E o MDB esquece o “3 em 1”

Publicado em coluna Brasília-DF

Henrique Meirelles deixou o Ministério da Fazenda e se filiou ao MDB com desejo de concorrer à Presidência da República, mas, já no primeiro grande jantar da bancada na Câmara, não foi sequer convidado. Alguns parlamentares mais apressados saíram felizes, dizendo que finalmente a pré-candidatura de Michel Temer decolou. Nada disso. O MDB está a cada dia mais ciente das dificuldades do atual presidente. Mas tem que deixar o nome de Temer na roda para evitar que a maioria esfarele mais rápido nesse ambiente nebuloso.

Quanto a Meirelles, quem lê a coluna constantemente sabe que ele já é chamado de “três em um” por muitos do MDB: Tem dinheiro para financiar a própria campanha, tem o discurso da defesa do governo e, para completar, pode ser abandonado caso não decole nas pesquisas. Ou seja, vai bem com o mote da pré-campanha, “o tiozinho que resolve”. Os entusiastas da candidatura do ex-ministro comentam que, se Lula e Temer chamaram Meirelles para resolver os problemas da economia, o eleitor em outubro pode fazer o mesmo. Só tem um probleminha: se o MDB continuar se esquecendo dele, não vai ser o eleitor quem vai se lembrar.

Preocupante
O MST faz uma série de ocupações simultâneas nesta semana para ver se cria um clima pela libertação de Lula, uma vez que a população não se mobilizou. Já foram oito ocupações de fazendas, estradas e até uma repetidora de tevê nos últimos
dois dias.

Cássio na área I
No papel de presidente do Senado nestes dias em que Eunício Oliveira viaja ao Japão, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) colocou em pauta tudo o que estava represado. Entrou até mesmo um projeto que prevê multas para empreiteiras que não cumprem os prazos de entrega dos imóveis. O MDB se mobilizou e conseguiu tirar o projeto de pauta. Temporariamente.

Cássio na área II
O protagonismo de Cássio fez acender o sinal de alerta no MDB. Se o partido não fizer a maior bancada de senadores na eleição deste ano e os tucanos arrematarem a Presidência da República, adeus comando do Senado.

Por falar em Senado…
Nos bastidores do MDB, o que preocupa mesmo hoje é o destino de Milton Lyra, lobista preso na operação Rizoma. Ele teve dois pedidos de habeas corpus negado. A torcida dos emedebistas agora é para que o caso caia para algum ministro mais maleável do Superior Tribunal de Justiça e siga na mesma linha para o Supremo Tribunal Federal.

Batman versus Superman/ Procuradores e policiais voltam a se enfrentar pelo protagonismo das investigações, na discussão do novo Código de Processo Penal em tramitação no Congresso. Ontem, no CB.Poder, o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República, José Robalinho (foto), foi direto: “O relator, que é policial, mexe em algo que já estava sacramentado, que é poder de investigação do Ministério Público. Se o fizer, força-tarefa, como a da Lava-Jato, acaba”, alerta.

Injeção de desânimo/ Entre os bilhetes que Lula recebeu, um foi do ex-ministro José Dirceu, falando da prisão, do período que passou em Curitiba. Como pode voltar para lá em breve, Dirceu termina na linha do “daqui a pouco estaremos juntos”. Para quem não vê a hora de voltar às conversas políticas, não foi lá muito animador.

Sai pra lá, tristeza/ Um dos visitantes de Lula chegou a ficar com os olhos marejados. O ex-presidente foi logo dizendo: “Não quero ver ninguém chorando aqui”. Faz sentido.

Lula e Temer/ Antes de se dedicar à leitura de Homo Deus, do filósofo israelense Yuval Noah Harari, Lula leu Sapiens, do mesmo autor. Ficou tão impressionado quanto o presidente Michel Temer.

Duas certezas

Publicado em coluna Brasília-DF

As pesquisas divulgadas nessa semana não farão com que os partidos corram esbaforidos em busca de alianças. A ordem agora, passada a prisão de Lula e o prazo de filiações partidárias, é cada um continuar no seu quadrado, tentando aumentar o cacife para uma negociação mais vantajosa quando chegar a hora. Até o Solidariedade, que estava sem candidato a presidente, lança amanhã o nome de Aldo Rebelo no rol dos presidenciáveis para ver o que acontece mais à frente.

