presidente partir para o radicalismo, colocando seus seguidores mais fiéis contra os governadores. Ontem, por exemplo, foi um desses dias, com seus apoiadores nas ruas, defendendo o capitão. O volume, porém, ainda é considerado pequeno pelos aliados de Bolsonaro. Outras manifestações virão.

Fica esperto

Com a classe política pressionando pelas emendas ao Orçamento, e a área econômica chamando os políticos à realidade das contas, o ministro da Economia, Paulo Guedes, se viu obrigado a usar a única linguagem que assusta: se Bolsonaro não vetar o Orçamento, vai “pedalar” igual a presidente Dilma Rousseff. Daí que surgiu a carta em que o relator, senador Márcio Bittar (MDB-AC), anuncia o cancelamento de R$ 10 bilhões a fim de recompor as despesas obrigatórias, depois que o Orçamento for sancionado

Olha a lambança

A área técnica alerta que é bom o relator ter cuidado para que esse remendo não vire outra “lambança” no tema Orçamentário. A proposta já foi aprovada e só pode ser modificada por lei de iniciativa do Poder Executivo, ou uma “errata” por parte do relator, alegando equívoco técnico ou legal, que precisa ser aprovada pela Comissão Mista de Orçamento e pelo Congresso.

Troca de comando familiar

Nos últimos dias, aliados de Bolsonaro detectaram uma mudança entre os filhos do presidente. Carlos, o 02, está mais recolhido e Eduardo, o 03, é quem está cuidando das redes de apoio do pai.

Sem Exército, é preciso ter partido

Bolsonaro está convencido de que precisará de um partido maior para sua campanha reeleitoral. Teme que, numa pequena legenda e sem recursos, que é o caso do Patriotas, o de sua preferência, fique difícil levar a campanha adiante. Ficou de bater o martelo em março, mas, diante dos problemas, deixou para abril.
Juntos pela democracia/ Por iniciativa do ex-deputado e ex-ministro Luiz Henrique Mandetta (foto), ex e futuros candidatos a presidente da República lançaram um “manifesto pela consciência democrática”, em que defendem a democracia e o respeito à Constituição, como valor maior, citando ainda a solidariedade. Assinam o documento Ciro Gomes, Eduardo Leite (governador do Rio Grande do Sul), João Amoêdo (Novo), João Doria (governador de São Paulo), Luciano Huck e Mandetta. A íntegra está no Blog da Denise, em www.correiobraziliense.com.br.
 
Bem aceitos por todos/ Ex-presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) dá o tom da aceitação dos novos comandantes militares nos partidos de esquerda: “Conheço-os como homens de grande espírito público, que terão o desafio de manter as Forças Armadas como instituições de Estado a serviço do Brasil, e não do governo. Precisam atuar no sentido oposto do que faz Bolsonaro e garantir a unidade nacional para vencer os desafios da covid”.
Sai daí rapidinho!/ O novo ministro da Defesa, Braga Netto, estava com tanta pressa que esqueceu a foto oficial dos comandantes ao apresentá-los numa coletiva. Tudo para fugir às perguntas que ainda não foram respondidas. Em especial, o porquê da troca dos comandantes militares.
Hora da pausa/ Diante de tantas notícias nos últimos dias, é hora de uma pausa para tentar relaxar e recarregar as baterias. A coluna por esses dias fica a cargo do jornalista Carlos Alexandre de Sousa. Boa Páscoa a todos.

64 é coisa do passado, o desafio é o Orçamento

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A troca dos comandantes militares vem para o presidente Jair Bolsonaro cumprir o que queria, ou seja, afastar o comandante do Exército, general Edson Pujol, com quem se sente contrariado há tempos. Porém, isso não quer dizer que o Exército, sob nova direção, levará as Forças Armadas a tomar uma atitude a fim de garantir o cumprimento daquilo que o presidente prega desde o início da pandemia, ou seja, o fim do lockdown e do isolamento social. As Forças Armadas vão ajudar na distribuição de alimentos, remédios, equipamentos, oxigênio, transporte de pacientes, vacinas, mas não vão se prestar ao papel de garantir aglomeração em plena pandemia, tampouco defender a reabertura do comércio ou o fim de toque de recolher, enquanto a ciência recomenda o inverso, ainda mais com recordes de mortes.

Cabe ao governo, avisam os militares, cuidar dos desafios de garantir recursos para o atendimento de saúde, o novo auxílio emergencial, que até hoje não foi pago, e cumprir sua obrigação constitucional de vacinas para todos. O foco é a pandemia. E, a contar pela Ordem do Dia deste 31 de março de 2021, o “movimento de 64 é parte da trajetória histórica do Brasil” e assim deve ser entendido. Para bons entendedores, a menção de “Forças Armadas conscientes de sua missão constitucional” foi a senha para acalmar a tropa e avisar que não há ruptura institucional.

Faria Lima preocupada, mas…

A mudança na Secretaria de Governo, com a chegada da deputada Flávia Arruda, foi lida pelo mercado como um sinal de que pode haver mais compromisso entre Legislativo e Executivo.

