MDB pode surgir como opção da centro-direita

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Nos últimos dias, o MDB de vários estados recebeu em seus quadros vários prefeitos simpatizantes do bolsonarismo. Esse troca-troca partidário é natural a seis meses da eleição. Porém, o fato de os prefeitos escolherem o MDB indica para os atentos líderes partidários e alguns petistas que o partido presidido por Baleia Rossi continuará como um estuário fértil para o futuro. Seja para concorrer com um nome próprio — se houver um que tenha viabilidade — ou apoiar qualquer governo, à esquerda ou à direita.

Vale lembrar: nesse período de incerteza sobre 2026, há dentro do PT quem esteja de olho em todas as ações do MDB, legenda na qual os petistas “confiam desconfiando”. O receio é de que, lá na frente, se Lula não recuperar popularidade, o MDB surja como uma opção da centro-direita a ponto de ameaçar o partido do atual presidente da República. Por enquanto, ninguém reclama, mas isso já está na cabeça de muitos petistas.

Moro respira, mas…

O voto do desembargador Luciano Carrasco Falavinha Souza, do TRE do Paraná, contra a cassação do mandato de Sergio Moro (União Brasil-PR), repõe o senador no jogo e abre uma brecha para que seus pares tenham uma narrativa para acompanhar o relator. O caso, porém, não terminará no Tribunal Regional Eleitoral paranaense. Quem perder esse julgamento vai recorrer.

Governo ganha tempo

Ao passar o primeiro trimestre sem a votação dos vetos ao Orçamento, o governo conseguiu quase tudo que queria. Quem conhece os trâmites burocráticos aposta que se a votação ocorrer em meados de abril, a liberação de emendas antes de junho já era.

Pacheco risca o chão

Ao tornar sem efeito a parte da Medida Provisória 1.202, que derrubava a desoneração da folha dos municípios, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), avisa que não aceitará que o governo edite uma MP sobre leis que o Congresso aprova e o Executivo discorda.

E vem mais

O presidente do Senado tem dito a amigos que o Plenário é o local de debates. Na canetada, não vai. O recado está dado.

Protejam a rainha/ Dentro do PT, uma candidatura de Gleisi Hoffmann (PR) ao Senado, caso Moro seja cassado, é vista como uma operação de risco. Enquanto presidente do PT, ela não pode se expor a uma derrota no mano a mano contra qualquer nome ligado ao bolsonarismo ou às alas lavajatistas
da política.

Pássaro na mão…/ Embora a ministra Luciana Santos (Ciência e Tecnologia, foto) seja o nome do PCdoB para a prefeitura de Olinda, se não houver o compromisso formal de manter a pasta com o PCdoB, a maioria do partido considera que é melhor ela ficar onde está.

… e novos quadros/ As siglas de esquerda precisam renovar seus quadros. E é para vereador e prefeito que essa renovação ocorre de forma natural.

 

Fotografia dos Três Poderes chama atenção

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — Chama a atenção a percepção da sociedade sobre os três Poderes da República, considerando as pesquisas de opinião divulgadas nas últimas semanas. Enquanto o Executivo enfrenta uma queda de popularidade, o Judiciário e o Legislativo tiveram uma recuperação de imagem com o cidadão brasileiro. A primeira leitura que se faz é que o governo, utilizando as palavras do presidente Lula, está muito aquém da expectativa. A economia tem mostrado sinais positivos, mas inflação, saúde e segurança pública ainda são questões delicadas neste terceiro mandato do presidente.

No Legislativo, os dados positivos mostrados pelo Instituto Datafolha são vistos como um reconhecimento ao trabalho dos parlamentares. Para o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, “O Congresso vem trabalhando com muito vigor para entregar à sociedade pautas necessárias ao desenvolvimento do Brasil”, citando como exemplo a reforma tributária.

Em relação ao Supremo Tribunal Federal, o Datafolha constatou que a aprovação é maior entre petistas do que entre bolsonaristas. Percebe-se, pois, que o posicionamento político interfere na visão sobre o papel do Judiciário. Independentemente da politização, contudo, é inegável a importância da atuação da Judiciário para garantir a lisura das últimas eleições e a reação contra os odiosos ataques às instituições democráticas em 8 de janeiro.

