Autor: thaysmartins
Por Denise Rothenburg — Com a disputa interna do União Brasil tirando fôlego de sua pré-campanha à Presidência da Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA) tem dito aos petistas que o fato de ser do mesmo partido do senador Davi Alcolumbre (AP) pode compensar qualquer ala oposicionista de sua legenda. Explica-se: Alcolumbre é candidato à presidência do Senado, assim como Elmar concorrerá à Câmara. E eles têm uma relação do tipo “tocar de ouvido”, algo que, hoje, não existe entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Pode não ser o paraíso para o governo ter os presidentes das duas casas do mesmo partido, mas o céu ficará menos carregado com esse cenário.
A aula de Galípolo
Pré-candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSol) teve uma audiência com o diretor do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo. Saiu feliz com a perspectiva de que a inflação dê uma trégua no segundo semestre, período da campanha eleitoral.
Tarcísio e o Republicanos
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não vai deixar seu partido agora. Nem precisa. Ele não é candidato nesta eleição e tem tempo para ver como ficará o quadro partidário até 2026.
Eles não perdoam
Líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL) não estava na festa de José Dirceu quando o petista discursou e incluiu o governo de Michel Temer no ciclo de interrupção de desenvolvimento do país. Para alguns, essa parte da fala do aniversariante é uma prova de que o MDB está no governo, mas tem dificuldades em fazer as pazes com Temer.
Por falar em MDB
Com Dirceu mencionando um quarto governo Lula como “mais importante” do que o terceiro, está aberta a temporada de especulações sobre candidatos a vice na chapa do petista. O nome mais forte para ocupar o posto hoje ocupado por Geraldo Alckmin, na chapa à reeleição, é o do governador do Pará, Helder Barbalho. Alckmin surge como um nome forte para o governo de São Paulo.
PT dividido em Curitiba
O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) foi surpreendido com uma decisão de intervenção no diretório municipal do partido da capital paranaense. Ali, ele defende a candidatura própria, enquanto a deputada Gleisi Hoffmann (PR) pretende apoiar o PSB de Luciano Ducci. “É um desrespeito. Por que todos podem apresentar seus candidatos e o PT, não? Isso é inaceitável, um erro. O partido está se precipitando e desconsiderando a sua base”, diz Zeca, pronto para bater à porta de Lula para reclamar.
“Vamos à luta, com coragem e sem medo de ninguém”, advertiu.
Melhor já ir se acostumando/ O bate-boca entre deputados de direita e deputadas de esquerda, na Comissão de Direitos Humanos, logo na primeira reunião de trabalho, indica que não será fácil conseguir aprovar projetos por ali. Se complicar, vai tudo direto para o Plenário da Câmara.
Enquanto isso, nas arábias…/ O Conselho de Investidores Internacionais dos Emirados Arábes (UAEIIC) e o LIDE — Grupo de Líderes Empresariais assinaram, ontem, um memorando de entendimento para estimular as parcerias entre os dois países. O documento visa ampliar a atuação mútua dos mercados em setores como portos, infraestrutura, logística, turismo, tecnologia, energia e energias renováveis. A UEIIC responde, hoje, por um dos maiores fundos do Oriente Médio, na casa dos US$ 2 trilhões.
… o empresariado trabalha/
O memorando é resultado da missão que esteve por lá, na semana passada (foto), e foi formalizado agora pelo presidente do LIDE Emirados, Rodrigo Paiva, e pelo secretário-geral do grupo de investidores dos Emirados Árabes, Jamal Saif Al Jarwan. O presidente do Lide, João Doria Neto, comemorou: “Essa conquista amplia os interesses de investimentos e de presença de empresas nos dois mercados, o que reforça que entre Brasil e Emirados Árabes há um caminho muito produtivo na relação comercial e econômica”, afirma.
Dois projetos de regulamentação da reforma tributária serão apresentados aos congressistas
Por Denise Rothenburg — Congressistas vão conhecer, hoje, dois projetos de regulamentação da reforma tributária. Um diz respeito ao imposto seletivo. Outro, à cesta básica, item que colocou em campos opostos o setor do agro e os supermercados. As propostas serão apresentadas durante reunião-almoço da Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, presidida pelo deputado Domingos Sávio (Solidariedade-MG). É a largada oficial dos debates, antes de o governo apresentar seus projetos.