… de olho
A repercussão das trocas militares do governo de Jair Bolsonaro, porém, preocupa. A turma do mercado está com muitas dificuldades de explicar aos grandes fundos internacionais o que está acontecendo por aqui. Na Europa, então, onde o presidente é tratado como “ultradireita” ou “extrema direita”, é ainda mais difícil explicar o governo.

Senadores insatisfeitos
Os senadores não estão colocando muita fé nas mudanças anunciadas, até aqui, pelo presidente Jair Bolsonaro. Nem na gestão da deputada Flávia Arruda (PL-DF), hoje um expoente do grupo do presidente da Câmara, Arthur Lira. Há uma pressão sem fim para mudança nas pastas do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que, aliás, era um lote do Senado no governo de Dilma Rousseff.

O retorno/ Quem está feliz é o presidente do PL, Valdemar Costa Neto. O desembarque de Flávia Arruda no Planalto lhe garantiu o ingresso pela porta da frente, de onde estava afastado há tempos.

Eu sou democrata/ O líder do PSL, Major Victor Hugo, contou à coluna que apresentou o projeto para incluir pandemia no programa de mobilização nacional pensando, exclusivamente, no atendimento de saúde, na possibilidade de requisitar empresas para a produção de insumos básicos. “Era um projeto para ajudar o país. Não seria nada feito sem aprovação do Congresso Nacional”, defende o autor.

Nem vem/ Os líderes partidários, porém, consideraram que, neste momento, é melhor ter calma e não tratar desse assunto. Resultado: a proposta foi
para a gaveta.

Pente-fino/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, agora analisa, um a um, os pedidos de seguidores em seu Twitter. Diante dos ataques que recebeu de redes bolsonaristas nos últimos dias, a intenção é preservar a sua timeline e identificar os robôs.

A missão de Flávia Arruda

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A chegada da deputada Flávia Arruda (PL-DF) ao cargo de ministra da Secretaria de Governo do Palácio do Planalto, sob as bênçãos do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), serve para compensar o Centrão por não ceder o Ministério da Saúde. E, depois de presidir a Comissão Mista de Orçamento, ela desembarca no quarto andar do Planalto com o compromisso de garantir a execução da lei que ajudou a aprovar.

Só tem um probleminha: a equipe econômica está preocupada com o Orçamento e já avisou que, do jeito que está, não será possível cumprir. Isso significa que Flávia terá dificuldades em cumprir sua missão. Se tem uma qualidade que ela terá que exercer daqui para frente, será a paciência para lidar com os ministérios que executam o Orçamento, tarefa essa que sempre incomodou todos os que passaram pela Secretaria de Governo. No desespero para azeitar a base política, Bolsonaro pode ter comprado uma briga com a equipe econômica.

Arrumou um canto…

… e desarrumou outro. No meio militar, a perspectiva de saída dos comandantes é vista como um sinal de que essa área voltará a ser motivo de tensão e é o ponto nevrálgico da reforma. Afinal, reza a Constituição, as Forças são instituições de Estado e não de governo. Agora, também está na Carta que cabe ao presidente da República nomear o ministro da Defesa. Portanto, não dá para reclamar tanto.

Tudo bagunçado
O primeiro teste do futuro chanceler Carlos França será o organograma do Itamaraty. Ernesto Araújo colocou secretários para comandar ministros e conselheiros, desrespeitando a hierarquia da Casa. Se não promover um reordenamento, França será mais do mesmo.

Esqueceram dele
Em meio à reforma ministerial, quem continua quietinho no governo é o assessor internacional Filipe Martins. Bolsonaro não quer demiti-lo. E, vale lembrar, o cargo de assessor internacional não é apenas mais um assessor. Tem lugar reservado no terceiro andar do Planalto e ajuda a elaborar a chamada “diplomacia presidencial”.

Faltou ele
Até aqui, a reforma ministerial atendeu à Câmara e representou uma atenção ao Senado, ao afastar Ernesto Araújo. Porém, a manutenção de Filipe Martins, que fez o gesto indecoroso e está sob investigação no Parlamento, não vai sanar o problema como um todo. E, de quebra, ao entregar a Secretaria de Governo à Câmara, o poder entre as duas Casas se desequilibra.

Última forma
No Centrão, está muito claro que, se a reforma não servir para apaziguar o meio político, o grupo segue outro rumo sem pestanejar. Afinal, seus líderes fizeram isso ao largar o PT e se aninhar a Jair Bolsonaro.

Curtidas

Reforma agita o jogo eleitoral do DF/ A política do “quadradinho” vai ferver daqui para frente. Flávia Arruda é citada como candidata a governadora com o apoio de Bolsonaro. Falta combinar com outros aliados, por exemplo, a deputada Bia Kicis (PSL-DF).

Chance perdida/ Em meio às mudanças na equipe, mais uma vez Bolsonaro deixou de fora um amigo, Alberto Fraga. Internamente, há quem diga que, se o presidente quisesse, teria arrumado um lugar para o ex-deputado.