Mulheres no direito

O Supremo Tribunal Federal (STF) lançou a publicação Mulheres no Direito Constitucional: uma bibliografia, com a finalidade de mostrar a contribuição feminina nos estudos do direito constitucional. “A exclusão feminina também se manifesta na academia, de modo que trazer visibilidade às produções acadêmicas e doutrinárias de mulheres é medida necessária para a superação desse quadro de persistente desigualdade”, escreveu o presidente do STF, ministro Luís Roberto Barroso, no prefácio da obra.

Voz de torcedor

Botafoguense de coração, o ministro do STF Flávio Dino é um dos muitos torcedores que ficaram satisfeitos com o desempenho da Seleção sob novo comando. Dino se arriscou como comentarista, e não faltaram críticas ao juiz da partida contra a Espanha. “Brasil melhorou muito nos últimos dois jogos. Aparentemente o novo técnico, Dorival Júnior, tem um bom caminho pela frente. O resultado de hoje foi atrapalhado pela evidente anomalia da arbitragem”, disse.

Formação

A RenovaBR está empenhada em aproximar seus alunos — é assim que são chamados os postulantes à carreira política — com a máquina partidária. Na semana passada, a escola de formação política promoveu um encontro entre 11 partidos e 600 pré-candidatos às eleições municipais deste ano. Em 2020, mais de 150 formados pela RenovaBR conquistaram cargos em prefeituras e assembleias legislativas. Um novo encontro está programado para 3 de abril.

Sinal verde

O vice-presidente Geraldo Alckmin está alinhado com a Frente Parlamentar do Biodiesel para acelerar a aprovação, no Senado, do projeto de lei referente ao Combustível do Futuro. “É um belíssimo projeto. Agora é aprovar rapidamente no Senado”, disse Alckmin, em seminário promovido em Brasília pela Frente Parlamentar.

Transição energética

O projeto Combustível do Futuro recebeu 429 votos favoráveis na Câmara. No Senado, a relatoria está com o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB). Além de estabelecer políticas de incentivo a biocombustíveis, o projeto de lei aumenta os limites de mistura de etanol e biodiesel a combustíveis fósseis, como gasolina e diesel.

Sangue latino

O governo da Venezuela, cada vez menos constrangido em cometer atos ditatoriais, corta o fornecimento de energia à embaixada da Argentina em Caracas, em represália a opositores de Maduro. Na Casa Rosada, Javier Milei chama o presidente Gustavo Petro de “assassino terrorista”. Em resposta, o governo de Bogotá expulsou todo o corpo diplomático argentino. A polarização na América Latina continua com toda força, em risco permanente para a democracia. Passou da hora de o Brasil, líder regional, atuar em favor da pacificação.

 

Lula e Itamaraty usam tons distintos para tratar da Venezuela

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — A nota do Itamaraty sobre as eleições da Venezuela, demonstrando contrariedade às sanções impostas pelo regime de Nicolás Maduro contra os adversários que tentam concorrer às eleições marcadas para julho, tornou-se um embaraço diplomático — estimulado pelo presidente Lula. No entendimento da chancelaria brasileira, os impedimentos à inscrição da candidata de oposição Corina Yoris violam o Acordo de Barbados. Para o Itamaraty, ações como essa “apenas contribuem para isolar a Venezuela e aumentar o sofrimento do seu povo”.

A resposta de Caracas veio igualmente dura. O chanceler Yvan Gil classificou de “cinzento e intervencionista” o comunicado do governo brasileiro, tachando-o de influenciado pelo imperialismo norte-americano. A troca de mensagens entre Brasil e Venezuela, muito acima do tom usual para a diplomacia, é consequência da relação controversa entre o presidente Lula e seu colega Nicolás Maduro.

Em diversas ocasiões, o chefe do governo brasileiro mostrou especial tolerância com os atos praticados pelo regime venezuelano. Lula chegou mesmo a questionar as ações da oposição, que estaria “chorando” muito na disputa política com Maduro.

Só o Lula

Com o desgaste diplomático que se estabeleceu entre as chancelarias do Brasil e da Venezuela, somente uma declaração contundente de Lula em repúdio às ações antidemocráticas imputadas ao regime venezuelano tem potencial para acalmar os ânimos. Pelo histórico das últimas declarações, é improvável que o chefe do Planalto reforce o tom severo adotado pelo Itamaraty.

E na Rússia?

O repúdio do Itamaraty ao processo eleitoral na Venezuela contrasta com a lacônica manifestação sobre a vitória de Vladimir Putin no pleito realizado no último dia 17. Sem emitir nota oficial, o chanceler Mauro Vieira se limitou a dizer que a eleição russa se deu em clima de “tranquilidade”.

