Lula embarca para China em meio a tentativa de estreitar laços financeiros

Publicado em coluna Brasília-DF

Por Carlos Alexandre de Souza – Acompanhado de comitiva que inclui ministros, governadores e parlamentares, o presidente Lula embarca para a China em meio um complicado contexto geopolítico. Na semana passada, os termos de negociação sugeridos pelo mandatário brasileiro não foram bem recebidos pelo governo da Ucrânia, que não pretende ceder um milímetro do território à ofensiva russa.

Mas um movimento financeiro, paralelo ao front bélico, está ganhando relevo na complexa conjuntura envolvendo potências mundiais. O Brasil está ampliando a participação no China Interbank Payment System (Cips), sistema de compensação financeira que permite aumentar as transações comerciais entre países, sem a intermediação do dólar. O Cips é uma alternativa ao Swift, sistema financeiro amplamente utilizado no mundo, lastreado na moeda norte-americana.

A queda-de-braço entre o Cips e o Swift é mais uma frente da disputa de poder entre China e os Estados Unidos. Os dois países têm medido força nos últimos doze meses com a guerra da Ucrânia. Após a invasão de Putin, o Swift passou a ser um instrumento de pressionar Moscou por meio de restrição dos fluxos financeiros.

A participação no sistema de compensação oriental — com o uso da moeda chinesa, o yuan — é mais um passo para estreitar laços entre Brasil e China, nosso maior parceiro comercial. A questão é ver as implicações dessa aproximação na relação entre Brasília e Washington.

Bem-vindo

Em entrevista à Voz do Brasil, o presidente Lula disse que pretende fazer as honras de anfitrião ao colega Xi Jinping. “Eu vou convidar o Xi Jinping para vir ao Brasil para uma reunião bilateral. Para conhecer o Brasil, para mostrar os projetos que nós temos de interesse de investimento dos chineses”, afirmou. E sinalizou o objetivo do encontro: “A gente não quer que os chineses comprem coisa nossa, o que nós queremos é construir parcerias”.

Saneamento no STF

O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, será o relator da ação protocolada pelo Novo contra dois decretos presidenciais que alteram o Marco do Saneamento Básico. Com as normas, o Planalto pretende ampliar investimentos públicos e privados a fim de cumprir a meta de universalizar o saneamento no Brasil até 2033. No Congresso, diversas vozes já se levantaram, dentre elas a do presidente da Câmara, Arthur Lira.

Indenização

O deputado Gilson Daniel, do Podemos-ES, protocolou um projeto de lei que determina compensação financeira a ser paga pela União às vítimas de ataques violentos nas escolas e aos seus familiares, em casos de morte. A ideia é promover o pagamento de uma indenização única, no valor de R$ 50 mil, a profissionais e familiares que foram vítimas de ações violentas em estabelecimentos educacionais.

Novo Sebrae

O ex-deputado e ex-prefeito de Blumenau (SC) Décio Lima (foto) assumiu, ontem, o cargo de diretor-presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) Nacional. Ele substitui Carlos Melles, que renunciou ao cargo em 29 de março, apesar de ter mandato até 2026. Lima anunciou suas metas. “Vou percorrer o Brasil, interagir com os Sebraes estaduais, e ser parceiro de um governo que entende que esse setor é fundamental para recuperar as bases da nossa economia que se perderam com fome e exclusão”, disse.

Petistas querem que Lula só dê espaço para governistas

Publicado em coluna Brasília-DF

Parte do PT gostaria que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva repetisse apenas uma atitude de Jair Bolsonaro: não dar espaço, logo no início do governo, a quem não se mostra governista. Até aqui, reclamam os petistas, os ministros têm feito política própria, nem sempre combinada com o Planalto. Em conversas reservadas, alguns reclamam, por exemplo, que a Companhia Vale do São Francisco ficou com bolsonaristas e não haverá espaço para dar ao governo mais peso na Eletrobras. A depender do PT, logo terá que haver uma minirreforma ministerial para deixar o governo para quem for fiel. Esse é o único ponto da largada de Bolsonaro, em 2019, que causa uma certa inveja aos petistas.

Tudo junto e misturado

O governo quer aproveitar a boa aceitação das regras fiscais para, no embalo, taxar as apostas na internet. Na equipe do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, isso é tratado como “justiça tributária”. E por grande parte dos congressistas também. A tendência é de aprovação.

Divergentes

Enquanto o ministro Fernando Haddad disse, em entrevista à GloboNews, que a arrecadação com essas apostas pode chegar a algo entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões, alguns técnicos falam de R$ 3 bilhões a R$ 6 bilhões. Ainda assim, é um bom dinheiro.

