Primeiros acordes e seus reflexos após Lula ser solto

Lula e Moro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Tudo o que o PT falou ao longo da campanha e no Congresso nos últimos tempos, sem reflexo na sociedade, Lula repetiu nesse fim de semana do alto do palanque no ABC, num ensaio do que pretende espalhar pelo país: ligar os Bolsonaros aos milicianos do Rio de Janeiro e pedir explicações sobre o ex-assessor Fabrício Queiroz que continua sem esclarecer detalhadamente as transações financeiras. Enquanto isso, o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Justiça, Sergio Moro, citam o ex-presidente como presidiário, que está condenado em segunda instância. Ou seja, solto, mas não completamente livre.

» » »

O primeiro resultado desse embate é a antecipação da guerra eleitoral entre esses personagens já em 2020, nas eleições municipais. O centro da política ainda tem esperanças de que o eleitor reconheça que é possível fazer uma aposta longe dos dois extremos. Só tem um probleminha: no momento, Lula e Bolsonaro têm mais voz junto ao eleitorado. Os demais ainda não deram o ar da graça nessa seara. O único que aparece com dois dígitos nas pesquisas é Luciano Huck. Não por acaso, Lula e Bolsonaro atacam as organizações Globo, onde o apresentador trabalha. É ele que veem hoje como o maior adversário.

Onde mora o perigo I

As mensagens do presidente Jair Bolsonaro pedindo aos seus seguidores que não caíssem em provocações têm relação direta com o receio de que algum mais afoito (para não dizer maluco mesmo) termine cometendo algum atentado contra Lula nessas andanças pelo país. Afinal, qualquer coisa que aconteça com o petista hoje será atribuída aos bolsonaristas.

Onde mora o perigo II

A reunião do presidente Jair Bolsonaro com os ministros e comandantes militares está diretamente relacionada à necessidade de acompanhar o que vem acontecendo no país depois da liberação de Lula. O momento é de tentar tranquilizar os bolsonaristas, mantendo a visão de que Lula é culpado e que, terminado o processo, voltará à cadeia.

CURTIDAS

Mistura aí!/ Na festa de sexta à noite em Curitiba, os petistas se referiam à volta de Lula e José Dirceu à cena política como a chance de “limpar” o nome do PT e de tentar colar na população a imagem de que as prisões foram políticas, tal e qual àquelas que ocorreram nos tempos da ditadura militar. Assim, esperam deixar para trás os processos que atribuem a ambos participação nos escândalos de desvio de recursos da Petrobras.

Separa aí/ Os movimentos de rua ontem a favor da prisão em segunda instância, que muitos consideraram pequenos comparados às grandes manifestações de 2013, foram apenas o começo, no sentido de pressionar a mudança da legislação, de forma a prender Lula novamente. Outros virão, bem como milhões de assinaturas a fim de pressionar o Congresso a fazer valer essa possibilidade no texto constitucional. A ideia é usar a mesma tática que resultou na Lei da Ficha Limpa.

O que interessa/ Da parte do governo, há a certeza de que, se a economia melhorar, Lula continuará discursando para os próprios petistas, sem empolgar a maioria da população que elegeu Jair Bolsonaro.

Boa notícia/ Não é só de pacotes amargos que é feito o governo. Para a Cop25, a reunião da ONU sobre Mudanças Climáticas, o Brasil apresentará um elenco de bons resultados na redução de emissões de carbono.

Congresso quer que condenado em 2ª instância tenha recursos julgados em até seis meses

Congresso deputados
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Passada a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a segunda instância, o Congresso quer retomar a discussão do tema. Não são poucos os deputados que estão quebrando a cabeça para tentar chegar a uma fórmula para que todo condenado em segunda instância tenha seus recursos julgados em seis meses, nas instâncias a que recorrer. A ideia do deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), por exemplo, é que os recursos que não forem julgados dentro de um determinado prazo possam passar a trancar a pauta do Supremo Tribunal Federal, da mesma forma que vetos e medidas provisórias trancam a pauta do parlamento.

Segura o DEM aí…

O presidente Jair Bolsonaro termina a semana com mais um gesto de apreço à parcela do DEM que o apoia. O primeiro foi iniciar a tramitação das emendas constitucionais da reforma fiscal pelo Senado, comandado por Davi Alcolumbre, grande aliado do ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O segundo é o afago a Ronaldo Caiado, governador de Goiás, que recebe hoje o presidente Jair Bolsonaro.

