Antes do tsunami Palocci

Publicado em coluna Brasília-DF

Cresce entre os petistas a ideia de fazer uma campanha do tipo “sou Lula, sou PT”. O objetivo é colar o partido em, pelo menos, uma boa parte dos 31% que, segundo o último Datafolha, afirmam votar em Lula mesmo com o ex-presidente preso. O PT está convicto de que, quanto antes essa campanha for lançada, melhor para os candidatos da legenda e para quem assumir a vaga de candidato mais à frente. Especialmente agora, depois da delação do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, é preciso fazer tudo o que for possível para transferir o potencial eleitoral de Lula para o partido. Se deixar para mais à frente, quando a delação de Palocci estiver na boca do povo, ficará difícil.

Queridos, ele
encolherá o partido

O senador Renan Calheiros (PMDB-AL) fez as contas. Dos 18 senadores do MDB, apenas quatro têm mais quatro anos de mandato e a perspectiva é de eleger mais sete, “se o Michel não aparecer nos estados”, diz ele. “Se o Michel colar sua imagem nos nossos candidatos, vai derrotar todos”, afirma o senador.

Vai ter guerra

Renan cita o exemplo da senadora Marta Suplicy, considerada um nome com bom potencial eleitoral: “O problema é como sair de mãos dadas com Michel nas ruas de São Paulo? Renan Filho tem 69% em Maceió. Como condenar um jovem promissor a apoiar Temer ou Henrique Meirelles?”, pergunta, num ensaio do que dirá em julho, na convenção do partido, contra Temer e Meirelles.

E Renan tem razão

Até os aliados de Temer, como, aliás, já foi dito aqui na coluna, já tratam Temer como carta fora do baralho eleitoral. Querem ter mais dinheiro para as campanhas estaduais e, de quebra, evitar o risco de se verem associados à rejeição do governo. Nesse sentido, o desfile pelos estados combinado com a cúpula partidária será mais para manter a tropa aliada unida do que propriamente alavancar um candidato.

Cultura no plenário/ O senador Renan Calheiros terminava ontem um discurso em homenagem póstuma ao cineasta Nelson Pereira dos Santos, quando o senador Hélio José (foto), do Pros-DF, que presidia a sessão, decidiu fazer um comentário, “Nelson Pereira dos Santos fez muitos filmes importantes, inclusive, Lula, filho do Brasil, que conta a história do ex-presidente. Ah, foi o Barreto?”. E, na hora, a rádio Senado corta o som do plenário.

Troca de cadeiras/ Quando o som da sessão voltou, Renan, que soprou ao colega que o filme sobre a vida de Lula é de Fábio Barreto, estava presidindo a sessão para que Hélio José proferisse seu discurso.

Meu ódio será sua herança/ O presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes (MDB), avisou há mais de uma semana que o governador do estado, Fernando Pimentel, não perdia por esperar a “traição” ao emedebista. Desde que Dilma Rousseff transferiu seu domicílio eleitoral para concorrer a uma vaga ao Senado, Adalclever só se refere a Pimentel com palavras que levariam muitos a tirarem as crianças da sala.

Socialismo a la Rubinho/ Só na última quarta-feira, 25, é que a bancada do PSB na Câmara soltou uma nota saudando a filiação de Joaquim Barbosa ao partido. Vai virar meme com a assinatura do piloto Rubinho Barrichello