Hierarquia

O ex-ministro da Justiça Anderson Torres é visto hoje pelos bolsonaristas como um ator que, se quiser, enrosca o ex-presidente ou, no mínimo, o general da reserva Augusto Heleno. Se disser que o relatório de inteligência sobre o mapa de votação foi ordem superior, o primeiro nome da lista será o do militar que ocupou o Gabinete
de Segurança
Institucional (GSI).

Liberou geral

O vídeo em que o deputado Guilherme Boulos (PSol-SP), pré-candidato a prefeito de São Paulo, aparece com o apresentador José Luiz Datena sugerindo que os dois componham uma chapa, teve consequência. Dentro do PT, há quem se considere livre para conversar a respeito de alternativas à Prefeitura, que não o nome do PSol.

Nem tanto

O acordo para Boulos ter o apoio do PT foi fechado por Fernando Haddad, no ano passado, com o aval do próprio Lula e da presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR). E o partido reiterou esse respaldo. Porém, os filiados consideram que Boulos abriu a porteira ao admitir que convidou Datena para conversar.

CURTIDAS

Frente de batalha…/ Cinco dias depois do governo anunciar as linhas gerais do arcabouço fiscal, o vice-presidente e ministro da Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin (foto), estará, hoje, no jantar de posse da nova diretoria da frente parlamentar Brasil Competitivo. A Frente passa a ser comandada pelo deputado Arnaldo Jardim (Cidadania-SP).

… e de propostas/ Na agenda da Frente, estão 37 projetos, que incluem o crédito competitivo — em outras palavras, redução de juros para o setor produtivo, algo que soará como música para os ouvidos do governo. Além disso, consta também a simplificação tributária e a regulamentação do mercado de carbono.

Novos tempos/ O instituto Quaest e a Genial Investimentos divulgaram o Índice de Popularidade Digital dos congressistas, ou seja, o ranking daqueles que movimentam as redes. O fato de dois dos três políticos mais populares na internet serem de Minas Gerais — Nikolas Ferreira (PL) e André Janones (Avante) — é sinal de que a política mineira, hoje, tem muito espaço no mundo digital.

Elas dominam/ Na lista do “top 10” das redes da Câmara e do Senado, Brasília marca presença com a deputada Bia Kicis (PL) e a senadora Damares Alves (Republicanos).

Hora é de conquistar governabilidade para aprovar arcabouço fiscal

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Delineadas as regras fiscais, o governo terá que promover as “entregas” para assegurar os votos capazes de aprovar a proposta. Entre os deputados, há a certeza de que os primeiros passos do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, são positivos. Mas sem o texto “no papel”, não dá para garantir a rápida tramitação, fundamental para que o governo consiga mostrar a que veio.

Até aqui, as regras foram elogiadas porque englobam todas as despesas governamentais e permitem travas no gasto, em caso de não haver excesso de arrecadação. Porém, os problemas políticos ainda não foram solucionados. É agora que líderes e o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, terão que ingressar de cabeça no serviço, com paciência.

Há quem reclame que Padilha recebe bem, tem boa vontade, mas os quesitos que os deputados esperam — cargos e liberações — ainda não foram cumpridos. Sem essas “entregas”, o arcabouço pode até ser aprovado, mas vai demorar.

Não por acaso, vem aí um relator do PP para esse projeto, como forma de manter Arthur Lira (PP-AL) no papel de grande articulador. A formação do bloco de 142 deputados de MDB, PSD, Republicanos e PSC indica que o governo ainda precisa caminhar antes de dizer que a maioria está assegurada.

O FHC de Lula

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem sido para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva o que Fernando Henrique Cardoso foi para Itamar Franco. FHC negociou o Plano Real com paciência, humildade e sabendo ouvir. O FHC de Lula segue no mesmo caminho em relação às regras fiscais. Se der certo, caminhará para ser a grande aposta do PT em 2026.

Vale lembrar

Em 1993, FHC calculava que não teria votos para ser deputado federal. Também sofreu resistências internas no PSDB e no então PMDB. A esquerda rejeitou o Plano Real com medo de tirar fôlego da candidatura de Lula, no ano seguinte, o que de fato ocorreu. Quem estendeu a mão a FHC e a Itamar foi o PFL.

O setor produtivo não gostou

A pedido do governo, a Câmara mudou na última hora o texto da Medida Provisória 1.152, do ano passado, que alterou as normas de preço de transferência entre as partes para se adequar às regras da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Foi retirado o prazo estendido a 2025 para que as novas regras entrassem em vigor. A Confederação Nacional da Indústria (CNI), que havia defendido esse prazo como ponto principal, deu um pulo. Correu aos líderes, mas, ontem, no fim da tarde, não tinha nem para quem chorar. A briga será, agora,
para o Senado.