…E divide o partido

Caiado foi o único que, na convenção partidária, defendeu o alinhamento automático do partido ao governo do presidente Jair Bolsonaro, algo que até agora não veio, e nem virá. Aliás, a contar pelos encontros em Brasília, o DEM está cada vez mais próximo de Luciano Huck, com quem Rodrigo Maia tem conversado bastante. O encontro mais recente foi ontem.

Vai indo que eu já chego

A ideia do presidente com o novo partido é atrair aliados de outras legendas, além do grupo do PSL que já está a postos para seguir Bolsonaro. Até aqui, entretanto, nenhum desses aliados pretende trocar o certo pelo duvidoso.

Saldo

Os governistas que sondaram muitos parlamentares sobre o pacote da reforma fiscal concluíram que, se o ministro Paulo Guedes sair com a metade das propostas aprovadas, já estará de bom tamanho.

Contramão

O mercado não atribui apenas aos erros de estratégia do governo a ausência das grandes petroleiras nos leilões desta semana. É que a exploração do pré-sal é cara, e os principais mercados do mundo já têm projeto de mudança para energia limpa.

Harari e Huck/ Autor dos best sellers Sapiens, Homo Deus e 21 lições para o Século XXI, o filósofo e professor Yuval Noah Harari tem jantar marcado na casa de Luciano Huck, no Rio de Janeiro. É o apresentador buscando o maior pensador da atualidade rumo a 2022.

Harari, Huck e a realidade brasileira/ O empresário e apresentador combinou ainda de levar o professor para conhecer uma favela no Rio. O local, por enquanto, é mantido a sete chaves.

Projeto Modernizar/ Depois do sucesso da palestra de Harari ontem na Câmara, o presidente da Casa, Rodrigo Maia, já recebeu uma sugestão de tema para a próxima palestra do ciclo que o demista pretende fazer para levar deputados e senadores a pensar mais o futuro: Inteligência Artificial.

Nem todos/ Durou pouco a alegria de Dario Messer, o “doleiro dos doleiros”, preso em julho deste ano. Seus defensores chegaram a comemorar quando o caso foi parar nas mãos do ministro Gilmar Mendes, no STF. Porém, comemoraram cedo. O fato de Messer ter passado um tempo foragido foi um dos fatores para que Gilmar negasse o habeas corpus.

Resultado do megaleilão vira kriptonita

Bolsonaro kriptonita
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

O resultado abaixo do esperado na venda dos lotes do pré-sal leva os partidos de centro no Congresso a colocar pé no freio do programa de privatizações defendido pelo governo. Não são poucos os líderes que dizem, em conversas reservadas, que o projeto de privatização da Eletrobras será alterado, repetindo o discurso proferido pelo líder do MDB, Eduardo Braga. Nada será feito de forma apressada, e vem aí a golden share, ou seja, ação de ouro, que dá à União poder de veto se não houver respeito ao interesse público.

De quebra, o pacote de medidas levado pelo próprio presidente ao Congresso é visto como algo que está na direção certa, porém o elenco de senões é de fazer inveja ao dos filmes de Hollywood. Não por acaso, já tem muita gente dizendo que o resultado do megaleilão enfraquece a posição do governo como a kriptonita faz com o Super-Homem nos quadrinhos, telinhas e telonas.

Lá fora, imagem é tudo

Estratégia e imagem distorcida no exterior são apontadas por experientes embaixadores como os principais ingredientes para que o megaleilão do pré-sal ficasse no meio do caminho em termos de expectativas. Uma empresa europeia, por exemplo, precisou mandar nos últimos 10 meses 16 cartas aos acionistas para explicar que todos os seus negócios por aqui estão dentro da legalidade e respeitam acordos internacionais.

A nova “maioria” I

MDB, Podemos e PSD vão formar a principal base potencialmente aliada do presidente Jair Bolsonaro no Senado. É daí que saem os relatores das propostas de emenda à Constituição que chegaram ontem — Márcio Bittar (MDB-MG), Oriovisto Guimarães (Pode-PR) e Otto Alencar (PSD-BA).

A nova “maioria” II

Só tem um detalhe: esses três partidos não respondem pela cartilha do governo e, sim, pela própria. E todos colocam senões à extinção de municípios, corte de 25% nos vencimentos dos servidores e ao não cumprimento de decisões judiciais, caso não haja previsão orçamentária.