Na contramão

Enquanto o PT e Lula — este último sem dar publicidade ao comunicado — parabenizaram o chefe do Kremlin, vários países denunciaram a falta de lisura e a conduta suspeita do Kremlin em relação a opositores como Alexei Navalny, morto em fevereiro.

Impeachment de Brazão

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) recebeu o pedido de impeachment de Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), suspeito de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSol) e do motorista Anderson Gomes. O documento é assinado pela viúva de Marielle Franco, Monica Benicio, e por parlamentares fluminenses. Segundo eles, Brazão pode responder por crime de responsabilidade e, por isso, deve ser afastado, além de perder direito aos salários.

Arquive-se

O Supremo Tribunal Federal arquivou dois inquéritos abertos, no âmbito da Operação Lava-Jato, contra o presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. Nos processos, Kassab era acusado de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O relator do caso, ministro Dias Toffoli, desconsiderou provas apresentadas por executivos da antiga Odebrecht. O voto do ministro foi acompanhado por mais cinco integrantes da Corte.

Confiança

Secretário de estado no governo de Tarcísio de Freitas, Kassab comemorou a decisão. “Reitero minha confiança na Justiça e no Ministério Público. Recebi com muita serenidade essa decisão, pois sempre pautei minhas ações pela ética e pelo interesse público”, disse.

Tudo certo

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (foto) aparenta estar nada preocupado com a nova controvérsia do pai, que procurou abrigo na embaixada da Hungria por dois dias. Ontem, conversava animadamente com amigos em um dos restaurantes próximos ao estádio Mané Garrincha.

Além-mar

A Universidade de Brasília e embaixada de Portugal promoveram um encontro para estreitar a cooperação internacional em âmbito acadêmico. Além de professores e gestores da UnB, participaram da reunião representantes de 16 instituições de ensino portuguesas. A iniciativa é vista como um importante passo para a internacionalização da UnB.

 

Prisão de envolvidos no caso Marielle é chance para o governo reverter o jogo na segurança

Publicado em CB.Poder

Por Carlos Alexandre de Souza —  A prisão dos três supostos mandantes do assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes tornou-se a melhor notícia para o governo Lula na área de segurança pública. Após semanas de críticas em razão da fuga de dois criminosos do presídio federal de segurança máxima em Mossoró, o governo tem a chance de conduzir o debate sobre a necessária cooperação para União, estados e municípios no enfrentamento do crime organizado.

É o segundo momento favorável na gestão do presidente Lula. O primeiro ocorreu na sequência dos ataques de 8 de janeiro. As diversas etapas da Operação Lesa-Pátria mantiveram em destaque o sentimento de que a democracia foi seriamente golpeada, e que é preciso investigar e punir os responsáveis pelos ataques contra os Poderes da República.

Com a participação decisiva do governo federal na elucidação do caso Marielle abre oportunidade para se avançar na urgente recuperação institucional no Rio de Janeiro, contaminada pelo crime organizado. Trata-se de um problema que não diz respeito a apenas uma unidade da Federação. E que não diz respeito apenas ao Executivo.

Ecossistema criminoso

Secretário-executivo do ministério da Justiça na gestão de Flávio Dino, Ricardo Cappelli tem feito várias considerações sobre a operação federal no caso Marielle. “A elucidação deste crime inaceitável pode ser o início, e não o fim. Há um ecossistema criminoso no Rio que precisa ser demolido, para o bem do país”, escreveu Cappelli, pegando emprestada a expressão utilizada pelo ex-chefe e agora ministro do STF ao confirmar a prisão dos três suspeitos.

Luta pela Terra

O ministro Silvio Almeida afirma que o combate ao crime organizado e à violência generalizada passa fundamentalmente pela questão agrária. Muito da violência ocorre em razão da disputa por território. E cabe ao Estado se impor nessa batalha. “É só assim que se pode enfrentar de fato milicianos, grileiros, faccionados, garimpeiros ilegais e toda gama de criminosos que querem destruir o nosso país”, defende Almeida.