Até aqui, duas certezas nessa pré-campanha: 1) Lula não será candidato, apesar de o PT ainda o colocar como o seu plano para outubro. 2) A esquerda não se unirá em torno de um único nome. “Chance zero de Marina ser vice de Joaquim Barbosa ou de estarmos aliados ao PT”, diz Pedro Ivo, porta-voz nacional da Rede de Marina Silva. Ela será candidata independentemente de pesquisa, de Lula e de quem mais chegar. Os partidos de centro, entretanto, tendem a ser mais pragmáticos. Porém, vão esperar mais um pouco. Sabe como é, em tempo de investigações, cautela e caldo de galinha são os ingredientes da hora. Antes do dia dos namorados, ninguém vai propor casamento.

Olho neles
A prisão de vários personagens na “Encilhamento”, que investiga fraudes no regime próprio de previdência dos municípios, colocou muita gente em Brasília sob alerta. É que, entre os investigadores, há quem esteja convicto de que era nessa seara que os sobreviventes do petróleo continuaram seus negócios. Não por acaso, estava no rolo Meire Poza, que trabalhava com Alberto Youssef.

Com ou sem P…
… MDB não vai. Quem acompanha com uma lupa os partidos de centro para saber com quem seguir a partir de julho descarta de pronto uma aliança com o MDB. Nada contra o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles. O problema é que ninguém quer ficar explicando os milhões de Geddel Vieira Lima. A avaliação geral é a de que o fato de o MDB não ter expulsado Geddel é sinal de que tem muita coisa para a sigla colocar sob o tapete.

Apostas no escuro
O centro da política hoje está dividido entre Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ex-governador Geraldo Alckmin. Se a intervenção no Rio não servir de rampa para a decolagem de Maia, vai sobrar Alckmin nesse campo. Há quem, desde já, preveja inclusive um segundo turno entre Ciro Gomes e Geraldo Alckmin.

Cabral virou Geni
Até Marcinho VP, considerado o chefe do Comando Vermelho, chama Sérgio Cabral de traidor: “O maior Judas que eu já conheci. O maior facínora”, disse ele em entrevista ao jornalista Domingos Meirelles, direto da prisão de Catanduvas. De facínora, Marcinho VP entende.

Salvos pela guerra
Os ataques dos Estados Unidos à Síria serviram de escudo para que políticos brasileiros, em especial o presidente Michel Temer, evitassem falar das mazelas domésticas na Cúpula das Américas, em Lima.

Sonho de Gleisi/ Muita gente estranha o comportamento da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, quando se fala em candidato alternativo. Há quem jure que ela deseja ser a candidata, caso Lula não possa concorrer. Ocorre que ela tem problemas semelhantes aos do ex-presidente, ou seja, tem o que explicar à Justiça.

Pesadelo de Temer/ Ninguém no quadro partidário dá hoje um vintém pela candidatura do presidente Michel Temer a mais um mandato. Nem a maioria do MDB, que hoje cuida mais da própria vida do que de qualquer campanha presidencial.

Data marcada/ A Confederação Nacional da Indústria (CNI) já marcou o tradicional encontro dos presidenciáveis com os pesos-pesados do PIB nacional para 4 de julho. Só tem um detalhe: não sabe ainda quem chamará. Comentário da coluna: pode esperar, pelo menos, mais um ou dois meses para expedir os convites.

Programa novo/ O cientista político Lucas de Aragão virou entrevistador. Ele estreia nesta segunda-feira um programa no site da revista GQ, com a presença do ex-ministro Henrique Meirelles.

Joaquim e José

Publicado em coluna Brasília-DF

Se o PT quiser apoiar a candidatura de Joaquim Barbosa à Presidência da República, o ministro aposentado do Supremo não terá o menor problema em recebê-los em seu palanque. “Apoio não se recusa”, tem dito ele a interlocutores. É estabelecido um programa, fazendo com que todos sigam à risca o que for traçado. Da parte do PT, até o ex- ministro José Dirceu, que teve em Barbosa seu principal algoz no processo do mensalão, não faz objeções. Falta combinar com os “russos”.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, não topa. Comenta-se no PT que ela chegou a colocar o dedo na cara do ex-ministro Jaques Wagner, por causa das declarações em defesa de uma candidatura única das esquerdas. Há quem diga que, com Gleisi no comando, não tem acordo com o PSB.

Demorou, perdeu

O Congresso perdeu a chance de reduzir o foro privilegiado e ganhar um discurso para os próprios deputados ao longo da campanha, separando a maioria dos atuais congressistas daqueles envolvidos no petrolão. Agora, porém, é tarde. Quem vai cuidar do tema é o Supremo Tribunal Federal. Assim, restará mais um desgaste para os congressistas.

Boca fechada…

… Não entra mosca. Por isso, Joaquim Barbosa está quieto. Não é hora de falar sobre o habeas corpus de Lula, de prisão em segunda instância. O neossocialista está dedicado a montar a sua própria estrutura de pré-campanha e terminar as conversas para quebrar resistências internas.