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Em tempo: o governo federal está muito incomodado com a ação das frentes. Afinal, esperava apresentar suas propostas primeiro. Agora, terá de correr atrás de um debate antecipado pelo Congresso.
Fígado ligado…
Aliados de Lula já desistiram de apelar ao presidente para esquecer o antecessor em seus discursos. Na Conferência Nacional de Cultura, ele voltou à carga contra o ex-chefe do Executivo. A avaliação de muitos é de que quanto mais Lula fala de Jair Bolsonaro mais o ex-presidente fica em evidência.
… alimenta o adversário
Para muitos dentro do PT, Lula erra na dose. Afinal, Bolsonaro está inelegível. Nesse cenário, se houver um nome da direita mais palatável e equilibrado, a reeleição estará sob forte risco.
Dez anos mais
Enquanto o Brasil planeja zerar as emissões de carbono até 2050, a Arábia Saudita propõe a mesma meta para 2060. Sinal de que a emissão zero no planeta vai demorar.
Por falar em Arábia Saudita…
Nesta viagem ao Oriente Médio, o Lide começa a se consolidar como uma ponte entre empresários e Riad. O ex-governador de São Paulo João Doria, inclusive, aproveitou o jantar de despedida para anunciar que, em 2025, haverá outra missão ao Oriente Médio, capitaneada pelo CEO do Lide, João Doria Neto, que acaba de assumir a direção do Grupo Doria.
País rico é outra história/ Ao entrar no Ministério de Investimentos da Arábia Saudita, um empresário não resistiu: “Olha só, aqui eles têm Ministério do Investimento. Lá, nós só temos da gastança”.
Confraternização/ O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se divertiu com as histórias do antecessor, Augusto Aras, durante a festa de 15 anos da filha do advogado Fábio Medina Osório.
Confraternização II/ A festa reuniu a nata do meio jurídico de Brasília, inclusive o governador Ibaneis Rocha. Fábio Medina Osório foi advogado-geral da União em 2016, no governo Michel Temer, e tem laços com todos os partidos.
Por Carlos Alexandre de Souza — A marca de um milhão de casos prováveis de dengue impõe reflexões sobre o estado da saúde no Brasil. A primeira: quatro anos depois do flagelo da pandemia de covid-19, quando o país viveu a traumática angústia de enfrentar uma doença letal sem proteção imunológica, continuamos dependentes da oferta de vacinas. Segundo questionamento: gestores públicos precisam melhorar muito as respostas às novas dinâmicas epidemiológicas, decorrentes das mudanças climáticas e crescimento desordenado das cidades. Não basta agir apenas no momento mais agudo, como ocorre neste fevereiro.
Sem sinais de que vai arrefecer nas próximas semanas, a dengue, para utilizar uma expressão do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, no CB Debate promovido ontem no Correio, é uma “velha conhecida” da saúde pública brasileira. Mas exige novas soluções, como o uso da tecnologia, combate permanente ao longo do ano e uma efetiva participação da sociedade.
Nada disso
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantém distância cautelosa do movimento pela “blindagem” de parlamentares, em reação às operações da PF contra os deputados Carlos Jordy e Alexandre Ramagem, ambos do PL. Uma das razões é que não há qualquer proposta de consenso no colégio de líderes. A resistência de Lira encontra paralelo na Casa legislativa vizinha. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deixou claras as sérias restrições à proposta de blindagem parlamentar.
Intenções, apenas
A ausência de um comunicado oficial no encerramento da reunião econômica do G20, em razão de divergências concernentes à geopolítica, mostra o descompasso entre necessidades globais e o estado de natureza que marca a conjuntura global. Medidas econômicas defendidas pelo G20, como a redução da desigualdade e a taxação de super-ricos, tendem a se tornar de difícil execução, a exemplo dos compromissos para evitar catástrofes climáticas, da conquista da paz mundial ou da reforma na governança global.