“Primeiro, Celina; segundo, Celina; e terceiro, Celina” / Resposta do deputado Gilvan Máximo (Republicanos-DF, foto), quando perguntado quem estava na fila para a sucessão do governador Ibaneis Rocha.

E com convicção/ Gilvan Máximo considera que a vice-governadora foi fundamental para evitar a intervenção total no Distrito Federal no calor do 8 de janeiro. Foi também fiel a Ibaneis e, de quebra, soube se recolher quando o governador retornou ao cargo.

Estratégico/ O fato de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar as regras fiscais na mesma manhã em que Jair Bolsonaro desembarcou no Brasil foi proposital. Para passar a ideia de que enquanto o bolsonarismo se reorganiza, o governo trabalha.

Enquanto isso, no Congresso…/ Líder do governo, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) comunicava, para quem quisesse ouvir, que tem maioria para aprovar as novas regras fiscais. Os líderes partidários, porém, consideram que, primeiramente, é preciso conhecer o texto. A palavra de ordem por ali é muita calma nessa hora.

“Governo não pode ter tabus”, diz ministro de Minas e Energia

Publicado em coluna Brasília-DF

Tarimbado em gestão e política e com desafios urgentes, caso da exploração do pré-sal e organização do setor elétrico depois da privatização da Eletrobras, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, é direto: “Governo não pode ter tabus. A palavra de ordem tem que ser diálogo permanente e unidade no governo. É o presidente eleito que tem legitimidade para levar adiante a política pública. É o presidente Lula. Ministro ou servidor que não queira seguir, tem o direito de pedir para ir embora. Afinal, o ônus sempre vai recair sobre quem o povo foi às ruas eleger”, disse o ministro à coluna. Em todos os fóruns, ele tem defendido que o governo deve apostar em energia limpa, mas não pode deixar de investir na exploração do petróleo.

A declaração vem justamente no momento em que a Petrobras muda sua diretoria e vai reavaliar investimentos e desinvestimentos, e também quando eletricitários têm feito várias manifestações, inclusive na porta do ministério, pedindo a reestatização da Eletrobras. Em relação à energia elétrica, não há muito o que fazer. No caso da Petrobras, porém, a revisão dos projetos afasta qualquer dúvida em relação à posição do governo, de fortalecer a empresa como patrimônio estatal. Na empresa, aliás, a informação é de que se deve reavaliar caso a caso a venda de ativos.

Arcabouço partidário

Depois do bloco de 142 deputados formado por deputados do MDB, Republicanos, PSD, Podemos e PSC, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e seus aliados se preparam para apresentar um com 157 parlamentares, juntando PP, União Brasil, PSB, PDT e a federação PSDB/Cidadania. É a disputa por espaços de poder na Casa levando a laços estratégicos. E é nesse clima que as novas regras fiscais chegarão ao Parlamento.

Vamos mudar de assunto

Com a apresentação do novo arcabouço fiscal a Lira e a líderes partidários, a tendência é que a falta de acordo para a tramitação de medidas provisórias ficará em segundo plano. De quebra, o presidente da Câmara passa a ganhar mais peso na articulação, porque caberá a ele ajudar a dar celeridade ao tema.

Partilha

O anúncio do nome do ex-governador de Pernambuco Paulo Câmara para a presidência do Banco do Nordeste vai destravar outros cargos em breve. O senador Humberto Costa (PT-PE) indicará o comando da Sudene e o deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE), o superintendente da Codevasf, em Petrolina. Já o ex-deputado Sebastião Oliveira, irmão do deputado federal Waldemar Oliveira (Avante-PE), vai presidir a Hemobrás.

Quem sobrou

Até aqui, os ex-candidatos ao governo de Pernambuco Marília Arraes (Solidariedade) e Danilo Cabral (PSB) ainda aguardam um lugar ao sol no governo Lula. Só tem um probleminha: não são prioritários na indicação dos respectivos partidos a cargos no Executivo.

Sem trégua/ O primeiro pedido de impeachment de Jair Bolsonaro foi apresentado por seus opositores em 2020. O de Lula, a menos de 100 dias depois da posse. Sinal de que não haverá um minuto de sossego para o atual governo.

O medo dos bolsonaristas/ Entre os aliados do ex-presidente, cresce a desconfiança de que o governo Lula não permitirá que façam manifestações nos aeroportos espalhados pelo país, haja vista a decisão de limitar, hoje, o acesso ao complexo do JK.