Bienvenu, M. Macron

Pode-se dizer que a imprensa francesa está otimista com a visita do presidente Emmanuel Macron ao Brasil. Há uma expectativa de que França e Brasil inaugurem uma nova fase diplomática, após o período conflituoso na gestão de Jair Bolsonaro. Ao se encontrar com o presidente Lula na Amazônia, Macron vai testemunhar de perto um problema de grande apelo global, o desmatamento da maior floresta tropical do mundo. Está prevista, ainda, uma agenda com ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara.

Viva Raoni

Em Belém, Macron renderá homenagem a um dos brasileiros mais conhecidos no mundo. O presidente vai condecorar o cacique Raoni com a Legião da Honra, a mais alta distinção francesa. Somente o imperador Dom Pedro II e os ex-presidentes José Sarney e Fernando Henrique Cardoso receberam tal homenagem.

Ajuda federal

O governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), passa o dia em Brasília em busca de ajuda federal para as cidades atingidas pelas fortes chuvas dos últimos dias. Com outros governadores que integram o Consórcio de Integração Sul-Sudeste (Cosud), estão marcadas reuniões com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Tragédia capixaba

Até ontem, 19 pessoas morreram no Espírito Santo em razão das chuvas. Seis continuam desaparecidas. Os números se aproximam do maior desastre natural já registrado no estado. Em dezembro de 2013, temporais atingiram 55 cidades capixabas, com saldo de 24 mortos e dois desaparecidos.

 

STF só pedirá prisão de Bolsonaro com caso transitado em julgado

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — A gravidade dos depoimentos sobre a construção de uma tentativa de golpe no país não tira os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) da linha de só pedir a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro quando o caso estiver transitado em julgado. Até aqui, o que se tem é uma investigação que ainda precisa produzir um relatório, para ser enviado ao Ministério Público, a quem cabe oferecer ao STF uma denúncia contra o ex-presidente. Há dúvidas se o caso será levado ao pleno ou permanecerá na Primeira Turma, presidida pelo relator, ministro Alexandre de Moraes. Aliás, se permanecer na Primeira Turma, Bolsonaro terá dificuldades em ter uma voz ao seu favor para se somar à de seu advogado. Além de Moraes, a Primeira Turma é composta por Cármen Lúcia, Luiz Fux, Cristiano Zanin e Flávio Dino.

Em tempo: a atitude dos aliados de Bolsonaro no calor da divulgação dos depoimentos indica a dificuldade de manter a linha de defesa adotada até agora — a de que Bolsonaro jamais tratou de um golpe. Enquanto os advogados trabalham numa nova linha de defesa, os parlamentares vão trabalhar um discurso de apoio. Até aqui, só atacaram quem denunciou a tentativa de golpe.

Enquanto isso, nas ruas…

Jair Bolsonaro quer rodar o Brasil em atos “espontâneos”, como o dessa sexta-feira na região dos Lagos, no Rio de Janeiro. Seus aliados acreditam que, se mantiver um apoio popular expressivo, pode buscar uma anistia.

Vai ter barulho

Além das implicações jurídicas, o fato de o deputado Eduardo Pazuello (PL-RJ) ser citado como alguém que sugeriu uma “ação militar visando impedir a posse do governo eleito” deve levá-lo ao Conselho de Ética da Câmara. Há parlamentares estudando o mesmo sobre a deputada Carla Zambelli (PL-SP).

Só barulho

Se for mesmo ao Conselho de Ética, as chances de punição são praticamente nulas. É que tudo ocorreu no mandato passado. E já está cristalizado na Casa o entendimento de que o conselho deve julgar atos ocorridos dentro do mandato em curso e não anteriores.

Uma homenagem às urnas

O conjunto de depoimentos divulgados indica que as urnas eletrônicas estão aprovadas. Até o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, apontado como um dos braços jurídicos para evitar a posse de Lula, disse em depoimento que não ratifica declarações de Bolsonaro de que houve fraude na urna e “nunca questionou a lisura do sistema eleitoral”.

Na cova dos leões I/ O lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) no Rio de Grande do Sul vem sob encomenda para que o governo tente recuperar terreno no estado que, na eleição, preferiu Jair Bolsonaro a Lula. Não por acaso, nove ministros e o vice-presidente Geraldo Alckmin acompanharam o presidente aos pampas.

Na cova dos leões II/ O ministro da Casa Civil, Rui Costa, fez questão de perguntar à plateia: “Qual a obra iniciada neste estado no governo passado? O que tivemos foram obras paralisadas ou colocadas a passos de tartaruga.