Desunião
O clima anda azedo no União Brasil. Em rusga declarada contra o presidente do partido, Luciano Bivar, o vice, Antônio Rueda, tem buscado angariar apoios na legenda dividida. Em convenção realizada ontem em Brasília, Rueda foi eleito para assumir o comando do UB a partir de junho. Nos bastidores, fala-se até em impeachment de Bivar, caso ele atrapalhe o desempenho da legenda em ano eleitoral.
Caravana
Uma comitiva de 72 empresários brasileiros vai à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes em mais duas missões internacionais do grupo Lide. Os encontros bilaterais, marcados para a próxima semana, visam promover as potencialidades do Brasil e vão tratar de possíveis parcerias em setores como infraestrutura, indústria alimentícia, farmacêutica e de segurança.
Só coisa boa
Segundo o chairman do Lide, João Doria, as iniciativas ajudam a promover o Brasil, gerar oportunidades, investimentos e empregos no país.
“Só queriam comer”
A guerra de versões que se seguiu à morte de 112 pessoas na Faixa de Gaza ainda durará dias, mas a tragédia renovou os protestos contra a ofensiva de Israel. Ao comentar “uma das definições de genocídio”, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou as condições extremas a que são submetidos os civis de Gaza. “Mais de 100 pessoas morreram na tentativa de conseguir ajuda humanitária em Gaza. Queriam somente comer”.
Basta de mortes
A primeira-dama, Janja da Silva, se disse “desolada” com as “cenas cruéis” em Gaza. E fez um apelo direto: “É urgente um cessar-fogo!”.
Pela paz
Nesta primeira sexta-feira de março, Dia Mundial da Oração, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (IECLB), na entrequadra 405/406 Sul, realiza uma celebração ecumênica, em atenção especial às vítimas da guerra na Faixa de Gaza, às 20h. No ano passado, na mesma data, a oração foi conduzida por mulheres palestinas, muito antes dos ataques terroristas de 7 de outubro.
Com Henrique Lessa e Liana Sabo
Reuniões do governo com Lira têm tido a presença de Rui Costa
Por Denise Rothenburg — Desde que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou aos líderes partidários que não trata assuntos importantes com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, as reuniões na residência oficial têm tido a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Assim, a turma que frequenta esses encontros considera que os movimentos consolidaram a posição de Costa como o negociador das propostas governamentais, emendas e cargos com os deputados — e que restará a Padilha negociar com os senadores.
Em tempo: o “clube” do Senado costuma ser meio alheio a articuladores que não fazem parte da Confraria do Salão Azul. E, para completar, não há chance de reconciliação entre Lira e Padilha. O que incomodou, como o leitor da coluna já sabe, foi o fato de alguns petistas colocarem na cota de Lira a exoneração do secretário de Atenção Primária à Saúde Nésio Fernandes. Entre os congressistas ligados ao presidente da Casa, prevalece a visão de que a exoneração teve a digital de Padilha.
Dengue e política
O Correio Braziliense promove, hoje, um debate sobre a situação da dengue no país, desafios presentes e futuros. Na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governador Ibaneis Rocha, tem muita gente dizendo que os governos “comeram mosca” e não se prepararam para esta temporada. Tem gente, inclusive, colhendo imagens de hospitais lotados para usar em futuras campanhas eleitorais.
Desunião geral
A convenção do União Brasil promete ser um passeio para que Antonio Rueda assuma o comando da legenda, especialmente depois de o atual presidente, Luciano Bivar, ameaçar sua família numa discussão acalorada que foi gravada. Mas nada será sem tensão. Bivar estudava uma ação judicial para cancelar a reunião.
A volta de Neto
No papel de secretário-geral da nova comissão executiva, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto retoma o papel de articulador político. É o DEM reconquistando o poder num partido maior.
E o governo, hein?
Por mais que ACM Neto seja oposição ao Planalto, o União Brasil não vai sair de onde está. Um pé no governo e outro fora dele. Pelo menos, por enquanto.
O Maranhão ferve…/ Os deputados federais e estaduais do estado estão dormindo à base de calmantes. É que uma gravação atribuída ao prefeito de Formosa da Serra Negra, uma cidadezinha 647km ao sul de São Luís, menciona a compra de emendas ao Orçamento.
… e tensiona/ No passado, essas denúncias levaram a uma CPI que fez várias excelências perderem o mandato.