Tira daqui/ A ideia de levar Bolsonaro direto para o partido, nesta manhã, num café brasileiro encomendado pela ex-primeira-dama Michelle (foto), é justamente para tirar os apoiadores da porta da casa do ex-presidente.

Vai para lá/ Ela não quer repetir o cercadinho que havia no Palácio da Alvorada na porta do condomínio. A ordem é levar esse pessoal para a sede do partido, no complexo Brasil 21, onde fica, inclusive, o hotel em que Lula ficou hospedado, antes da recuperação e compra de móveis para a residência oficial do presidente da República.

 

Tensão continuará enquanto governo não negociar com Arthur Lira

Publicado em Câmara dos Deputados, coluna Brasília-DF

O governo fez as contas e descobriu que, embora o deputado Arthur Lira (PP-AL) não tenha, hoje, a mesma força dos tempos em que dominava as emendas de relator, as chamadas RP9, ele precisa ser contemplado para ajudar a pacificar a relação na Câmara dos Deputados. Ele ainda tem um ano e oito meses no papel de comandante da Casa e não há governo que obtenha êxito brigando com o terceiro na linha de sucessão. Enquanto o governo não der algum alento ao parlamentar alagoano, o clima de tensão continuará.

Em tempo: ainda levará alguns dias para que os presidentes da Câmara, Arthur Lira, e o do Senado, Rodrigo Pacheco, fumem o cachimbo da paz em relação às medidas provisórias. E, se passar desta semana, avisam alguns, a solução virá pelo Poder Judiciário. O governo está no limite. As medidas provisórias precisam tramitar nos próximos 30 dias, sob pena de o cidadão que precisa do novo Bolsa Família terminar prejudicado.

Muita calma nessa hora

Com a volta de Jair Bolsonaro ao Brasil, o presidente Lula tem sido aconselhado a evitar a todo custo polemizar com o adversário. O petista terá que engolir em seco e pensar duas vezes antes de repetir o que fez com Sergio Moro, o ex-juiz para quem Lula ligou os holofotes na
semana passada.

Pintados para guerra

A contar pelo clima beligerante da audiência do ministro da Justiça, Flávio Dino, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, o governo não terá vida fácil nas comissões técnicas da Casa. A ordem entre os oposicionistas é não dar refresco. Depois de Flávio Dino, o alvo
das convocações será o ministro da
Casa Civil, Rui Costa.

Quem precisa de adversário?

Enquanto o governo faz maior esforço para vender seus produtos agrícolas mundo afora, o presidente da Apex, Jorge Viana, na China, vincula os números do desmatamento ao agronegócio. A turma da agricultura, que foi até lá na esperança de que Lula ajudasse a promover o agronegócio brasileiro, até aqui, estava apenas frustrada e torcendo pela melhora do presidente. Agora, está irada com a fala de Viana.

O especialista

Em palestra no Lide Brasília, o ex-secretário da Receita Everardo Maciel foi incisivo ao dizer para a seleta plateia de empresários do Distrito Federal que o projeto da reforma tributária em estudo no Congresso está cercado de incongruências. Na avaliação dele, a proposta tem tudo para tentar resolver um problema gerando outros. “PIS e Cofins, por exemplo, não têm nada a ver com consumo. É renda”. Everardo acredita que faltaram tributaristas na elaboração dos textos.

O sentimento de Izalci/ O senador Izalci Lucas, do PSDB-DF (foto), foi direto quando o presidente do Lide Brasília, Paulo Octávio, lhe passou a palavra: “Acho que a reforma tributária não sai. Em, pelo menos, duas das frentes parlamentares de que participo, agronegócio e comércio e serviços, não há apoio à reforma”, comentou.

Insegurança é geral/ O deputado estadual Léo Vieira (PSC-RJ), irmão do deputado federal Luciano Vieira (PL-RJ), escapou por pouco de um assalto em São João do Meriti. O parlamentar se preparava para sair com seu carro quando um veículo parou bem na frente. Léo Vieira deu ré e o bandido atirou em direção ao carro do parlamentar.

Lá está assim/ Léo Vieira só escapou porque seu carro é blindado. “No Rio, só dá para transitar com certa segurança de carro blindado”, diz Luciano.

Piada pronta/Alguns parlamentares que cruzam com os filhos de Jair Bolsonaro no Congresso têm agido na linha do perde o amigo, mas não a piada. Há quem solte um “E aí?
Tudo joia?”