Em 2022, R$ 550 milhões em investimentos. Ano passado, R$ 1,4 bilhão — mais do que o dobro”, afirmou.

Assim que se faz/ O ministro da Casa Civil fez questão de dizer que ali estavam o governador Eduardo Leite (PSDB) e o prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), adversário ferrenho do PT, vaiado por parte da plateia. “É preciso tirar o ódio da política”, lembrou Costa.

Xiii…/ Ao ouvir as vaias a Sebastião Melo, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, foi perguntar a quem estava ao seu lado quem era o Melo. Ao ver o homem apontar para o próprio peito, Teixeira fez uma cara de paisagem e olhou para a plateia com cara de quem “podia ter dormido sem essa”.

 

O que Elmar oferecerá ao PT

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Com a disputa interna do União Brasil tirando fôlego de sua pré-campanha à Presidência da Câmara, o deputado Elmar Nascimento (BA) tem dito aos petistas que o fato de ser do mesmo partido do senador Davi Alcolumbre (AP) pode compensar qualquer ala oposicionista de sua legenda. Explica-se: Alcolumbre é candidato à presidência do Senado, assim como Elmar concorrerá à Câmara. E eles têm uma relação do tipo “tocar de ouvido”, algo que, hoje, não existe entre o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Pode não ser o paraíso para o governo ter os presidentes das duas casas do mesmo partido, mas o céu ficará menos carregado com esse cenário.

A aula de Galípolo

Pré-candidato a prefeito de São Paulo, o deputado Guilherme Boulos (PSol) teve uma audiência com o diretor do Banco Central (BC) Gabriel Galípolo. Saiu feliz com a perspectiva de que a inflação dê uma trégua no segundo semestre, período da campanha eleitoral.

Tarcísio e o Republicanos

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, não vai deixar seu partido agora. Nem precisa. Ele não é candidato nesta eleição e tem tempo para ver como ficará o quadro partidário até 2026.

Eles não perdoam

Líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL) não estava na festa de José Dirceu quando o petista discursou e incluiu o governo de Michel Temer no ciclo de interrupção de desenvolvimento do país. Para alguns, essa parte da fala do aniversariante é uma prova de que o MDB está no governo, mas tem dificuldades em fazer as pazes com Temer.

Por falar em MDB

Com Dirceu mencionando um quarto governo Lula como “mais importante” do que o terceiro, está aberta a temporada de especulações sobre candidatos a vice na chapa do petista. O nome mais forte para ocupar o posto hoje ocupado por Geraldo Alckmin, na chapa à reeleição, é o do governador do Pará, Helder Barbalho. Alckmin surge como um nome forte para o governo de São Paulo.

PT dividido em Curitiba

O deputado Zeca Dirceu (PT-PR) foi surpreendido com uma decisão de intervenção no diretório municipal do partido da capital paranaense. Ali, ele defende a candidatura própria, enquanto a deputada Gleisi Hoffmann (PR) pretende apoiar o PSB de Luciano Ducci. “É um desrespeito. Por que todos podem apresentar seus candidatos e o PT, não? Isso é inaceitável, um erro. O partido está se precipitando e desconsiderando a sua base”, diz Zeca, pronto para bater à porta de Lula para reclamar.
“Vamos à luta, com coragem e sem medo de ninguém”, advertiu.

Melhor já ir se acostumando/ O bate-boca entre deputados de direita e deputadas de esquerda, na Comissão de Direitos Humanos, logo na primeira reunião de trabalho, indica que não será fácil conseguir aprovar projetos por ali. Se complicar, vai tudo direto para o Plenário da Câmara.

Enquanto isso, nas arábias…/ O Conselho de Investidores Internacionais dos Emirados Arábes (UAEIIC) e o LIDE — Grupo de Líderes Empresariais assinaram, ontem, um memorando de entendimento para estimular as parcerias entre os dois países. O documento visa ampliar a atuação mútua dos mercados em setores como portos, infraestrutura, logística, turismo, tecnologia, energia e energias renováveis. A UEIIC responde, hoje, por um dos maiores fundos do Oriente Médio, na casa dos US$ 2 trilhões.

… o empresariado trabalha/
O memorando é resultado da missão que esteve por lá, na semana passada (foto), e foi formalizado agora pelo presidente do LIDE Emirados, Rodrigo Paiva, e pelo secretário-geral do grupo de investidores dos Emirados Árabes, Jamal Saif Al Jarwan. O presidente do Lide, João Doria Neto, comemorou: “Essa conquista amplia os interesses de investimentos e de presença de empresas nos dois mercados, o que reforça que entre Brasil e Emirados Árabes há um caminho muito produtivo na relação comercial e econômica”, afirma.