Por falar em resistências internas…

O desejo de parte dos socialistas, em especial, os ligados ao governador de São Paulo, Márcio França, é que Barbosa seja candidato ao governo do Rio de Janeiro. Porém, se o jurista demonstrar um bom desempenho nas pesquisas, ninguém vai tirá-lo mais da corrida presidencial. Vale lembrar que chegava a dois dígitos quando não era filiado a partido político. A tendência agora, avaliam alguns, é ampliar.

No embalo do Datafolha

A depender dos números que apresentar nas pesquisas que sairão neste fim de semana, o PSB vai começar as conversas sobre alianças presidenciais em torno de Joaquim Barbosa na cabeça de chapa. No partido, reina, desde Eduardo Campos, o ditado popular: quem chega primeiro bebe água limpa.

E o Doria, hein?/ Agora que virou réu na ação popular que pede a suspensão da PPP para troca da iluminação pública de São Paulo, o ex-prefeito João Doria (foto) abriu um flanco aos adversários. Essa PPP é a mesma que provocou a demissão de Denise Abreu por suspeita de recebimento de propina. Denise saiu, mas os pagamentos foram mantidos.

Eles têm medo/ Aliados de Jair Bolsonaro (PSL) temem que ele seja este ano o que Ciro Gomes foi em 2002. Ciro ganhou uma onda positiva e perdeu força quando fez um comentário machista a respeito da mulher, Patrícia Pillar. Agora, Bolsonaro está denunciado por racismo.

Por falar em Ciro…/ De olho nos movimentos do PT, que já vê com simpatia até o nome de Joaquim Barbosa, o juiz do mensalão, eis que surge um pedido de Ciro Gomes (PDT) para visitar Lula. O pedetista achava que os votos do ex-presidente iriam para o seu colo sem muito esforço. Agora, percebe que não será assim tão fácil. Por isso, quer cortejar o líder, coisa que Joaquim não fará.

Discretíssima/ A presidente da República em exercício, Cármen Lúcia, manteve a tradição de não despachar na mesa de trabalho presidencial.

Doria na pressão

Publicado em coluna Brasília-DF

Incomodado com a parceria entre o PSDB do presidenciável Geraldo Alckmin e o PSB do governador candidato de São Paulo, Márcio França, o ex-prefeito João Doria passa a cobrar do ex-governador uma postura mais clara em defesa da sua pré-candidatura ao governo do estado. Nos meandros do discurso, Doria diz que vai apoiar o nome do partido ao Planalto e coisa e tal, mas começa a dizer que Alckmin é “mais inibido”, não é de “subir no palanque para fazer o enfrentamento”, e que ele (Doria) é mais aguerrido.

Para bons entendedores do próprio PSDB, o recado está dado: ou Geraldo Alckmin entra de cabeça na campanha de Doria, ou o candidato a governador pelo PSDB vai levar seu pessoal a pedir que o ex-prefeito seja o candidato do partido a presidente da República, como forma de dar ao PSDB uma postura mais aguerrida na campanha presidencial. As cobranças começaram mais cedo do que os alckministas esperavam. E Geraldo que durma com um barulho desses.

Onde mora o perigo
Não é bem Paulo Preto que preocupa parte do PSDB. E sim os demais presos na mesma operação da PF. Um deles está há quatro dias nas dependências da Polícia Federal. Se o ex-diretor do Dersa não falar, a aposta é a de que outros falarão.

Onde reside a esperança
O governo não tira os olhos da intervenção no Rio de Janeiro. Acredita-se, no entorno de Michel Temer, que, se ela der certo e as investigações chegarem logo aos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista, os governistas terão alguma chance de sucesso nas campanhas estadual e federal.

Milton, o canal
A prisão de Milton Lyra na operação Rizoma, a mesma que levou o petista Marcelo Sereno para trás das grades, voltou a deixar os emedebistas insones. Há quem diga que pode vir daí uma delação capaz de fazer balançar a campanha dos senadores do partido.

Serenidade
Além do enrosco na Lava-Jato, Milton Lyra e Marcelo Sereno têm em comum o gosto pelos vinhos caros. Gostavam de ostentar preciosidades da ordem de US$ 1,5 mil a garrafa.

Vão se preparando
Se alguém tinha alguma dúvida sobre a disposição do Supremo Tribunal Federal de apoiar as decisões da Lava-Jato, o 7 a 4 em favor da manutenção de Antônio Palocci na prisão dissipou qualquer dúvida. Quem está preso que vá se acostumando com o aperto.