Volta de Bolsonaro ao Brasil deve marcar estreia da oposição

Publicado em coluna Brasília-DF, Governo Bolsonaro

Com a chegada do ex-presidente Jair Bolsonaro a Brasília, amanhã, o PL espera voltar para o jogo nesse momento em que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva enfrenta dificuldades no Congresso e na economia. Há a disputa interna do PT, tensão entre Câmara e Senado, montadoras anunciando férias coletivas. Enfim, um cenário diferente dos governos Lula 1 e 2, quando havia mais entusiasmo com o PT. É nesse quadro que o PL pretende ver o ex-presidente disposto a rodar o país e garantir uma onda de novos filiados e candidatos para 2024.

Da parte dos bolsonaristas, o plano é retomar aquele movimento de 2018, quando o então pré-candidato era recebido por multidões nos aeroportos. E a partir daí, na avaliação deles, talvez seja possível criar algum fato para tentar evitar que Bolsonaro termine inelegível.

Entre os advogados, a avaliação é a de que será muito difícil Bolsonaro escapar da inelegibilidade. Nesse sentido, muitos consideram que cabe ao ex-presidente tentar reaglutinar seu eleitorado para manter o poder e a força na hora de definir os rumos de 2026.

Pragmáticos x ideológicos I

Os integrantes do PL, partido que pagará o salário do ex-presidente, estão meio desconfiados de que militares da reserva vão querer puxar Bolsonaro para um caminho extremista. Mas, a ala política o quer na busca de votos.

Pragmáticos x ideológicos II

Os petistas têm o mesmo problema em relação a Lula. A ala pragmática quer o ajuste agora para ter mais liberdade para gastar depois. Na ala ideológica, há quem duvide até da necessidade de ajuste rigoroso, a começar pela presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR).

O que o PT não quer

Alguns petistas têm dito que todas as vezes que o partido quebrou sua linha de promover o desenvolvimento com um vasto programa social, houve problemas. Dilma Rousseff, por exemplo, apostou no ajuste e sofreu um processo de impeachment.

Veja bem

Uma ala petista rebate esse receio, lembrando que, no governo Lula 1, houve um forte ajuste. O presidente foi reeleito, fez a sucessora e, agora, 20 anos depois, chegou a 2023 eleito, depois de todos os perrengues que passou.

Procuração vencida

Além entregar um vasto material à Justiça em seu primeiro depoimento na Operação Lava-Jato, o advogado Tacla Duran alertou o juiz Eduardo Appio que a procuração para que o escritório René Dotti representasse a Petrobras havia vencido. O prazo para apresentação de uma procuração atualizada vence amanhã. No último despacho do juiz, a estatal pediu para ser habilitada nos autos como “assistente do Ministério Público”.

É por aí/ As falas da ministra do Planejamento, Simone Tebet, e do secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Gabril Galípolo, sobre ajuste fiscal no seminário da Arko Advice, em São Paulo, ajudaram a manter a bolsa em alta. E, de quebra, ainda serviram de aviso a toda a equipe de Lula: mercado, para ficar estável, precisa de “céu de brigadeiro” e “mar de almirante”. Por isso, já foi dito aos aliados do presidente para que evitem entreveros desnecessários.

O que falta/ Os governistas quebram a cabeça em busca de uma marca para o governo Lula 3, da mesma forma que o Lula 1 buscou o formato do “fome zero”, que terminou virando Bolsa Família. A aposta é que, por aí, será possível fazer o contraponto às dificuldades na economia.

Dino abre alas/ O ministro da Justiça, Flávio Dino (foto), será o primeiro a passar pela Comissão e Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. É lá que o bolsonarismo pretende fazer crescer a tese de que havia infiltrados no ato de 8 de janeiro. Se a briga ficar nesse mano a mano, o país dificilmente sairá da polarização entre lulistas e bolsonaristas.

 

Decisões sobre juros e MPs são recados ao governo

Publicado em coluna Brasília-DF, Política

A decisão do Banco Central (BC) de manter os juros em 13,5%, e a do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), em bater o pé contra as comissões mistas das medidas provisórias, engrossam o caldo da tensão e funcionam como dois recados ao governo. O da autoridade monetária é um aviso: sem arcabouço fiscal, não tem juros mais baixos. No caso do deputado, o recado resvala para uma crise institucional num governo que não tem sequer 100 dias.

Se o Congresso não agir rápido, a crise da tramitação de medidas provisórias caminha para ser resolvida no Supremo Tribunal Federal (STF). E lá, a decisão, segundo alguns ministros, seguirá a Constituição — ou seja, instalação das comissões formadas por deputados e senadores para análise das MPs. Logo, Lira tem tudo para, num primeiro momento, perder essa batalha, se continuar esticando a corda.