 

Dois projetos de regulamentação da reforma tributária serão apresentados aos congressistas

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Congressistas vão conhecer, hoje, dois projetos de regulamentação da reforma tributária. Um diz respeito ao imposto seletivo. Outro, à cesta básica, item que colocou em campos opostos o setor do agro e os supermercados. As propostas serão apresentadas durante reunião-almoço da Frente Parlamentar de Comércio e Serviços, presidida pelo deputado Domingos Sávio (Solidariedade-MG). É a largada oficial dos debates, antes de o governo apresentar seus projetos.

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Em tempo: o governo federal está muito incomodado com a ação das frentes. Afinal, esperava apresentar suas propostas primeiro. Agora, terá de correr atrás de um debate antecipado pelo Congresso.

Fígado ligado…

Aliados de Lula já desistiram de apelar ao presidente para esquecer o antecessor em seus discursos. Na Conferência Nacional de Cultura, ele voltou à carga contra o ex-chefe do Executivo. A avaliação de muitos é de que quanto mais Lula fala de Jair Bolsonaro mais o ex-presidente fica em evidência.

… alimenta o adversário

Para muitos dentro do PT, Lula erra na dose. Afinal, Bolsonaro está inelegível. Nesse cenário, se houver um nome da direita mais palatável e equilibrado, a reeleição estará sob forte risco.

Dez anos mais

Enquanto o Brasil planeja zerar as emissões de carbono até 2050, a Arábia Saudita propõe a mesma meta para 2060. Sinal de que a emissão zero no planeta vai demorar.

Por falar em Arábia Saudita…

Nesta viagem ao Oriente Médio, o Lide começa a se consolidar como uma ponte entre empresários e Riad. O ex-governador de São Paulo João Doria, inclusive, aproveitou o jantar de despedida para anunciar que, em 2025, haverá outra missão ao Oriente Médio, capitaneada pelo CEO do Lide, João Doria Neto, que acaba de assumir a direção do Grupo Doria.

País rico é outra história/ Ao entrar no Ministério de Investimentos da Arábia Saudita, um empresário não resistiu: “Olha só, aqui eles têm Ministério do Investimento. Lá, nós só temos da gastança”.

Confraternização/ O procurador-geral da República, Paulo Gonet, se divertiu com as histórias do antecessor, Augusto Aras, durante a festa de 15 anos da filha do advogado Fábio Medina Osório.

Confraternização II/ A festa reuniu a nata do meio jurídico de Brasília, inclusive o governador Ibaneis Rocha. Fábio Medina Osório foi advogado-geral da União em 2016, no governo Michel Temer, e tem laços com todos os partidos.

 

Um milhão de razões para combater a dengue

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza — A marca de um milhão de casos prováveis de dengue impõe reflexões sobre o estado da saúde no Brasil. A primeira: quatro anos depois do flagelo da pandemia de covid-19, quando o país viveu a traumática angústia de enfrentar uma doença letal sem proteção imunológica, continuamos dependentes da oferta de vacinas. Segundo questionamento: gestores públicos precisam melhorar muito as respostas às novas dinâmicas epidemiológicas, decorrentes das mudanças climáticas e crescimento desordenado das cidades. Não basta agir apenas no momento mais agudo, como ocorre neste fevereiro.

Sem sinais de que vai arrefecer nas próximas semanas, a dengue, para utilizar uma expressão do presidente da Anvisa, Antônio Barra Torres, no CB Debate promovido ontem no Correio, é uma “velha conhecida” da saúde pública brasileira. Mas exige novas soluções, como o uso da tecnologia, combate permanente ao longo do ano e uma efetiva participação da sociedade.

Nada disso

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), mantém distância cautelosa do movimento pela “blindagem” de parlamentares, em reação às operações da PF contra os deputados Carlos Jordy e Alexandre Ramagem, ambos do PL. Uma das razões é que não há qualquer proposta de consenso no colégio de líderes. A resistência de Lira encontra paralelo na Casa legislativa vizinha. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, deixou claras as sérias restrições à proposta de blindagem parlamentar.