Há quem diga que não está longe
de a história se repetir.
A hora dos negócios I/ Indústria aeronáutica, de fármacos, logística, energia, mineração e o agro brasileiro estarão em debate, na semana que vem, em Riad, na Arábia Saudita, e em Dubai, nos Emirados Arábes. São dois eventos promovidos pelo grupo Líderes Empresariais (Lide), com a presença de empresários desses setores no sentido de mostrar a competitividade dos produtos brasileiros.
A hora dos negócios II/ A missão empresarial, coordenada pelo ex-governador João Doria, por Luiz Fernando Furlan e por João Doria Neto, terá ainda reunião no Fundo Soberano da Arábia Saudita e rodadas de conversas sobre segurança alimentar, uma preocupação mundial. Entre os conferencistas confirmados, estão o ex-presidente Michel Temer (foto) e o ex-ministro da Agricultura do primeiro governo Lula, Roberto Rodrigues. A coluna vai até lá conferir a discussão in loco e informar nossos leitores aqui, nas páginas e no site do Correio Braziliense. No período de trânsito, esta coluna estará a cargo da equipe do jornal.
Aliados de Bolsonaro suspeitam que Wassef e Flávio Rocha já falaram tudo que sabiam
Por Denise Rothenburg — Em conversas reservadas, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sentiram falta de, pelo menos, duas pessoas no rol de ex-colaboradores sob os holofotes no quesito tentativa de golpe: o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos almirante Flávio Rocha e o advogado Frederick Wassef. Wassef teve celulares apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal (PF) no ano passado sobre o episódio do relógio Rolex — aquele que Bolsonaro ganhou de presente, foi vendido e o advogado recomprou. Rocha era um dos fiéis assessores do ex-presidente. A suspeita de muitos é de que eles falaram tudo o que sabiam e, por isso, foram deixados “em paz”.
Vamos por partes
A oposição está dividida sobre o que fazer no embalo do ato de Bolsonaro em São Paulo. Uma parte, mais pragmática, deseja aproveitar a onda gerada ali e partir para uma campanha de filiação ao PL. Outra quer partir logo para cima do Supremo Tribunal Federal (STF).
Por falar em STF…
As apostas são as de que o ministro Alexandre de Moraes voltará à carga e às operações de busca e apreensão
antes da Páscoa.
Tem poder, mas nem tanto
A punição que o governo promete a quem assinou o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa das declarações contra Israel, não terá muito efeito. A maioria não tem cargo no governo e se considera oposição. Para completar, as emendas são impositivas — ou seja, de liberação obrigatória.
Onde vai pegar
Mesmo as emendas impositivas o governo tem como segurar. A ideia é contingenciar e só incluir nos restos a pagar. Só tem um probleminha: dependendo de como fizer isso, pode irritar a turma que, hoje, vota com o governo.
Eles tocam de ouvido/ Encarregado de cuidar da área do governo na CPI da Braskem, o líder de Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA, foto), fará dobradinha com o senador Otto Alencar (PSD-BA). Eles chegaram cedo e conversaram longamente antes de começar a sessão.
Sem passar recibo/ O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem feito cara de paisagem para aqueles que pedem seu retorno à CPI da Braskem. Sem a relatoria, ele prefere ficar fora.
Só vale se eu estiver/ Nos bastidores, há quem diga que Renan começa a adotar um estilo semelhante ao do então senador Antônio Carlos Magalhães, o babalorixá da política baiana, já falecido, que costumava dizer “reunião em que não estou não vale”.
A cavaleiro/ Fora da CPI, Renan estará livre para criticar os resultados, caso não estejam dentro de suas expectativas.
Por Denise Rothenburg — O ato do último domingo foi visto pelos apoiadores como uma forma de abrir o baralho do jogo eleitoral da corrida pela Presidência da República, com Jair Bolsonaro no papel de grande cabo eleitoral. Todos os potenciais substitutos do ex-presidente, hoje inelegível, compareceram e saíram satisfeitos com a demonstração de força na Avenida Paulista. Ele ainda mantém o domínio das ruas na ala à direita, assim como Lula mantém o da esquerda. A avaliação geral é a de que a polarização persiste e, se a direita souber jogar, tem condições de voltar ao poder.