“Prefiro ficar com a boa notícia, temos menos R$ 70 bilhões de problemas”
Do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO), sobre o resultado do megaleilão do pré-sal

Enquanto isso, na Câmara…

A ordem é deixar as emendas constitucionais decantarem no Senado e, depois, começar a analisar o pacote quando desembarcar lá, no ano que vem. Embora Rodrigo Maia diga que tem condições de votar até meados do ano que vem, os líderes do centrão não estão com tanta pressa.

CURTIDAS

Guedes virou o “cara”/ Embora tenham restrições às propostas de emendas constitucional, até os parlamentares que não gostam de Paulo Guedes disseram que o ministro da Economia estava muito bem e seguro na apresentação que fez aos senadores.

Desculpa aí, viu?!/ A cada intervenção, ele batia no ombro do senador Antônio Anastasia (PSDB-MG) para dizer que Fernando Henrique Cardoso tem uma série de erros, da ausência de fiscalização ao pacto federativo.

Bolsonaro vai lá/ Bolsonaro abre a próxima segunda-feira com uma visita a Campina Grande (PB), para inaugurar um conjunto habitacional. Pelo visto, decidiu seguir o conselho de que precisa colocar um pé no Nordeste antes que algum aventureiro do seu campo político o faça.

Extinção de municípios não deve ser aprovada no Congresso

Bolsonaro apresenta projeto com extinção de municípios
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Os partidos tiraram as lupas das gavetas para ler todas as letras das propostas encaminhadas ontem pelo governo para avaliar tudo nos detalhes, onde reside a besta-fera. E, antes mesmo deste pente-fino, já têm alguns pontos para “desidratar” — para ficar na letra que o ministro Paulo Guedes destacou — desvincular, desindexar, desvincular. A extinção de municípios, por exemplo, não deve ser aprovada, ainda mais porque no ano que vem, quando a discussão do pacote vai esquentar, tem eleição.

» » »

Porém, as excelências estão encantadas com a perspectiva de criar um fundo para execução das emendas ao Orçamento da União e a descentralização de recursos para estados e municípios. Por aí, passa boi. E onde passa boi, passa boiada.

Colado na economia

O gesto do presidente Jair Bolsonaro, ao levar o pacote de medidas do Plano Novo Brasil pessoalmente ao Congresso, foi lido como um desejo de não deixar que seus adversários nos partidos de centro tentem separá-lo das boas novas esperadas na área econômica. Não tem essa de governo de Paulo Guedes e governo de Jair Bolsonaro — é o que mais se ouvia ontem na comemoração de 300 dias de gestão no Planalto.

300 dias e uma punição

Os pacotes de medidas que o governo enviou e enviará ao Congresso esta semana vão ocupar os parlamentares por um bom tempo. Não vão, porém, evitar que o Conselho de Ética da Câmara analise o caso Eduardo Bolsonaro e a declaração a respeito do AI-5.

A guerra da privatização I

Movimentos contrários à privatização da Eletrobras estão preparando uma recepção para o projeto que chega hoje ao Congresso. Inundaram os WhatsApps e caixas postais das excelências com um vídeo que compila declarações do presidente Jair Bolsonaro ao longo da campanha prometendo não privatizar essa “área estratégica”.

A guerra da privatização II

Esses setores também vão turbinar o projeto que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) está defendendo para criar um conselho dando mais poderes ao Congresso em decisões sobre venda de estatais a empresas estrangeiras.

Mudança de hábito

Em mais uma operação da Lava-Jato sobre integrantes do MDB, chamou a atenção as intimações a senadores para que prestassem depoimento. Não se partiu direto com conduções coercitivas. Sinal de alterações no modus operandi.

Curtidas

E agora?/ No almoço dos senadores da Comissão de Assuntos Econômicos com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o tema central foi a queda dos juros. Lá pelas tantas, a senadora Kátia Abreu (PDT-TO) saca uma proposta: “Vamos acabar com o cheque especial?”

Cara de paisagem/ Roberto Campos Neto só ouviu e fingiu que não era com ele. Essa forma de crédito é hoje a galinha dos ovos de ouro dos bancos. Mas muitos senadores saíram de lá empolgados com a ideia.