Intenções, apenas

A ausência de um comunicado oficial no encerramento da reunião econômica do G20, em razão de divergências concernentes à geopolítica, mostra o descompasso entre necessidades globais e o estado de natureza que marca a conjuntura global. Medidas econômicas defendidas pelo G20, como a redução da desigualdade e a taxação de super-ricos, tendem a se tornar de difícil execução, a exemplo dos compromissos para evitar catástrofes climáticas, da conquista da paz mundial ou da reforma na governança global.

Desunião

O clima anda azedo no União Brasil. Em rusga declarada contra o presidente do partido, Luciano Bivar, o vice, Antônio Rueda, tem buscado angariar apoios na legenda dividida. Em convenção realizada ontem em Brasília, Rueda foi eleito para assumir o comando do UB a partir de junho. Nos bastidores, fala-se até em impeachment de Bivar, caso ele atrapalhe o desempenho da legenda em ano eleitoral.

Caravana

Uma comitiva de 72 empresários brasileiros vai à Arábia Saudita e aos Emirados Árabes em mais duas missões internacionais do grupo Lide. Os encontros bilaterais, marcados para a próxima semana, visam promover as potencialidades do Brasil e vão tratar de possíveis parcerias em setores como infraestrutura, indústria alimentícia, farmacêutica e de segurança.

Só coisa boa

Segundo o chairman do Lide, João Doria, as iniciativas ajudam a promover o Brasil, gerar oportunidades, investimentos e empregos no país.

“Só queriam comer”

A guerra de versões que se seguiu à morte de 112 pessoas na Faixa de Gaza ainda durará dias, mas a tragédia renovou os protestos contra a ofensiva de Israel. Ao comentar “uma das definições de genocídio”, o senador Humberto Costa (PT-PE) criticou as condições extremas a que são submetidos os civis de Gaza. “Mais de 100 pessoas morreram na tentativa de conseguir ajuda humanitária em Gaza. Queriam somente comer”.

Basta de mortes

A primeira-dama, Janja da Silva, se disse “desolada” com as “cenas cruéis” em Gaza. E fez um apelo direto: “É urgente um cessar-fogo!”.

Pela paz

Nesta primeira sexta-feira de março, Dia Mundial da Oração, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana de Brasília (IECLB), na entrequadra 405/406 Sul, realiza uma celebração ecumênica, em atenção especial às vítimas da guerra na Faixa de Gaza, às 20h. No ano passado, na mesma data, a oração foi conduzida por mulheres palestinas, muito antes dos ataques terroristas de 7 de outubro.

Com Henrique Lessa e Liana Sabo

 

Reuniões do governo com Lira têm tido a presença de Rui Costa

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Denise Rothenburg — Desde que o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou aos líderes partidários que não trata assuntos importantes com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, as reuniões na residência oficial têm tido a presença do ministro da Casa Civil, Rui Costa. Assim, a turma que frequenta esses encontros considera que os movimentos consolidaram a posição de Costa como o negociador das propostas governamentais, emendas e cargos com os deputados — e que restará a Padilha negociar com os senadores.

Em tempo: o “clube” do Senado costuma ser meio alheio a articuladores que não fazem parte da Confraria do Salão Azul. E, para completar, não há chance de reconciliação entre Lira e Padilha. O que incomodou, como o leitor da coluna já sabe, foi o fato de alguns petistas colocarem na cota de Lira a exoneração do secretário de Atenção Primária à Saúde Nésio Fernandes. Entre os congressistas ligados ao presidente da Casa, prevalece a visão de que a exoneração teve a digital de Padilha.

Dengue e política

O Correio Braziliense promove, hoje, um debate sobre a situação da dengue no país, desafios presentes e futuros. Na oposição ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ao governador Ibaneis Rocha, tem muita gente dizendo que os governos “comeram mosca” e não se prepararam para esta temporada. Tem gente, inclusive, colhendo imagens de hospitais lotados para usar em futuras campanhas eleitorais.

Desunião geral

A convenção do União Brasil promete ser um passeio para que Antonio Rueda assuma o comando da legenda, especialmente depois de o atual presidente, Luciano Bivar, ameaçar sua família numa discussão acalorada que foi gravada. Mas nada será sem tensão. Bivar estudava uma ação judicial para cancelar a reunião.

A volta de Neto

No papel de secretário-geral da nova comissão executiva, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto retoma o papel de articulador político. É o DEM reconquistando o poder num partido maior.

E o governo, hein?