Quanto ao BC, não será o STF a resolver, e sim o próprio governo, que precisa mostrar seu plano econômico para os gastos públicos. Afinal, a decisão desta semana do Copom indica que não serão as reclamações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seus ministros que levarão os juros a cair.

Os três problemas de Lira

O presidente da Câmara teve, pelo menos, três dissabores desde que foi reeleito. Primeiro, perdeu o controle da liberação das verbas orçamentárias das antigas RP9, que passaram, em parte, para o Poder Executivo. Em segundo lugar, não conseguiu a fusão do seu partido, o PP, com o União Brasil. E para completar, ainda vê o maior adversário, o senador Renan Calheiros (MDB), forte em Alagoas, com o filho ministro e proximidade com Lula.

Por falar em Alagoas…

No ano passado, a coluna alertou para o perigo de a briga alagoana respingar no jogo político federal. Os parlamentares próximos a Lira consideram que está tudo embolado. E o presidente da Câmara não irá recuar, porque, constitucionalmente, o Senado é a Casa revisora.

Vai sobrar para todos

O caso da Eldorado Celulose está levando os grandes bancos estrangeiros a aconselharem seus clientes, nas cláusulas contratuais, a indicar o foro de Nova York ou do Reino Unido como o ambiente jurídico adequado para resolução de conflitos em eventuais disputas. A orientação é evitar a Justiça brasileira e até mesmo arbitragem, criada há quase 30 anos, para tornar mais rápidas as disputas, evitando a demora da justiça.

Novela sem fim

A Paper Excellence comprou a Eldorado Celulose da J&F em 2017, quando os irmãos Batista resolveram se desfazer de algumas empresas. Em agosto de 2018, porém, quando a compra seria concluída, a J&F pediu a mais para transferir as ações restantes. A Paper ganhou a arbitragem, mas, até hoje, o caso se arrasta no Tribunal de Justiça de São Paulo em uma ação que tenta anular a decisão arbitral. A consequência prática disso é que os bancos estrangeiros, que têm aversão a insegurança jurídica, estão atentos para o resultado da disputa no TJ-SP para saber se vão deixar de recomendar arbitragem no Brasil.

Moro foi ouvido/ A fala do senador Sergio Moro (União Brasil-PR) na tribuna da Câmara foi acompanhada em silêncio pelos colegas em plenário. Em política, esse gesto é forte. Afinal, são poucos os que conseguem a atenção de todos quando se pronunciam.

Pontes/ No geral, o ex-juiz e ex-ministro da Justiça e Segurança Pública terminou recebendo total solidariedade daqueles que se afastaram dele no governo Bolsonaro. Da parte do PT, houve também gestos ao senador, uma vez que partiu da Polícia Federal (PF), sob o governo Lula, a Operação Sequaz, que ontem prendeu quem planejava um atentado contra Moro e outras autoridades.

Em nome do pai e na oposição/ O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ, foto) aproveitou para alfinetar o atual ministro da Justiça, Flávio Dino: “Quando a gente vê o ministro da Justiça entrar com apenas dois carros na Nova Holanda, no Complexo da Maré, qual a mensagem que passa para a população da forma como o governo vai combater o crime organizado?”, perguntou.

Tudo em paz/ O deputado Alberto Fraga (PL-DF) mandou mensagem para o ex-presidente Jair Bolsonaro a fim de cumprimentá-lo pela passagem do aniversário. “Estamos bem, sem problemas”, disse à coluna.

Ciro Nogueira quer PP na oposição

Publicado em coluna Brasília-DF

O presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), acredita que o governo Lula não conseguirá tirar o país da crise econômica e quer que seu partido siga na oposição. Só tem um probleminha: o PP não sabe ser oposição. É voz corrente na bancada que a legenda precisará fazer “um curso e uma prova” para ver se consegue se colocar contra qualquer governo.

A posição de Ciro deixa o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), no papel de meio campo — ora distribui o jogo para o ataque, ora atua na defesa. E, nessa disputa interna, não há como deixar tudo solto para acompanhar o presidente da República à China. A manobra, porém, é arriscada. O governo Lula trabalha para conquistar os líderes e os partidos sem passar pelo presidente da Câmara, uma estratégia que se der errado levará o presidente a perder muito mais do que tempo para votação das reformas.

#ficaadica

Ao adiar o anúncio do novo arcabouço fiscal para depois da viagem à China, Lula deu duas pistas às bancadas que serão fundamentais para votar o texto: 1) não há consenso no governo sobre esse tema; 2) está difícil manter a área social totalmente fora dessas regras.