Da parte do governo, a intenção de minimizar o evento não surtiu efeito. A manifestação, com milhares de pessoas, indica que a próxima eleição terá opositores fortes e que não está nada definido em favor dos atuais inquilinos do Planalto e da Esplanada dos Ministérios. Porém, Lula tem o mando de campo. Se fizer um bom governo, terá tudo para permanecer mais quatro anos, a partir de 2027. Não poderá errar e terá que jogar para manter os aliados. O primeiro desafio será a eleição deste ano, algo que sempre gera conflitos. Até aqui, o PT abriu mão de concorrer nas grandes capitais para preservar aliados. O próximo grande lance é a Presidência da Câmara dos Deputados. Mas essa é outra história.
Celina na área
Embora o senador Izalci Lucas (PSDB-DF) tenha comparecido ao ato de Jair Bolsonaro na Avenida Paulista, quem caminha para ter a preferência do ex-presidente para concorrer na raia da direita ao GDF é a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). Celina percorreu o país no segundo turno de 2022 ao lado da então primeira-dama, Michelle Bolsonaro. Não deu para vencer, mas o esforço dela é reconhecido pelos Bolsonaros.
A corrida dos projetos
Com o trabalho adiantado, a Frente Parlamentar do Empreendedorismo planeja apresentar os primeiros projetos de regulamentação da reforma tributária antes do governo. A ideia é começar os debates com quatro textos em mãos já em meados de março.
Onde pega
O aumento anual de mistura de biodiesel no diesel é o ponto mais polêmico do projeto do combustível do futuro. O setor de transportes, especialmente as empresas de ônibus, tem resistências.
Muita calma…
Ainda não será nesta semana que o governo vai resolver a questão do veto dos R$ 5 bilhões no Orçamento. O Planalto, até aqui, tem conseguido adiar os temas polêmicos da agenda no Congresso.
Na pauta/ A proposta de Arnaldo Jardim para os combustíveis do futuro será debatida hoje na reunião de líderes. É um projeto que deve ocupar os parlamentares, enquanto os textos de regulamentação da reforma tributária
não chegam.
Futebol & política I/ “Colorado” quase à beira do fanatismo, o ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência da República, Paulo Pimenta, deixou os bolsonaristas irritadíssimos quando mencionou “Nação vermelha” em suas redes sociais. Calma pessoal, ele se referia ao Internacional de Porto Alegre, vencedor do Gre-Nal do último domingo.
Futebol & política II/ O jogo de palavras, porém, remeteu à política quando Pimenta mencionou quebra-quebra, choro de perdedor. O que o ministro não disse, mas que está claro para muitos dentro do PT, é
que nada está tranquilo para a
próxima temporada.
Por Denise Rothenburg — Depois da conversa que o presidente da Câmara, Arthur Lira, teve com o presidente Lula, aliados do deputado colocam as barbas de molho. É que muitos não querem ver Lira arredar qualquer passo no discurso de independência da Casa, proferido na abertura dos trabalhos em 5 de fevereiro. Se a conversa com Lula tiver como consequência um Parlamento mais alinhado aos desejos do Planalto, que vire as costas para a oposição, Lira terá dificuldade de fazer o sucessor. Uma outra ala acredita que, se ao longo deste ano, Lira terminar voltado apenas aos próprios interesses, deixando de lado os anseios do time como um todo, arriscará enfraquecer sua posição.
Muita gente no Centrão receia que os líderes estejam jogando para seus interesses pessoais, deixando a massa de congressistas do bloco a ver navios. Se for nessa toada, a turma de Lula conseguirá rachar esse segmento que, se jogar unido, levará a Câmara para onde for mais conveniente, seja governo, seja oposição.
Vai ter barulho
A bancada do agro não está nada satisfeita com a demora do governo em retomar o Cadastro Ambiental Rural (CAR). Lá se vai um ano que o cadastro saiu do Ministério da Agricultura para ser administrado pelas pastas de Gestão e de Meio Ambiente. As cobranças por agilidade vão voltar com força com a retomada dos trabalhos no Congresso.
