Potes de mágoas

Publicado em coluna Brasília-DF

O senador Aécio Neves esteve com o presidente Michel Temer e, no encontro, ficou patente que os dois têm muita coisa em comum. Primeiro, dizem aliados de Temer, houve a certeza de que a relação entre o senador e o ex-governador Geraldo Alckmin vai de mal a pior. Aécio não gostou nada de ver Geraldo Alckmin dizer com todas as letras que o mineiro não deveria concorrer a um novo mandato. Temer não perdoa Alckmin por causa dos cinco votos de São Paulo a favor da última denúncia apresentada por Rodrigo Janot. Era uma votação para matar ou morrer, e o então governador paulista não levantou um dedo para salvar o presidente da República. Há quem diga que essa união será mais um problema para Geraldo Alckmin, além das questões de São Paulo (leia notas criatura versus criador).

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As palavras união e probidade, aliás, estiveram na reunião do PSDB ontem à tarde. Alckmin lembrou que o PT defende até quem está condenado e preso, enquanto “nós não defendemos nem os que não são nem réus”. Citou apenas o próprio caso, de quem mora no mesmo apartamento, de menos de 150 m², há 25 anos. “Nossas posses são as mesmas e isso deveria ser suficiente. Foi uma questão de campanha que já está superada”, disse, referindo-se ao processo que responde na Justiça Eleitoral em São Paulo. O senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) estava do lado. Ninguém tocou no nome de Aécio Neves.

Esqueceram dela

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, não pretende deixar quieta a decisão da segunda turma do Supremo Tribunal Federal, de tirar das mãos do juiz Sérgio Moro a parte da delação da Odebrecht sobre o sítio de Atibaia atribuído a Lula. A ideia na Procuradoria é recorrer assim que for publicado o acórdão.

Criatura versus criador I

O ex-governador Geraldo Alckmin e o ex-prefeito de São Paulo João Doria, ambos do PSDB, tiveram uma conversa nada amistosa no último domingo. Alckmin saiu da casa de Doria contrariado e com cheiro de ameaça. Aliados do ex-prefeito voltam a insuflar uma pré-candidatura a presidente da República. O ex-prefeito, entretanto, sempre responde assim: “Tem gente dizendo que eu quero ser candidato a presidente, mas é mentira, viu?” E, até aqui, é mentira mesmo. O PSDB não cogita substituir seu pré-candidato a presidente. Porém, a turma do prefeito vai forçar a porta.

Criatura versus criador II

Doria quer que Alckmin o ajude a construir uma aliança mais forte e também auxilie na campanha. Se o ex-governador não o fizer, arrisca ter o ex-prefeito jogando contra. Aliás, a situação de São Paulo foi lembrada na reunião de ontem do PSDB como algo que Alckmin precisa administrar com todo o cuidado e paciência. Afinal, enquanto Márcio França (PSB) junta partidos, Dória faz movimentos mais nacionais. O maior risco nessa situação é não ter nem Doria nem França dedicados a pedir votos ao tucano na eleição presidencial.

Por um fio

Nos bastidores da sessão em homenagem ao ex-deputado Luís Eduardo Magalhães, a mesma turma do DEM que aplaudia de forma efusiva o presidente da Casa, Rodrigo Maia, comentava: “Hoje, só quem segura a pré-candidatura de Rodrigo à Presidência da República é o próprio Rodrigo”.

Discretíssimo/ Jair Bolsonaro foi à sessão de homenagem póstuma ao ex-deputado Luís Eduardo Magalhães. Na maior parte do tempo, não tirou os olhos do celular e, de quebra, não se mostrava muito bem-humorado quando alguém se aproximava dele e do filho.

Lembrado/ Ausente à sessão por problemas de saúde, o professor Di Gênio, dono do colégio Objetivo e um dos maiores amigos do ex-deputado, foi citado no discurso de Heráclito Fortes (foto).

Dinheiro parado?/ Ao contrário do que foi dito aqui, o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), apresentou
R$ 210 mil como “numerário em caixa” nas eleições de 2010. Agora, tinha R$ 200 mil. Ter dinheiro em casa não é crime. Mas, o sujeito não gasta nem aplica… Quem pode, pode, né?

Por falar em dinheiro… / A classe política costuma dizer que, depois dos R$ 51 milhões de Geddel Vieira Lima (MDB-BA), essa história de R$ 200 mil em casa é “troco”.