Efeito Palocci

Publicado em coluna Brasília-DF

A denúncia que a procuradora-geral, Raquel Dodge, apresenta contra Lula, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, e o ex-ministro Antonio Palocci foi vista como uma resposta dos procuradores aos policiais federais que fecharam a delação de Palocci, recusada no ano passado pela PGR. Os procuradores temem que os próximos delatores — sim, eles existem — prefiram recorrer aos policiais deixando de lado o protagonismo que o Ministério Público obteve até aqui. É que as tratativas de Palocci na PF foram feitas em silêncio, enquanto a dos procuradores vazaram no fim do ano passado.

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Dodge aproveita o texto para reforçar que não dependeu apenas dos delatores. Ela cita o cruzamento de documentos feito pela autoridade policial e outros recursos, como quebra de sigilo telefônico, requerida pelo MPF. Ou seja, a PF pode até ter feito a delação de Palocci e não o MPF. Mas o Ministério Público não vai entregar o protagonismo de mão beijada.

Faltam só os presos?

O presídio de segurança máxima de Brasília, cujas instalações estão prontas desde outubro, tem capacidade para 208 detentos, e, se brincar, corre o risco de se tornar mais uma obra sem uso das tantas que o cidadão presencia diariamente. A inauguração já foi adiada por duas vezes, porque ainda faltam alguns equipamentos e pessoal. Ainda não houve, por exemplo, a contratação de novos agentes penitenciários federais. Faltam ainda… presos designados para cumprir pena ali.

Por falar em segurança federal…

Já tem gente no governo pensando em sugerir ao ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, que as novas e modernas instalações sejam destinadas aos detentos da Lava-Jato. Porém, presos é que não vão faltar. Especialmente em se tratando de um país com quase meio milhão de mandados de prisão não cumpridos.

Nem tão cedo

A depender dos trâmites no Conselho de Ética, a Casa não julgará os deputados que respondem a processo antes das eleições de outubro. Maio chegou, no final do mês tem um novo feriadão (Corpus Christi), depois, Copa do Mundo, festas de São João no Nordeste e, em seguida, o recesso parlamentar.

Candidatos indoor

As dificuldades em citar os investigados é mais um ingrediente que reforça a tendência de todos irem às urnas sem serem incomodados. Obviamente, a campanha dessa turma estará restrita à internet, porque não dá para sair à rua.

Disputa/ Os petistas ligados aos sindicatos apostam nos bastidores que conseguem reunir mais gente no ato de hoje, em Curitiba, do que no tradicional ato em São Paulo que, pela primeira vez, reunirá todas as centrais. Aliás, hoje o PT pretende promover, pelo menos, 17 atos em defesa de Lula pelo Brasil.

Temer na roda/ O presidente Michel Temer (foto) vai quinta-feira à Agrishow, a feira internacional de tecnologia do campo, em Ribeirão Preto, cidade administrada pelo tucano Duarte Nogueira. Bolsonaro passou por lá ontem. A contar pela receptividade, não pode nem deve ser desprezado pelos adversários na corrida eleitoral.

Uma coisa e outra coisa/ Temer não irá até lá como pré-candidato a presidente da República, uma vez que não será. Sua presença se refere ao fato de ser presidente da República, disposto a demonstrar que não tem medo de locais públicos.

AGU libera a vaquejada/ Em parecer técnico enviado ao STF, a AGU se manifestou favoravelmente à Emenda Constitucional 96/2017, que regulamenta os esportes equestres no Brasil, entre eles a vaquejada. A emenda é contestada no Supremo por meio de uma Ação Direta de Inconstitucionalidade. Para a AGU, a prática da vaquejada é uma manifestação cultural em que não existem maus-tratos aos animais.