É o que tem para hoje
A parcela expressiva da turma que irá ao ato de 25 de fevereiro apoiará Jair Bolsonaro por absoluta falta de opção. Muitos consideram que não há outro nome capaz de ajudar na conquista de votos Brasil afora. Guardadas as devidas proporções, a turma da direita vê em Bolsonaro o mesmo que o PT vê na imagem de Lula, um líder popular.
Diferenças
Lula, porém, jamais reuniu os seus no Planalto para buscar meios de permanecer no exercício da Presidência da República sem ser pela via do voto direto. Aliás, teve chances de tentar aprovar a possibilidade de um terceiro mandato e não topou.
Em campo/ O governador do Paraná, Ratinho Júnior, sai da toca e vai para cima do governo Lula no quesito segurança pública. Em vídeo nas redes sociais, ele comenta que a fuga dos presidiários, em Mossoró: “Fugiram ou teve gente que soltou? Ninguém escapa se não for ajudado por alguém de dentro. Isso tem que ser investigado e o Brasil tem que saber. O povo é até humilde, mas não é burro”, diz Ratinho.
Caiado e Michelle/ Pré-candidato ao Planalto pelo União Brasil, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (foto), começa a olhar, com todo o respeito, para a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro. Ele tem dito a amigos — e repete isso nas entrevistas, como fez esta semana, a Mário Sérgio Conti — que Michelle seria uma boa vice. Caiado considera que ela se destaca nos programas sociais e nas questões relacionadas a doenças raras.
Por falar em Michelle…/ Se a ex-primeira-dama topar a empreitada, será menos uma candidata a disputar uma eleição majoritária no Distrito Federal, onde há um engarrafamento de potenciais candidatos na direita.
Judiciário em debate/ Professor de Direito Constitucional da USP, Conrado Hubner Mendes lança nesta quarta-feira, 19h, em Brasília seu mais novo livro O discreto charme da magistocracia: vícios e disfarces do Judiciário brasileiro. A obra reúne 88 artigos, com comentários do autor sobre usos e abusos das cortes superiores, inclusive do Supremo Tribunal Federal. O lançamento, na livraria Circulares (CLN 113 Norte, bloco A), contará com um debate entre o escritor, o ministro do Superior Tribunal de Justiça Sebastião Reis Júnior e a jurista Déborah Duprat. A mediação está a cargo do jornalista Bruno Boghossian.
Por Denise Rothenburg — O ex-presidente Jair Bolsonaro tem sido incisivo na busca de reforço para o ato de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, a ponto de apelar a todos que não promovam manifestações em outras cidades país afora. Seus aliados, aliás, têm avisado a todos que, quem quiser ter Bolsonaro ajudando a cabalar votos nas eleições de outubro, melhor comparecer ao ato.
O exemplo mais emblemático foi o do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), visivelmente atrapalhado, ao confirmar sua presença dia 25, ao lado do governador do estado, Tarcísio de Freitas, do Republicanos. A “carona” que Nunes pede a Tarcísio no final de sua fala vai muito além de um lugar no carro. Ele precisará e muito do governador em termos de estrutura para a campanha e apoio até a eleição. É que na capital paulista, diferentemente do interior, a esquerda tem a preferência do eleitorado, ainda que Tarcísio tenha melhorado sua popularidade. Logo, a turma do prefeito espera uma ajuda do governo estadual para tentar conquistar uma parcela maior do eleitorado.
Três atos
Enquanto o ex-presidente prepara a manifestação, seus advogados travam batalhas no Supremo Tribunal Federal. Além do pedido de liberação do passaporte, houve apelos para relaxamento das cautelares e impedimento do ministro Alexandre de Moraes. É de olho nesses três pontos que Bolsonaro quer evitar ataques ao STF, como todos aqueles feitos no passado.
Veja bem
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann, tem se referido a essa manifestação como “um flerte com o golpismo e o fascismo”. Mas, nas agremiações mais à direita, tem muita gente de olho apenas na capacidade de o ex-presidente ajudar a arregimentar votos.
No forno
A oposição vai tentar colar no governo Lula a tarja da irresponsabilidade fiscal. E, para isso, vai usar os números de 2023, um deficit que só perde para o ano da pandemia. A avaliação é de que a forma de combater os petistas será pela via econômica.