Por falar em senadores… / O presidente da CAE, Omar Aziz, saiu-se com esta, quando lhe perguntaram sobre o episódio Eduardo Bolsonaro: “Não tem que cassar, tem que perdoar, porque ele nem sabe do que está falando. Pediu a própria cassação do pai, coitado. Imagina se, com AI-5, general ia bater continência para capitão?!!!”

O plano B de Moro/ O ministro da Justiça, Sérgio Moro, acompanha os movimentos do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a segunda instância arrumando as peças do próprio tabuleiro. Em jantar do site Poder 360, disse que um entendimento por 6 a 5 dificilmente pode ser classificado como cláusula pétrea. “O Supremo interpreta uma norma. Não tem nenhum problema rever a norma quando se entende que a interpretação não é a desejada. Faz parte do papel do Congresso”. Vêm muitas emoções em todos os campos.

“Perseguidos” pela família Bolsonaro, Maia e Bivar se unem

Maia e Bivar
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Na situação de bombardeados pela família do presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o do PSL, Luciano Bivar, combinaram fazer todo o possível para tentar aprovar o pacote que o ministro da Economia, Paulo Guedes, apresentará hoje ao Congresso. Nenhum dos dois quer dar ao presidente Jair Bolsonaro o gostinho de poder dizer, mais à frente, que Maia e Bivar atrapalharam os planos do governo.

Em tempo: ambos apostam, ainda, que o presidente da República não está blefando quando diz que partirá em breve para a fundação de um novo partido. Nesse caso, embora não seja fácil criar uma legenda, quem perde é Bivar. A tendência é sua bancada cair à metade.

Enquanto isso, no Planalto…

O presidente Jair Bolsonaro e seus assessores observam a situação na Bolívia, país vizinho do Brasil, onde os protestos de rua se tornam tão graves quanto no Chile. A Bolívia é o quarto país sul-americano a passar por essa onda que já atingiu Equador e Peru.

… o olho lá e aqui

Além da situação na fronteira com a Bolívia, o governo avalia as chances de aprovação do pacote de medidas da reforma administrativa ainda este ano. A contar pelas primeiras previsões que chegaram ao presidente, se passar pela Comissão de Constituição e Justiça, estará de bom tamanho.

E o general, hein?

Segundo general a deixar o Planalto (o primeiro foi Santos Cruz), Santa Rosa se desentendeu com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Jorge Oliveira. No governo, há quem diga que o general estava meio escanteado por Oliveira, porque havia sido nomeado pelo antecessor, Gustavo Bebbiano.

Curtidas

Eduardo Bolsonaro/ A temperatura da fogueira será medida hoje, mas ninguém aposta em cassação do mandato por causa das declarações sobre AI-5.

Esquenta dos Brics I/ Autoridades do Brasil e da Rússia vão aproveitar a viagem para a reunião dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e promover o 1º Fórum Comercial de Investimentos entre os dois países, na próxima segunda-feira, 11, no auditório do Iesb, em Brasília.

Sem roleta-russa/ Pelo menos três ministros brasileiros estarão presentes, Tereza Cristina (Agricultura), Tarcísio de Freitas (Infraestrutura) e Marcos Pontes (Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações). O potencial de atração de investimentos russos para os setores de infraestrutura e tecnologia é de US$ 50 bilhões, segundo os organizadores do evento.

Irmã Dulce e Dom Sérgio/ Santa Dulce dos Pobres recebe hoje o título Doutor Honoris Causa post mortem da Universidade Católica de Brasília. Na mesma solenidade, o cardeal Dom Sérgio da Rocha, arcebispo metropolitano de Brasília, receberá o título de Doutor Honoris Causa por sua dedicação à formação humana e acadêmica. A cerimônia será no câmpus de Taguatinga, às 18h.

Devoto sempre presente/ O ex-presidente José Sarney está entre os convidados de honra para essa solenidade, no Teatro da Universidade Católica. Quem conviveu com a Santa não perde suas homenagens.

Guedes é citado como opção para disputa presidencial

Paulo Guedes e Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Muitos podem até achar loucura, mas o ministro da Economia, Paulo Guedes, já é citado nos bastidores como uma opção política para o futuro entre os políticos. Eles dizem que, nos anos 90, o então senador Fernando Henrique Cardoso não tinha votos para se eleger deputado federal por São Paulo. Depois do Plano Real, entretanto, saiu do Ministério da Fazenda para disputar a Presidência e foi vitorioso.