“Chama o tio, que ele resolve” / Numa roda de conversas em São Paulo, empresários sugerem esse slogan para a campanha presidencial do ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles (foto)

Pensando bem…/ Embora descrentes das chances de Meirelles ser candidato a presidente da República, empresários consideram que o mote de campanha de Meirelles está dado: todos os últimos presidentes o chamaram para pedir um socorro na hora que o bicho pegou na economia. A única que não chamou se deu mal. Levou os indicadores para o fundo do poço.

Susto na PF I/ Agentes da Polícia Federal tomaram um susto ontem no edifício-sede, em Brasília. Tudo porque adolescentes passaram atrás do prédio conhecido como Máscara Negra batendo forte nos vidros.

Susto na PF II/ O estrondo foi tal que policiais chegaram a fazer uma vistoria para ver se havia sido alguma pedra. Quando viram que se tratava de um grupo de jovens, deram meia-volta e desistiram da perseguição. Não deve ser fácil trabalhar num prédio que simboliza a instituição alvo de mau-olhado de tantos figurões de Brasília.

Relator empoderado

Publicado em coluna Brasília-DF

Se teve um vitorioso ontem no Supremo Tribunal Federal (STF) antes mesmo de terminada a sessão foi o ministro-relator da Lava-Jato, Edson Fachin. Ele ganhou da maioria dos colegas o direito de levar qualquer pedido de habeas corpus diretamente ao plenário da Suprema Corte, sem necessidade de se dirigir diretamente à 2ª Turma, onde a maioria do colegiado, composto por Gilmar Mendes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello e Fachin, tem libertado os enroscados na Lava-Jato, como fizeram com José Carlos Bumlai. Aliás, foi depois da liberação de Bumlai que Fachin decidiu levar o caso Palocci ao pleno. Agora, dizem aqueles que conhecem Fachin, é bom o pleno da Casa se acostumar, porque outros pedidos virão.
» » »

Em tempo: A onda do plenário do STF criada a partir do caso do ex-ministro Antonio Palocci indica que, ali, vai ser difícil liberar os encarcerados da Lava-Jato. Em outras palavras, o ex-presidente Lula vai esperar um bom tempo para sair da cadeia.

Mudança dos ventos
Depois de horas fechado com representantes do MDB paulista, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, seguiu para São Paulo. O partido, que tem em Paulo Skaf seu pré-candidato a governador e em Brasília mantinha conversas com o ex-prefeito João Doria, está cada vez mais próximo do governador Márcio França. Marun foi até lá dar um freio de arrumação. A ordem é esperar mais um pouco para ver como é que fica.

Duas leituras
A saída de 13 deputados do MDB, provocada basicamente por problemas regionais, será fartamente explorada como uma baixa por causa das denúncias envolvendo o presidente Michel Temer e seus amigos. Ninguém quer ser obrigado a explicar a prisão dos dois ex-presidentes da Câmara indicados pelo partido, Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves, nem os R$ 51 milhões de Geddel Vieira Lima.

A onda é renovar
Candidato da oposição a presidente da Confederação Nacional do Comércio, o deputado Laércio Oliveira adota as mesmas bandeiras que prometem nortear as eleições de outubro. Boa gestão de recursos públicos e renovação. A eleição da CNC é em setembro, quando a campanha política estará pegando fogo. Laércio vai propor, por exemplo, a máximo de dois mandatos para que alguém possa presidir a instituição. O atual presidente, Antônio Santos, está lá desde 1980 e apoia José Roberto Tadros.

Disputa acirrada
Com o empate técnico entre os concorrentes, cada um joga com as armas que tem. Tadros se apega a Santos, enquanto Laércio Oliveira lembra seus projetos na Câmara, como o que instituiu o trabalho intermitente e a relatoria do projeto da terceirização.

E o climão continua/ Enquanto o ministro Gilmar Mendes expunha seu voto sobre a necessidade de o plenário analisar o pedido de HC de Palocci, Edson Fachin digitava em seu laptop.

E nos bastidores…/ Os advogados estão a cada dia mais boquiabertos com o STF. Recusar análise de um habeas corpus a alguém preso preventivamente há mais de um ano deixou muitos à beira de um ataque de nervos.

E a economia, hein?/ Eduardo Guardia aproveitou a transmissão de cargo para confirmar toda a equipe e ver se acalma o mercado. Melhor assim.

Suprapartidário/ O novo ministro do Esporte, Leandro Cruz, conseguiu reunir quase todos os ex-ministros da pasta na transmissão de cargo. Tudo porque criou uma galeria para estampar as fotos daqueles que já comandaram o ministério. Lá estavam Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton e, óbvio, Leonardo Picciani, (foto), que sai do governo para concorrer a um mandato de
deputado federal.