Chance agarrada/ Quem aproveitou o embalo da saída de Ernesto Araújo foram os filhos de Bolsonaro: 01 e 03 ajudaram a emplacar Anderson Torres no Ministério da Justiça e, segundo políticos, o outro padrinho é o vice-presidente nacional do PSL, Antônio Rueda.

Sonho era príncipe no Itamaraty/ Se dependesse exclusivamente do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), o nome para o ministério de Relações Exteriores seria o do correligionário Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP). Era a forma de compensar o “príncipe”, depois que o PSDB ficou com a comissão de Relações Exteriores da Câmara.

Enquanto isso…/ Vale lembrar que as mudanças de ministros do governo não despacharam o vírus. Este, só as vacinas. E olhe lá.

As verdades de Pazuello

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Em fevereiro de 2015, durante a gestão de Eduardo Cunha na presidência da Câmara, o Congresso aprovou a obrigatoriedade da liberação de emendas de deputados e senadores ao Orçamento da União. A ideia era se livrar das pressões do governo e do toma lá dá cá. A turma, porém, encontrou um jeitinho de manter a base aliada mais favorecida com as “emendas extras”, ou seja, recursos que vão para os programas governamentais de forma genérica e terminam distribuídos aos mais fiéis. São a essas emendas que, segundo técnicos de Orçamento, Pazuello se referiu no discurso de despedida no Ministério da Saúde, chamando de “pixulé”.

Agora, com o avanço dos parlamentares sobre os recursos da Previdência Social para garantir o pagamento de suas emendas, essa discussão vem à tona. Se “tudo tem limite”, como bem disse o presidente da Câmara, Arthur Lira, chegou o momento de impor essa verdade, também, ao apetite dos parlamentares no Orçamento.

O protesto diplomático I

O site Divergentes traz uma carta de diplomatas para diplomatas, com uma reflexão do pessoal de carreira do Itamaraty sobre os valores da diplomacia brasileira e a gestão do chanceler Ernesto Araújo, que, diz o texto, “submeteu o acervo de princípios e tradições da diplomacia brasileira aos humores e ditames de uma ideologia facciosa, muitas vezes antidemocrática, que presta contas apenas aos seus próprios seguidores”. A ideia da carta, cuja autenticidade foi confirmada à coluna por diplomatas, é chamar a atenção para o Dia do Diplomata, em 20 de abril.

O protesto diplomático II

O texto acusa Ernesto de usar o Itamaraty para mobilizar a base bolsonarista. “Não raro, assistimos à nossa diplomacia, o nosso trabalho cotidiano ser subordinado a interesses de mobilização de uma base política, sem qualquer conexão com interesses permanentes e estruturais do desenvolvimento, da soberania e do bem-estar da sociedade brasileira”. E segue dizendo que as dificuldades da pandemia “descortinam os riscos de uma diplomacia amadora, despreparada e personalista, dirigida por critérios fantasmagóricos”.

Tic-tac-tic-tac

A carta dos diplomatas que se associam aos apelos para a demissão de Ernesto Araújo é uma forte indicação de que, quanto mais tempo Jair Bolsonaro levar para mudar a política econômica, pior para o chanceler. Há, inclusive, o risco de o Senado rejeitar o nome do ministro para uma embaixada, caso Bolsonaro opte por transferi-lo para um posto de destaque. Chegou-se ao ponto que exonerar Filipe Martins não vai salvar o chanceler.

Pelo visto, está sobrando dinheiro

A intervenção federal no Rio de Janeiro terminou quando Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, mas o gabinete da intervenção continua firme, prorrogado até o final deste ano, mesmo diante dos problemas de carência de recursos para várias ações de governo. Na sexta-feira, por exemplo, o Diário Oficial da União trouxe uma portaria de movimentação de servidores para ordenar despesas por lá.

CURTIDAS

Muito além do discurso/ O ex-ministro Eduardo Pazuello que se prepare. Depois do discurso de despedida, em que mencionou a busca de políticos por um “pixulé” no Ministério da Saúde, ele corre o risco de levar mais um processo por não ter reportado o caso às autoridades competentes.

Michelle na área I/ A primeira-dama Michelle Bolsonaro participa, amanhã, da cerimônia de aniversário dos cinco anos da legislação que implementou o marco legal da primeira infância. O evento vai destacar o programa Criança Feliz, criado no governo Michel Temer, reconhecido internacionalmente como o maior do mundo em visitas domiciliares a crianças e gestantes.

Michelle na área II/ O programa Pátria Voluntária, que ela gerencia, tem feito diversas parcerias com o ministro da Cidadania, João Roma Neto. O mais novo projeto é o Brasil Fraterno, para distribuição de cestas básicas.

Roda a Esplanada, ministro!/ Foi preciso uma ordem do ministro Marcelo Queiroga para que os funcionários do Ministério da Saúde passassem a usar máscaras por lá. Há quem diga que é melhor ele fazer uma blitz em outros órgãos governamentais. Inclusive, no Palácio do Planalto.