A ordem dos fatores

Os parlamentares são unânimes em afirmar que, primeiro, é preciso fechar o texto para, depois, buscar maioria. Não adianta conversar sem o governo saber exatamente o que deseja.

O “dog whistle” de Lula

Muito se falou, no ano passado, sobre o “apito de cachorro” que o então presidente Jair Bolsonaro usava para chamar seus aliados a cumprirem missões. Pois agora, quando Lula diz, em entrevista ao site Brasil 247, que falava aos procuradores que só estaria tudo bem depois que “f… o (ex-juiz Sergio) Moro”, os parlamentares consideram que ele incorre no mesmo erro do antecessor. A oposição promete deitar e rolar.

Por falar em oposição…

A cúpula do Partido Liberal, que incensou Michelle Bolsonaro ao comando do PL Mulher, considera que Bolsonaro será fundamental para a campanha de 2024. É quando os partidos vão montar as bases para a próxima corrida ao Palácio do Planalto. Os cálculos da legenda indicam que o ex-presidente tem uma largada de quase 30% dos votos nos grandes centros.

Pragmatismo estratégico/ A vontade do PL de ter Michelle viajando o país atrás de candidatas está diretamente relacionada ao fato de mulheres eleitas representarem mais recursos de fundo partidário.

Café da manhã…/ O secretário de Política Econômica, Bernard Appy, tem dedicado a maior parte do seu tempo a tentar buscar consensos em torno da reforma tributária. A ordem é tentar aprovar este semestre.

…almoço e jantar/ O receio de muitos parlamentares é o de que, a partir de outubro, vai ser difícil aprovar, porque o mundo da política estará voltado às eleições municipais.

O poder da arte/ A Câmara Legislativa do Distrito Federal marcou o Dia Internacional da Síndrome de Down, celebrado ontem, com a presença do artista Augusto Corrêa (foto) e a exposição, “Universo de Augusto”. A obra de Augusto ficará exposta até amanhã, na CLDF e a entrada é franca.

Governo terá que negociar arcabouço fiscal para que projeto não sofra alterações

Publicado em Política

O périplo do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em prol do arcabouço fiscal, antes de anunciar o texto, é justamente para tentar evitar que, lá na frente, o governo precise entrar num leilão do toma lá dá cá para garantir a aprovação. Só tem um probleminha: os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e os líderes não têm como garantir, em nome das bancadas, apoio integral ao projeto que vai nortear todas as ações e reformas futuras. A proposta, avisam os líderes, certamente será reformulada no Parlamento. E se o governo não quiser que sofra alterações, terá que negociar.

Até aqui, avaliam os líderes, o governo ainda bateu o martelo sobre o que vem por aí em termos de ajuste fiscal. O próprio Lula quer as verbas da área social fora dessas regras. Nesse sentido, se o próprio Poder Executivo começar a desidratar o arcabouço fiscal antes do envio ao Parlamento, na hora que o Congresso for mexer o arcabouço ficará ainda menor.

O silêncio de Lira

A viagem à China está logo ali e deputados que perguntaram a Lira se ele iria integrar a comitiva de Lula na visita a Pequim e a Xangai, a resposta tem sido invariavelmente a mesma:
“Estou vendo”.

Veja bem

A ida de Lira é importante para Lula, sob o ponto de vista institucional e político. Ocorre que o presidente da Câmara, a preços de hoje, quer manter a posição de “independência” em relação ao atual governo. Alguns de seus aliados consideram importante que ele
fique por aqui.

Uma coisa e outra coisa

O fogo amigo entre ministros e o PT levou a turma de Lula a entrar em campo. À presidente do partido, deputada Gleisi Hoffmann (PR), foi dito que quando a comandante petista for falar mal de algum ministro, deve avisar ao Planalto. Só tem um probleminha: se Gleisi avisa, pode passar a ideia de que Lula apoia as críticas do partido a seus auxiliares. Partido e governo, vale lembrar, têm CNPJs diferentes.

Pressão com grife

Depois que o professor e Nobel de Economia Joseph Stiglitz, da Universidade de Columbia, criticou os juros no Brasil, chamando-os de “chocantes”, o governo Lula e o PT vão retomar a investida sobre o Banco Central (BC). Agora, avisam os deputados, ninguém poderá dizer que o partido usa os juros altos como “desculpa” para esconder os seus problemas em definir a política econômica.

Retorno/ Os parlamentares mais ligados ao governo Lula farão um movimento, amanhã, no Congresso, para marcar o lançamento da Frente de Reestatização da Eletrobras. O cavalo de pau nas decisões tomadas pelo governo Bolsonaro corre o risco de assustar investidores.