Faltou um/ Na galeria constam apenas aqueles que ocuparam o cargo a partir do governo Lula (antes o ministério era ‘extraordinário’). Do rol de ex-ministros do período Lula-Dilma-Temer, apenas Agnelo Queiroz não compareceu. Mandou dizer que estava doente.

Roteiro pronto

Publicado em coluna Brasília-DF

O período de pré-campanha do PT de abril a 15 de agosto está desenhado: é montar abaixo-assinados, atos e palanques com todos os partidos de esquerda (que quiserem, obviamente), todos com a candidatura e hastag Lula Livre. O PT, entretanto, sabe que o pedido de registro será negado. Então, colocará outro candidato (Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo). Por que, então, manter Lula?
Porque todos os petistas lucram.

» » »

Lula terá, daqui para frente, uma campanha permanente pelo alvará de soltura. E os petistas um mote claro para galvanizar os próprios votos para deputado federal, estadual, senador e governador. Falta, obviamente, combinar com o povo. Porém, dada a presença de oito governadores do Norte e do Nordeste em Curitiba ontem para visitar o ex-presidente, há um sinal claro de que Lula ainda tem poder de fogo para alavancar os seus.

Salve-se quem puder

Cristaliza nos partidos a ideia de que a prisão de Lula abriu a porteira. E quem tiver contas a acertar com a Justiça, é melhor colocar as barbas de molho e pensar duas vezes antes de sair candidato. Pode ser abatido em pleno horário eleitoral.

Pelo sim, pelo não

Nos bastidores da posse dos ministros, deputados lembravam que o presidente Michel Temer não pode prescindir de apoio no Congresso. E não é nem para votar projetos. É o receio da terceira denúncia. Foi por isso que o PP, hoje com 51 deputados e prestes a virar a segunda maior bancada da Câmara, ficou com Ministério da Saúde, Caixa Econômica Federal e Cidades — uma joint venture com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia.

Uma certeza e uma incógnita

A metástase, consequência do câncer de próstata, e a trombose profunda na perna esquerda prometem levar o plenário do Supremo Tribunal Federal a seguir o ministro Dias Toffoli e conceder a prisão domiciliar a Paulo Maluf. Quanto à prisão em segunda instância, a aposta geral é a de que, dificilmente, o STF vai rever a jurisprudência neste momento, mesmo depois de confirmado o adiamento do tema para a semana que vem.

Nem amarrado!

Houve quem, dentro do PSB, tentasse sondar o neossocialista Joaquim Barbosa para uma visita a Lula. Nem piscou.

Rusgas governistas I/ O fato de o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, marcar reunião de líderes ontem justamente na hora da posse dos 10 ministros fez crescer as desconfianças de que Maia quer mesmo distância do governo.

Rusgas governistas II/ Quem acompanha esse climão entre Michel Temer e Rodrigo Maia lembra ao deputado que a oposição ao governo já está ocupada. Como diz a música, “Meu amigo/se ajeite comigo/e dê graças a Deus”.

Monoelétrico/ Na terra dos trios, o deputado baiano Lúcio Vieira Lima (foto) sairá praticamente sozinho na balada eleitoral. É que, até agora, nenhum partido se apresentou para aliança com o MDB baiano.

Onde mora o perigo/ Os candidatos a presidente que se preparem. Provocadores, como o de ontem, que brigou com Ciro Gomes e o que xingou Manuela D´Ávila, vão aparecer o tempo todo. Será preciso nervos de aço para aguentá-los.

O medo venceu

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao transferir sua sede para Curitiba, o PT dá uma demonstração do que seus maiores líderes afirmam em conversas reservadas: Lula passará um bom tempo na cela da Polícia Federal, na capital paranaense. Quem, dentro do partido, conhece do processo legal considera que na quarta-feira o Supremo Tribunal Federal dificilmente derrubará a prisão em segunda instância. Afinal, a própria ministra Rosa Weber, que pretende votar a favor da prisão apenas depois de um processo transitado em julgado, já deu a entender na semana passada que é cedo para mexer na jurisprudência. Logo, não é de todo certo que o STF reveja a possibilidade de prisão em segunda instância amanhã. Nesse caso, restará ao PT manter a vigília. Dentro do partido, ontem, havia quem dissesse que o medo de uma longa temporada em Curitiba venceu a esperança de liberdade.

Ou se unem ou…

…se perdem. Embora ainda estejamos a 180 dias da eleição, os partidos de centro não têm dúvidas de que ou unem suas forças num único candidato, ou não conseguirão um passe para um segundo turno. Só tem um probleminha: nesses 30 dias, estão todos se achando a solução para os problemas nacionais.