A la FHC 

Se a economia se recuperar nos próximos dois anos, Paulo Guedes estará no páreo. Pelo menos, vai ter gente pedindo que ele seja candidato. O outro lado dessa história é que, se já tem gente cogitando até Paulo Guedes, o presidente Bolsonaro terá muito trabalho para obter apoio político.

Acusação de Bolsonaro contra Witzel é visando 2022

Wilson Witzel e Bolsonaro
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

O episódio que acabou com a noite de sono do presidente Jair Bolsonaro na Arábia Saudita e o levou às redes sociais para acusar o governador do Rio, Wilson Witzel, de vazar documentos de investigações ainda não concluídas sobre a morte de Marielle Franco é lido como apenas o começo de uma grande mistura daqui até 2022 — ano eleitoral que, nunca antes na história do país, subiu ao palco tão cedo.

O PT, por exemplo, aproveitará todo esse movimento para tentar colocar o caso do ex-assessor Fabrício Queiroz na CPI das Fake News, a principal fogueira acesa para misturar todos os ingredientes. Os petistas querem, inclusive, a quebra de sigilo do ex-assessor de Flávio Bolsonaro nos tempos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

De concreto mesmo, apenas a comprovação da entrada de um suspeito de participação no assassinato, Élcio Queiroz, no condomínio onde mora o presidente e a ida à casa de outro acusado, Ronnie Lessa. Nada a ver com o presidente Bolsonaro, a não ser o depoimento de um porteiro dizendo que era a casa do senhor Jair. E não era.

É nesse clima beligerante que a política começa a separar os enfeites para o Natal deste ano. Outros lances virão. Quanto aos investigadores, cabe separar o que é fato daquilo que não passa de uma tentativa de desmoralizar o adversário, seja ele quem for. Realmente, um trabalho para leão.

Quando é demais, atrapalha

O comando da CPI das Fake News não quer saber de misturar esse inquérito sobre o assassinato de Marielle às suas apurações. O receio é de que, se abrir demais o leque, não vai chegar a lugar algum. Até o caso de Fabrício Queiroz, o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, é complicado, porque ainda não há indício que permita uma ligação direta da movimentação financeira de Queiroz com as fake news.

Moura na lida

O ex-deputado André Moura, ex-líder do presidente Michel Temer, tem aproveitado o cargo no governo de Wilson Witzel para tentar angariar simpatizantes às pretensões políticas do governador do Rio. Já esteve com vários deputados.

Meus comerciais, por favor

Witzel, por sua vez, tem circulado nos ambientes da política e, sempre que pode, brinca com ares de quem está testando o interlocutor: “Você está falando com o próximo presidente do Brasil”.

Muita calma nessa hora

Até aqui, os planos de Witzel ainda não têm lastro político no Congresso. É que os deputados federais, mais escaldados, só farão suas apostas quando faltar menos de um ano para a eleição presidencial.

Curtidas

Jeitão/ O que mais ajudou Bolsonaro na live da noite de terça-feira foi a sua espontaneidade. Políticos das mais diversas matizes viram uma indignação real.

Porém…/ Os adversários de Jair Bolsonaro dentro do PSL adoraram quando ele citou a família da primeira-dama, Michelle Bolsonaro. O tema entrou novamente na roda dos assuntos que já estavam caindo no esquecimento da população.

Nem vem/ O presidente do PSD, Gilberto Kassab, bem que tentou, mas a avaliação geral dos líderes é de que não há clima para aumentar o fundo partidário. O assunto, entretanto, continuará rodando até a aprovação do Orçamento.

Reconduzido/ Os delegados de Polícia Federal reelegeram Edvandir Paiva para mais um biênio na presidência da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF). Ao todo, 98% dos associados votantes da entidade escolheram a chapa da atual diretoria. A ADPF congrega cerca de 80% da classe, sendo considerada uma das entidades mais importantes no cenário nacional da segurança pública.

A briga de mais de R$ 1 bilhão do PSL

PSL
Publicado em coluna Brasília-DF
Coluna Brasília-DF

Aliados do presidente Jair Bolsonaro fizeram as contas e decidiram continuar brigando pelo PSL. Isso porque, somados os recursos a que o partido terá direito nos próximos três anos, chega-se a mais de R$ 1 bilhão, considerando-se o que vem do fundo partidário, e os das eleições de 2020 e de 2022.