Recordes na pandemia e crise no Itamaraty colocam Bolsonaro em sinuca de bico

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Em meio ao agravamento da pandemia e mais um recorde de mortes em 24 horas, o presidente Jair Bolsonaro está numa sinuca de bico e vai tentar ganhar tempo antes de tratar de qualquer afastamento do ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo. É que, se ele afastar o chanceler, teme que parte dos seus apoiadores mais fiéis terminem abandonando o barco, acusando-o de ter se rendido ao Centrão. E se Bolsonaro perder mais uma parte desse segmento que ainda lhe é fiel, o risco de ficar fora de um segundo turno no ano que vem é grande.

Porém quem sabe das coisas já avisou que, para o presidente conseguir passar a ideia de que mudou a política externa, demitir só Filipe Martins não basta.

“Não podemos ficar atrás do Doria”

A frase foi repetida durante todo o dia nos bastidores de Brasília, logo depois do anúncio da ButanVac pelo governador de São Paulo, João Doria, com direito a slogan, banner e tudo mais no Palácio dos Bandeirantes. Daí, a entrevista no Planalto com os ministros Marcos Pontes e Marcelo Queiroga e o anúncio da vacina de Ribeirão Preto.

Anvisa sob pressão

Mais uma vez, a Anvisa ficará sob os holofotes, para decidir qual a vacina que vai liberar primeiro para testes em humanos. A ideia, segundo alguns técnicos, é tratar dos dois casos ao mesmo tempo, para evitar interpretações políticas.

Pátria de máscaras, tudo bem

O Planalto não vai brigar com o novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, por causa da correta defesa do uso de máscaras — até o próprio presidente já está usando mais esse acessório que, antes, nem admitia. Porém, a restrição de circulação não faz parte do script de Bolsonaro nem fará. É o que resta do discurso presidencial para aqueles que defendem a volta ao trabalho.

A vacina salvou

O governo classificou esta semana como a pior dos últimos tempos. Desventuras em série que deixaram em segundo plano a reunião dos Poderes que criou o comitê anticovid: a marca das 300 mil mortes por covid; a fala do presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), com ameaças de impeachment nas entrelinhas; acusações por parte de Eduardo Pazuello de que os políticos iam atrás de um “pixulé” (dinheiro); o assessor Filipe Martins, investigado por gesto obsceno no Senado; e a pressão de todos os lados para demitir Ernesto Araújo.

CURTIDAS

Cuidadores/ A Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara dos Deputados aprovou pedido da deputada Leandre Dal Ponte (PV-PR) de envio de mensagem ao Ministério da Saúde para inclusão dos cuidadores de idosos no grupo preferencial para vacinação contra covid-19. Já são vários os casos de idosos que terminaram contaminados por suas enfermeiras e cuidadoras.

Não está fácil…/ São Caetano do Sul, na região do ABC paulista, começa hoje a fazer barreiras sanitárias para o ingresso na cidade. Com 98% dos leitos de UTI ocupados, e uma fila em busca de atendimento, não há outra solução.

… e tende a piorar/ O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG, foto), porta-voz dos governadores no comitê dos Poderes de gestão da covid-19, terá dificuldades na segunda-feira. Bolsonaro não quer saber de ajudar mais os estados que decretaram o lockdown, na avaliação dele, só para contrariar a posição presidencial.

Enquanto isso, no DF…/ Imagens da população clamando por “vacina, vacina” na porta de um posto de saúde de Brasília, cidade em que 69,99% dos votos válidos em 2018 foram de Bolsonaro, são vistas na seara da política como a certeza de que o governo federal errou ao não apostar nos imunizantes. E talvez esteja errando ao não entender a situação de colapso dos hospitais, que exige medidas para tentar segurar a proliferação do vírus, enquanto os fármacos não chegam em larga escala para todos os brasileiros.

Crise com assessores próximos a Eduardo coloca Bolsonaro em situação difícil

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Tanto o chanceler Ernesto Araújo quanto o assessor internacional da Presidência da República, Filipe Martins, são muito ligados ao deputado Eduardo Bolsonaro, o filho 03 do presidente, e à ala de extrema direita que apoiou Jair Bolsonaro desde a primeira hora. Por isso, afastar ambos, atendendo à pressão do Congresso e de setores do empresariado para mudar a política externa, não será tão fácil. A ideia inicial é tirar um para preservar o outro. Até aqui, o presidente considera trocar apenas Filipe para acalmar o Senado e tentar dar um ar de mudança na relação internacional.

Bolsonaro considera que, se trocar o chanceler neste momento, soará como alguém que cede às pressões. No seu grupo mais fiel, há quem diga, que nem mesmo na troca do ministro da Saúde, fez exatamente o que o Centrão queria. Agora, conforme o leitor da coluna já sabe desde o fim do ano passado, as apostas de Ernesto Araújo em Donald Trump o colocaram na linha de tiro. E, diante da pandemia, se resistir, será porque os padrinhos de casa fizeram milagres.

Só tem um probleminha, e o presidente foi avisado: se der errado em termos de uma relação mais cordial com a China ou mesmo com os Estados Unidos lá na frente, nas doações de vacinas ou outros projetos de interesse do Brasil, não vá colocar a sua turma para bater no Congresso ou no Supremo Tribunal Federal.