Exemplo

O “fico”de ACM Neto no cargo de prefeito de Salvador tirou gás da pré-campanha do presidente da Câmara, Rodrigo Maia, ao Planalto. Há quem diga, em conversas reservadas que se nem Neto, que é hoje presidente nacional do partido, se animou a montar um palanque para o presidenciável do DEM, não serão os outros que vão incensar o nome do deputado.

Pegou mal

A ausência de Ciro Gomes no ato ecumênico em São Bernardo foi motivo para que os petistas cearenses pregassem o afastamento geral do PDT. Nem o fato de que Ciro estava fora do país serviu para amenizar as críticas por ele não participar do último ato de Lula antes da prisão. Agora, se depender desses petistas, Ciro está excluído do rol de potenciais apoios do PT.

Onde mora o perigo I

Analistas do mercado financeiro avisam: enquanto as pesquisas eleitorais indicarem Lula e Jair Bolsonaro, o dólar continuará instável, sujeito a subidas como a de ontem, quando a moeda americana chegou a quase R$ 3,42.

Onde mora o perigo II

Analistas econômicos consideravam há uma semana que a presença do secretário executivo Paulo Pedrosa no Ministério de Minas e Energia era a segurança de que a Eletrobras seria privatizada. Pedrosa saiu. Porém, o Planalto, ao contrário do que esperavam os analistas, não devolveu o Ministério para o MDB do Senado. No entorno de Michel Temer, todos consideram que a presença do ministro Moreira Franco será suficiente para garantir a privatização. E era o único nome que não seria contestado pelos senadores do partido. À exceção, é claro, de Renan Calheiros, que continua crítico do governo.

Sem apostas / Os ministros dos STF evitam a todo custo uma palavra sobre a sessão da próxima quarta-feira. De forma reservadas, comentam apenas que “está mais fácil interpretar Hegel em alemão do que Rosa Weber em português”.

Pense num isolamento / Imagine uma pessoa acostumada a estar sempre cercada de gente, sem conseguir atender a todos os convites, telefonemas, pedidos de audiência etc.; de repente, se ver sozinho, numa cela, sem aquele séquito. É isso o que mais preocupa hoje os aliados de Lula.

Não é o único / Ficar nessa situação não é privilégio de Lula. Estão nessa batida Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e outros. Também não é exclusividade do PT. Aliás, os três citados aí são do MDB.

Aliás… / Depois de Lula preso, a ordem agora no PT é centrar fogo nos amigos do presidente Michel Temer, em especial, José Yunes (foto) e o coronel Lima, réus no processo conhecido como “quadrilhão do PMDB”, que envolve inclusive os personagens que já estão presos. Esse período eleitoral de 2018, realmente, promete.

A nova Vila Euclides

Publicado em coluna Brasília-DF

A simbologia da concentração do PT no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo durante toda a sexta-feira foi proposital, num esforço para recriar o clima das assembleias da Vila Euclides, famosas em abril de 1980, quando Lula foi preso pela polícia do regime militar junto com outros dirigentes sindicais do ABC. Enquanto os metalúrgicos se concentravam, Lula ganhava tempo para negociar, da mesma forma que faz agora com a Justiça.

Só tem um probleminha: desta vez, quem leva Lula para a cadeia não é o Dops do regime militar, nem tampouco o motivo da prisão está relacionado a uma greve por melhores condições de trabalho e salários. Porém, o PT não vê alternativa, a não ser tentar recriar o ambiente de abril de 1980, para ver se repete o resultado de ver seu maior líder fora da cadeia. Há 38 anos, aquela greve seguida da prisão projetou Lula politicamente. Agora, só resta ao PT que todo esse movimento deflagrado desde que foi decretada a prisão gere o mesmo resultado. Falta combinar com o país, que hoje é outro.

A culpa é do Lula
Tucanos comentavam, em conversas reservadas ontem, que a prisão de Paulo Vieira, o Paulo Preto, foi reflexo da ordem envolvendo o ex-presidente Lula. A sensação no meio político é a de que, a partir de agora, quem tiver contas a acertar com o Poder Judiciário pode se preparar.

A rapidez de Moro
Advogados ligados ao ex-presidente Lula disseram ter certeza de que o juiz Sérgio Moro já estava com o pedido de prisão pronto, aguardando apenas o sinal verde das instâncias superiores. A diferença entre a hora em que a prisão foi autorizada e o despacho de Moro é de menos de meia hora.

O melhor dos dois mundos
O discurso de Henrique Meirelles ao deixar o cargo foi uma paulada no governo da ex-presidente Dilma Rousseff e elogios ao de Lula, do qual ele fazia parte. Fora da Lava-Jato e como parte da equipe de Lula e de Temer, Meirelles espera acoplar a fase de prosperidade do governo petista com a retomada da economia do atual do governo.