É muito dinheiro para deixar nas mãos de Luciano Bivar. Portanto, a ideia é só acabar com a briga quando o atual presidente do partido não tiver mais acesso a esses recursos. Ou seja, até a Justiça dar o veredicto, a luta continua. Com Bolsonaro dentro ou fora da legenda.

É o que tem para hoje

Aliados de Bolsonaro vão baixar em peso hoje, na CPI das Fake News. A ordem é tentar constranger o deputado Alexandre Frota (PSDB-SP). Alguns vão dizer que, quando surfou nos votos do PSL bolsonarista, o hoje tucano não reclamava de nada. No mais, é ouvir e torcer para que o parlamentar não tenha como provar nada do que disser.

Campanha do etanol

Na 19ª Conferência Internacional Datagro, que teve como tema o protocolo de 40 anos do etanol, ficou patente que vem por aí uma campanha do setor na reforma tributária. É preciso manter a diferença de tarifação entre a gasolina e o álcool combustível. Afinal, trata-se de uma energia limpa que precisa ser valorizada e incentivada.

Fatiado, ficava mais fácil

Advogados experientes dizem que a defesa do ex-presidente Lula errou ao pedir tudo de uma vez ao TRF-4, ou seja, a anulação de todo o processo relativo ao sítio de Atibaia, e não apenas a ordem das alegações finais. Foi esse pedido que terminou por suspender a decisão ontem. Se tivessem ficado apenas na análise da ordem das alegações finais na primeira instância, poderiam chegar ao resultado da anulação de todo o processo por partes. Agora, ficou tudo a perder de vista.

Depois das hienas…

No governo e fora dele, o veredicto é apenas um: Bolsonaro precisa se aproximar mais do governo tocado pelos técnicos, leia-se Paulo Guedes, Tarcísio de Freitas e Tereza Cristina, e deixar de lado a parte beligerante protagonizada pelos filhos e pelo PSL.

… o dim-dim

Os deputados estão convencidos de que não precisam mais tanto assim do governo. Isso porque, com as emendas impositivas para as bancadas, e os cargos mais importantes entregues apenas aos mais próximos, não sobrou muita coisa.

No melhor dos mundos/ O presidente do PSD, Gilberto Kassab, é quem está mais confortável nesse período pré-eleitoral. Seu partido pensa em lançar Ratinho Júnior pré-candidato a presidente da República e esperar decantar para ver onde estará a onda boa.

Maré & peixe/ Assim, com um candidato próprio, embora esteja hoje com João Dória, o PSD de Kassab poderá aguardar para ver quem vai surfar na hora certa – Dória, Luciano Huck ou o próprio Bolsonaro.

Por falar em Dória…/ O governador fez uma festa ontem em seu gabinete para lançar o livro do presidente chinês Xi Jinping. Depois da visita de Bolsonaro à China, é mais um lance no sentido de tentar empatar o jogo com um dos maiores parceiros comerciais do Brasil

Petistas cogitam ampla aliança para derrotar Huck e Doria

Huck e Dória
Publicado em coluna Brasília-DF

Coluna Brasília-DF

O fato de a presidente Cristina Kirchner ser vice na chapa de Alberto Fernández levou alguns petistas a cogitarem uma ampla aliança de esquerda por aqui para tentar derrotar os partidos de direita e de centro-direita, leia-se Bolsonaro, João Doria e Luciano Huck. Só tem um detalhe: o PT quer encabeçar essa chapa. Logo, não tem acordo.

Alckmin na muda/ Homenageado na 19ª Conferência internacional Datagro ontem em São Paulo, o ex-governador Geraldo Alckmin disse à coluna que é cedo para voltar à política. “Minha intenção, agora, é fazer um mestrado na área de saúde e territórios”.

Nem tanto/ Entre os aliados do ex-governador, entretanto, o nome de Geraldo Alckmin é considerado pule de 10 para concorrer ao governo de São Paulo em 2022, caso João Doria decida mesmo ser candidato a presidente da República.

Acusou o golpe/ Postado ontem no perfil do presidente Jair Bolsonaro no Twitter, o vídeo em que aparece o rei leão cercado de hienas, como se fossem o STF, o PCdoB e até o PSL, foi lido por potenciais aliados como um sinal de que o discurso ideológico começa a fazer água. Não por acaso, foi apagado logo depois.