Outros focos de tensão

Ao separar os projetos que podem dar uma resposta de alívio à população nesses tempos sombrios de pandemia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vai tirar da gaveta uma série de propostas que mexerão no caixa da União. Está no radar, por exemplo, a suspensão de reajustes nos preços de medicamentos este ano, proposta pelo deputado Denis Bezerra (PSB-CE).

A bolsa de bondades
A intenção é colocar para votar tudo o que puder ajudar para a dar um alento nessa hora de dificuldades financeiras, em que o auxílio emergencial será bem menor. O governo dará um auxílio minguado, mas o Congresso vai trabalhar para evitar aumentos nos gastos obrigatórios da população. Os congressistas querem aproveitar essa fase para mostrar que não estão passivos diante da situação do país.

Juízes federais na lida…
Uma comissão da Associação dos Juízes Federais do Brasil (Ajufe) listou 23 pontos preocupantes no projeto que tramita no Congresso para alterar a Lei de Improbidade Administrativa (LIA). Por exemplo: propostas que restringem novas ações, dificultam a punição de pessoas desonestas e tornam mais rígidas as hipóteses de bloqueio de bens de investigados.

… e na guerra pelo patrimônio público
Os integrantes da comissão consideram que a LIA representa um importante marco para a proteção do patrimônio público e a moralidade administrativa e, por isso, necessita de uma discussão mais aprofundada com a sociedade. A intenção é esperar a volta das discussões presenciais para tratar desse tema mais apropriadamente.

Pocket live/ No dia em que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), cobrou uma troca na política externa, Bolsonaro fez uma live bem menor do que de costume, dedicada exclusivamente às ações do governo em relação à pandemia. Nem uma palavra sobre política externa.

Primeiros acordes I/ As visitas do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, a São Paulo e ao Rio de Janeiro foram uma tentativa de aproximar a comunidade médica do governo. Até aqui, estava difícil.

Primeiros acordes II/ O convite ao secretário de Saúde de São Paulo, Jean Gorinchteyn, para o encontro, foi mais um sinal de que a área técnica quer acertar. O próprio governador João Doria, consultado, disse que Gorinchteyn devia ir e que nada melhor do que a união de esforços para salvar a vida das pessoas.

Sutis diferenças/ A chegada de Queiroga fez até Bolsonaro alterar o discurso. A defesa da cloroquina foi substituída por “não há remédio específico”, mas “se eu for contaminado, o médico vai receitar o que eu tomei da primeira vez”.

Por falar em Bolsonaro…/ Ele não quer brigar com Arthur Lira. E nem Lira quer brigar com Bolsonaro. Porém, Lira vai defender o Congresso, e Bolsonaro, o governo. O casamento continua enquanto esses dois objetivos estiverem na mesma direção.

O limite de Arthur Lira está próximo

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As despedidas do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello com insinuações sobre pedidos de dinheiro no ministério e referências a políticos com declarações do tipo “todos queriam um pixulé” colocaram por um fio o discurso de união nacional construído na reunião do Alvorada. Em breve, Pazuello será chamado ao Parlamento para dar nome aos bois. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), não gostou dessa menção. Em princípio, não baterá de frente com o governo, tem dito que não é hora de “enfrentamentos”, mas não fará objeções, se houver um chamamento ao general para se explicar.

A fala de Pazuello ajudou, ainda, como pano de fundo para o duro discurso de Lira e do recado direto ao Planalto, ao dizer que “tudo tem limite” e que os “remédios políticos são conhecidos e todos amargos”. A menção aos remédios, a preços de hoje, é apenas um aviso para que o Brasil mude as suas políticas interna e externa em relação à pandemia. E também para que falas desrespeitosas às excelências, como a de Pazuello, não se repitam. O Congresso tem claro que não fará o papel de “coveiro” das 300 mil mortes causadas pela covid-19. Antes que chegue a esse ponto, jogará a batata quente no colo do Planalto.

Ficamos todos bem

A reunião no Alvorada cumpriu, na visão do Planalto, o objetivo a que se propôs: mostrar que o governo tem preocupação com a vida das pessoas e quer união nacional. Quanto aos detalhes sobre lockdown e toques de recolher, isso será função do Ministério da Saúde. O presidente não pretende mudar seu discurso nesse quesito.

Fritada de Ernesto I
O leitor assíduo da coluna já sabe que, desde a posse de Joe Biden, a pressão para substituir o chanceler Ernesto Araújo vem num crescente e, agora, diante da necessidade de diálogo com China e Estados Unidos em busca das vacinas, chegou ao ápice. Depois de ser cobrado por Arthur Lira na reunião da manhã, ele não conseguiu explicar em detalhes aos deputados e senadores nem as conversas sobre vacinas e nem a viagem a Israel, a não ser que foi “em busca da ciência”.