Políticos poderosos
É assim que os parlamentares se referem ao Partido Progressista. Se já pressionava o governo na casa dos 40 deputados, agora com 52 terá muito mais poder de fogo num ano em que o presidente Temer não pode perder a mão no Congresso para não correr riscos caso venha uma nova denúncia.

CURTIDAS

Primeiro, a missa/ Antes de resolver suas idas e vindas com a Justiça, o ex-presidente Lula vai participar da missa no Sindicato dos Metalúrgicos em homenagem aos 68 anos de D. Marisa.

Falem bem, falem mal…/ … Mas falem do PT. No Partido dos Trabalhadores, houve quem dissesse que justamente no dia em que o juiz Sérgio Moro mandou recolher Lula, Henrique Meirelles e Geraldo Alckmin deixaram os cargos para se candidatar a presidente da República. Terminaram na sombra, porque só se falava do caso Lula.

( Nelson Almeida/AFP – 25/8/17)

Não precisava exagerar/ Geraldo Alckmin já saiu ampliando as rusgas com os aliados do ex-prefeito João Doria (foto). Os “doristas” não gostaram de ver o governador deixar o cargo com tantos elogios a Márcio França, que assume o Palácio dos Bandeirantes cheio de gás para concorrer ao governo estadual contra Doria.

Prestígio/ Ao passar ontem na migração do aeroporto de Brasília, uma senhora agradeceu ao policial federal pelo trabalho da instituição. “Vocês, da Polícia Federal, são orgulho para o Brasil. Obrigada pelo seu trabalho. Vai fundo!”

Apenas o começo

Publicado em coluna Brasília-DF

Ao negar o habeas corpus de Lula, o Supremo Tribunal Federal fez soar o alarme em todos os investigados da Lava-Jato. É que, pelo menos, até setembro, quando Cármen Lúcia deixará a Presidência do STF, os enroscados na operação da PF que porventura tiverem seus HCs avaliados no plenário terão o mesmo destino do ex-presidente Lula. Na fila, estão Antonio Palocci e, em breve, virá José Dirceu, prestes a ser julgado em mais um processo no TRF-4.

Em tempo: A contar pelo que falta julgar nas instâncias inferiores, em especial no TRF-4, serão, pelo menos, mais quatro anos de Lava-Jato na veia. E muita gente na cadeia. A não ser, obviamente, que o próximo presidente da Suprema Corte, Dias Toffoli, resolva colocar as Ações Diretas de Constitucionalidade em pauta e a maioria dos ministros entenda que não se deve permitir a prisão em segunda instância.

O que eles pensam I
No VI Forum Jurídico de Lisboa, o advogado e professor da Universidade de São Paulo e do Rio Grande do Sul Humberto Ávila arrancou aplausos da plateia quando se referiu ao Supremo, e à necessidade de cumprimento das regras. “O que está acontecendo no STF: o julgador não gosta da regra? Azar da regra! E sabe-se lá com que critério. Se não reabilitarmos as regras para limitar a participação do intérprete e para controlar o Poder, vamos eliminar o caráter normativo do direito”.

O que eles pensam II
Ele fez a declaração durante o workshop sobre “ponderação como meio de adjudicação de conflitos constitucionais”. Terminada a fala, a coluna foi conversar com o professor, que tratou de explicar: “O melhor tribunal do Brasil é o STF. Fiz uma generalização, mas me referia a temas tributários. Sobre o HC (do Lula), você não vai me arrancar uma palavra”.

Menos um
O mais infiel do MDB desembarcou do partido. O deputado federal Vitor Valim (CE), que desobedeceu à orientação da bancada na Câmara em mais de 30% das votações, foi para o PROS. Retaliado por votar a favor do prosseguimento das denúncias contra o presidente Michel Temer, ele não esconde o descontentamento com a legenda, que chegou a afastá-lo por 60 dias. “Ter um presidente como Romero Jucá fica difícil, viu”, disse

Mais um
Com a saída de Valim, o presidente do Senado, Eunício Oliveira, lançará o filho, Rodrigo Oliveira, candidato a deputado federal. Assim, tentará ficar com os votos que eram do deputado emedebista. Aliás, o MDB jogará tudo na eleição de deputados federais. Hoje, tem 54. No início dessa legislatura, eram 65.

Santinha!/ É bom a ministra Rosa Weber manter distância da ex-presidente Dilma Rousseff (foto). Embora entenda, Dilma ontem não se referia à ministra como “uma boa amiga”….