Por falar em golpe…/ Causou muita preocupação entre os deputados brasileiros as primeiras declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre não cumprimentar o presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández. Num mundo democrático, é preciso conviver com quem pensa diferente. Bolsonaro, depois, disse que conversaria com o argentino. Melhor assim.

Líderes querem Bolsonaro no Nordeste

Publicado em coluna Brasília-DF

Quem avisa amigo é

Em conversas no Planalto, deputados nordestinos têm aconselhado os ministros do presidente Jair Bolsonaro a não desprezar o potencial de geração de simpatia que os recursos do pré-sal podem levar à região. Em breve, serão R$ 6 bilhões em investimentos por lá e, a depender dos governadores, a população não saberá que o dinheiro é da União.

» » »

Por isso, as conselheiros têm sido taxativos: “A presença no Nordeste não é só retórica, passa por ações concretas. O presidente e seus ministros deveriam aproveitar e percorrer a região para marcar que os nordestinos estão sendo beneficiados”, comenta o deputado Sílvio Costa Filho, um dos que alertaram para a necessidade de uma maior presença de Bolsonaro na região junto com sua equipe.

» » »

Na semana passada, quatro ministros estiveram no Nordeste. Mas é preciso a presença física do presidente, levando as boas novas do governo ao nordestinos. Uma oportunidade perdida foi o anúncio do 13º do Bolsa Família.

Nova configuração

A forma discreta como o deputado Eduardo Gomes (MDB-TO) tem atuado nesses primeiros dias como líder do governo é jogo combinado com o Planalto. A ideia é que ele permaneça assim e deixe o protagonismo para Jair Bolsonaro.

Naquele estilo,
nunca mais

Os palacianos consideram que há males que vêm para bem. Enquanto estava na função de líder do governo, a deputada Joice Hasselmann era considerada muito “espalhafatosa” e queria se sobressair em tudo.

Enquanto o
PSL briga…

… Os outros se organizam. Os partidos praticamente desistiram de buscar um acordo fechado com o presidente Jair Bolsonaro com vistas ao futuro e já estão todos cuidando da própria vida e ensaiando movimentos longe dele. O DEM paquera Luciano Huck, assim como o PSDB e o Cidadania. E todos eles acompanham as evoluções do governador de São Paulo, João Dória. E de quem mais chegar.

Sem pressa

Ok, até 2022, há muita conversa e curvas fechadas no caminho, mas só o fato de os partidos buscarem apostas significa que Bolsonaro não é a preferência do universo político. Falta, entretanto, combinar com o eleitor que, até agora, mantém o presidente da República na crista dessa onda eleitoral antecipada.

“Alguém tem dúvidas de que esse escândalo é um
escândalo que ainda vai ter filhotes por muitos anos?
É uma situação absolutamente inédita. Você chegou a
um nível de corrupção […] que nós não tivemos conhecimento em nenhum outro momento da história do país.”

Eduardo Cunha (MDB-RJ) sobre a Lava-Jato, em novembro de 2014, em entrevista ao Canal Livre da Band

Relatos selvagens/ Causou frisson no estúdio da AllTV, em São Paulo, a gravação da entrevista de Preta Ferreira e Carmem Silva, ambas do MSTC – Movimento dos Sem Teto no Centro — no Painel Haddad, que vai ao ar nesta segunda-feira (28), às 20 horas. Preta relatou maus-tratos no Presídio de Franco da Rocha, tortura psicológica no DEIC, entre outras revelações.

Relatos selvagens II/ Carmem e Preta, mãe e filha, foram acusadas sem qualquer prova ou evidência de ligação do movimento social com o crime organizado. Preta ficou detida por 108 dias. O Painel Haddad é um programa da AllTV, apresentado pelo ex-prefeito e ex-ministro Fernando Haddad, produzido pelo jornalista Alberto Luchetti e dirigido pelo também jornalista Nunzio Briguglio.

Presença de Dirceu/ Preso em Curitiba, o ex-ministro José Dirceu continua firme nas reuniões do PT. É que, antes da prisão, ele gravou vídeos com mensagens para exibição em encontros de militantes pelo país pedindo que seguissem na defesa do partido.

Boa notícia/ Quem saiu toda feliz de uma conversa com o presidente em exercício, Davi Alcolumbre, foi a senadora Rose de Freitas (Podemos-ES, foto). Ela pediu e ele prometeu dar celeridade à sanção do projeto que prevê prioridade para os processos de divórcio de mulheres vítimas de violência.