Por mais que ACM Neto seja oposição ao Planalto, o União Brasil não vai sair de onde está. Um pé no governo e outro fora dele. Pelo menos, por enquanto.

O Maranhão ferve…/ Os deputados federais e estaduais do estado estão dormindo à base de calmantes. É que uma gravação atribuída ao prefeito de Formosa da Serra Negra, uma cidadezinha 647km ao sul de São Luís, menciona a compra de emendas ao Orçamento.

… e tensiona/ No passado, essas denúncias levaram a uma CPI que fez várias excelências perderem o mandato.
Há quem diga que não está longe
de a história se repetir.

A hora dos negócios I/ Indústria aeronáutica, de fármacos, logística, energia, mineração e o agro brasileiro estarão em debate, na semana que vem, em Riad, na Arábia Saudita, e em Dubai, nos Emirados Arábes. São dois eventos promovidos pelo grupo Líderes Empresariais (Lide), com a presença de empresários desses setores no sentido de mostrar a competitividade dos produtos brasileiros.

A hora dos negócios II/ A missão empresarial, coordenada pelo ex-governador João Doria, por Luiz Fernando Furlan e por João Doria Neto, terá ainda reunião no Fundo Soberano da Arábia Saudita e rodadas de conversas sobre segurança alimentar, uma preocupação mundial. Entre os conferencistas confirmados, estão o ex-presidente Michel Temer (foto) e o ex-ministro da Agricultura do primeiro governo Lula, Roberto Rodrigues. A coluna vai até lá conferir a discussão in loco e informar nossos leitores aqui, nas páginas e no site do Correio Braziliense. No período de trânsito, esta coluna estará a cargo da equipe do jornal.

 

Aliados de Bolsonaro suspeitam que Wassef e Flávio Rocha já falaram tudo que sabiam

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

Por Denise Rothenburg — Em conversas reservadas, aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro sentiram falta de, pelo menos, duas pessoas no rol de ex-colaboradores sob os holofotes no quesito tentativa de golpe: o ex-secretário especial de Assuntos Estratégicos almirante Flávio Rocha e o advogado Frederick Wassef. Wassef teve celulares apreendidos e prestou depoimento à Polícia Federal (PF) no ano passado sobre o episódio do relógio Rolex — aquele que Bolsonaro ganhou de presente, foi vendido e o advogado recomprou. Rocha era um dos fiéis assessores do ex-presidente. A suspeita de muitos é de que eles falaram tudo o que sabiam e, por isso, foram deixados “em paz”.

Vamos por partes

A oposição está dividida sobre o que fazer no embalo do ato de Bolsonaro em São Paulo. Uma parte, mais pragmática, deseja aproveitar a onda gerada ali e partir para uma campanha de filiação ao PL. Outra quer partir logo para cima do Supremo Tribunal Federal (STF).

Por falar em STF…

As apostas são as de que o ministro Alexandre de Moraes voltará à carga e às operações de busca e apreensão
antes da Páscoa.

Tem poder, mas nem tanto

A punição que o governo promete a quem assinou o pedido de impeachment do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por causa das declarações contra Israel, não terá muito efeito. A maioria não tem cargo no governo e se considera oposição. Para completar, as emendas são impositivas — ou seja, de liberação obrigatória.

Onde vai pegar

Mesmo as emendas impositivas o governo tem como segurar. A ideia é contingenciar e só incluir nos restos a pagar. Só tem um probleminha: dependendo de como fizer isso, pode irritar a turma que, hoje, vota com o governo.

Eles tocam de ouvido/ Encarregado de cuidar da área do governo na CPI da Braskem, o líder de Lula no Senado, Jaques Wagner (PT-BA, foto), fará dobradinha com o senador Otto Alencar (PSD-BA). Eles chegaram cedo e conversaram longamente antes de começar a sessão.

Sem passar recibo/ O senador Renan Calheiros (MDB-AL) tem feito cara de paisagem para aqueles que pedem seu retorno à CPI da Braskem. Sem a relatoria, ele prefere ficar fora.

Só vale se eu estiver/ Nos bastidores, há quem diga que Renan começa a adotar um estilo semelhante ao do então senador Antônio Carlos Magalhães, o babalorixá da política baiana, já falecido, que costumava dizer “reunião em que não estou não vale”.

A cavaleiro/ Fora da CPI, Renan estará livre para criticar os resultados, caso não estejam dentro de suas expectativas.