A estreia de Michelle/ O evento, hoje, para incensar a ex-primeira-dama terá a abertura do presidente do partido, Valdemar Costa Neto, e de outros líderes do PL. A ideia, porém, é que eles participem só do início. Depois, saem e as discussões serão apenas delas.

Discrição/ Dentro do PL, a ideia é que se Michelle quiser mesmo concorrer a algum mandato eletivo no futuro, terá que fingir que não quer e andar de costas para o objetivo. É que a ciumeira no clã Bolsonaro está grande.

O recado de Sarney/ Convidado para o aniversário de Marta Suplicy, o ex-presidente José Sarney (foto) foi acometido de uma crise de coluna e não pôde comparecer à festa organizada pelo marido da ex-ministra, Márcio Toledo. Márcio reuniu o MDB, o PT e amigos das mais variadas áreas no último sábado, em São Paulo, para homenagear a secretária de Relações Internacionais da Prefeitura paulistana. A mensagem de Sarney, porém, será emoldurada: “Tenho tanto prazer em encontrá-la, em ouvir uma mulher encantadora e de rara inteligência. Vida longa, paz, saúde e felicidade”, diz uma parte do texto.

Queda de braço da desoneração de combustíveis pode dar protagonismo a oposição

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Com a base política do governo pedindo expressamente que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva mantenha a desoneração do preço dos combustíveis e a área econômica pregando o inverso, os parlamentares já fizeram chegar ao Planalto que se os economistas vencerem a queda de braço, o Congresso vai resolver. Há, inclusive, quem torça para que o governo acabe com a desoneração dos combustíveis, de forma a dar protagonismo aos deputados e senadores, inclusive oposicionistas, devolvendo esse benefício à população.

A presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), percebeu esse movimento. Não por acaso, declarou que é melhor definir primeiro o que o governo fará na Petrobras para, depois, acabar com a desoneração. Entre os petistas, o receio de que a oposição fature com a história é alto. Ninguém quer dar munição aos oposicionistas nesses primeiros acordes do governo depois do carnaval. Porém, diante da briga interna entre as áreas econômica e política do governo, a oposição não precisará fazer muito esforço para obter um discurso.

A disputa por prefeitos

O vice-presidente Geraldo Alckmin estará, neste fim de semana, nas áreas atingidas pelas chuvas no litoral norte de São Paulo. Além da óbvia missão humanitária de um homem público que realmente se preocupa com as pessoas, há o gesto político de tentativa de atração dos prefeitos tucanos para a base do governo.

Valdemar $$$

Alckmin fará o contraponto ao presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que também está de olho nos prefeitos da região e tem recursos para atraí-los. O PL começa a receber, nos próximos dias, parte dos R$ 200 milhões referente ao fundo partidário. Aliás, muitos partidos vão receber mais do que muitas prefeituras do litoral Norte de São Paulo.

Segura aí, Arthur

Com o governo tentando acertar a bússola na economia, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deve atender os ministros de Lula e dar um sossego na semana que vem. Não tem nenhuma grande polêmica prevista na pauta.

Hora de sentir o clima

Os parlamentares vão aproveitar para avaliar as perspectivas de aprovação das medidas provisórias em pauta. Na lista, está a que trata das agências reguladoras, instituições que fiscalizam quase 40% do PIB brasileiro. Pelo menos 45 instituições privadas se manifestaram contra a emenda do deputado Danilo forte (União Brasil-CE), que pretende criar conselhos para fiscalizar as agências.

Garota propaganda/ O PL vai investir na imagem da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro para atrair o público feminino no próximo mês, especialmente no período de 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Num único dia, a sexta-feira pré-carnaval, o vídeo de Michelle pedindo que as mulheres denunciassem casos de violência rendeu ao partido 10 mil novos seguidores em suas redes.

A aposta do PL/ O presidente Valdemar Costa Neto sonha em ter Michelle candidata no Distrito Federal, ao lado da governadora em exercício Celina Leão (foto). A ex-primeira-dama tem história no quadradinho e pode surpreender, da mesma forma que a senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

Candidata sim/ Na reunião com a bancada feminina, Michelle disse com todas as letras que não pretende concorrer a mandato eletivo em 2026. A deputada Soraya Santos (PL-RJ), que presidia o PL Mulher até aqui, foi direta: “Se você se sair bem nas pesquisas, não dependerá da sua vontade”, comentou.

Um ano de guerra/ Sinal de que os líderes mundiais falharam na maior missão que o povo lhes deu: manter a paz, a prosperidade e, especialmente, o diálogo, a maior ferramenta da política.