Fritada de Ernesto II
O senador Izalci Lucas (PSDB-DF), por exemplo, quis saber por que o ministro não recorreu ao Brics, em meados do ano passado, em busca das vacinas, uma vez que, dos cinco países, três produzem imunizantes. A resposta foi evasiva. No período citado pelo parlamentar, a linha de Bolsonaro era a de que a vacina chinesa “não será comprada”. Ernesto desconversou e mencionou preferência por acordos bilaterais. Nada de pressão do governo Trump para não negociar com a Rússia.

“Esse é meu”
Lá atrás, em janeiro, o presidente Jair Bolsonaro colocou o seu ministro das Relações Exteriores nas comitivas de suas viagens para deixar claro que Ernesto fica. Ontem (24/3), Bolsonaro também não gostou da fritura do seu chanceler.

Eduardo, o incômodo diplomático I/ Depois dos problemas com a China, agora Eduardo Bolsonaro atrapalha a relação com o Irã. Ao pedir uma moção de repúdio ao Hezbollah na Comissão de Relações Exteriores, 03 cita o Irã como financiador desse grupo e coloca entre parênteses “segundo pesquisa da Fundação para a Defesa das Democracias, com sede em Washington, DC”.

Eduardo, o incômodo diplomático II/ Não prestou. O deputado Fausto Pinato (PP-SP) precisou entrar no circuito para acalmar os diplomatas iranianos. E pensar que Eduardo ainda queria ser embaixador nos Estados Unidos.

O “fura fila” da vacina/ A vergonhosa atuação de empresários que se vacinaram em Minas Gerais, incluindo o ex-senador Clésio Andrade, vai parar na Justiça. Há um grupo disposto a obrigar esse segmento do empresariado a importar o mesmo número de doses que usou fora da fila para entregar ao Sistema Único de Saúde, ou doar o valor para o governo fazer essa compra dentro da fila.

Por falar em vacinas…/ A senadora Kátia Abreu (PDT-TO), que já ganhou o apelido de demolidora de ministros, deixou Ernesto Araújo sem resposta ao mencionar que os fabricantes de vacinas não confirmaram o calendário do governo. A resposta cabe ao Ministério da Saúde.

Voz isolada/ O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, foi o único a defender o “isolamento social” em seu discurso depois da reunião do Planalto. Nas internas, obteve apoio maior por parte dos congressistas. Bolsonaro não vai mudar de opinião sobre o distanciamento social, quer a volta de todos os serviços, e ponto. Ou seja, a briga continua. Só que, agora, a classe política está assim: ou Bolsonaro muda ou perderá apoios para empreender seus projetos.

Arthur Lira trava pautas do governo na Câmara

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Afastado do Planalto desde o episódio do convite à médica Ludhmilla Hajjar para assumir o Ministério da Saúde, o presidente da Câmara, Arthur Lira, reata suas pontes com a oposição e justamente no momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga Sergio Moro suspeito no caso do triplex atribuído ao ex-presidente Lula. Essa foi a leitura política da decisão de colocar em pauta apenas propostas relacionadas à pandemia, que será detalhada, ainda hoje (24/3), em nova reunião de líderes. A medida veio acompanhada de apelos para que se deixe de lado a ideologia e a política, a fim de dar mais foco à vida das pessoas.

A decisão de Arthur Lira joga para escanteio propostas da pauta ideológica do governo e põe uma parte do PP em distanciamento regulamentar. Na hipótese de o eleitorado seguir noutro sentido em 2022, o partido terá uma ala pronta para aportar no barco oposicionista e puxar os náufragos. Num cenário de 3.251 mortes por covid registradas em 24 horas e panelaços nos três minutos do pronunciamento presidencial, a maioria dos partidos prefere o distanciamento social do governo.

O voto da modulação

A argumentação da ministra Cármen Lúcia foi considerada um ponto de partida para evitar que a suspeição de Sergio Moro no caso do ex-presidente Lula sobre o triplex sirva para derrubar toda a Lava-Jato. Muitos vão tentar, mas os ministros consideram que não dá para dizer que a Petrobras era um convento e tudo o que foi apurado era “perseguição política”.

O aniversário da “gripezinha”
Hoje, completa um ano que o presidente Jair Bolsonaro foi à tevê dizer que, “pelo seu histórico de atleta, seria uma gripezinha” e que a pandemia ia passar “brevemente”, defendendo a volta à normalidade, isolando-se apenas os idosos. Agora, diante do pronunciamento de defesa das vacinas, seus aliados esperam que ele tenha ajustado completamente o discurso.

Olha o foco I
O ajuste do discurso do presidente Jair Bolsonaro em defesa das vacinas trará mudanças, também, na oposição, que se dedicará de forma mais incisiva à cobrança de uma ação mais firme do governo no combate à pandemia. A ideia é proliferar que, enquanto Bolsonaro diz que defende as vacinas, o Ministério da Saúde revisa, para baixo, a disponibilidade de imunizantes no curto prazo.

Olha o foco II
Entra nesse roteiro, ainda, a exposição das responsabilidades do Ministério da Saúde na distribuição de medicamentos. Para refrescar a memória, as declarações de Bolsonaro, tais como a “não será comprada”, em referência à CoronaVac, quando desautorizou o então ministro Eduardo Pazuello.