Nem tanto
Nos partidos de centro, porém, muita gente discorda dessa estratégia e considera que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ainda é o melhor ativo do PT para o futuro da sigla pós-Lula.
Depois da Etiópia…/ Lula ficará dois dias em Brasília, onde tem encontro com o secretário de Estado, Antony Blinken, e a posse de Flávio Dino no STF. Ele concentrará esforços no Rio de Janeiro por dois dias. Vai à inauguração de obras na Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense e à Petrobras, para o lançamento de projeto cultural.
… tem pré-campanha/ Esses dias finais de fevereiro servirão ainda para o PT definir os palanques das capitais Brasil afora. A avaliação é de que é melhor apoiar candidatos a prefeito de outros partidos, a fim de garantir uma boa vontade maior com a reeleição de Lula em 2026.
E o Lewandowski, hein?/ O ministro da Justiça é visto no Planalto como tendo feito tudo certinho em relação ao caso da fuga de presos no Rio Grande Norte. Só faltou bater bumbo e se mostrar indignado nas frentes das câmeras, como fazia Flávio Dino. Mas cada um tem seu estilo.
O corpo fala/ O semblante do governador Tarcísio de Freitas, ao lado do prefeito Ricardo Nunes (foto), durante a confirmação de presença do prefeito ao ato bolsonarista, foi lida por muitos políticos, como “vai, desembucha”.
Por Denise Rothenburg — Diante das incertezas sobre o futuro político de Jair Bolsonaro, a oposição ao governo federal vai apostar tudo na área de segurança pública para tentar angariar votos contra o PT e seus aliados. É dentro desse contexto que a Frente Parlamentar da Segurança Pública, vulgo “bancada da bala”, prepara um grande seminário para dar mais visibilidade a este tema e tem prontos requerimentos para convocar o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, a dar explicações no Congresso. “Se os presos começam a fugir de penitenciárias de segurança máxima, é sinal de que está tudo errado nessa área”, diz à coluna o deputado Alberto Fraga (PL-DF).
Os deputados voltados a essa área de segurança, em sua maioria de oposição, estão convictos de que a segurança é um tema caro a todos os brasileiros e que tem apelo eleitoral em todos os municípios, independentemente de polarização política entre Lula e Bolsonaro. E com a fuga de presos de um presídio de segurança máxima, justamente num estado governado pelo PT, os bolsonaristas acreditam ser mais fácil abraçar esse assunto como bandeira de seus candidatos Brasil afora.
Nem vem
A contar pelas conversas dos tucanos e dos integrantes do Podemos, vai ser difícil o presidente Lula conseguir esses dois partidos para os convescotes palacianos. Essa turma quer é retomar o protagonismo na oposição. Se tiver que ter reuniões, que sejam no Congresso.
Partidos à parte
No Parlamento, muitos estão escaldados depois dos desfiles de Lula com Tarcísio de Freitas, em São Paulo; Cláudio Castro, no Rio de Janeiro; e Romeu Zema, em Minas Gerais. Governadores precisam de um relacionamento direto com o governo federal. Partidos políticos, nem tanto.
A onda do Congresso
Deputados voltam na semana que vem dispostos a derrubar a medida provisória que reonerou a folha de salários. Sinal de que o tempo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad para apresentar um texto alternativo se esgotou.
Por falar em economia…
O mercado aposta que a troca de comando na Vale tende a ficar para maio, quando termina o mandato de Eduardo Bartolomeo. A ordem é deixar a poeira baixar mais um pouquinho depois do fracasso da pressão governamental para que Guido Mantega fosse o sucessor.
Diferenças I/ O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, já confirmou presença no ato de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O prefeito Ricardo Nunes não havia apresentado uma definição até a tarde de ontem.
Diferenças II/ Tarcísio sabe que deve a sua eleição ao ex-presidente, que o projetou na política. Já o prefeito está no cargo porque era vice de Bruno Covas, já falecido, e não precisou do bolsonarismo para chegar lá.