Por falar em Rosa Weber…/ Advogados e juristas das mais variadas tendências demoraram a entender onde a ministra chegaria em seu voto. Numa sala de café em Lisboa, houve quem comentasse que o voto dela “serve para juros de mora em precatório, ICMS na base de cálculo do PIS/Cofins, extradição, conflito federativo, mandado de injunção, revisão criminal, ação rescisória e por aí vai”.

Chegada/ Autoridades brasileiras estão preocupadas com a segurança do ministro Gilmar Mendes. A ideia ontem era reforçar os cuidados quando ele desembarcasse em Portugal.

Simples assim/ Professor da Universidade de Frankfurt, o jurista Ricardo Campos contou à seleta plateia do mundo do direito no VI Forum Jurídico de Lisboa que o catedrático Rudolf Wiethölter, do alto dos seus 90 anos, não consegue entender por que Lula tem que ir para a cadeia se a Constituição brasileira estabelece o princípio da presunção de inocência. Nem o brilhante professor Campos consegue: “Ah, professor Wiethölter, aí o senhor me pegou…”

Colaborou Rodolfo Costa

Aumento real? Esquece

Publicado em coluna Brasília-DF

Se depender da posição do Ministério da Fazenda, os servidores da União podem perder as esperanças de qualquer aumento salarial acima da inflação. E nem adianta espernear. “O país não tem condições de dar aumento real para o funcionalismo nem em 2018 e nem em 2019”, avisa o secretário de Acompanhamento Fiscal, Energia e Loterias, Mansueto Almeida, que abriu ontem o VI Fórum Jurídico de Lisboa, representando o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que se filiou ao MDB numa festa sem aliados.

Mansueto explicou à coluna que, em plena crise, o funcionalismo obteve quatro anos de aumento real. “Agora, não faz sentido”, diz ele. Na palestra de abertura, ele não poupou o governo da presidente Dilma e nem tampouco o DF, de Agnelo Queiroz: referiu-se à construção de um estádio que custou mais de
R$ 1 bilhão. “A crise foi decorrente das escolhas erradas que fizemos enquanto sociedade.” É, pois é.

Nem tanto à terra…
Em conversas reservadas, alguns ministros do Supremo defendem que a Corte faça uma modulação da prisão em segunda instância: ou seja, não acabe totalmente com a possibilidade, mas esclareça a necessidade de ampla fundamentação para embasar o início do cumprimento da pena antes de o processo passar pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Na hora H
O PT se preparou para o pior hoje:
se Lula for derrotado
no Supremo, Fernando Haddad (foto) será guindado à condição de candidato acompanhando o ex-presidente
ao cárcere.

Apostas
Ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) faziam suas apostas ontem num jantar em Lisboa: 6 a 5 contra a concessão do habeas corpus ao ex-presidente Lula.

A esperança…
…é a última que morre. Pelo menos, para o ex-governador Marcelo Miranda, cassado há alguns dias pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O caso está no Supremo Tribunal Federal (STF) e será despachado ainda esta semana por Gilmar Mendes, em Lisboa, onde estarão amanhã o ministro e os advogados de defesa.

E o MDB, hein?
A depender da largada no MDB, Henrique Meirelles não vai muito longe. Os partidos aliados simplesmente evitaram a filiação do ministro. Pessoalmente, nada contra Meirelles. Ninguém está muito disposto a posar para fotos ao lado da cúpula de partido que perdeu uma penca de deputados nos últimos dias.

Curtidas

Datas/ O professor catedrático Carlos Branco aproveitou a abertura do seminário para brincar com o ministro Gilmar Mendes: “Todos os anos sempre tem algo palpitante acontecendo no Brasil no nosso fórum jurídico! Poderíamos mudar a data, mas, pensando bem, dá público!”

Mulheres na Diplomacia I / Tradicionalmente marcada pelo público masculino, a carreira diplomática ampliou a participação de mulheres. De acordo com os dados da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical), a nova turma que acaba de ser aprovada pelo Instituto Rio Branco é composta por 11 mulheres, em um total de
30 alunos.

Mulheres na diplomacia II/ O dado ultrapassa a média de participação feminina dos últimos dois anos, quando 70% das turmas eram formadas por homens. Para a associação, a entrada de mais mulheres na carreira é muito importante. As diplomatas almejam mais representatividade nas promoções e o exercício de mais cargos de chefia. “A aprovação para a carreira diplomática é extremamente difícil e passa por um dos concursos públicos mais criteriosos e longos do Executivo. Ter mais mulheres dedicadas à representação do país no exterior é algo do qual devemos nos orgulhar”, avalia a embaixadora Vitoria Cleaver, presidente da ADB Sindical.