Muita calma nessa hora
Os petistas viram a decisão sobre a suspeição de Sergio Moro como uma “decolagem autorizada” para Lula rumo a 2022. Porém, esse plano de voo ainda será avaliado. Neste momento grave da covid no Brasil, muitos consideram que não dá para sair por aí em pré-campanha.

O ajuste Supremo/ A decisão do ministro Marco Aurélio Mello, de rejeitar a ação do presidente Jair Bolsonaro contra a decisão dos estados de decretar toque de recolher e lockdown, terá total respaldo do plenário do STF, caso haja um recurso por parte do Poder Executivo.

Depois dos economistas…/ O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) vai se dedicar a preparar a lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia da covid-19.

Três Hiroshimas/ Em 6 de agosto de 1945, a bomba que os Estados Unidos jogaram sobre a cidade de Hiroshima dizimou cerca de 80 mil pessoas. Ao final daquele ano, esse número já estava em 140 mil, em decorrência da radiação. “A covid, aqui, já matou o equivalente a mais de três bombas de Hiroshima”, comenta o ex-deputado Miro Teixeira.

Enquanto isso, no Planalto…/ A discreta posse a toque de caixa do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o pronunciamento em cadeia nacional de rádio e tevê foi a preparação da reunião de hoje de manhã de Bolsonaro com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco; da Câmara, Arthur Lira; e do STF, Luiz Fux, e governadores. Bolsonaro sabe que será cobrado por uma ação mais incisiva. E, se vier pedir o fim do lockdown, vai ouvir que será feito, quando houver segurança de atendimento médico e vacinas em todo o país. O dia promete.

No rastro dos economistas/ Em live com José Sarney e Michel Temer, o MDB lançará manifesto com críticas às ações do governo de combate à pandemia e cobrará medidas para vencer a crise sanitária e econômica, a pior que o partido já viu em toda a sua história. O comando da pré-campanha de Ciro Gomes (PDT) também prepara uma lista de ações que o governo não adotou no momento certo neste um ano de pandemia.

Forças Armadas descartam apoio a impeachment e a intervenção militar

Publicado em coluna Brasília-DF

Nem tanto à terra, nem tanto ao mar. Quem tem conversado com os comandantes militares já avisou aos atores da política que os movimentos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro não terão sustentação nas Forças Armadas. Da mesma forma, também é considerada fora de cogitação qualquer intervenção militar para garantir a liberdade geral de circulação de pessoas em meio ao colapso do sistema de saúde. Diante desse “aviso” em favor do lockdown e contra o impeachment, a ordem nesta semana é que virá o diálogo aberto entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Resta saber se será mais um desfile de fotos sem mudança de atitudes, como em 2020, ou para valer, em prol da saúde das pessoas.

Bolsonaro já deu o recado a seus apoiadores, no domingo, e avisou, de antemão, que não está convencido da necessidade de lockdown num cenário de UTIs lotadas, incerteza de atendimento e vacinas em atraso. Se chegar com esse espírito para a reunião, a tendência é de que vire mais uma pose para fotos, sem muito resultado prático em termos de coordenação nacional.

Ficamos assim

Não conte com o Supremo Tribunal Federal para reverter as medidas restritivas pelo país afora. Esse é o sentimento que vem do STF diante da ação do presidente Jair Bolsonaro contra o lockdown.

“É coisa de tucano”
A carta aberta com mais de 500 assinaturas de economistas renomados, expoentes do setor financeiro, do empresariado, com apelos ao governo em prol do distanciamento social e vacinas como a chave para salvar vidas não sensibilizou o Planalto. Bolsonaro está convencido de que a iniciativa tem o dedo dos tucanos para tirá-lo do páreo em 2022.

Esqueçam 2018
A perspectiva de criação de um “Ministério Extraordinário da Amazônia” para abrigar Eduardo Pazuello desmonta o discurso da campanha passada, de enxugar o número de pastas e cargos em comissão. De quebra, ainda deixa em desconforto o vice-presidente Hamilton Mourão, que hoje cuida dessa seara junto com o Ministério do Meio Ambiente.

CURTIDAS

Biden brasileiro I/ É assim que os amigos do ex-presidente Michel Temer têm se referido a ele nos bastidores. E a contar pela recepção do tuíte de Temer, dizendo que é candidato apenas à segunda dose da vacina, não se descarta nada. Ele tem 80 anos, boa saúde e paciência não lhe falta. Haja visto os dois anos de governo.

Biden brasileiro II/ Nos grupos de deputados, o #VoltaTemer e traz o (Henrique) Meirelles (ministro da Fazenda) de volta foi mais bem recebida do que poderiam imaginar os amigos do ex-presidente. Na cabeça de todos eles, está certo que Joe Biden, aos 78 anos e experiente, com uma vice mais jovem, Kamala Harris, foi a forma encontrada para derrotar Donald Trump nos Estados Unidos.

Olho nele/ Vale prestar atenção, ainda, na movimentação do prefeito do Rio, Eduardo Paes. Nos partidos de centro, tudo será testado até o ano que vem, para tentar quebrar a polarização entre Lula e Jair Bolsonaro.