Não foi desta vez/ No último domingo, o líder do PL na Câmara, Altineu Cortes (foto), publicou em suas redes um chamamento para o desfile da escola Porto da Pedra, de São Gonçalo, sua base eleitoral na região metropolitana do Rio. Não deu. Como se não bastasse a operação da PF que mirou o ex-presidente Jair Bolsonaro às vésperas do carnaval, a escola do deputado foi rebaixada do Grupo Especial.
Sem direito a replay/ O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), também viu sua escola naufragar na apuração do desfile do Grupo Especial do Rio de Janeiro. A Beija-Flor, com enredo patrocinado pela prefeitura de Maceió, terminou em um modestíssimo oitavo lugar, muito baixo dos padrões da agremiação de Nilópolis. Ficou de fora, inclusive, do desfile das campeãs, no próximo sábado.
COLABOROU VINICIUS DORIA
Bolsonaro pretende terceirizar responsabilidade por ataques golpistas
Por Denise Rothenburg – Políticos que conhecem a fundo o ex-presidente Jair Bolsonaro consideram que ele pretende, com o ato de 25 de fevereiro, terceirizar responsabilidades pelas agressões ao Supremo Tribunal Federal (STF) e planos fracassados de ruptura institucional. Ele pede que seus aliados não levem cartazes ou faixas com manifestações agressivas contra quem quer que seja. Se houver uma mensagem nesse sentido, Bolsonaro poderá dizer que não controla os sentimentos da população que lhe dá respaldo, com frases do tipo “não sou eu, é o povo”.
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Em tempo: não são todos os antigos aliados de Bolsonaro que prometem presença no ato. O deputado Fausto Pinato (PP-SP), de direita, não vai: “É no mínimo uma incoerência Bolsonaro convocar um ato em defesa do Estado de Direito se, de certa forma, ele tentou dar um golpe”.
Nem vem
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, não pretende se afastar do comando do partido. Vale lembrar que, no escândalo do mensalão, quando Valdemar foi preso, ele foi substituído por Alfredo Nascimento, que lhe reportava toda as ações.
Desconfiados
No grupo mais ligado a Valdemar, há quem esteja com receio de que os bolsonaristas queiram tomar o partido de seu atual presidente. Os bastidores do PL fervem e já há quem diga que essa operação não deu certo no antigo PSL e que não dará certo agora.
Eles não sabiam
Uma parte do PL foi surpreendida com a convocação do ato por Jair Bolsonaro. Valdemar Costa Neto, proibido de ter contato com o ex-presidente, não pode comparecer ao evento. Mas haverá interlocutores, tanto para Valdemar, quanto para Bolsonaro nesse período.
Pacheco na muda
Ainda não deve ser nesta semana que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, dará uma palavra definitiva sobre a MP que reonerou a folha de salários. Com muitos parlamentares fora de Brasília, o governo ganhará mais uns dias.
Olhar à esquerda/ A deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) comenta o chamamento do ex-presidente: “É muito cinismo de Bolsonaro convocar um ato pela sua própria liberdade. Isso tem a mesma lógica das motociatas, atos cívicos, acampamento em quartéis e outras manobras golpistas. Ele repete seu método criminoso para abafar as provas do crime cometido”.
“Esse vai para Brasília”/ Nem todos os políticos caíram na folia neste carnaval. O de Minas e Energia, Alexandre Silveira (foto), preferiu a pescaria. Em suas redes sociais, fez questão de mostrar o resultado e anunciar que aquele peixão será um presente para o presidente Lula. Os políticos, invariavelmente, gostam dessa atividade. O próprio Lula, em tempos passados, ia pescar, sempre que tinha uma oportunidade, ao lado de Sigmaringa Seixas, já falecido, e Zeca do PT, ex-governador de Mato Grosso do Sul.
Olho nele/ Criticado pela oposição como “prefeito Tik & Tok” de Recife, João Campos faz desse limão uma limonada. Tem dito em todas as conversas e entrevistas nos últimos dias que a política precisa ser leve e estar conectada ao mundo das redes sociais. No PSB, a avaliação é que ele encontrou o tom certo de se comunicar com a população nessa seara.
E o feriadão continua/ Ninguém aposta em muito movimento no Congresso nesta semana. A não ser pela pressão o grupo mais ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, cobrando um basta nas operações da PF na Casa. O PT aproveitará para fazer ponte e tentar reforçar a base do governo.