Por falar em Bolsonaro…/ Ao ouvir o presidente dizer, em solenidade no Planalto, que o “Brasil vem dando certo” e “um dos poucos países que está vanguarda na busca de soluções”, alguns convidados se remexeram em suas cadeiras. Afinal, diante de um número médio de 2 mil mortes diárias, não é exemplo para ninguém. O alento de muitos, porém, foi ouvir o presidente dizer que “ainda não há uma cura para a doença”. Só isso já foi visto como um avanço.

É hoje!/ O seminário on-line “Desafios para o Brasil pós-pandemia”, do Correio Braziliense. A abertura está a cargo do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e o encerramento será do ministro da Economia, Paulo Guedes. O momento é de planejar e pensar, a fim de ser exemplo para o futuro.

 

É surreal que, durante o momento mais grave da pandemia, tenhamos um ministro demitido que continua no cargo e um ministro escolhido que não assume. As pessoas morrendo e o país sem ministro”
Vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL-AM)

Senadores pressionam, mas Bolsonaro dobra a aposta contra o isolamento

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Coluna Brasília-DF // Por Denise Rothenburg

A morte do senador Major Olímpio tirou o Senado da fila de espera pelo novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Enlutados e chocados pela morte do colega de 58 anos, eles se preparam para chamar a cúpula dos Três Poderes para a montagem de uma coordenação nacional de combate à covid-19. Cansaram de esperar essa atitude de Jair Bolsonaro e, depois da live presidencial desta semana, perceberam que a perspectiva de mudança de rumo do Poder Executivo por iniciativa própria é remota. Bolsonaro continua dizendo que é preciso isolar os idosos, as pessoas que têm comorbidades e os “obesos”, “o resto tem que voltar à normalidade”. Em suas redes sociais, o presidente avisou, inclusive, que entrou com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade no Supremo Tribunal Federal (STF) contra as medidas adotadas pelos estados, em especial o toque de recolher, que ele considera uma iniciativa privativa do presidente da República.

Diante do discurso do presidente, os senadores hoje acreditam que o novo ministro, Marcelo Queiroga, que tem a posse prevista para terça-feira, não conseguirá fazer com que Bolsonaro aceite o “distanciamento inteligente”, que o próprio Queiroga citou como necessário ao chegar para uma reunião no Planalto.

 

Vacinas sem impostos

Uma das primeiras atitudes dos senadores em homenagem a Major Olímpio será colocar para tramitar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), apresentada por ele, para isentar de impostos e contribuições a produção, o transporte, a importação e a aplicação de vacinas. O projeto foi redigido pelo ex-secretário da Receita Federal Everardo Maciel, a pedido do senador. Porém, não deu tempo de Olímpio recolher o número mínimo de assinaturas para a tramitação do texto.

 

Contramão

A proposta de Major Olímpio vai na contramão dos desejos do governo, de melhoria do quadro fiscal. Porém, diante da situação de emergência e tragédia que o país vive, se for colocado em pauta, passa rapidinho.

 

“Vexame internacional”

Ao se referir à gestão da pandemia no Brasil como um vexame internacional, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), marca uma linha de afastamento do governo de Bolsonaro. O comandante da Casa já avisou que não tem compromisso com os erros alheios.

 

Muita calma nessa hora

Ministros próximos a Bolsonaro acompanham o Congresso tirando a temperatura do descontentamento em relação ao governo. E não há, no momento, discurso disponível para atender as emendas e arrumar a base, em torno de tudo o que o governo deseja. Em especial, a reforma administrativa.

 

CURTIDAS

 

A volta de Wassef/ O advogado Frederick Wassef está de volta ao seio da família Bolsonaro. Nesta quinta-feira (18/3), em entrevista ao Morning Show, da rádio Jovem Pan, ele se referiu ao senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) como o “seu cliente”, que “não fez rachadinha e nem recebeu depósitos”, e também defendeu Jair Renan Bolsonaro: “Ele não ganhou carro elétrico, não existe isso, é uma fake news”, afirmou, referindo-se ao filho 04 do presidente e às acusações de que teria recebido um carro elétrico de presente.

Por falar em Flávio…/ Os negócios de 01 foram alguns dos motivos que levaram o senador Major Olímpio a se afastar de Bolsonaro. Ontem, por sinal, o presidente sequer citou a morte do senador em sua live.

Depois da festa…/ A proibição de circulação na Câmara, anunciada nesta quinta-feira (18/3), depois da morte de Major Olímpio, vem tarde para muitos servidores da Casa. Em 10 de março, o Sindicato dos Servidores do Legislativo e Tribunal de Contas da União (Sindilegis) divulgou um balanço de 21 mortes e 468 infectados entre os servidores desde o início da pandemia.

…a casa fecha/ O Sindilegis vem, há semanas, pedindo medidas mais restritivas na Casa, sem sucesso. Pelo menos, agora, conseguiu uma resposta afirmativa da administração. Que venham as vacinas capazes de reduzir esse pesadelo.